Preato - The Rift: NeoGEN — INTERATIVA escrita por THEstruction


Capítulo 3
Capítulo II: Agentes


Notas iniciais do capítulo

EI, HO, LET'S GO!
Cheguei pessoal! Tudo bem? Enfim, aqui está mais um capítulo.
Enfim, sem mais delongas, aproveitem o capítulo gigantesco que eu fiz.
Nos vemos lá embaixo, beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/674684/chapter/3

O suor que escorria lentamente pelo lado direito do rosto angelical de Luna carregava consigo mais do que compostos químicos de inúmeras substâncias numa pequena gota do líquido biológico que ousava minar de sua pele. Descendo por sua garganta, a sorumbática gota encontrava o seu fim: a lâmina afiada da adaga que era pressionada levemente contra a garganta daquela que carregava a essência necessária para dar vida àquele tímido suor.

Os lábios da jovem eram levemente descolados uns dos outros ao ouvir as palavras da voz grave do homem que cujo expirar e inspirar suavemente ofegante lhe causava arrepios por todo o corpo que estremecia com a sensação da qual não encontrava um equilíbrio para ser classificada como “felicidade” ou “êxtase”.

— Vo-Você... Você... – Gaguejava ininterruptamente enquanto seus braços permaneciam imóveis.

— Sim, sou eu mesmo. Achei que não me reconheceria. – Disse o homem tirando a adaga do pescoço da jovem que mal esperou o homem guardar a arma e o abraçou como se estivesse se agarrando a sua última chance de tê-lo.

O homem terminou de guardar a adaga, mas não retribuiu o longo abraço que, após longos segundos, o entediou.

— Podemos conversar ou vai me abraçar até meus braços ficarem dormentes? – Perguntou ele.

Luna o soltou, enxugando as lágrimas que rolavam com liberdade.

— Desculpa.

— Tudo bem, pode entrar no carro? Eu te levo até em casa, mas serei breve

— Certo.

O homem a conduziu até seu belíssimo carro, abrindo a porta para ela que se assentou no confortável banco de couro legítimo e de cor vermelho e preto.

Enquanto dirigia os dois permaneciam em silêncio, em Luna estava o desejo ardente de enchê-lo de perguntas, enquanto nele havia apenas a preocupação com as esquinas as quais cruzava com uma velocidade beirando à loucura.

Ao chegarem à casa de Luna, a jovem abre a porta e encontra seu tio na cozinha. Ela puxa o homem pela mão, porém seu tio vira-se repentinamente.

— Ei meu bem, que bom que... – O homem deixa o copo cair ao ver de quem se tratava – Luna... Esse é o...

— Sim tio, é ele mesmo. Com licença. – Responde a jovem apressadamente indo em direção ao seu quarto, puxando o indivíduo pela mão direita.

Ao chegarem aos aposentos da Rainha Luna, como ela costumava se chamar às vezes, ela senta na cama enquanto o homem continua em pé. Luna o encara com um olhar descrente.

— Eu não acredito que você veio me ver, depois de tanto tempo. – Disse a jovem.

— Bem, na verdade eu não vim de boa vontade ou exclusivamente por você. – Responde o homem, mudando completamente o semblante da jovem.

— Ah sim, entendo. – Respondeu a jovem com desânimo.

— Luna eu vim porque...

— Alex, exército? Por quê? – Interrompeu.

— Luna, eu não quero falar sobre isso e nem vim para isso.

— E você gastaria apenas um minuto para me explicar o por...

— Isso não compete a você saber. E não dificulte as coisas, a Rosie foi bem mais...

— Ei, espera. Rosie? Você foi falar com ela?

— Sim e esse é o motivo pelo qual estou aqui. Vocês já devem ter conversado a respeito do que parece ser o que é nas notícias e manchetes.

— Ok, você foi falar com ela porque seria mais fácil jogar o adubo primeiro para depois plantar a semente.

— Suas analogias demandam tempo que eu não tenho.

— Se é tão importante o que você veio me contar que precisou da Rosie para “amaciar” meu coração então sim, você tem tempo de sobra.

Alex respirou fundo e continuou.

— Srª. Delavega, eu não vou falar sobre isso com você.

