Princesa Sparta: A Herdeira de Cronos - 1 Temporad escrita por EusouNinguém


Capítulo 14
A caçada começa - Laura




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Laura observava da barraquinha de cachorro-quente enfrente ao parque Villa Lobos quando Aramis e Agatha saíram pelos portões.

Os dois passaram tão perto de Laura que ela teve que usar toda a sua força de vontade para evitar pular no pescoço da bastardinha imunda. O fato daquela criatura respirar já era uma ofensa para ela. Uma ofensa pra meu pai e para todo o Olimpo.

Ela pagou seu refrigerante e foi atrás dos dois, cautelosamente. Laura notou que a bastarda mancava e parecia estar sentido dores. Eles entraram no estacionamento e foram até um carro preto. Laura não sabia muito sobre carros, mas sabia que aquele era um Fiesta.

Percebeu que eles conversavam. Eu daria tudo para poder ouvir o que eles estão falando. Mas ela não podia então teve que assistir impotente enquanto eles iam embora.

Sorriu, satisfeita consigo mesma. Havia sido mais fácil do que ela supôs achar a última herdeira de Cronos. Se os deuses deixassem seu orgulho de lado e usassem a tecnologia, eles já teriam colocado as mãos nela a muito tempo.

Todo que Laura precisou fazer foi pesquisar no Google os detalhes do crime que havia chocado a cidade de Santos no ano anterior. O crime arquitetado por Zeus e que tirou a vida da outra bastarda herdeira. Isso é tão errado! Como podem bastardas serem herdeiras de alguma coisa? Assim que pensou isso a história da guerra de Sparta veio novamente a sua cabeça. Claro, a glória.

Um crime como aquele, apesar de não ter suspeitos nem pistas, estava em todos os sites de noticias. Ela só precisou clicar no primeiro que apareceu.

Ela precisava ler o que estava escrito. Zeus havia lhe dito que a menina fora estuprada de forma tão brutal que não poderia sobreviver sem socorro médico. Após o abuso sexual, o servo de seu pai havia largado a bastarda no mesmo lugar.

Embaixo de uma foto, que mostrava um casal com a garota que havia sido vitima, haviam os nomes: Arnaldo, Sara e Jade Albuquerque. Descendo mais a pagina, ela chegou onde realmente interessava. A parte em que a “prima” de Jade dava seu depoimento.

Foi Agatha quem achou Jade no meio da floresta. Segundo o depoimento a menina ainda estava viva quando foi encontrada, mas morreu logo depois. No final do relato entre aspas e em itálico, estava o nome da bastarda restante: Agatha Albuquerque.

Laura anotou o nome e se pôs a trabalhar na parte realmente difícil. Ligou em todas as escolas públicas da região que o site de noticia mencionava como sendo o lugar onde os Albuquerque de São Paulo moravam (e que infelizmente foram visitar seus parentes em Santos sem nem sequer imaginar a tragédia que estariam causando involuntariamente).

Ela demorou quase uma semana ligando para as escolas. Duas das quais Laura ligou haviam confirmado ter uma Agatha Albuquerque matriculada. Assim que as atendentes perguntaram o motivo da ligação, a filha de Zeus desligou.

Anotou o nome das duas escolas e seus endereços (depois de checar no Google Maps a localização delas). A primeira escola que Laura foi se localizava na Vila Jaguára. Esperou pacientemente na porta da escola dentro de um taxi. Em sua mão estava dobrada a foto do site, aquela que mostrava Jade e os pais. Como as duas bastardas malditas eram gêmeas aquela foto iria bastar para o reconhecimento.

Depois de quase uma hora e meia esperando dentro do carro, o taxista começou a ficar impaciente e Laura se deu por vencida. Não era aquela escola.

No dia seguinte ela foi até a última escola que faltava e se localizava em Pirituba. Novamente de taxi e novamente com a foto de Jade em mãos. O motorista estacionou na frente dos portões da escola.

Não haviam se passado nem cinco minutos que Laura estava esperando quando ela viu a imagem idêntica da menina morta sair pelos portões da escola. Agatha saiu para a sua com seus cabelos castanhos acobreados soltos e esvoaçantes ao vento. A pele da menina era tão branca quanto a sua. Como se fossemos esculpidas em mármore. Todos os semideuses tinham isso em comum... Além da beleza, é claro.

Era extremamente raro nascer um semideus que fosse considerado feio. Exceto os filhos de Hefesto. E não é para menos, Hefesto é horroroso. Agatha não estava entre as exceções. Apesar de Laura estar observando de longe, ela conseguia ver o modo como a bastarda andava, o modo como seu cabelo perfeitamente liso esvoaçava.

