— Alex... Alex, fala comigo. O que houve? – Perguntava a Bestial.

O silêncio do capitão assim como sua visão estática preocupava a todos os jovens. Raysha tentava inutilmente falar com Alex, mas ele permanecia calado, de joelhos. Até que os lábios de Alex se cerraram e ele proferiu:

— Nós... Nós falhamos.

— Como assim nós falhamos? – Perguntou Luna.

— Estão mortos, estão todos mortos. Ela os matou na minha frente, queimou cada um deles.

Os jovens se calaram.

— Nós falhamos. Centenas de vidas, centenas delas... Jesse... Todos. E agora estamos aqui. É tudo culpa minha. Eu não devia ter trazido vocês aqui.

— Alex, não se culpe. – Disse Luna – Você não é Jesus para sair salvando todo mundo.

— Minha arrogância os matou, Luna, e irá matar todos nós agora. Assim que tirarem nosso Pagpa estaremos inúteis. Eles têm um exército, eles têm aquelas coisas que tiram nosso poder e nós não podemos fazer nada. Acabou.

— Não pode acabar assim. – Disse Claire – Se desistirmos agora não será apenas nós que...

— Claire, já chega. – Falou Foster – Olha onde estamos. Olha onde você está. É patético querer bancar de herói agora. Deixa de ser idiota.

— Odeio ter que admitir que ela está certa. – Concordou Rosie.

— Até você? – Comentou Luna.

— Como assim “até eu”? Olhe ao redor, estamos mortos Luna, a Terra também estará.

— Estará sim se não fizermos nada.

— E o que você sugere Luna? Você é a mais inútil daqui, nem Pagpa mais você tem.

— E você que só fica invisível, grande utilidade.

— Pelo menos tenho...

— Chega! – Exclamou Raysha – Brigar não vai adiantar. Nós já estivemos em situações piores e conseguimos sobreviver.

— A questão é que se sairmos eles nos pegam. – Disse Claire.

Foi quando Ian disse:

— Achem o Tama.

— O que você vai fazer? – Perguntou Raysha.

— Salvar vocês.

De repente Ian começou a teleportar-se dentro da câmara onde estava, cada vez mais rápido criando uma força de sucção tão forte que conseguiu inverter os portais pelo qual usava para teleportar suas moléculas. Esse portal se abriu e começou a sugar tudo ao redor da pequena esfera de luz incandescente. A força de sucção foi suficiente para destruir a estrutura onde os jovens estavam e permitir a saída deles, porém ficava cada vez mais forte a medida que sugava as coisas ao redor.

Claire tentou ajudá-lo, porém Alex a segurou.

— Isso vai sugar você também. Vem, precisamos ir.

— Ele precisa da gente. – Falou Claire.

— Ele está nos ajudando, Claire, está nos dando uma chance, temos que sair daqui.

Os jovens saíram da sala e nocautearam os guardas que viam ver o que estava causando a turbulência na nave.

— Precisamos colocar isso no painel de navegação. – Disse Rosie mostrando o chip que Aden lhe dera.

— Para que isso? – Perguntou Alex.

— Aden... Ele me deu isso e disse para usarmos no painel.

De repente o robô que destruiu Aden apareceu no fim do corredor.

— Não dá para destruir essa coisa. – Disse Raysha.

— Mas dá para atrasar. – Falou Alex – Vão, procurem o painel de navegação e o Tama.

— O Tama? – Perguntou Luna.

— Ele vai dar cobertura para vocês. Vocês têm que achá-lo. Vão!

O robô partiu para cima de Alex enquanto os jovens correram para procurar o painel de navegação. Alex lutava contra a ameaça metálica desferindo golpes, porém apanhava bastante do robô que parecia prever todos os seus movimentos. Até que o jovem foi lançado contra uma parede e teve uma ideia. Alex correu até a sala onde estavam e, distraindo o robô, fez com que o androide fosse lançado no portal que tragava tudo ao redor e em seguida correu para encontrar os jovens.

Enquanto corria, Luna parou frente a uma sala onde viu um cetro semelhante ao cetro de Nisa e correu até ele, porém o cetro era guardado por três seguranças que socaram a jovem derrubando-a no chão. Foster correu para ajudar Luna enquanto gritava para que Rosie, Raysha e Claire continuassem.

Foster então entrou em luta corporal contra os seguranças, porém, ao ser eletrificada, caiu no chão, porém, bem a tempo de Luna colocar a mão no cetro e, ao removê-la da estrutura onde o mesmo estava, a jovem bateu com o cetro no chão e paralisou os seguranças. Ela e Foster então correram para encontrar com as demais.

Ao entrar numa sala, Raysha, Claire e Rosie se depararam com Tama sendo contido por uma câmara de luz tão intensa que impedia com que ele usasse seus poderes, enfraquecendo o animal.

— Vão procurar o painel de navegação. Eu pego o Tama. – Disse Claire.