— “Srª Delavega”? Era só o que me...

— Pelo amor de Deus, chega! Você vai apenas me escutar a partir de agora.

Luna se levantou e ficou face a face com o que ela nem sabia se podia chamar de amigo.

— Ou o que, Alex? Vai me matar como matou aquelas pessoas na Guerra Nova? Você não é assim, Alê.

— Não me chame assim.

— Ah é? Por quê? Ainda dói? Se dói é porque você não superou e...

Alex virou o rosto e mordeu seu lábio inferior.

— Luna, eu estou aqui porque precisamos de você, por favor, não piore as coisas.

— Interesses e interesses, se esse é o motivo da majestosa visita, a porta é bem atrás de você. – Disse a jovem dando as costas para Alex.

— Eu não vou sair daqui até que você me ouça.

— Não adianta tapar os ouvidos mesmo.

— É o seguinte: estou liderando uma missão de resgate aos Remanescentes.

— Sim, os “mártires terrestres”.

— Chame do que quiser, são vidas e segundo a constituição do nosso país: “cada vi...

— “vida é sagrada e deve ser tratada como irmãos de um objetivo em comum e deve ser respeitada e resgatada em quaisquer circunstâncias, mesmo mediante ao mais certo suicídio dos mártires do Governo”.

— Alguém fez o dever de casa.

— E o que Rosie e eu temos a ver com isso?

— Encontramos todos os fragmentos de Nymphylus e também temos o Keqluch...

Luna virou-se para Alex.

— Vocês têm o quê? Como conseguiram o Keqlu...

— Assunto confidencial.

— Confidencial é o caral...

— Isso é um assunto confidencial, e eu não desobedeço a ordens superiores, eu as cumpro. E como eu estava dizendo, encontramos tudo que foi necessário para reabrir o portal, exceto uma coisa.

— O Pagpa.

— Exatamente.

— Não sei se você se lembra, mas você tem poderes e não é graças a orações e sim por causa do Pagpa que corre em suas veias. E se você é um dos portadores do Pagpa pode muito bem resolver esse problema sem mim e sem a Rosie.

— A Rosie já está conosco.

— É para foder com tudo mesmo. – Disse ela levantando as mãos com as palmas das mesmas paralelas à seus ouvidos, como um sinal de desistência.

— Luna, nós precisamos do máximo de poder do Pagpa porque ele será a conexão do portal, precisamos de toda potência necessária e só o que eu tenho não funciona. E outra: não irei sozinho na missão.

— Claro, porque um suicida é pouco. Alex, você não vê o que pode acontecer? Se o Trijilon selou o portal é porque ele sa...

— O que Trijilon sabe ou deixa de saber não me importa, eu irei na missão e pronto.

— Você não está indo por aquelas vidas não é? O que você quer? Vingança contra os Preatonianos que não têm nada a ver com o que acont...

— Luna, eu não estou procurando um divã para discutir suas teorias acerca dos meus objetivos e sentimentos, estou aqui para uma convocação.

— Convocação? Não me diga que...

— Um esquadrão de seiscentos homens irá me acompanhar e... Eu nem acredito que estou sendo coagido a pedir isso... E eu quero que você e Rosie nos acompanhem.

— Nem em sonho.

— Luna, nós conseguimos fazer o que muitos consideram impossível. Nós derrotamos o dono de um planeta, um ser capaz de destruir toda a Terra facilmente. Vencemos monstros inimagináveis, por que não podemos voltar ao lugar que já conhecemos e guiar o esquadrão para uma viagem de busca e resgate?

— Porque mesmo sendo mais poderoso que nós três juntos, o Neo morreu, a Bia morreu e o Ryan também morreu. Sua mãe e sua irmã...

— Eu não quero falar sobre isso! – Exclamou Alex elevando sutilmente o tom de sua voz.

— Essa é a sua fraqueza?

— Eu vivo tod... Quer saber? Olhe, vou te dar até amanhã para pensar na resposta. – Alex tirou um cartão do bolso de sua camisa social e entregou para a jovem – Aqui está meu número. Ligue-me quando tiver uma resposta. Até a próxima.

