Caitlin estava com o coração na mão. Barry havia ido enfrentar Clyde Mardon, um meta-humano capaz de controlar o tempo, e as coisas não estavam indo muito bem para ele. Joe West, pai adotivo do velocista estava na cena e agora ele não só tinha que parar Clyde, como garantir que o detetive não se machucasse também.

 A doutora tentava controlar seu nervosismo, na esperança que os sentimentos dela não atrapalhassem o desempenho do herói, mas a situação estava um tanto quanto complicada, principalmente quando o meta humano começou a criar um tornado.

 - Esta indo para a cidade. Como eu o paro? - Barry grita pelo comunicador.

 Ela podia sentir o desespero dele em seus ossos, e sua mente parecia não encontrar as palavras necessárias.

— E se eu fizer pressão contraria? - O velocista sugere, tentando saber se aquela era uma ideia viável.

— E como você pretende fazer isso? - Ela pergunta, temendo a resposta.

— Correndo na direção contraria

— Ele tem que correr a 1120km/h para fazer isso - Cisco avisa, deixando-a apreensiva.

 Quando descobre a velocidade, sua mente começa a trabalhar freneticamente, e ela sabe que se ele fizer isso, há uma porcentagem muito grande dele...

—  Seu corpo pode não ser capaz aguentar tanta velocidade, e você morreria - Avisa a Barry, sentindo o amargor que aquelas palavras lhe causam, ao sair de seus lábios.

 Ela sabe o que vem a seguir, sabia o que ele ia fazer, antes dele sequer responde-la.

— Eu preciso tentar - E assim ele faz.

— O traje esta aguentando - Cisco comenta com orgulho da roupa.

— Mas ele não - Cait o retruca preocupada.

— Ele consegue! Eu sei que sim - O engenheiro tenta tranquiliza-la.

 Não é que Caitlin não confiasse nas capacidades do velocista, mas o medo de perde-lo a fazia imaginar os piores cenários possíveis. E quando o meta-humano o acerta, lançando-o longe, ela só fica mais preocupada.

 Ele não se machucou, ela teria sentido se ele o fizesse, mas até tudo aquilo acabar ela não estaria tranquila.

— É muito forte -  Barry afirma, com medo de não conseguir parar aquele tornado.

 Antes que qualquer um deles pudesse formular uma resposta para aquilo, Wells apareceu na sala, e para a surpresa de todos, não estava maluco de raiva com o que estava acontecendo.

— Você consegue Barry - Ele começou encorajando o velocista - No começo eu pensei em você como mais uma vítima do meu trabalho, mas você não é, e pode fazer isso. Basta correr. Então corra Barry!Corra!

 Essas palavras tiveram grande efeito sobre o ele. Caitlin podia sentir grande parte do medo deixar o coração de ambos. Barry estava determinado e agora nada iria para-lo. Então ele correu, desta vez mais rápido, sem cair. E ele venceu, conseguiu reverter o tornado.

 Por alguns segundos tudo o que os três podiam ouvir era o chiado do comunicador. Wells e Cisco estavam apreensivos, na duvida se ele conseguiu sobreviver no processo, ou não. Já Cait tentava conter o sorriso em seus lábios. Ele estava bem, ela sabia disso antes que todos os outros soubessem.

— Eu consegui! - Barry os avisa, dissipando a preocupação dos dois homens.

 Agora ele só teria o problema de explicar para seu pai adotivo, o porquê conseguia correr tão rápido, mas ele estava vivo, e isso era tudo o que importava naquele instante.

...

 Nenhum deles conseguiu dormir aquela noite. Barry passou a madrugada inteira com Joe e a policia, na cena onde tudo ocorreu mais cedo. Os dois tinham que prestar relatórios e coisas do tipo. Claro que não mencionaram o Flash, ou meta-humanos, ou nada parecido. Ainda tiveram que ter uma conversa bem séria um com o outro. Não era a toa que o velocista estava lutando para manter as próprias pálpebras abertas.

 Wells havia insistido para que Cait lhe fizesse alguns exames. Ele queria se certificar de  que o herói estava completamente bem depois da batalha com o Mago do tempo. Allen não tinha força alguma para recusar esse pedido, e isso também lhe garantiria um tempinho  a mais, perto da Doutora Snow, então ele simplesmente concordou.

 Mas naquele momento, seus exames tinham acabado e ele estava sozinho em uma sala, sentado em cima de uma mesa de metal, pensando seriamente em deitar ali mesmo e dormir. Ele ainda tinha que esperar os resultados para poder ir embora, então por um tempinho, ainda esta preso naquele lugar.

