Princesa Sparta: A Herdeira de Cronos - 1 Temporad escrita por EusouNinguém


Capítulo 17
Perseguição na noite - Laura




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Quando Laura chegou em casa ela ainda ouvia ecos de sua conversa com Zeus dentro de sua cabeça. Ela abriu o portão e entrou.

Já era muito tarde, mas Mariana ainda estava acordada. A mãe de Laura estava sentada no sofá com os olhos inchados devido às lagrimas e ao sono.

— Laura, onde você estava? Eu quase morri de preocupação. Liguei para Jéssica, mas ela não sabia...

— Jéssica é minha guarda costas e eu não sabia? – Laura interrompeu a mãe – Não precisa se preocupar comigo mãe. Eu sou uma filha de Zeus, se alguém mexer comigo vai se arrepender.

— É realmente por isso que eu tenho medo. Não estou falando de mortais, Laura. Eu estou falando de criaturas do Hades que podem ser mandadas para te matar. Não se esqueça de que seu pai tem muitos inimigos.

Laura estremeceu. Se lembrou de todas às vezes em que teve que correr para fugir de harpias. Das vezes em que teve que lutar com centauros malignos e semigórgonas que foram mandados em sua captura só pelo fato de ela ser filha do Rei do Olimpo.

— Não precisa se preocupar. Eu sei me virar sozinha.

Ela virou as costas para sua mãe e subiu as escadas que levavam ao seu quarto. Trancou a porta e se jogou na cama. Sua cabeça doía devido à quantidade de informações.

Então a menina não só era a herdeira de Cronos como também tinha o poder dos doze olimpianos. Faz sentido. Todos os olimpianos de certa forma descendem de Cronos. Quando o Rei dos Titãs foi esquartejado por Zeus, seu poder foi dividido. Primeiramente por céu e mar. Hades, enganado por Zeus, foi banido para o submundo sem sua dose do poder de Cronos. Mas depois o que restou (fogo, sabedoria,velocidade, plantas, ferro, vinho, amor, guerra, música) foram dividos entre os demais deuses.

“- Se ela é descendente de Cronos ela terá o mesmo poder dele. Ou seja, todos os poderes do Olimpo e ainda mais o poder de controlar o tempo.”

Laura respirou fundo, sentia vontade de gritar. Gritar até que todos os relâmpagos do céu caíssem na Terra e fizessem a humanidade inteira virar churrasco. Ela sempre foi tão confiante, tão inabalável. E então aparece uma bastarda de quatorze anos que de repente ameaça não só a ela e seu pai, mas também a todos os deuses do Olimpo.

Será que eles não viam? Se Agatha quisesse tomar o Olimpo, que garantia os demais deuses teriam de que ela só iria matar Zeus? Ela já tem o poder de todos, não precisava dos outros onze olimpianos.

“- Nem ao menos um deus consegue aguentar tanto poder sem explodir. Agatha também não é uma deusa.

— Então o que ela é?”

Esse havia sido o ponto mais perturbador da conversa com seu pai. Ouvir a palavra titã sair da boca dele, fez Laura pedir para ir embora. Ela disse que precisava refletir.

Agora ela estava em seu quarto e não conseguia refletir. Aquilo tudo se encaixava de uma maneira tão macabra. Se Laura algum dia se encontrasse com Cronos ela iria se ajoelhar aos pés dele e aplaudir. Aquilo tinha sido uma jogada de mestre.

A jovem antes havia agradecido aos céus por uma das herdeiras de Cronos ter morrido, mas isso foi antes dela saber que quando as duas estavam vivas cada uma tinha seis poderes. Quando Jade foi morta, os poderes dela foram para a irmã e assim somaram doze.

Mas ainda havia esperanças. Ela era uma boa lutadora, poderia pegar Agatha despreparada. Talvez enquanto a bastarda dormisse, assim ela não veria a morte e não usaria seus poderes mesmo sem querer. Meu pai matou Cronos e ficou com o poder dele. Se eu matasse Agatha...