Alex virou-se e foi embora, dando apenas um aceno de mão para o tio de Luna que ficou impressionado com a visita e subiu rapidamente para falar com a sobrinha que olhava para o cartão com um olhar vazio.

— E aí? O que ele queria? – Perguntou o tio.

— Ele... Ele queria me convocar.

— Para o quê?

— Para voltar à Preato.

— De jeito nenhum! – Gritou o tio – E eu tenho certeza que você recusou, não é Luna Delavega?!

— Eu tenho que dar a resposta até amanhã.

— Já devia ter dito não hoje mesmo, não precisa esperar até amanhã.

— Tio... – Disse ela sentando-se à cama. – Eu não quero mesmo.

— Ótimo então assunto encerrado. – O tio de Luna virou-se para descer as escadas.

— Mas... – O homem parou e revirou os olhos tornando a virar-se para a sobrinha. – Ele é meu amigo.

— Ele podia ser seu pai que você não deveria ir com ele.

— Se eu tivesse ido com ele antes dele e da minha mãe entrar naquele maldito carro, as coisas poderiam ter sido diferentes.

— Sim, você morreria junto com eles. – O tio aproximou-se e sentou ao lado da sobrinha que estava com seu tronco curvado apoiando-se nos cotovelos que pressionavam suas coxas. – Querida, eu não quero perder você de novo.

— Igual antes que você não fazia questão?

Luna percebeu o silêncio do tio.

— Tio, desculpa, eu não...

— Tudo bem, não se preocupe, eu não fui um bom pai para você.

— Diferente de hoje. – Disse Luna abraçando o tio – Eu... Eu só não sei o que fazer. Eu amo o Alex, ele é meu amigo. Depois que Neo morreu eu... Eu só... Eu só tenho ele, mesmo com ele distante de mim eu não quero vê-lo destruindo a sua vida usando seus poderes por interesses militares correndo o risco de ser corrompido por esse Governo. E se eu o perder também já não vai me sobrar mais nada além da Rosie.

— Faça o que tiver que fazer minha princesa.

— Neo podia estar aqui para me dizer.

— Ele está aqui e sempre estará. – Disse o tio tocando acima do seio esquerdo da sobrinha – Mas eu sei que se ele estivesse vivo ele te diria para seguir seus instintos e hoje eu digo: siga seus instintos.

— Obrigada tio.

— Eu te amo minha linda. – Disse o homem se levantando – Agora vai tomar um banho porque estou fazendo bolo de cenoura.

— Com cobertura de chocolate – Disseram os dois numa só voz enquanto o tio descia as escadas.

Após se banhar, comer o bolo, escovar os dentes e deitar, Luna colocou seus fones e uma música de sua preferência e dormiu.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Na manha seguinte...

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

— Alô?

— Eu irei.

— Sabia que diria que sim. – Disse Alex com um sorriso no rosto – Eu te busco em meia hora.

Luna desligou o celular e esperou na porta de casa até que o seu amigo chegou e a convidou para entrar no carro. Alex dirigiu até um enorme prédio onde estacionou o carro no estacionamento que ficava no subsolo e os dois se dirigiram até o elevador. Alex apertou o botão que os levou até vinte e seis andares abaixo do solo.

— É uma fachada? – Perguntou Luna.

— Oi?

— O prédio, é uma fachada?

— Tecnicamente sim. Na verdade a mídia sabe quase tudo sobre a Missão Liberandum, menos o que está nessa sala.

Ao abrir a porta, Luna se deparou com um laboratório como nunca havia visto antes. Várias câmaras com objetos futuristas e coisas que só tinha visto em filmes e seriados.

— Foi aqui que trouxemos as pedras. – Explicou Alex.

— Isso é... Surreal.

— E completamente real.

Ao andarem alguns metros à frente um homem vestido com um jaleco por cima de uma roupa de oficial do exército os para.

— Capitão Alex!

O jovem se virou e, ao ver de quem se trata, fez continência.

— Major Price! Era essa peça que o senhor queria? – Disse Alex se referindo a Luna.

— Jailson? – Disse Luna relembrando-se de um vídeo que Neo havia mostrado a ela enquanto era vivo.