Claire entrou na sala e correu até Tama, procurando uma forma de tirá-lo da câmara, porém, pelo reflexo do vidro, ela viu um alienígena se aproximando e esquivou do machado enorme do alien que tentou mata-la. Ele possuía um dispositivo que causava alucinações e, ao ativar, Claire viu-se completamente ensanguentada enquanto Luna, Foster e Alex estavam caídos, semimortos ao seu lado, implorando por ajuda enquanto, atrás dela, pessoas em chamas corriam para todos os lados. Isso confundiu a mente dela que não sabia mais o que era real. Foi quando, na ilusão, ela recebeu uma faca e Luna, caída, disse para que ela se juntasse. Ao pegar a faca, Claire então olhou para Luna e eis que ela percebeu que o rosto de Luna estava seco, sem nenhuma lágrima, então ela percebeu que se tratava de uma ilusão. Claire deu um grito tão alto que destruiu o dispositivo que controlava sua mente e atordoou o inimigo que tentou fazê-la cometer suicídio. Ela então incendiou o alienígena, transformando-o em cinzas.

A jovem correu até Tama e viu um cabo de metal conectado na haste superior da câmara. Claire então subiu na câmara e derreteu o metal que fez com que a trava elétrica fosse destruída e a luz que incidia sobre o animal se apagasse. Claire pegou o animal inconsciente e correu até Raysha, na esperança que ela pudesse curar Tama, porém a jovem foi atingida na cabeça por um dos guardas que a eletrocutou em seguida, desmaiando-a.

Um pouco mais a frente, Rosie e Raysha procuravam pelo painel enquanto parte da nave começava a se desfazer, até que Alex chegou para acompanha-las. Um tremor na estrutura da nave fez com que Alex viesse a perceber algo:

— Temos que parar o Ian, ele vai perder o controle e foder com a gente. – Falou Alex.

— Como vamos parar aquilo? – Perguntou Raysha.

— Aquela coisa tem uma luz muito forte e se, sei lá, a gente usasse o Tama para suprimir aquela luz? – Falou Rosie.

— Isso não faz o menor sentido. – Comentou Alex.

— Tem ideia melhor?

— Achar o painel de navegação antes que tudo isso seja puxado para aquela coisa me parece melhor.

— E levar um buraco daqueles para a Terra para sugar inocentes, nossa que grande ideia.

— Ah caralho! Certo, vou achar o cachorro.

Alex correu de volta para o corredor enquanto procurava por Tama, porém, o jovem deu de cara com Nisa, no fim do corredor.

— O que foi Alex? Quem está procurando, meu amor? – Perguntou a alien.

— Vai para o inferno! – Exclamou Alex voando em direção da alienígena.

— Você não aprendeu nada, não é mesmo? – Nisa bateu o cajado no chão e Alex, que estava voando, caiu rolando até parar aos pés da invasora que se agachou até o jovem incapacitado – Eu admiro você. Apesar de tolo, você é corajoso, impetuoso e tem muita raiva dentro de si. Porém, apesar das suas virtudes como um guerreiro, você é um humano e os humanos, devem morrer. Só que você tem algo que eu preciso e já causou estrago demais usando a minha pedra. Agora, se me permite, tomá-la-ei novamente.

Nisa tomou seu cajado em ambas as mãos e, com um de seus pés no pescoço de Alex, levantou o seu cajado e, em seguida, apunhalou o jovem no abdômen com a haste do cajado que começou a extrair o Pagpa do jovem que, caído, tentava respirar, impossibilitado pela pressão que seu pescoço sofria por conta da pisadura de Nisa que quase destruía a traqueia do jovem que ficava cada vez mais fraco à medida que a virtude de seu poder ia sendo retirada da dele.

Após extrair todo o Pagpa de Alex, Nisa o pegou pelo pescoço o colocou contra a parede enquanto o jovem sangrava intensamente pelo seu abdômen. A invasora ainda colocou seu dedo na enorme ferida que fizera na barriga do jovem, causando-lhe uma dor insuportável.

— Você lutou bem, foi até o fim na sua missão, agiu como um verdadeiro soldado e capitão, mas agora está na hora de se entregar à inutilidade e a morte. Seus amigos serão os próximos. Na verdade eu gostaria muito que vocês vissem a destruição do seu próprio planeta, mas cometi um erro em deixar vocês vivos. Não acontecerá novamente, pois o sangue de vocês marcará o início da destruição de sua raça.

Nisa arrastava Alex pelo chão através da telecinese que removera de Luna. O sangue que escorria do abdômen transpassado de Alex manchava o corredor por onde seu corpo que agoniava de dor passava. Mesmo enfraquecido, o jovem ainda tentava se manter acordado, mas a dor e a perda de sangue dificultava tudo.

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— Estou com uma péssima sensação. – Disse Raysha.

— Vamos, deixa de bobeira e me ajude aqui. – Disse Rosie tentando abrir uma porta.