Sua ficha caiu. Laura deu um pulo e se sentou na cama. E se a história de Agatha liberar o poder “sem querer” e transforma-la em pó fosse apenas uma mentira de Zeus? E se ele na verdade não quisesse que Laura matasse a bastarda porque, se ela fizesse isso, caberia a ela dividir os poderes. Zeus estava com medo.

Zeus estava com medo de Agatha tomar seu trono, mas também estava com medo de que Laura a matasse e então pegasse para si o poder que também cabia a seu pai e o desafiasse para tomar seu trono. Ele não confiava em Laura.

— Como eu sou idiota.

Assim que a percepção se formou na cabeça de Laura, ela saiu disparada do quarto. Ela havia contado para Zeus a localização da bastarda.

Ela desceu a escada com dois saltos. Correu para o porta-chaves e pegou a chave do HB20 de sua mãe. Abriu a porta, correu para a garagem. Entrou no carro e acionou o botão que fazia o portão automático abrir. Laura disparou rua afora.

Seria burrice ela tentar chegar lá antes de Zeus. Os deuses podiam viajar com a velocidade do pensamento. Mas levando em consideração que seu pai a havia levado até a rua de casa e que ele certamente voltaria para o Olimpo, veria como estão as coisas por lá e só então voltaria para pegar Agatha  ainda havia esperanças.

Laura não podia acreditar que estava dirigindo desesperadamente o carro de sua mãe, furando todos os sinais vermelhos, ultrapassando todos os limites de velocidade... tudo isso para impedir que seu pai matasse a herdeira de Cronos.

— Eu devo estar louca. Por que eu estou fazendo isso? Seria bem mais fácil deixar ele mata-la e tudo ficaria como sempre foi.

Mas algo a impulsionava em seu caminho. Talvez fosse seu orgulho ferido. Ela teve tanto trabalho para achar Agatha e fazer seu pai se orgulhar dela e tudo isso só para descobrir que ele na verdade não confiava nela. Não mais do que ele confiou em Hades e o baniu por isso.

Mas talvez o que a estivesse impulsionando fosse o par de olhos verdes escuros. Laura não sabia o que era, mas havia algo naqueles olhos que a deixou paralisada. Ela não podia deixar a bastarda morrer sem antes olhar para eles mais uma vez e desvendar seus segredos.

Depois de alguns minutos dirigindo ela viu a favela. Subiu a ladeira na maior velocidade possível. Parou o carro em frente a casa de Agatha. A janela que dava para a rua estava aberta. Zeus não precisava entrar pela janela. Ele teria se materializado dentro do quarto da bastarda.

— Droga.

Laura saltou para fora do carro, se aproximou da janela e pulou para dentro.

Tudo dentro da pobre casa estava em silencio. As luzes estavam apagas e a única iluminação vinha da janela aperta que ela havia acabado de pular. Laura fechou os olhos e escutou.

Ouviu o som de uma chave sendo rodada. Zeus já estava no quarto de Agatha e havia notado a presença de Laura. Ele trancou a porta para me impedir de entrar. Ele sabe que eu sei.

Ela correu na direção em que ouviu o som da chave. Deveria ter vindo da primeira porta do apertado corredor já que ela conseguiu ouvir. Ela forçou a porta e realmente ela estava trancada.

Encostou o ouvido na porta e ouviu o som de alguém sendo asfixiado. Em seguida um resmungo masculino e um pulo.

— Quem é você?

Era Agatha quem perguntava. Não ouve resposta. Laura chutou a porta com toda a sua força. Ela não cedeu. Laura chutou novamente e a porta abriu. Sabia que tinha acordado a família inteira, mas não se importava.

— O que foi isso? – a voz masculina veio de um dos quartos ao lado.

Laura pulou para dentro do quarto.

— Não toque nela!

Mas quando ela olhou em volta no quarto não havia ninguém exceto uma menina com um par de olhos verdes escuros a encarava de boca aberta.

— Festival de estranhos no meu quarto? Quem é você?

Laura a ignorou.