— Vejo que trouxe a nossa menina. Prazer senhorita... – Disse o Major.

— Luna. Luna Delavega, é um prazer conhecê-lo Major Price.

— O prazer é todo meu, venha, nos acompanhe.

O Major iniciou um tour no interior da instalação laboratorial enquanto dialogava com Luna acerca de algumas coisas.

— Como souberam o potencial da Nymphylus? – Indagou a moça.

— Alex nos contou toda a história de Preato e nos interessamos sobre essa pedra. Ele nos disse que as pedras têm uma conexão entre si, então passamos esse tempo todo procurando pelos fragmentos das pedras. Primeiramente pegamos o Nymphylus que nos revelou onde estava os fragmentos da Keqluch, a pedra da metamorfose. Tivemos um árduo trabalho para encontrar todos os seus fragmentos. Um estava no Brasil, o outro no Japão, outro na Groenlândia, outro na Austrália, outro no Oriente Médio e o último na Turquia, onde acabou-se gerando a Guerra Nova...

— Mas a Guerra Nova não foi porqu... Ah... Vocês a manipularam

— Independente do que a mídia disse, não acredite, digamos que... Ela se rende fácil com alguns milhões na mão. A única verdade é a do qual saímos vitoriosos.

— Isso é o que vocês dizem. – Comentou Luna.

— Não acredita na nossa vitória?

— Não acredito na guerra em si e em nenhum dos lados dela. Independente de quem ganha ou perde, todos perdem, como diz a Dilma, presidente do Brasil.

— Você tem um celular?

— Claro.

— Milhões de vidas morreram para que hoje você o tivesse. Inocente, mulheres, crianças, muitas pessoas morreram para que você hoje usasse o sapato que foi produzido na Europa e essa sua camisa que provavelmente foi produzida na América do Sul. Hoje o homem tem satélites, informações climáticas, tecnologias crescendo em disparado porque a guerra ajudou. Então, se não acredita na guerra, deveria se despojar disso. Você já estudou sobre a globalização e os processos históricos não é querida?

Luna se calou.

— Mas não é por isso que estamos aqui, certo? Enfim, coletamos todos os pedaços e através de pesquisas acabamos criando um mini portal onde trouxemos isso: - O homem parou frente a uma cápsula vertical que continha algo que Luna reconhecia muito bem.

— Essa é... É uma árvore Preatoniana! – Disse a jovem.

— Alex reconheceu a espécime e isso nos motivou a criar o portal. Atraímos a atenção de diversas entidades governamentais que financiaram as pesquisas e outras até nos motivaram a fazer o que nós consideramos nossos maiores sucessos.

— O que seria?

O homem conduziu a jovem até uma sala semelhante a um interrogatório, mas as luzes da sala foram acesas e, ao se aproximar do vidro, Luna olhou para baixo e viu uma pessoa no centro de um espaço circular enorme e extenso como um campo de futebol americano. Luna olhava a menina de cabelos castanhos próxima a alguns objetos, como mesas, sofás, cadeiras, utensílios de vidro e porcelana, até mesmo uma moto, um carro velho e um ônibus.

— Quem é ela? – Perguntou Luna.

— Essa é a nossa Claire. – Respondeu o Major – Ela é um dos dois protótipos do que nós chamamos de NeoGEN.

— E o que seria?

— Bem... Veja com seus próprios olhos.

Luna olhou para baixo e focou na menina que, juntou suas mãos na altura do seu tórax, batendo-as uma única vez uma na outra, com as mãos verticalmente abertas cujas palmas de ambas se encontraram. No instante em que as mãos se tocaram, o vidro rachou e um som ensurdecedor se ouviu na sala, fazendo os três levarem suas mãos em seus ouvidos por conta do som infernal que durou pouco mais que três segundos. Ao olharem para baixo, após o som cessar, Luna constatou que todos os utensílios de vidro e porcelana estavam quebrados, assim como a porta direita do carro estava amassada e a roda da moto havia estourado, derrubando o veículo.

— Ela tem poderes? Mas como assim? – Perguntou Luna impressionada.

— Usamos o Pagpa presente no Alex para atribuir poderes à ela e... – Explicou o Major.

