Assim que saiu do Star Labs, Barry não sabia exatamente para onde ir. Ele apenas tinha inventado a desculpa mais para sair de lá, mas não tinha pensado realmente no que fazer a seguir. Joe estava trabalhando na delegacia, na qual ele ainda não tinha autorização para voltar, pelo menos por hoje. Bom...E tem Iris, ela estava trabalhando em uma cafeteria e talvez, com sorte, ele conseguisse pegá-la no final do expediente. Quando ele a procurou mais cedo, eles mal conseguiram se falar. Com toda a coisa da super velocidade acontecendo, o dia dele tinha se tornado no mínimo, incomum.

 Ao chegar ao local de trabalho de sua melhor amiga, Barry viu uma das últimas coisas que poderia imaginar. Iris estava beijando Eddie Thawne, o policial bonitão, parceiro de Joe. E ela parecia tão...Feliz. Porém o que era mais estranho, é que aquilo não o incomodou tanto quanto ele achou que faria. Claro que a visão o deixou um pouco desconfortável, mas ainda sim, não era o que esperava sentir.

 Quando Iris se separou de Eddie, ela finalmente viu Barry lá no canto, e notou que ele havia visto tudo. O sorriso que estava em seu rosto murchou de repente e o velocista pode perceber que, aquilo provavelmente era um tipo de segredo. O Allen saiu da cafeteria antes que ela pudesse fazer qualquer movimento. Ele ficou esperando-a do lado de fora, sabendo que assim que terminasse lá dentro, ela viria atrás dele. Dito e feito. Alguns minutos depois, Iris saiu de lá o chamando para conversar enquanto faziam uma caminhada até em casa.

— Então? Você e Eddie? - Barry perguntou entrando no assunto.

— É ele! Eu finalmente o encontrei - Ela não conseguia conter o sorriso ao revelar isso a seu melhor amigo.

 Iris West havia encontrado sua alma gêmea,o homem cuja sua marca era idêntica, e essa pessoa era Eddie. Barry não sabia como reagir a essa novidade. Ela ter encontrado sua metade significava que qualquer chance que ele poderia ter, se foi nesse momento. Ainda assim, ele estava estranhamente feliz por ela. Podia ver um brilho novo em volte de sua amiga, como se sua felicidade fosse quase tangível.

 Um sentimento saudável de inveja tomou conta de seu peito e ele fez algo que não fazia há muito tempo, imaginou como seria quando ele a encontrasse...Sua alma gêmea. A imagem de sua constelação surgiu rapidamente em sua cabeça, e com ela, uma lembrança também. Ele lembrou de quando Caitlin Snow estava lhe explicando seu significado. Da sensação dos dedos da doutora traçando o contorno da linha com a ponta dos dedos. Só a memória do que aconteceu, já foi capaz de enviar um arrepio por todo seu corpo.

— Você esta bem, Barry? - A West perguntou o acordando daquela lembrança - Você estava sorrindo... Como na categoria bobo alegre de sorrisos.

— Yeah...Eu só pensei em algo... Voltando ao assunto... Como é? Digo, encontra-lo? - Perguntou curioso.

 Iris abriu um sorriso que se estendia de orelha a orelha.

— Eu acho que não há palavras para explicar isso. Você sente coisas...Que...Bem...Não sabe explicar. É como se nada no mundo inteiro se comparasse a isso. Acho que não existe uma maneira de descrever Barry...E apenas fantástico... Você só irá saber quando encontrá-la.

 Encontrá-la? Barry esperava que isso não fosse uma tarefa impossível.

— Como você a imagina? - Iris perguntou a ele com curiosidade.

 Aquela era uma pergunta estranha de se receber, mas todo mundo já tinha feito isso em sua própria mente.

— Eu sei que ela é uma pessoa calma, que não se mete em muitas confusões, até quando éramos crianças ela raramente se machucava. Ela tem um bom coração e...Eu acho que já te contei tudo o que sabia sobre ela varias vezes - Ele terminou a frase relembrando disso.

— Eu perguntei como você a imagina. Não o que você sabe... Quer saber, feche seus olhos! - Ela manda e mesmo ele achando estranho, obedece. - Agora quero que pense sobre ela...Imagine-a e descreva-a pra mim... Mas faça isso com o coração.

— Okay... - Ele respondeu com os olhos ainda fechados. - Eu a imagino como uma mulher inteligente...Com um coração enorme. Doce... Que realmente se importa com as pessoas que ama. Talvez um pouquinho mandona, mas ainda assim...Extraordinária.

 Conforme ele ia pensando nela, era como se uma imagem se tornasse cada vez mais tangível ao toque. Ele a descrevia, não pelo que queria que ela fosse, mas pelo que ele sentia que ela seria. Conforme ele ia fazendo isso, sentia uma sensação maravilhosa, bem parecida com a maneira que se sentiu quando abraçou Caitlin . Ele quase conseguia sentir o cheiro de chocolate...

