Sonhando Acordada escrita por nandapirees


Capítulo 1
Capítulo 1 - Surpresa




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Há 9 anos atrás.

    - Já pode abrir! – disse ele.

   Abri os olhos e lá estava. Meu presente de aniversário.

   A cor preta cintilava sob a luz do sol em minha nova bicicleta.

 - Puxa! Muito obrigada papai! – corri para os braços dele, dei-lhe um beijinho de leve na bochecha e fui correndo experimentar meu novo brinquedinho, mas não antes de ver um sorriso satisfeito que se abriu nos lábios dele. – Eu realmente adorei, obrigada. Posso ir lá fora brincar com meus colegas, papai?

  Ele assentiu, ainda sorrindo.

— Hum, Mel?

— Sim?

— Eu e sua mãe iremos dar uma saídinha rápida ao mercado. Pode tomar conta da casa? – bati no peito sorridente e disse:

— Claro, papai!

— Essa é minha valentona! – disse ele rindo de leve e dando um beijinho em minha testa.

   Saí para brincar um pouco preocupada. Já havia dias que mamãe estava com dores fortes na cabeça e já chegara ao ponto de desmaiar duas vezes. Não era segredo para ninguém o tumor cerebral que ela descobrira, mas a situação estava se agravando, as dores estavam saindo do controle.

   Passara-se uma hora, uma hora e meia e nada dos meus pais. Então o telefone toca :

— Alô?

— Mel, filha? – era papai do outro lado.

— Papai? Onde o senhor está? Disse que voltaria logo e...

— Mel, estou indo te buscar agora. Fique pronta em dez minutos.

— Mas, o que...

   Desligou.

   Naquele dia que começara tão alegre, meu aniversário... eu não imaginava que terminaria como o dia mais triste da minha vida. Depois de 4 horas plantados no hospital, recebemos a notícia:

Mamãe não resistiu.

   - MELANIE! – gritou a sra. Rezende, minha professora de Português.

— Ahn, sim? – ela não estava olhando para mim com um olhar de agrado, pelo ao contrário.

— Aonde está sua cabeça? Por que aqui não está, não é senhorita Evans? Eu lhe fiz uma pergunta. – Na verdade, fez mais de uma.

— Ah.. Pode repetir? – Pude ouvir a sala dando risinhos, principalmente a minha esquerda, na carteira de Camille. Pude ouvir as ofensas maldosas que saíam da boca de Camille. Ofensas do tipo: Patética, Esquisita, etc... Ás vezes chegava a ser engraçado o modo como ela falava. Ela chegava a soletrar como se eu tivesse algum problema mental.

— No sentido “Convocar” , “Solicitar a presença de algúem”, pede objeto...? – perguntou sra. Rezende, esperando que eu completasse a frase.

   Vasculhei minha memória tentanto lembrar desta matéria, Já havia algumas aulas que eu não prestava atenção em nada, só pensava em dar a hora indicando final da aula para eu ir para casa. Olhei para o meu lado direito como não quer nada, onde misteriosamente tinha um papelzinho bem discreto com a resposta dentro dele: “Direto”. Fiz um agradecimento silencioso para Isa que piscou pra mim, virei-me para a sra. Rezende e lhe disse:

— Direto. – sra. Rezende me olhou de cima a baixo com aqueles oclinhos meia-lua e assentiu com a cabeça antes de se virar para o quadro-negro e voltar a explicação.

   5 minutos antes de tocar o sinal indicando final da aula, sobrevoou até minha carteira um aviãozinho feito de papel. Abri, e lá estava escrito:

“A senhorita me parece muito entediada ultimamente. Quero te mostrar uma coisa, ok? Se a resposta for sim, me encontre perto do campinho. Ás 21:30. N. S.“

   Sorri diante do bilhete. Virei-me e olhei para trás, duas fileiras depois da minha, na última carteira, lá estava ele. Com um olhar confiante deu uma piscadela em minha direção e só com os lábios disse:

— E aí? – balancei a cabeça negativamente respondendo com os lábios também:
— Preciso estudar. –Em resposta, ele revirou os olhos bufando, e rindo virei para frente de novo. O sinal bateu indicando o fim da aula e me levantei para ir para casa. Nicolas, o tipo de cara que exalava confiança. Moreno claro, 1,80 metro, olhos verdes como o mar, bíceps fortes e abdômen definido, era um cara que se destacava na multidão, um cara que toda garota ou até mesmo mulher gostaria de experimentar. Menos eu. Nicolas é meu melhor amigo, nada mais, nada menos. Mas como sempre estamos juntos, todos por ali achavam que tínhamos algo. Inclusive Camille. Camille era uma garota que poderíamos chamar de venenosa. Covencida como só ela consegue ser, seus cachos loiros e olhos azuis atraía garotos de qualquer idade para si. Modelo, corpo esbelto e roupas cada uma mais linda do que a outra causava inveja em qualquer mulher. Mas o que ela tem de beleza, também tem de maldade dentro de si. Falsa com as amigas dela, se diz a abelha-rainha e quer que todos caiam sobre seus pés. Todos fazem o que ela manda, e quem não faz, ela sente o prazer de tornar a vida da pessoa um inferno. Foi o que aconteceu comigo, quando cheguei ali e não aceitei fazer parte do grupinho dela, ela começou a me perseguir. Não sei como, mas o único garoto que escapou das garras dela, o único que consegue colocar ela no lugar dela, é Nicolas. Talvez ele não tenha ficado com ela por que enxergou a maldade que ela exalava. E o fato de nós sermos amigos, deve ter causado ainda mais ódio dela por mim. E tenho que admitir que eu estava gostando disso, pode ser até mesquinho da minha parte, mas é bom ela saber que nem tudo que ela quer, ela consegue.

    Cheguei em casa e fui direto para a cozinha preparar algo para comer. Achei uma tigela, sucrilhos e leite. Iria servir. Depois da refeição fui para o meu quarto e abri meu notebook e entrei no facebook. Isabelly estava on-line.

— Menina! O que foi aquilo hoje? Em que mundo você estava, garota? Mundo do Nicolas? – sorri diante da tela. Simplesmente não entra na cabeça dela que éramos apenas amigos. “Não dá para ser só amiga de um cara gato daqueles, ficou louca?” dizia ela. Não era Nicolas, mas sim mamãe. Não sei por que, simplesmente minha mente voltou para aquele dia, o dia em que minha vida começou a desmoronar sobre a minha cabeça. Mas não é isso que digo a ela, ao invés disso digo:

— É o titio. Estou preocupada com ele.

— Ah... ele ainda está nessa?

— Infelizmente sim, a situação está piorando Isa, eu e titia estamos de mãos atadas , não sabemos o que fazer para ajudá-lo.

— Poxa amiga, queria tanto poder fazer algo para ajudar, ele já procurou ajuda profissional?

— Já tentamos tocar no assunto, mas sempre que o assunto surge ele desconversa  e fica um pouco rude.

— Nossa, vamos fazer o seguinte, agora eu tenho que ir para academia, vamos juntas? Você se distrai um pouco e fazemos companhia uma a outra.

— Obrigada Isa, mas não.

— Ah, para Mel, não vai me dizer que você tem que estudar né? Hoje é sexta-feira!

— Eu preciso estudar Isa, Natal já está chegando e não quero ficar estudando em época de Natal! Olha, vai para a academia, quando sair de lá, vem para cá.

— Fechado. Ás 19:00 ?

— Ás 19:00.

— O.k

— O.k

   Saí do facebook e deitei em minha cama. Não disse toda a verdade para Isa, mas em parte é verdade. Desde que papai morreu e tive que vir morar com meus tios por serem meus únicos parentes vivos, a vida deles mudou drasticamente. Antes de eu aparecer, a vida deles era controlada no requisito dinheiro. Mas como titia é estério, não tem filhos e não sabe como criar um. Por eu estar no ínicio da minha adolescência na época, aos treze,  os últimos 5 anos foram anos de muitas despesas pois meus tios achavam que tinham de me entupir de tralhas, gastavam cada vez mais, achando que eu não tinha conforto o suficiente. Além disso, tinha a perda do meu pai, para o meu tio perder o único irmão não era nem um pouco fácil, isso era aparente, então ele começou a apostar em jogos como forma de distração segundo ele. E tenho que admitir que o cara era muito bom, estava lucrando cada vez mais com isso só que não soube administrar o dinheiro, gastava tudo em rodadas de bebidas no primeiro bar que achava. No começo minha tia estava aceitando e argumentava com as pessoas que ele só estava passando por um tipo de “luto” pela perda do irmão. Mas então ele começou a ficar cada vez mais viciado, as despesas só estão aumentando e ele já está devendo uma grande quantia de dinheiro e não consegue parar de se endividar mais. Sentei com eles e conversei, tentei fazer meus tios entenderem que eu não precisava de tanta coisa, que eu não trazia tantas despesas, minha tia entendeu, mas meu tio já estava viciado.

   Acabei pegando no sono. Acordei num pulo com a campainha tocando. Peguei meu celular no criado-mudo e olhei as horas. 18:56. Isa.


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Notas finais do capítulo

por favoooooor digam o que vocês acham ta ??? please *--*



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