Luna olhou para Alex e disse:

— Você se usou como experiência?

— Foi pelo bem da nação. – Respondeu Alex sem tirar os olhos de Claire, ignorando a amiga.

— Grande altruísta você. Você se joga da ponte abraçado com algum suicida para salvá-lo também?

— Só nas horas vagas.

O sarcasmo do jovem a irritou e entristeceu profundamente.

— Como vocês conseguiram extrair a essência do Pagpa? – Perguntou a jovem.

— Juntamos as duas pedras na MorphoTec, uma máquina capaz de criar mini buracos negros e campos de energia. Ao juntarmos as pedras junto com o campo de energia conseguimos liberar a força liberada por elas para dentro do corpo de Alex que produziu uma quantidade incalculável de uma energia mística da qual transferimos para as jovens que se voluntariaram para o projeto.

— De onde vocês tiraram essa tecnologia em três anos?

— Não sei se você olha os calendários, mas isso aqui não é 2015 minha querida e outra: já tínhamos essa tecnologia há uma década. Herança do nosso bom e velho Dr. Strauss Jonovich

— Jonovich, o louco?

— Ele mesmo, nós tivemos que inventar essa história de esquizofrenia e experiências com humanos para jogar a lona por cima dos nossos segredos. Pelo menos história da esquizofrenia era mentira. – Disse o Major dando uma leve cotovelada em Alex que entendeu a pitada cômica do comentário.

— Não acredito nisso.

— É minha querida, por acha que nosso país tem um número tão pequeno de mendigos?

— O quê?

— Luna, você tem que entend... – Tentou explicar Alex.

— Entender é o caralho. Vocês são uns grandes filhos da puta.

— E os filhos da puta vão salvar aquelas vidas, algo que os bonzinhos e humanistas não conseguiram fazer lá em Preato.

— Claro, e vão usar eles como experiências para criar uma centopéia humana?

— Isso não é um filme.

— Quem dera fosse. Lá pelo menos o Freddy Krueger parece mais amistoso que vocês. Olha, eu vim aqui por você, Alex, mas agora vejo que não vale mais a pena.

Luna virou-se e foi em direção à porta enquanto o Major estalou os dedos três vezes seguidas. De repente os vidros presentes na vidraçaria da sala se racharam e seus pedaços cobertos por uma nuvem azulada voaram em direção à Luna que, por precognição criou uma barreira milímetros antes dos vidros encostarem-se à proteção cinética. Porém, durante o trajeto, os cacos de vidros se juntaram transformaram em uma enorme marreta que bateu com uma força estupenda que fora beneficiada pela velocidade com que estavam os cacos de vidro antes de se transformarem na marreta que conseguiu rachar a proteção de Luna que olhava assustada para aquilo.

— Alex? – Perguntou Luna.

Alex levantou suas mãos em sinal de redenção e disse:

— Não sou eu.

Luna então lança uma rajada de energia que destruiu a marreta transformando-a de volta nos cacos de vidro que voaram novamente em direção de Luna que rolou para o lado, destruindo caco por caco até que restou apenas um que foi se rachando e se destruindo cada vez mais até criar inúmeros cacos que voaram numa velocidade tão elevada que Luna foi incapaz de impedir que, a poucos centímetros de sua mão eles se transformassem em uma espécie de algema em forma de colchete que prendeu seu punho esquerdo na parede à esquerda da porta no sentido de quem entra na sala.

Na porta, a sombra de uma pessoa adentrava a sala sem autorização. Os passos pesados denunciavam um sapato de salto pequeno, porém barulhento.

— Luna, quero que conheça... – O Major foi apresentando a pessoa que espreitava junto ao marco da porta até que seu corpo foi revelado por completo – A agente Foster. Lembra que eu disse “as jovens”? Então, ela é um dos protótipos que foram bem sucedidos.

— Olá, você deve ser a Luna? Pensei que fosse mais forte. Chega a ser patético ser presa por... Cacos de vidro. – Disse a mulher morena, de cabelo liso, baixa, bem magra, de olhos castanhos e cujas maçãs do rosto eram bem arredondadas. Em seu rosto, um sorriso sarcástico que tocou bem no fundo da alma de Luna, enfurecendo a jovem.