— O homem que estava aqui. Cadê ele?

Como se só então se desse conta do que aconteceu, a bastarda olhou em volta.

— Eu não sei. Ele simplesmente apareceu aqui. Eu devia ter fechado a janela. – Agatha passou a mão em volta do pescoço.

Laura não pôde evitar sorrir. A janela aberta foi o que possibilitou a sua entrada na casa e assim salvou a vida de Agatha.

Passos a fizeram se virar. Um homem alto e de barbado estava parado na soleira da porta arrebentada.

— O que diabos esta acontecendo aqui Agatha?

— Excelente pergunta, tio.

O tio de Agatha olhou para Laura de cima a baixo.

— Quem é você?

— Eu? Eu não sou ninguém.

— Fora da minha casa antes que eu chame a polícia!

Laura assentiu, passou por ele. O homem a seguiu até a porta da frente.

— Espere!

A filha de Zeus se virou. Agatha estava vindo em sua direção, mas por algum motivo ela estava vendada.

— Eu vou com você até o fim da rua.

— Não precisa, eu to de carro.

— Eu faço questão!

O tom na voz da bastarda foi tão autoritário que Laura deu um passo para trás. Ainda vendada ela rodou a chave e abriu a porta, segurou-a aberta para Laura passar.

As duas saíram para a rua.

— Sério mesmo. Quem é você e quem era aquele cara que tentou me sufocar com o travesseiro?

Travesseiro? Laura quase riu. Aparentemente Zeus não queria sujar as mãos com o sangue de uma criança então ia mata-la de uma forma que não derramasse sangue.

— O homem era meu pai.

Agatha arrancou a venda. O peso daqueles olhos encarando Laura a fez se sentir como se estivesse sendo revistada.

— Por que seu pai iria querer me matar?

Laura ainda estava pensando se devia ou não responder quando ouviu o som de asas. As duas olharam juntas para o céu estrelado.

— Mas o que diabos são aquelas coisas?

As coisas que Agatha se referia eram pégasus. Quatro cavalos alados vinham na direção delas. Ótimo, todo mundo adora pégasus... A menos que você tenha acabado de impedir que seu pai matasse a herdeira do Rei dos Titãs e esses pégasus estivessem sendo montados pelos lacaios dele.

— Entra no carro!

Laura não precisou falar duas vezes, Agatha abriu a porta traseira e pulou para dentro do carro. Laura entrou e rodou a chave. Pisou fundo bem na hora em que os pégasus faziam um rasante para bater seus cascos no teto do carro e esmaga-las.

Por pouco elas conseguiram evitar esse ataque. Mas eles não iriam desistir. Agatha passou para o banco do carona ao lado de Laura.

— O que são aquelas coisas?

— Pégasus. Meu pai os mandou para me matar.

— Espera ai. Te matar? Então por que me mandou entrar no carro? Para essa droga agora mesmo.

— Você está louca? Ainda não percebeu? Eles vieram para me distrair e assim meu pai poder cuidar de você.

— Quem é seu pai?

— Zeus.

Agatha ficou em silencio.

— Faz sentido já que eu sou... – ela se calou.

Com certeza havia sido sabiamente orientada a não revelar a identidade.

Laura já estava com esperanças de ter despistado os perseguidores alados quando passavam por um córrego raso.

— Muito bem, acho que os despistamos.

Assim que fechou a boca um pégaso apareceu na sua frente e veio a uma velocidade alarmante na direção do carro. O impacto teria matado as duas, mas Laura virou o volante para o lado. Felizmente elas desviaram do pégaso. Infelizmente Laura virou o volante para o lado em que estava do córrego.

O HB20 de Mariana capotou enquanto caia no córrego abaixo. Como as meninas estavam sem cinto, bateram nas portas e no teto antes de finalmente o carro parar de ponta cabeça.

Laura tentou abrir a porta do motorista, mas ela estava amassada demais.

— Agatha, veja se consegue abrir a porta.

