A Arca de Pandora escrita por Danilo Alex


Capítulo 13
Epílogo - A Fúria de El Dragón


Notas iniciais do capítulo

Ahoy, companheiros!

É chegada a hora de nossa última viagem.

Que os bons ventos sempre os levem, e que as marés vos sejam propícias!

Espero que gostem da conclusão dessa narrativa.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/674868/chapter/13

Uma semana, depois, numa tarde ensolarada que dourava o mar, o navio The Golden Hind, que era o gigantesco galeão inglês do pirata Francis Drake, deparou-se com outro galeão no meio do oceano.

Um enorme navio espanhol chamado Pandora.

Estavam perto da costa africana.

Como o galeão hispânico parecia desabitado e navegava à deriva, Drake ordenou que se aproximassem, lançassem os ganchos para prendê-lo e baixassem âncoras.

Assim foi feito, e imitado pelas dez embarcações pirata que acompanhavam o Hind.

  Quando atravessou sobre a prancha e pisou o convés daquele sombrio galeão espanhol, o lendário pirata britânico teve um mau pressentimento.

Um rangido na mastreação principal o fez olhar para o alto. Com o que viu, seu sangue inglês gelou nas veias.

Então, ao passo que seus marujos debruçavam-se sobre as amuradas do Pandora para vomitar devido o terrível mau cheiro de corpos em decomposição proveniente do castelo de proa, Francis Drake erguia os punhos cerrados e urrava, tomado por fúria e dor.

Seu melhor amigo, Jason Hope, estava pendurado pelo pescoço na trave mais alta da mastreação, branco como leite, enrolado zombeteiramente em uma bandeira da Espanha.

 Depois daquele dia chocante para Drake, seu ódio pelos hispânicos triplicou, e o pirata dedicou-se com redobrado afinco a caçar os galeões latinos e a dizimar a gente de Dom Filipe II.

Era esse mesmo ódio que levaria o capitão pirata inglês favorito da rainha Elizabeth I oito anos mais tarde a liderar e conduzir numa estrondosa vitória a Armada Inglesa em combate contra a Invencível Armada Espanhola da qual, a bordo do Golden Hind, Francis Drake afundou sozinho vinte e três navios.

Os filhos da Espanha então amargaram grandes derrotas e sofreram prejuízos bem maiores. Não havia como deter Drake. Sua sede de vingança era infinita. Os compatriotas de Filipe II experimentavam a fúria de El Dragón em seu auge.

Suas proezas lucrativas em favor da Coroa Inglesa conforme golpeava os hispânicos com tanta devoção fizeram com que o comandante pirata fosse posteriormente sagrado cavaleiro pela própria Elizabeth I, o que é irônico se levarmos em conta que na Inglaterra, durante a Idade Média, somente eram elevados a cavaleiro aqueles homens cujos feitos denotassem honra, coragem e valor, ou seja, requisitos praticamente opostos a um capitão pirata sanguinário e inclemente.

Acreditem ou não, dali em diante, ao receber o honroso e imerecido título, o infame corsário passou a ser tratado como Sir Francis Drake.

Eis os fatos, meus queridos amigos e leitores.

Ainda que duvidem, devo adverti-los: muitos são os perigos do mar, sobretudo os preternaturais como o Kraken, os espíritos dos navegantes e o sedutor canto das sereias.

Mas nada disso se compara a visualizar um navio fantasma.

 Se por acaso estiverem na costa e, em noite de lua cheia, que é quando ele surge, virem um galeão espanhol, podem se preparar para o pior.

Caso vejam um navio imenso, de três andares, com majestosa mastreação e duas âncoras, cuja proa é ornada pela figura de uma mulher jovem de cabelos revoltos segurando uma caixa, estão em perigo.

Verão piratas espectrais trabalhando a bordo, regidos por um capitão morto-vivo, em decomposição, com uma corda no pescoço e claras marcas de mordida no mesmo, gritando e praguejando sem parar.

Se por ventura virem isso, façam uma oração.

Desviem a vista.

Corram!

Fujam por suas vidas!

Afastem-se, pois o mal está por vir.

Enquanto escapam para longe, tapem os ouvidos, não ouçam os marujos cantando, pois, quando a canção for entoada, nenhum dos viventes que a escutar poderá escapar.

 

 

 

“Eu vejo os fantasmas de navegadores, mas eles estão perdidos

Ao navegarem para o por do sol, medirão as conseqüências

Enquanto seus esqueletos acusam emergir do mar

As sereias das rochas, elas me acenam”

 

(Ghost of the Navigator – Iron Maiden)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(Último) Aviso aos Navegantes: (Palavras em ordem de aparecimento no texto)

Baixar ferros ou Baixar âncoras: Expressão usada pelo comandante de uma embarcação, que significa ancorar, fundear o navio.
Prancha: Espécie de ponte posta entre as embarcações e o cais, ou entre duas embarcações, para trânsito de pessoal.
Convés ou Deque: Qualquer um dos pavimentos da embarcação; piso da mesma.
Galeão: Antigo navio de guerra, com popa arredondada e bojuda, e quatro mastros.
Mastreação: Os mastros de uma embarcação.
Amurada: Prolongamento do costado da embarcação, acima do convés descoberto.
Castelo: Nas embarcações, parte que se eleva acima do convés principal.
Proa: A parte anterior ou dianteira da embarcação.

É isso, meus amigos.

Se você gostou, dá uma mãozinha por favor: comente, recomende e favorite aqui, para que mais gente tenha oportunidade de conhecer essa história. Agradeço desde já.

Quero agradecer amplamente aqueles que me acompanharam até aqui, principalmente meu amigo Matheus Braga.
Desejo de coração que tenham gostado dessa minha narrativa maluca e a ousada mistura que fiz nela ao compô-la.
Faço votos de que o tempo vos seja sempre auspicioso, bem como prometo que, caso nos encontremos em alguma taverna portuária onde as correntes marítimas desse mundo nos levarem, reservarei alguns dos meus dobrões a fim de pagar para vocês uma rodada de rum ou chope espumante, porque ter marujos como vocês a bordo valeu mais do que qualquer tesouro perdido e cobiçado pelo mais conhecido pirata.
Ahoy! Meu muito obrigado a cada um de vocês!

Até a próxima história!

Hurra!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Arca de Pandora" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.