 Barry estava com tanto sono, que nem foi capaz de ouvir Caitlin voltando a sala. Só percebeu sua presença quando ela lhe estendeu uma caneca com um líquido fumegante.

— Obrigado! - Ele agradece, pegando a caneca e bebendo um gole do que quer que tivesse lá dentro.

— Isso é café com leite e canela? - Ele perguntou, curioso por ela saber o seu tipo de café favorito.

— Você não gosta? - Ela respondeu com outra pergunta. - Desculpe! É que eu não gosto do gosto do café puro, então quando eu faço, sempre coloco o leite e a canela. É meu favorito.

— É o meu  também - Ele revela, impressionado por terem aquilo em comum. - Eu nunca encontrei alguém que também gostasse disso, sabia?

— Bom...Então eles não sabem o que estão perdendo!

— Pode apostar que sim!

 Com o café, Barry fica muito mais alerta. Ele observa Cait andar de um lado para o outro na sala, conferindo os resultados de todos os exames que fez. Ele gosta de vê-la trabalhar, decidiu isso naquele momento. O olhar de concentração, e a postura confiante que ela tinha enquanto lidava com os dados, só a deixavam mais adorável aos seus olhos.

 - Você esta totalmente bem - Ela afirma assim que vê o último resultado.

— Então isso quer dizer que já tenho permissão para  começar  procurar os próximos meta-humanos? - Ele pergunta com um ar brincalhão.

— Não agora! Você não dormiu a noite inteira, então a única coisa que tem permissão pra fazer, é ir pra casa e dormir.

— Você deveria ir também... Não! Eu quis dizer pra sua casa...Dormir sozinha...Eu não quis dizer...- Ele começou a se atrapalhar nas palavras, como Felicity. - Eu quis dizer que você também não dormiu essa noite, e também precisa descansar. Foi isso.

 Caitlin sorriu. Ela tinha entendido o que ele quis dizer logo de primeira, mas tinha que admitir que vê-lo corado era algo muito fofo.

— Bem...Eu acho que eu sou a doutora aqui, certo?

— Sim, mas isso não quer dizer que eu não me preocupo com você - Ele falou, antes que pudesse sequer pensar nas palavras.

 Por um instante a doutora ficou sem palavras. Ele tinha acabado de dizer que se preocupava com ela? Cait não sabia com reagir a isso. Ela poderia dizer que se preocupava com ele também. Que apesar de se conhecerem há tão pouco tempo, ele também era importante pra ela, mas as palavras não vinham a sua boca. E em vez de falar, ela pensou em fazer algo um pouco mais louco. Seus olhos caíram para os lábios do velocista e ela deu um passo pra mais perto dele. Talvez se ela apenas...

— E então? Como o nosso herói esta? - Cisco invadiu a sala de repente, fazendo Cait dar um salto com o susto.

— Hum... Ele esta... bem - Ela respondeu constrangida pelo que estava prestes a fazer

 "Você ficou louca?No que estava pensando?" Ela repreendeu a si mesmo.

— Barry já estava de saída. Ele vai pra casa descansar - Ela avisa ao engenheiro.

— Okay! Vou dizer isso ao Dr. Wells. Ele queria saber - Ele diz, e sai da sala mais rápido do que entrou.

— Então eu acho que devo seguir minhas recomendações médicas - O velocista fala se levantado da mesa.

— Deve mesmo - Ela concorda

 Sem que ela esperasse, Barry se aproxima e segura sua mão, depositando um beijo ali, como um cavalheiro. Ele não sabe o porquê fez aquilo, só sentiu vontade e fez. Ela mais uma vez não sabia como reagir. Ele havia acabado de beijar sua mão, e ela já sentia como se fosse explodir de tanta alegria apenas com aquele ato, imagine como ela iria se sentir quando...

"Controle-se Cait! Controle-se!" Ela pensou consigo mesma, como um mantra.

— Então até logo Caitlin - Ele se despede, soltando a sua mão e correndo pra fora dali em alta velocidade.

A doutora Snow deixou seu corpo cair em uma cadeira ali perto. Ela soltou seu peso sobre o encosto e olhou pra sua mão com um enorme sorriso bobo nos lábios. Ela não sabe quanto tempo ficou daquela maneira, apenas sabe que quando se deu conta do que estava fazendo, se levantou rapidamente, ajustou sua postura e foi procurar algo para ocupar sua mente. Afinal aquilo só poderia ser loucura. Ela não estava apaixonada por Barry Allen, não podia estar, era muito cedo pra isso. O que ela tinha que fazer, era se ocupar com outras coisas,  logo tudo aquilo iria passar. Ou pelo menos, era isso o que esperava.