Raysha utilizou sua força animal para socar a porta e coloca-la abaixo. No fim da sala estavam alguns soldados invasores próximo ao painel de navegação. Rosie ficou invisível e Raysha transformou-se novamente em um Velorox e ambas foram eliminando um a um dos treze soldados que ali estavam. Rosie tomou em sua mão o chip que Aden havia lhe dado, porém, Raysha disse:

— Espera, a turbulência ainda continua.

— E daí? – Perguntou Rosie – Acha que Alex não conseguiu chegar?

— É a única explicação.

— Então não temos outra escolha.

— Exatamente, temos que encontra-lo. – Falou Raysha preparando-se para correr, porém tendo o braço segurado por Rosie.

— Não, não temos outra escolha a não ser partirmos para a Terra.

— Mas por quê?

— Porque ainda temos o Pagpa, não temos chance de derrota-los aqui. Na Terra temos armamentos que podem nos ajudar e eles não podem pegar o Pagpa e mesmo que peguem, com ou sem ele, eles agora têm o sangue do Ian e sabe-se lá o que pode acontecer se esses soldados forem realmente compatíveis com o sangue dele. Temos que retornar porque podemos utilizar o Pagpa para...

Antes que pudesse terminar, Rosie foi atingida pelo corpo de Alex que voou em sua direção, atingindo a jovem e derrubando-a, assim como o chip. Ao ver o que havia acontecido, Raysha correu para ajudar gritando pelo nome de Alex, porém foi repelida ao ver Claire sendo lançada em sua direção, assim como Tama que atingiu a jovem que segurou o cão antes que ele caísse no chão. Nisa entrou na sala e logo levantou sua mão esquerda que estava com o cetro e com isso controlou telecineticamente Rosie, colocando-a contra a parede, assim como Raysha.

— Chega! – Exclamou a invasora – Está na hora de tomar de volta o que é meu.

Nisa lançou Raysha e Rosie ao chão e preparou-se para transpassar o abdômen de Rosie que, ao ver a ponta laminar do cetro que brilhava em seu ápice, começou a se debater, mesmo não podendo de mexer por conta do controle telecinético. Nise então preparou-se para desferir o golpe na jovem, porém foi repelida por Luna que, com um cajado em suas mãos, lançou Nisa para fora da sala onde os jovens estavam. Ela então correu para ajudar os amigos, mas Rosie disse:

— O chip, pegue o chip.

Antes que pegasse o chip, Luna olhou para Alex e viu o quanto ele sangrava e o ferimento em seu abdômen.

— Alex! – Gritou a jovem indo até ele.

— Lu... Luna... Pegue... Pegue o chip, rápido. – Balbuciou Alex tentando aguentar a dor.

Luna então foi até o chip que estava caído no chão.

— Luna, rápido antes... – Foster foi interrompida por Nisa que a imolou pelas costas e drenou o Pagpa que havia dentro dela, lançando-a ao chão em seguida.

Foster caiu semimorta enquanto Claire gritava pela amiga. A jovem tentou lançar chamas contra a invasora, porém Nisa repeliu as chamas e congelou a jovem através do poder retirado de Alex. Nisa olhou para Luna e tentou controla-la telecineticamente, porém a jovem pegou o cajado e o bateu no chão enquanto a sala ao redor tremia por conta da força da telecinese que tentava controlar a jovem enquanto Luna lutava contra aquela força apoiando-se no cajado que parecia repelir os poderes de Nisa. Porém, a jovem não conseguiu resistir por muito tempo e acabou soltando o cajado, sendo lançada com violência em cima do painel de navegação.

Nisa destruiu o cajado que Luna portava e foi em direção da jovem, pegando-a pelo pescoço enquanto imobilizava os demais pelo poder que retirara de Luna.

— Sua insolente, você não é ninguém agora, quem você pensa que é para tentar arruinar meus planos?

Luna olhou para o lado viu um pequeno orifício do qual tentava alcançar com sua mão enquanto lhe faltava o ar por conta da pressão que seu pescoço sofria pelas mãos de Nisa. Até que depois de muito esforço a jovem conseguiu inserir o chip no painel de navegação.

Nesse momento, Nisa tentou remover o chip, porém o compartimento onde foi inserido havia se fechado. A invasora então lançou Luna contra a outra parede. De repente, um aviso na frente do painel de navegação indicava e tempo para o “hipersalto”, um acelerador que permitia viagens interplanetárias em um curto espaço de tempo, na órbita de Preato até a Terra, isso indicava mais sete anos terrestres.

Os soldados de Nisa ainda estavam adormecidos enquanto eram alimentados pelo T-22, o sangue que foi retirado de Ian que mantinha o portal aberto, sugando parte da nave para dentro de um buraco luminoso sem fim. Era necessário chegar à Terra antes que eles pudessem sofrer a mutação necessária para dar-lhes o poder necessário para que a invasão fosse um sucesso para a raça alienígena e esse sucesso indicaria o fim da humanidade.