Minha jornada... escrita por eduarda14


Capítulo 2
Antes de complicar tudo...


Notas iniciais do capítulo

Aqui teremos diálogo.
Frase do capítulo:“Tudo é bem simples. Tudo natural.” ( Ricardo Feghali)



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— Mãe, tem certeza que essa mudança é necessária? 

— Sim, minha filha.  

— Tem razão.  

— Você parece que não está muito animada? 

— É impressão sua. Eu amo Santa Catarina. Além do mais, a nossa família está lá não é... E meu pai também. Ele sabe que nós vamos? 

—Sim. Eu mandei que o avisassem. Mas acho que não faz nenhuma diferença para ele, nunca se importou com a gente mesmo. 

— Você o odeia não é? 

— Não.  

— Pode falar a verdade mamãe...

Minha mãe não gostava de falar sobre isso - Mas a senhora ficou triste quando ele foi embora. Não ficou? 

— Os outros só podem te fazer infeliz se você permitir. 

Antes que ela começasse com frases de auto-ajuda ou filosofia eu concordei, porque senão aquela conversa renderia papo demais. Tínhamos muito para arrumar. Mas eu sei que foi muito duro para ela, teve que cuidar de mim sozinha. E pensando bem, era a melhor coisa a fazer, eles discutiam muito, quando não é para dar certo, não dá mesmo, não adianta insistir, não adianta permanecer no erro, sabendo que está errado. Meu pai era um homem sério, só pensava em trabalhar. Além disso, tinha muitos ciúmes da minha mãe. Também, ela é uma mulher tão linda, (tem muita gente que pensa que somos irmãs). Daí, com esses ciúmes todos, minha mãe ficara irritada, porque ninguém merece!  

04h: 00min 

 Iríamos morar em outra cidade. Lá a mãe teria uma boa oportunidade de emprego, e eu de estudo. Nossa família toda morava em Santa Catarina. Fiquei sabendo que lá é muito top. E também, eu acho super massa uma família unida, todos juntos em um mesmo lugar. Nos domingos fazem um delicioso almoço e todos se encontram, as crianças correm, os mais velhos falam sobre várias histórias reais ou inventadas. 

          Na verdade, tudo por aqui estava muito entediante, pelo menos para mim. Meus únicos amigos, se não mudaram de cidade, foram morar em outro país. A Júlia foi para Minas Gerais, o Pablo, para Estados Unidos (alguém que dizia odiar os consumistas estadunidenses), a Sara, não me lembro, só sei que ela tinha me dito que lá poderia realizar seu sonho, eu disse boa sorte e ela me desejou o mesmo, mas eu nem sei qual é meu sonho, não sei o que eu quero ainda para o meu futuro. Estou igual Sócrates: "Só sei, que nada sei". 

  

04h:40min 

 

 

 -Não está esquecendo de nada minha filha? 

— Sim. O quê? Quer dizer não. 

Quando minha mãe viu a bagunça no quarto quase desmaiou. 

— Credo!  

—O que?? Eu fiz algo errado? 

— É que vamos nos atrasar criatura. 

— Ah tá. 

 

                             ... 

 

       Quando já estávamos no avião eu olhei pela janela... E estava pensando. Na vida não existem complicações, apenas desafios, bem lá no fundo tudo é simples, as pessoas que gostam de complicar tudo. 

— Filha, tá pensando em quê?  

— Em como o ser humano gosta de transformar sua vida em um caos. 

— Como assim? Ninguém gosta de sua vida ser um caos. 

— É que as pessoas deveriam relaxar mais. A vida é simples, tudo é simples, as pessoas que complicam, colocam dificuldades. 

— É verdade. Ser feliz consiste em viver com simplicidade, sem se preocupar desnecessariamente. Ser como uma criança. 

       Minha mãe é uma verdadeira filósofa. Por isso que resolveu seguir a carreira de professora de filosofia, é legal seguir algo que gostamos... Eu ainda não sei o que quero para mim. A mamãe disse que antes ela queria ser presidenta, nossa mais é sonhadora. Pelo menos ela queria algo, pelo menos sonhava... Mas é assim mesmo, a felicidade é para todos, basta acreditar e tomar posse. Mas aí, ela não se deu muito bem. Casou com meu pai, Sérgio, o ciumento. E essa união tava mais para desunião. Não deu certo e se divorciaram (eu tinha uns 11 anos). Porém a dona Gessy, não importa a situação, sempre busca olhar positivamente para encontrar o lado bom. E dizendo ela que foi eu esse lado bom.                   

 

      Enquanto eu pensava, ela estava falando. Não sei o quê. É que eu sempre penso profundamente e fico nadando em meus pensamentos. 

— Malu? Tá escutando?  

— Desculpa, parece que minha mente falou mais alto.  

— Eu estava falando sobre a nossa cidade. 

— Qual? A que a gente está indo, ou da qual a gente está saindo? 

— A que estamos indo. Você parece que não gostou muito. 

— Não importa onde eu estiver, estar com você é o que importa. Estava pensando em você. Sabe, eu queria ser igual você, sonhadora e... 

A fala foi interrompida e minha mãe me olhou com reprovação. 

— Se você fosse igual a mim, não seria você, porque seria igual a mim, ou seja, seria uma outra eu. 

Demorei um pouco para captar, mas entendi o que ela quis dizer. 

— É que tudo parece ser mais fácil para você, ou mais difíceis para mim. Tenho que pensar em tantas coisas para meu futuro. Ver tudo com otimismo é complicado sabia... Gostava da época em que eu não precisava pensar em nada disso... 

— Ah. Ainda agorinha estávamos falando sobre complicações que nós mesmos criamos. Todos têm os seus problemas. E não devemos pensar que as coisas são mais fáceis para os outros, de jeito nenhum mocinha, o indivíduo é que coloca barreiras.  A vida só tem sentido se vivermos com simplicidade lembra? 

— Ah tá. Tudo bem. Entendi. Agora já chega desse papo. Desse papo meio filosofia, meio "mensagem de auto-ajuda". 

        O diálogo morreu alí, mas permanecia na minha cabeça. Eu olhei para o sol. Imagina se ele se preocupasse e sempre decidisse em que parte do planeta iria se pôr ou nascer, seria a maior bagunça.  

— Eu devo mesmo é que relaxar, é tão simples fazer isso. Não tenho motivos para complicar tudo, tenho é que relaxar e relaxar, deixar a vida me levar...Sussurrei para mim mesma. Pensando bem, não era tão fácil assim, num futuro próximo eu teria sim, motivos para complicar tudo.  


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