A herdeira de Cronos forçou a porta do seu lado e ela se abriu. Agatha rastejou para fora e estendeu a mão para Laura.

Laura olhou para ela e viu que a testa da menina estava sangrando, assim como sua boca. Olhou para a mão estendida dela. A garota que ela havia jurado matar, a garota que ela havia entregado de bandeja para Zeus lhe oferecia a mão. Laura pegou.

Sentiu ser puxada com força. Mais força do que ela achou ser possível para uma garota de catorze anos. Assim que ela ficou de pé ela percebeu que o córrego era tão raso que a água não chegava nem em seu calcanhar. Ouviram o som de asas se aproximando.

Laura olhou para os dois lados procurando uma saída.

— Ali! – Agatha apontava para um cano grande o suficiente para que elas entrassem por ele, mas não grande o suficiente para os cavalos.

Correram para aquela direção. Laura percebeu que a água do córrego saia daquele cano. Não fazia ideia de onde ele iria dar, mas seguiu Agatha para dentro dele com toda a velocidade que conseguia aplicar a suas pernas machucadas pelo acidente.

Passou a mão no nariz e percebeu que estava sangrando. O cano era escuro como breu, mas ouvia os passos agitados de Agatha na sua frente. As duas correram durante quase quinze minutos quando o cano finalmente acabou.

Quando saíram, Laura percebeu que estavam atrás de uma espécie de empresa. Percebeu também que ali a água imunda chegava quase a sua cintura. Era a água suja que a empresa descartava e era jogada no reservatório em que elas estavam e assim ia para o córrego onde agora jazia o carro de sua mãe.

Como uma gata, Agatha correu para as paredes lisas e relativamente baixas do reservatório e bateu os pés nela, pegou impulso e saltou. Uma de suas mãos segurou a borda do reservatório. Agatha se içou para cima.

— Vem, me da a sua mão.

Laura andou lentamente na direção dela. Uma hora atrás ela queria Agatha morta. Ela havia a chamado de “criatura”, “imunda” e “bastarda” tantas vezes. E agora, pela segunda vez, a bastarda estendia a mão para a princesa. Eu poderia matá-la agora mesmo. Mais uma vez Laura pegou a mão dela.

Juntas fizeram Laura subir pelas paredes. Laura se levantou e olhou em volta. Agora estavam em uma viela próxima as grades que cercavam a empresa. Sorte nossa eles fazerem um reservatório aberto.

— Acho que despistamos aqueles caras.

Laura se virou para Agatha.

— É, acho que sim. Laura.

— O que?

— Você perguntou duas vezes quem eu era e eu não te respondi. Estou respondendo agora. Meu nome é Laura.

— Ah, o meu é Agatha. – A menina pensou um pouco e tombou a cabeça levemente para o lado – Mas você já sabia não é mesmo?

Laura assentiu.

— Você sabe quem eu sou.

Aquilo não tinha sido uma pergunta, mas Laura assentiu mesmo assim.

— Eu não entendo. Era pra você tentar me matar igual o seu pai fez.

Laura se sentiu estranhamente desconfortável, mas foi poupada de responder quando quatro homens saíram do cano que elas haviam acabado de transpor.

— Ah, não. Eles deixaram os pégasus para trás e nos seguiram a pé.

Agatha se virou para os homens lá embaixo.

— Eu cansei de correr deles.

— Você enlouqueceu?

Laura puxou Agatha pela mão e as duas correram pela viela. A filha de Zeus sabia que não poderiam fugir dos lacaios de seu pai por muito tempo. As duas saíram em uma movimentada avenida e continuaram correndo.

Laura já estava quase entregando os pontos. Não aguentava mais correr. Então Agatha gritou:

— Aramis! Eu preciso de você!

— O que você esta fazendo?

— Chamando ajuda.

Agatha parou de correr e se virou na direção de onde haviam vindo, ela estava sorrindo. Laura parou também e se virou. Parado alguns metros a frente, olhando para elas daquele jeito sedutor, estava um homem de quem ela se lembrava muito bem.

— Apolo?


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