Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 26
Garrafa


Notas iniciais do capítulo

OI ~quando a pessoa é cara de pau, ela é -qq
Bom, antes de mais nada, não me matem, é isso.
Eu sumi por quase um mês, eu sei, me desculpem, eu sei que isso é horrivel e egoista da minha parte, vocês são leitores incriveis e não merecem isso, por isso me desculpem, mesmo. Eu passei por um periodo horrivel, arrisco dizer um dos piores da minha vida, coisas realmente horriveis aconteceram e eu prefiro não chatear vocês contando isso, e sem falar que eu estive num bloqueio criativo terrivel, nada que eu escrevia ficava bom, nada mesmo.
Mas cá estou, com muita vergonha e medo.
Espero que gostem e acima de tudo, espero que não tenham desistido de mim ^^
Boa leitura ♥



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Um estranho e incomodo silêncio separava Silena e Thalia. Desde a ultima pergunta de Silena nenhuma outra palavra foi proferida, Thalia parecia perdida em pensamentos, sendo consumida por um mar de caos e Silena não podia julga-la, pelo contrário, sabia exatamente qual era a sensação de afogar-se em si própria.

Ainda estavam em frente a casa de Katie, escondidas e vigiando. Silena não tinha muita noção da passagem do tempo mas julgava que já havia se passado, pelo menos, 45 minutos. As pernas da garota estavam dormentes por ficarem tempo demais na mesma posição, sua cabeça doía e o estomago se revirava pela fome.

Sua visão estava ficando embaçada e sentia como se fosse desmaiar; mordeu seus lábios com força exagerada e logo sentiu um gosto inconfundível de sangue e aquilo a despertou, fazendo os sentidos melhorarem consideravelmente. Precisava ficar em alerta, não podia vacilar, precisava ajudar Katie.

Era fato que não conhecia a garota bem o suficiente mas tinha por ela um carinho enorme, mal cabia em seu peito, estimava demais aquela pequena hippie gentil. Não conseguia entender como alguém conseguia machucar alguém tão dócil, aquilo era mais do que crime, como alguém que deveria ama-la mais do que ninguém conseguia machuca-la? Se o culpado por aquilo fosse realmente o pai dela ele merecia queimar no inferno.

Pensou nos machucados de Katie e sentiu um nó em sua garganta, era doloroso ver ela machucada. Sentiu os olhos encherem de lágrimas, lágrimas de cumplicidade. Silena podia sentir a dor de Katie pois sua alma estava tão machucada quanto o corpo da amiga.

 -Deve ser ele. –Thalia pronunciou-se, quebrando o silêncio desconfortante e trazendo Silena para fora de seus pensamentos.

Silena forçou-se a focalizar no homem que se aproximava da casa de Katie. Ele tinha cabelos castanhos curtos com leves madeixas já esbranquiçadas pela idade, linhas de expressões bem marcadas, olhos profundos verdes tomados em olheiras e usava uma roupa casual. Ele era absurdamente parecido com Katie, se não fosse a garrafa já vazia de bebida em sua mão direita, Silena juraria que ali estava a versão masculina castigada pela idade de Katie.

Trocou um olhar longo com Thalia e logo soube o que fazer. Levantaram se praticamente ao mesmo tempo, meio cambaleantes pelos membros que agora formigavam, tomaram folego e seguiram, da forma mais discreta que puderam, até a casa.

O homem já abria a porta e parecia levemente alterado, provavelmente pela bebida, tropeçou na entrada e tão logo entrou fechou a porta, com certa violência, causando um estrondo que fez Silena encolher-se automaticamente. Ele era forte e parecia ser agressivo e estava bêbado, era a pior combinação possível.

Chegaram até a frente da casa e pararam. Se olharam e Silena percebeu que Thalia estava exatamente com ela, confusa; sem reação, não sabendo o que fazer.

Silena podia ver através de toda aquela barreira que Thalia construíra ao seu redor, Silena podia ver que atrás de toda aquela fachada de durona que Thalia a todo custo mantem se esconde uma menina frágil e confusa.

E como podia ver tão claramente? Silena era exatamente como Thalia. Vivia atrás de uma murada, vivia sob uma mascará que jamais poderia cair. Fingia, era uma atriz mais do que nata, sorria sem nunca estar feliz, comemorava sem nunca alegrar-se, chorava apenas pelo vazio que sentia. Sentia-se presa em seu corpo e sabia que jamais conseguira mudar isso.

Suspirou e segurou a mão de Thalia, em um ato de cumplicidade. Com aquele simples gesto mostrou que estava ali, junto de Thalia e o olhar que recebeu em seguida comprovou tudo que já imaginava. Thalia estava quase chorando e Silena sabia porque, ela sentia-se fraca, não sabia como ajudar a amiga e aquilo lhe machucava.

Silena poderia ter a consolado, poderia ter lhe dito que nem sempre sabemos o que fazer e só porque Thalia não sabia o que fazer naquele momento ela era uma péssima amiga. Poderia lhe dizer que estar ali, estar tentando, era a maior prova de amizade.

Poderia ter feito isso caso uma movimentação estranha a sua frente não tivesse interrompido sua linha de raciocínio. Desviou o olhar para a casa e ficou encarando a porta sem saber o que fazer.

Ouviu primeiro um berro, seguido de um xingamento. Uma voz feminina se fez presente, a mulher berrava, Katie berrava. Ouviu mais xingamentos e logo o barulho de algo quebrar. Ouviu Katie gritar, com a voz fanha, já embargada pelo provável choro.

Abriu a boca, estática, totalmente sem reação. Não soube o que fazer e se odiou por isso, odiou cada partícula de seu corpo por não ter uma reação, por não se mover para ajudar Katie.

Foi só quando sentiu seus dedos sendo apertados com força que conseguiu virar sua cabeça e presenciar a queda de uma muralha. Ao seu lado, Thalia chorava, silenciosamente. Silena conhecia aquele choro, era o choro de culpa, perderá as contas de quantas vezes chorou daquele jeito. Sempre que via suas “amigas” humilhando alguém enquanto se mantinha calada, todas as vezes que ouvia comentários maldosos e não defendia a vitima, todas as vezes que se olhava no espelho, todos os dias chorava daquele jeito.

Mordeu os lábios com muita força e sentiu mais uma vez o jato de sangue, respirou fundo e ouviu mais um grito de pura fúria, aquele não era o momento de ser fraca, Katie precisava delas. Apertou a mão de Thalia e sussurrou “Katie precisa de nós, esse é o momento de ser forte”.

Thalia imitou o gesto de Silena e mordeu os lábios também. Limpou suas lágrimas e soltou a mão de Silena, mostrando que recuperou-se, assumiu a velha postura imponente e seguiu até a porta, pisando duro, pronta para fazer o pai de Katie engolir todos os dentes que possuía.

Abriu a porta porém era tarde, tudo que viu no momento que escancarou a porta foi o barulho de uma garrafa quebrando e o corpo de Katie caindo esfacelado ao chão com uma enorme poça de sangue formando-se ao redor de sua cabeça.


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Notas finais do capítulo

Tia Katie veio pra destroçar o coração de vocês, sim!
Mais uma vez me desculpo e espero que me perdoem ^^
Espero ver vocês nos comentários, ok?
Um grande beijo e até a próxima, juro que sera logo ♥