A Morte Também Salva escrita por TiaSebastiana


Capítulo 7
O maníaco sou eu.




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Eu não consegui dormir. Fiquei a noite toda segurando a mão de minha mãe, pensando em como seria minha vida agora. Não me atreveria de sair de seu lado, agora sabia que ela poderia acordar a qualquer momento. Não sairia de seu lado.

— Bom dia. Trouxe seu café da manhã.

Era o Doutor Lucio. Ele trazia uma bandeja com biscoitos e leite.

— Bom dia. - Respondi sem me levantar.

— Sua mãe perguntou ontem sobre você. Eu quero te fazer algumas perguntas. Ela disse que você ficava muito tempo na ponte. Desde que relatamos o tumor no seu coração, logo depois da morte do seu pai... Você não tem sido o mesmo... Você tem tido pensamentos suicidas?

— Só um pouco, um pouco o tempo todo. - Estava falando a verdade.
Ele respirou fundo.

— Ikki. Você tem que ser forte a partir de agora. Novos exames relataram que o câncer se espalhou...

— Não se preocupe em me dizer o que vai acontecer doutor. Eu não vou mais a ponte. Pretendo sair da cidade quando... Acontecer.

— A escolha será sua Ikki. Mantenha sua medicação em dia apenas. Se precisar de algo, basta pedir a Melissa. Ela é a responsável por essa ala.

Melissa? Eu estava certo. Ele me deixou a sós com mamãe. Respirei fundo, queria chorar. Mas não havia mais nenhuma lágrima a ser derramada.

Fiquei ali sentado por horas. Minha mãe não acordava, eu não queria comer nada. Olhei o relógio, já passava da hora do almoço. Ouvi uma música, como uma cantiga de ninar em alguma língua que eu não conhecia. O som de passos se integrou a música, ficando cada vez mais perto.

A porta do quarto se abriu, a garota estava ali, ainda cantando, sem me perceber.

— Bom dia! O sol está alto já Marta, quer ouvir uma história? Eu posso contar sobre...

Ela parou, eu me levantei. Ela virou para mim lentamente, esvoaçando seus cabelos.

— Você... Conhece minha mãe?

— Eu... Errei o quarto.

Ela se virou em direção á porta, eu segurei seu braço, era gelado. Ela não iria a lugar nenhum.

— Fique. Você falou comigo na ponte. Você sabe o nome da minha mãe. Eu te emprestei meu guarda- chuva.

Ela respirou fundo.

— Eu não gosto de perseguidores. Fui educada, você foi educado. Estamos quites.

— Você é linda. - Eu tossi. - Quer dizer... Você conhecia minha mãe?

— Pode soltar meu braço primeiro? - Eu a soltei, virando o rosto, estava vermelho de novo. - Sim, e não. Eu há muito tempo visitei seu jardim. Estou á trabalho aqui... Então resolvi fazer um pouco de companhia a ela. Só isso.

— Ah. Entendi. Você... Mora por aqui?

— Acho que já disse que não gosto de perseguidores.

— Desculpe. Eu... Qual seu nome?

— Tenho que ir. Minha pausa acabou. - Ela começou a sair.

— Só quero saber seu nome! Eu me chamo Houji. Ikki Houji.

— É um prazer, Ikki. - O modo como ela diz meu nome me faz estremecer da cabeça aos pés. - Meu nome é Lunna Thyrog.

— Lunna... Lunna!

Ela me deixou sozinho na sala, fechando a porta atrás de si. Lunna. Lunna. Seu nome era Lunna. Eu ri nervoso.

Não me virei quando escutei o barulho na janela, sabia quem era. Voltei ao lado da minha mãe, segurando sua mão. O gato miou.


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