A Morte Também Salva escrita por TiaSebastiana


Capítulo 8
O fim da linha.




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Eu cochilei. Uma voz atrás de mim repetia “Perseguidor, perseguidor”. Eu não queria abrir os olhos. Ainda sentia o calor de minhas mãos dadas com mamãe. “Perseguidor. Meu nome é Lunna. Lunna.”
As vozes giravam em volta da minha cabeça. A mão de minha mãe começou a esfriar, abri meus olhos e meu coração gelou.
— Troque. - Ela dizia. Era a voz da minha mãe, saindo dos lábios de Lunna. - Troque Ikki.
Seus lábios foram ficando cinza, os olhos ficaram negros e seu rosto começou a se decompor. Abri a porta com força, queria sair correndo. O gato preto estava parado na porta, observando minha expressão de pânico. Ele miou e eu acordei.
Ele estava deitado nos pés de minha mãe, miando para mim tranquilamente. Me levantei, estava faminto. Meu quarto não tinha relógio e eu não queria pegar meu celular... Lá fora já estava escuro. Comi os biscoitos e ofereci o leite para o gato, ele virou o rosto e voltou a dormir.
Eu também iria dormir. Achei a posição menos desconfortável na cadeira e adormeci novamente. Não tive sonhos, não tive pesadelos e nem acordei em minha mente.
— Bom dia, bom dia, bom dia! - Melissa entrou no quarto, me acordando.
Ela trocou o soro da minha mãe, limpou se rosto com uma toalha e checou sua temperatura.
— Bom dia.
— Eu já disse pra você não entrar aqui assim, não? - Ela olhou para a janela, brigando com o gato e então saiu resmungando alguma coisa.
Tão logo quanto ela saiu, minha mãe acordou.
Minha mãe. Acordada.
Fui para o seu lado, segurando sua mão.
— Querido... Eu sabia que você voltaria para me ver.
— Eu não saio do seu lado.
— Você tem que ver como Ikki está grande, ele já tem sua altura...
Engoli a seco. Ela me confundiu com o meu pai.
— Mãe... Quero dizer, Marta... Eu te amo.
— Eu também te amo querido... Eu tenho que descansar agora sim... Ikki me deixou acordada a noite toda... Ele...
Ela suspirou e fechou seus olhos. Me encolhi contra a parede, reprimindo as lágrimas. O som insuportável das máquinas foi substituído pelo som de passos, gritos com ordens e choro. Escondi o rosto nas mãos, isso não poderia estar acontecendo.
— Eu vou anunciar... 11h47min...
— Não!
Gritei e sai correndo em direção a ponte Wilder.
Ela não se lembrava de mim. Ela não sabia quem eu era e não pude dizer adeus de maneira apropriada, ela nem ao menos sabia o que estava acontecendo.
A ponte. Eu subi no muro de pedra, abrindo os braços. O mundo todo estava mudo. Mãe, estou indo te encontrar.


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