Sonhando Acordada escrita por nandapirees


Capítulo 4
Capítulo 4 - Aceitação




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— E... foi isso. - suspirei, terminando de relatar o que aconteceu para a Isa. Ontem depois de ela ter me buscado na praça, eu estava muito atordoada para falar. Lembranças da minha infância, dos meus pais, a briga com o meu tio... Pela primeira vez em muito tempo, só queria cair no choro até dormir. E dessa vez foi a vez da Isa me consolar até eu pegar no sono. Me senti mal por ter deixado minha tia sozinha com meu tio bêbado, mas não queria ficar ali nem por mais um segundo. Que belo Natal.
       - Acho que nem preciso ressaltar que seu tio é um babaca. - disse Isa. - Seu tio é um babaca. Olha Mel... você e a tia Lilian não precisam disso, eu aconselho vocês duas conversarem, sem ele por perto, e entrarem em um acordo. Se ele não mudar, e não aceitar ajuda profissional, vocês o colocam á força em um centro de reabilitação. Se ele mudar, ou aceitar... Fica mais fácil assim né! Mel, - disse ela, pegando minhas mãos - seu tio precisa de ajuda, se vocês não o ajudarem, mesmo contrariando a vontade dele, quem mais o ajudaria? Ele não tem ninguém, a não ser a sobrinha e a esposa. Ele é um babaca? Sim, ele é. Mas isso não muda o fato de ele ser um ser humano, que mereça amor, atenção. E no momento, mais uma vez eu falo, ele só tem vocês duas na vida dele. 
Argh. Eu sabia que ela tinha razão, mas estava tão difícil ultimamente. 
        - Você tem razão... Eu vou ligar para a... - meu celular tocou.
       - Parece que não vai precisar - disse a Isa me entregando o celular, com um sorriso no rosto. Olhei a tela. O nome Tia Lilian brilhava na tela. Atendi.
      - Oi, tia.
      - Mel? Ai meu Deus, eu sinto muito por ontem, os pais da Isa me ligaram e me avisaram que você está aí, por favor, Mel, vem para casa? Eu e o Christopher conversamos hoje de manhã, entramos em um acordo. Ele está muito arrependido, querida, nós vamos aí te buscar e...
     - Não, tia, espera! - Ela esperou. - Eu já vou... Não precisa vir me buscar. - Olhei as horas: 10:58. - Chego aí na hora do almoço, beijos. - Desliguei. Olhei para a Isa. Por que ela estava tão animada? 
     - Viu, viu, viu, vai dar tudo certo!
     - Meninas, venham aqui! - chamou a tia Laila. 
     - Vem! - disse a Isa, me puxando pelas escadas até a cozinha. Estavam sentados na mesa da cozinha, Benjamin, - o irmão mais velho da Isa - Diego, - o caçula - e os pais da Isa, tia Laila e tio Ian. Era uma coisa nossa, meus tios, a Isa também chamavam de tios, e os pais dela, eu os chamava de tios. Isso começou quando uma vez vimos uma postagem dizendo que amigas de verdade chamavam os pais da outra de tia/tio. Desde então começamos a chamar os pais uma da outra - no meu caso, meus tios - de tios. 
    - Estou indo, mãe. Volto em 2 horas. - disse Benjamin, dando um dando beijo na bochecha da tia Laila e acenando para o pai. - Ei, Mel. 
    - Ei, Ben.
    - Aonde você vai? Ensaio da banda em pleno Natal? 
    - Pois é. O Daniel estava doente algumas semanas atrás, estamos atrasados nos ensaios, e temos um show semana que vem. Preciso ir. - e saiu pela porta. Daniel era o baterista da banda. Ben teve essa ideia de montar uma banda com os amigos dele, só o Daniel não tocava nenhum instrumento, e como só faltava o baterista, ele gostou da ideia e entrou em um curso para aprender. Acabou dando certo, a banda saiu da garagem, - sim, eles ensaiavam na garagem da casa da Isa, que nem nos filmes - e agora eles tem seu próprio estúdio. Um produtor assistiu a um show deles em um bar, uma noite... E agora eles são temporariamente a banda Brothers Allen, por que a banda não sabe que nome pôr, o dono da banda é o Ben, e o sobrenome da família dele se chama Allen, daí o nome, e a banda vem ficando conhecida cada vez mais.
    - Vamos lá, pai, por favor! - pediu o Diego. - Abriram um brinquedo novo, vai ser inaugurado amanhã e...
    - O que foi mãe?
    - Vocês querem ir no parque? - Isa olhou para mim. 
    - Não, valeu, tia. 
    - Ah, vamos Mel, por que não?
    - Não estou com cabeça para parque não, Isa. Vou para casa, obrigada por me deixar ficar essa noite, tia Laila.
Fui para casa pensando na minha conversa com meus tios. Suspirei. Lá vem. Entrei em casa e esperei.
    - Tia...? - Por favor, que não estejam em casa, por fav...
    - Oi, Mel. - disse meu tio, aparecendo na porta. 
    - Ah... Oi... Onde está minha tia? - disse, apreensiva.
    - Ela está no banho, quero conversar com você. Quero te pedir desculpas por ontem, Mel... Ahn, eu conversei com a Lilian, e decidi aceitar a internação na reabilitação. Não quero mais ser um transtorno na vida de vocês, estou muito arrependido mesmo, me perdoa Mel, me perdoa, eu não sei o que...
    - Ah, tio... - me joguei nos braços dele. - Está tudo bem... que bom que você aceitou, isso vai te ajudar, você vai ser mais feliz longe do... do...
    - Vício. Eu sei, minha linda. 
    - Mel? - disse uma voz do andar de cima.
    - Oi tia, estou subindo. - dei um último abraço no meu tio, e subi as escadas. - Nós já conversamos se é isso que vai perguntar, e sim, está tudo bem. - disse quando cheguei na porta do quarto dela.
    - Ah! Que bom! Mel... eu...
    - Não precisa falar nada, tia, eu estou ciente da situação, está tudo bem mesmo, tá?! Vou tomar um banho. 
Fui direto para o meu quarto, quando meu celular toca. Olhei a tela: número desconhecido. 
    - Alô.
    - Ei, Mel. Está ocupada? 
    - Oi, Nicolas. Que número é esse?
    - Ah, hum... É de um amigo, enfim... Você tem planos para o ano novo? - pensei por um instante.
    - Até então nada, e você? 
    - Me convidaram para uma festa, lá na boate Serpentina. Você está afim de ir? 
    - Por que não? Vou sim, claro! - a voz dele ficou mais animada.
    - Sério? Pensei que fosse mais difícil te convencer a ir por você ser mais... Recatada e tudo.
  - Ei, eu não sou recatada! E por falar em convencer... A Isa pode ir comigo ou tem algum problema? - Dessa vez, sua voz soou desanimada. 
    - Ah... Claro. Depois a gente se fala então. Beijos.
    - Beijos. 
Eu não era recatada... Era? Não, não era! E o ano novo vai ser um momento perfeito para provar isso. Peguei o celular e mandei uma mensagem para a Isa:
"Não marque nada para sexta-feira. Temos um compromisso."


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