— Nossa, que engraçada você. Pode me tirar daqui agora para eu quebrar a sua cara, sua puta? – Disse Luna.

A mulher tirou a espada que estava presa no saco de couro anexo ao cinto que usava em sua calça marrom e colocou frente à Luna.

— Pode usar isso aqui, se conseguir me arranhar você ganha um açaí na canti...

— Chega, Foster. – Pediu Alex – Solte-a.

— Eu só queria brincar. – Disse Foster olhando para Alex e revirando os olhos, soltando Luna e fazendo a “algema” dissolver-se.

A jovem caiu majestosamente no chão, como se levitasse, sem tirar os olhos da agente que mais parecia uma inimiga.

— Eu acho que agora você percebe que não terá escolha a não ser aceitar, certo?– Explicou o Major

— Ou o quê?

— Ou eu acabo com você, lindinha. – Disse a Foster.

— É engraçado como você consegue ser tão convencida de algo que está na cara que você não é capaz de fazer.

— Quem é que ficou presa na parede? Você realmente sobreviveu à Preato? Se ela conseguiu viver, então essa missão vai ser fácil demais.

— Você me pegou desprevenida sua piranha.

— Então espera para ver.

— Calma meninas, pornô lésbico tem à vontade na internet. – Comentou Alex.

As duas se olharam com expressão de nojo pelo que Alex disse.

— Luna, a agente Foster havia chegado de uma missão ferida de morte. Ela estava em coma, foi quando o governo teve a ideia de incluí-la no projeto que foi bem sucedido. Infelizmente foram as duas únicas que conseguiram sobreviver a isso. Os inúmeros testes em outras cobaias não foram bem sucedidos e então o Governo decidiu cancelá-loAh que lindo, então pegaram ratinhos de laboratório e fizeram experiências com eles. Diga-me: como é brincar de Deus?

— Ratin...? – Perguntou a agente sendo interrompida por Luna.

— Eu não falei com você.

— Foi exatamente o que aconteceu com a gente, Srª Delavega – Disse Alex.

— Que sobrenome ridículo. – Comentou Foster segurando a risada.

— Major, permissão para enfiar a espada dela no meio do canal retal dessa piranha? – Perguntou Luna.

— Eu não tenho nada a ver com isso. – Disse o Major.

— Não se preocupe, eu farei isso uma hora ou outra. E respondendo a você, Alex, nós não tínhamos outra saída e fomos enganados. Ganhamos poderes para sermos caçados ao invés de nos trazer para casa. E outra: para de formalismos você não é e nunca foi assim.

— As coisas mudaram um pouco por aqui.

— É realmente, eu gostaria muito que fosse para melhor porque o que você se tornou é de dar vergonha.

— Bem, então lamento desapontá-la. Major, agora podemos nos apresentar ao presidente para darmos início à Missão?

— É claro Capitão. Dispensados.

— Venha, Srª Dela...

— Eu já conheço meu sobrenome. – Disse Luna extremamente desapontada com Alex.

Luna estava sem reação. Não pelo audacioso projeto que coloca em xeque todas as leis da Bioética, mas pela mudança sofrida pelo amigo. O doce Alex, sorridente, brincalhão, companheiro, havia sido substituído por um homem seco, focado demais, alguém que deu seu próprio corpo em nome da ciência. Estaria ele louco ou apenas mudado? Independente da resposta, o coração de Luna temia que nunca mais tivesse o amigo de volta da maneira com que ele era, mas a esperança ainda estava de pé em sua alma que sofria à medida que via Alex afundando cada vez mais no poço de auto-realização e militarismo.

 Enquanto andavam, Luna avistou Rosie que correu em direção da amiga gritando seu nome.

— Eu acho que já disse que não gosto de cobra, não é Rosemary? – Disse Luna.

— O quê? – Perguntou Rosie.

— Achei que estivesse me apoiando.

— Luna, eu...

— Não, esquece, não preciso saber. Só quero que isso acabe logo.

— Olha, a gent...

— Eu falei: esquece.