Agatha parou na esquina, em frente à um carro preto. Antes de entrar no carro, a menina se virou e, mesmo à distancia, Laura pôde ver o brilho escuro de seus olhos verdes. Por um momento ela ficou paralisada, Agatha entrou no carro e Laura saiu do transe.

Apontou para o carro que começava a andar e disse ao motorista:

— Siga aquele carro. – sorriu – Ei, eu sempre quis dizer isso.

O taxi seguiu-os até chegarem ao parque Villa Lobos. Como não podia entrar no estacionamento o motorista parou do lado de fora e Laura olhou enquanto Agatha e Aramis saiam do Fiesta.

— Toma – disse dando o direito para o taxista – Eu posso demorar lá dentro, me espere aqui se quiser.

Antes que o homem pudesse fazer alguma pergunta, Laura saiu do carro e seguiu os dois.

Entraram no parque. As mãos de Laura coçavam, queriam acima de todo se fechar em torno daquele pescoço imundo e aperta-lo até ele se quebrar. Ela se conteve. Não poderia arriscar nada com Aramis presente. Um lacaio de Apolo deve lutar tão bem quanto eu... ou até melhor.

Laura havia sido treinada pelo próprio Zeus desde que tinha dez anos. Confiava bastante em suas habilidades, mas não seria páreo para Aramis. Eu poderia ordenar que ele fosse embora. Laura não tinha certeza se seus comandos funcionavam em deuses menores. Decidiu não arriscas.

Aramis entrou no meio das arvores e Agatha o seguiu. Laura parou. Não podia ir atrás sem levantar suspeitas. Voltou por onde havia vindo, saiu do parque e se sentou em uma barraquinha de cachorro-quente. Aquela era a única saída do parque então eles teriam que passar por ela para irem embora.

Laura esperou até vê-los saindo.

E lá estava ela parada no estacionamento vendo o Fiesta se afastar. Subitamente lembrou-se do taxista. Correu para fora do estacionamento e milagrosamente o viu cochilando de braços cruzados no volante.

Laura socou a janela do carro.

— Rápido, seu inútil!

O motorista destravou a porta e Laura pulou para dentro.

— Vai, vai, vai. Acelera, sua mula. Vamos perdê-los!

— Não precisa se preocupar, moça. Com o trânsito que está, eles não podem ir muito longe.

Laura estava tão ávida por segui-los que nem prestou atenção no congestionamento típico da cidade de São Paulo no horário de pico. Ótimo.

— Eu sei que não é da minha conta, mas pra que a senhora quer tanto ir atrás desse carro?

— Você tem razão, não é da sua conta. Limite-se a dirigir e não me faça mais perguntas senão eu saio desse maldito carro e faço um raio cair em cima de você.

Logicamente o homem não entendeu o que ela disse, mas decidiu que era melhor calar a boca.

Não demorou muito para alcançarem o Fiesta e se colocarem bem atrás deles. Com a quantidade de carros naquele trânsito de Hades, eles nunca iriam desconfiar do taxi aparentemente inofensivo.

Assim que atravessaram a ponte e caíram na rodovia, o trânsito cessou.

— Cuidado agora, se segui-los de perto eles vão desconfiar.

O motorista abrandou a velocidade e seguiu o Fiesta de tão longe que mais de uma vez Laura temeu que houvessem o perdido de vista.

Depois do que pareceu uma eternidade o Fiesta entrou em uma favela. O taxi foi atrás. Assim que viu o carro parar, Laura disse:

— Aqui está bom.

Jogou o dinheiro no colo do motorista e saiu do carro. Viu Agatha acenar para o motorista do Fiesta enquanto abria o portão da casa e entrava. Por um segundo Laura teve medo que o carro voltasse por onde havia vindo a visse ali, espreitando. Mas os deuses foram bons e o Fiesta seguiu pela rua direto.

Laura deixou seu posto e correu para a casa. Olhou-a bem, decorando seu número. Olhou para a esquina mais próxima e decorou também o nome da rua.

Eu poderia entrar ai e acabar com isso agora mesmo.

Como se pudesse ler seus pensamentos, um trovão ecoou no céu acima. Ela ergueu o rosto indignada e uma voz soprou em seu ouvido:

—Ainda não. Venha me encontrar amanhã no mesmo lugar, na mesma hora e decidiremos tudo.

Relutante, Laura se afastou da casa e desceu a favela. Ela já sabia onde a bastarda morava e nada nem ninguém iria impedi-la de matar a vil criatura que ameaçava o futuro do seu reino. Afinal ela era uma princesa, ela era a filha do Rei dos Deuses.


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