Eu iria pular. Eu iria me encontrar com minha mãe.
— Ikki! Ikki! Não! Não pule!
Lunna veio correndo na minha direção, seu cabelo estava preso, era a primeira vez que ela não usava vestido.
— Lunna...
Eu sussurrei, deixando que as lágrimas começassem a escorrer. Era uma ótima maneira de terminar a minha vida.
— Não! Não! Ikki!
Eu me joguei para trás, a vendo correr para mim, com as mãos esticadas.
Ela conseguiu me segurar. Suas mãos eram geladas, ela tremia de frio.
— Ikki... Ikki! Seu grande idiota!
Sem nenhum esforço ela me puxou para cima de novo, me abraçando forte.
— Lunna...
Ela escondeu seu rosto no meu peito. Eu apoiei meu queixo em cima da sua cabeça, apertando seu corpo frio contra mim. Choramos, até as lágrimas secarem, até meus braços dormirem. A garota mais linda do mundo estava chorando por mim.
Ela levantou seu rosto, olhando diretamente em meus olhos. Fiquei vermelho e engoli a seco. Tinha que beija- la. Eu fechei os olhos e fui me aproximando.
O som da explosão fez meu coração pular. Ela virou o rosto, olhando em direção ao hospital. Estava em chamas.
— Não... Não.
Ela se soltou dos meus braços e se pôs a correr.
— Ikki, vá para minha casa! Agora!
— Como assim?! Onde é?! - Gritei para o vento. Como poderia saber?
— Você sabe!
No fundo eu sabia. Nossa antiga casa. A única do distrito comercial.
Respirei fundo. Tinha como ficar ainda mais esquisito?
Tinha.
Eu a vi no final da rua, correndo como o vento... E abrindo asas. Asas. Asas negras e enormes... Ela saiu voando para o hospital. Voando. Com asas. De verdade.
Eu me apoiei no muro, isso não estava acontecendo.