Eles continuaram caminhando até chegar numa sala onde o presidente se encontrava assentado à mesa de madeira, preenchendo alguns papéis. Os jovens entraram após soldados abrirem as portas para eles e os conduziram até a autoridade máxima que se encontrava naquele local. O Major iniciou um diálogo com o presidente que autorizou o inicio da missão imediatamente e deu aos jovens um prazo de trinta minutos para se arrumarem.

Ao saírem da sala do presidente, eles se encaminharam até o elevador aonde desceram mais três andares até chegarem num andar cujo corredor levava até uma ala onde, ao abrir as portas, eram vistos inúmeros equipamentos semelhantes à câmaras hiperbáricas, todos eles estavam ligados a uma estrutura que Luna reconheceu imediatamente.

— O... O portal do acampamento – Disse ela.

O portal estava lá, ímpeto e imponente, abrigando uma quantidade imensurável de força e poder, mesmo não sendo o mesmo portal do acampamento. Todos os acontecimentos em Preato passaram diante de Luna como um trem passa pelo metrô. Era possível ver cada cena com detalhe na mente da jovem cujas lembranças não conseguiam ser apagadas e nem superadas como ela queria.

A porta abriu-se novamente e ao olhar para trás, eis que surge Claire, desculpando-se por estar atrasada.

— São elas? – Perguntou Claire.

— Sim, são elas. – Respondeu Alex.

— Esperava mais.

— Vocês estão combinando as piadas? – Perguntou Luna referindo-se ao sarcasmo de Claire e Foster.

— Quando eu te chamar ou falar com você, aí sim você pode falar comigo. – Retrucou Claire.

— Eu citei seu nome?

— Vocês vão continuar até quando? – Perguntou Alex.

— Você se importa mesmo? – Perguntou Luna.

— Na verdade não, podem se matar.

O Major, que havia ido falar com o responsável pelo setor retornou e disse aos jovens que estava tudo pronto e que eles deveriam se apresentar às câmaras referentes às suas.

As câmaras dos jovens Alex, Luna e Rosie se encontravam ao lado direito do portal, pois deles surgiriam a força motriz para o funcionamento pleno do portal, por conta do Pagpa que fluía em suas veias. De repente uma multidão de soldados surge da porta e fazem continência frente ao Capitão Alex. Todos eles possuíam poderosos fuzis e mochilas com os mais diversos equipamentos armamentistas. Os últimos cem soldados carregavam sacolas com lançadores de granadas e armas mais pesadas e destrutivas.

— Soldados bravos do amanhã! – Exclamou Alex.

— Sim, senhor Capitão! – Respondiam numa só voz.

— Hoje nós partiremos para uma viagem com um objetivo. É nosso dever salvar aquelas vidas e trazê-las de volta a qualquer custo.

— Sim, senhor Capitão!

— Estão prontos para enfrentar território hostil rumo à morte incerta?

— Sim, senhor Capitão!

— Estão prontos para morrer em nome das vidas?

— Sim, senhor Capitão!

— O que nós somos?

— Esquadrão NeoGEN!

— Eu não ouvi!

— Esquadrão NeoGEN!

— Eu não estou ouvindo!

— Esquadrão NeoGEN!

— Gritem para todos os demônios ouvirem!

— ESQUADRÃO NEOGEN!

Luna observava aquilo com um desgosto profundo em seu coração. Não só ela, mas Rosie também, sendo que a última ficou espantada com a maneira como o jovem havia mudado. A dimensão e direção com que as coisas haviam tomado era algo inexplicavelmente decepcionante para elas. Talvez essa missão fosse uma oportunidade de tornar as coisas diferentes, era tudo ou nada. Em Luna, havia a esperança de ter o verdadeiro Alex de volta. Em Rosie, havia a oportunidade de se redimir salvando as vidas que haviam ficado lá. Em Alex, apenas o desejo de cumprir sua missão, mas algo a mais parecia estar lá dentro daquele coração que escondia um segredo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

ESPERAAAAAAAAA! DEIXA SEU COMENTÁRIO, NUNCA TE PEDI NADA.
E aí o que acharam? Comentem, critiquem, por favor. Espero que tenham gostado. Nos vemos na próxima, beijos do THE



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Preato - The Rift: NeoGEN — INTERATIVA" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.