 Ele abriu os olhos rapidamente, tentando chacoalhar a imagem que havia sido formada, não acreditando nos caminhos que sua mente estava seguindo. Provavelmente deveria ter sido consequência do dia  que teve, ou do fato de ter ficado muito impressionado com o que ela havia lhe dito mais cedo. Não havia como, o fato de ter começado a pensar em Caitlin, enquanto imaginava sua alma gêmea, não ser uma coincidência...Ou havia?

 Ele balançou a cabeça evitando pensar naquilo.

 - Barry esta tudo bem? - Dessa vez Iris estava realmente preocupada

— Esta...É que foi um longo dia, e eu praticamente acabei de acordar de um coma, acho que minha mente anda me pregando algumas peças - Respondeu se convencendo daquela desculpa.

— É claro...Vamos pra casa. Você precisa descansar... - Ela concordou, tentando cuidar dele.

 O velocista pensou que descansar era tudo o que precisava depois daquele dia, mas diferentemente do que imaginava, isso não aconteceria naquele momento. Alguns minutos mais tarde, uma perseguição de carro e um assassino com poderes climáticos depois, ele sabia que seu dia estava muito longe de terminar.

...

Depois que voltou aos laboratórios e explicou toda a situação ás três pessoas ali presentes, Barry recebeu um belo não, vindo do Dr. Wells. Segundo este, o velocista era importante demais para a ciência, para que ele simplesmente se arriscasse  dessa maneira, tentando parar esse tipo de... Meta-humano.

 O Allen saiu de lá transbordando frustração. Ele, naquele momento, não sabia o que fazer. Não conseguiria derrotar aquele meta sem ajuda...E ele precisava deles para isso. Por isso foi ao única lugar onde conhecia alguém que sabia o que estava passando. Depois de uma boa conversa com o arqueiro, voltou aos laboratórios mais determinado do que nunca, agradecendo sua estrela da sorte por não encontrar Dr. Wells lá, aquela hora.

— Eu preciso fazer isso - Declarou assim que se encontrou na presença da Doutora Snow e do engenheiro Ramon.

— Barry você... - Cait começou, tentando dissuadi-lo

 - Mais cedo, você disse que eu era um bom homem...Mas que tipo de homem eu seria se pudesse fazer algo bom, e simplesmente escolhesse não fazer? - Se dirigiu a ela, deixando-a sem palavras. - Eu pesquisei nos arquivos dos últimos nove meses da delegacia. Esse meta-humano tem estado ocupado...E eu preciso da ajuda de vocês para pará-lo...E todos os iguais a ele.

— Pode contar comigo cara - Cisco responde animado e Barry desviou seu olhar para receber a resposta de Cait.

 - Eu não posso fazer isso sem você - Pediu esperançoso que ela dissesse sim.

 Barry pode perceber o exato momento em que ela cedeu. Sua postura mudou e o olhar dela transparecia que sua frase teve efeito sobre a decisão.

 - Então se vamos fazer isso eu tenho algo que pode ajudar - O Ramon declarou ansioso para mostrar o que tinha preparado.

— Só um segundo Cisco. Vai indo na frente que eu ainda tenho algo a falar com Barry. - Ela disse aos dois seriamente.

 Cisco saiu da sala sem questionar. O olhar estampado no rosto de Cait, o fazia acreditar que nada bom sairia dali. Então por mais que estivesse curioso para saber o que iria acontecer, teve medo daquilo acabar sobrando para ele.

— Escute aqui Barry Allen, você não acordou de um coma para morrer hoje. Então é melhor voltar vivo. E fique sabendo que se não o fizer, eu vou até onde você for depois de morto, para te matar novamente. - Falou ela com um tom de voz sério e um olhar intimidador, assim que se encontraram sozinhos.

 - Eu... - Ele começou a falar hesitante, mas ela o interrompeu chegando perigosamente perto, e segurando o colarinho da jaqueta do mesmo, forçando-o assim a encara-la

— E é melhor ter cuidado, porque se não... Não importa o que acontece depois, eu vou pessoalmente te bater. Fui clara?

— Cristalina - Responde, sentindo nos seus ossos que ela não esta brincando.

Ela lhe deu um sorriso forçado antes de soltá-lo e se afastar. A verdade era que ela estava apavorada com o que pudesse acontecer com ele. Talvez com mais medo do que sentiu em toda sua vida. A doutora tentava lutar contra todos os sentimentos malucos em seu coração, desde o momento que o viu pela primeira vez, e por mais que ainda não quisesse aceitar o que estava sentindo, não queria em hipótese alguma conhecer a dor de alguém que perdeu sua alma gêmea.

 - Então vamos fazer isso - afirmou com toda a coragem que pode reunir, guiando os dois até Cisco.