Assim que dobrei a esquina para entrar na minha rua pude ver a viatura da policia estava estacionada em frente minha casa. Era inacreditável como minha mãe fazia tanto drama, eu já estava cansado disso.

Entrei em casa e todos correram em minha direção. Definitivamente não era essa recepção que eu esperava. Minha mãe veio correndo e me abraçou, um minuto depois começou a dar tapas na minha cabeça e gritar.

— Onde você estava? Fiquei preocupada, não sabia o que você estava fazendo ou com quem estava.

— Eu estava bem, sai com meus amigos.

— E que cheiro é esse? Você andou bebendo?

Nesse momento a polícia já falava com meu pai, que se desculpava pelo mal entendido.

Subi para meu quarto ignorando minha mãe, não queria ouvir suas reclamações sobre o que eu deveria ter feito essa noite, apenas queria dormir.

— Brian, volte aqui, ainda não terminei.

— Terminou sim - respondi. - São mais de duas horas, eu estou com sono e vou dormir.

— Mas amanhã eu quero você acordado cedo, precisa estudar.

— Não mãe, eu não preciso.

Entrei no quarto e tranquei a porta. Me joguei na cama e foi como se tivesse desmaiado. Acordei no dia seguinte com o sol batendo no meu rosto, senti raiva por não ter fechado as cortinas.

Virei para o outro lado e olhei meu relógio, marcava exatas onze horas e vinte e oito minutos.

Me levantei e fui para o banheiro. Tomei um banho e depois desci para comer alguma coisa, mesmo sabendo que teria que ouvir meus pais, ou melhor, minha mãe reclamando.

Na cozinha estava só minha mãe, terminando de fazer o almoço. Entrei em silencio, mas ela percebeu e sem se virar para me olhar perguntou:

— Se divertiu na noite passada?

— Sim, foi bem divertido.

Silencio.

— Sabe que tem que estudar hoje.

— Não mãe, hoje eu não vou estudar.

— E como vai recuperar aquele zero?

— Não vou.

— Brian, você precisa de notas boas querido.

— Mãe, a única coisa que preciso é viver minha vida antes de ir para uma faculdade, arrumar um emprego ou ter minha familia.

— O que foi que fizeram com você ontem.

— Ontem foi o melhor dia da minha vida. Não tive que preocupar com as minhas notas.

Durante boa parte do almoço ficamos em silencio, até que meu pai decidiu começar com um interrogatório sobre a noite passada. Pelo visto eles nunca vão esquecer o que aconteceu.

— Quem eram as pessoas com quem saiu ontem? - ele perguntou.

— Amigos da escola.

— Nos conhecemos eles? - essa foi da minha mãe.

— Não, conheci eles ontem na detenção.

— Quais os nomes deles?

— Andrew Clark, o atleta. Claire Standish, a princesa. Alison Reynolds, o caso perdido e John Bander, o criminoso.

— Um criminoso? - minha mãe se assustou.

— Não exatamente. Ele só tem alguns problemas com a familia.

Depois disso o silêncio durou até o fim da refeição. Subi para meu quarto e comecei a lembrar da noite passada. A parte mais divertida foi eu entrando no carro daqueles caras, eles quase me bateram, mas aí eu entreguei a droga pra eles e tudo ficou bem.

Bender vai me matar se souber que eu fiquei com um pouco, mas é só para relaxar de vez em quando.

Decidi fazer meus deveres, mas só isso. Depois que terminar vou ir ao cinema, ou no shopping, até pensei em ir tomar um chocolate quente no parque. E foi exatamente isso que fiz, terminei meus deveres e sai, sem saber direito pra onde ir.

A única certeza que eu tinha era que a partir de hoje eu tomaria minhas próprias decisões. Eu escolheria a minha faculdade, meus amigos, e quem sabe até uma namorada.

Em pouco meses a escola acabaria, e eu tinha que ter lembranças boas desse lugar. Daqui a dez anos vamos nos reunir, olhar o anuário e não quero que as pessoas não se lembrem de mim, quero que olhem minha foto e digam: Lembram do Brian, ele era parte do Clube dos Cinco. Ou: Esse garoto fez coisas incríveis no último ano.

Eu só quero ter boas recordações da minha vida na escola.