A Morte Também Salva escrita por TiaSebastiana


Capítulo 5
Mar de lágrimas.




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Isso não poderia estar acontecendo.

— Minha mãe está no hospital! Ela vai morrer em poucos dias! Quem é essa vagabunda?

A mulher olhou para mim com uma expressão confusa.

— Ei ei ei ei... Ela não é vagabunda! Ela é minha puta, e seu nome é Stella. E quem liga para sua mãe?! Ela não transava mais mesmo. Tudo que ela fazia era chorar e cuidar daquela porcaria de jardim! Vocês foram só um peso pra mim! Ainda bem que acabou! Aha ha!

Minha mãe. No hospital. Uma vadia qualquer dentro de casa. Minha mãe. Eu serrei os punhos com força, sentindo as unhas entrando na carne. Mamãe. Isso estava indo longe demais. Que tipo de apoio um porco desses merecia?

— Eu odeio você! Seu porco mentiroso! Você disse que faria minha mãe feliz! Mentiroso!

Eu soquei a parede. Avançando em sua direção, derrubei o lustre e chutei a mesa de centro.

— Essas coisas são caras seu pirralho!

— Eu não me importo! Morte aos porcos!!

Eu o soquei com toda a minha força. Senti os dedos ardendo ao contato com sua pele. Olhei para o lado, sentia o sangue fervendo dentro de mim. Stella parecia querer se tornar uma só com a parede estava estática, grudada na parede com os olhos arregalados.

Soquei de novo. E de novo e de novo até sentir os dedos sangrando. Eu parei. Fui andado para trás até sentir a outra parede contra as costas. Me sentei. Estava ofegante e sentia o coração doer, já estava sem os medicamentos há dois dias.

— Seu pirralho filho de uma puta! Você me paga!

Ele veio na minha direção. Stella gritou e saiu porta a fora, éramos nós dois.

Eu levantei apoiando a mão boa na parede.

— Você vai pagar por tudo que fez minha mãe sofrer.

— Eu? Eu fiz um favor pra vocês! Deixei que ficassem em casa, dei um teto, comida e uma cama pra vocês! Você me agradece assim?!

— Morte aos porcos. Morte! Aos! Porcos!

Eu o soquei de novo, mas dessa vez ele revidou. Senti a dor no queixo antes de perceber o golpe. O chute nas bolas me fez ajoelhar no chão e mais um chute no estômago para me deixar sem ar. Eu vomitei, tossi e cuspi no carpete.

— Eu sempre te achei nojento. Um verdadeiro verme chorão. Mas, eu ainda tenho bom coração. - Ele se limpava do sangue e do suor. - Eu serei bondoso, como sempre fui e o deixarei ficar aqui por mais uma noite. Mas... Eu ainda não estou satisfeito.

Ele me puxou pelo braço, me jogando no sofá. Puxou minha calça com força pra baixo e pisou no meu pescoço.

— Isso, era o tipo de coisa que eu adorava fazer com sua mãe. Era só você sair de casa pra ir até aquela maldita ponte que a festa começava!

Ele tirou o cinto.

— Não... Por favor... Não! Não... Isso não!

Ele ria descontroladamente enquanto dava golpes e mais golpes na minha bunda. Eu chorava, gritava e pedia por ajuda. Os vizinhos estavam no hospital. Éramos só nós dois. Eu mal sentia os golpes finais quando ele parou.

— Você sempre foi meio viadinho... Mas eu não quero transar com você. Eu vou atrás da Stella. Acho bom você não estar aqui amanhã de manhã.

Ele secou o suor enquanto saia pela porta. Me deixou sozinho. E me levantei cambaleando e subi as escadas. Fui até o banheiro e vomitei novamente, segui para meu quarto e me joguei na cama. Gritei. Gritei até a voz sumir, até as lágrimas secarem e eu sentir meu coração doer a ponto de explodir. Três dias sem medicação. Eu iria morrer.

O mesmo sonho de sempre não veio. Eu acordei no meu quarto, sabia que era um sonho, pois estava decorado como era há três anos, eu me sentei na cama observando meu antigo quarto. Eu ainda tinha um computador e uma tv. As paredes eram azul claro, e as estantes cheias de livros. Tudo isso tinha mudado. Eu havia fechado permanente a janela, pintado as paredes de preto. Meu padrasto tinha retirado a tv, jogado fora o computador e doado todos os livros. Eu não tinha mais nada.

Uma brisa entrou pela janela, eu me virei para olhar lá fora. Um gato preto de olhos cinza estava deitado na janela.

— Olá... Como você se sente?

O gato... Ele estava falando comigo.


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