A Morte Também Salva escrita por TiaSebastiana


Capítulo 12
Todos temos segredos.




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Com um gemido, Lunna se espreguiçou. Eu estava atônito. Como isso poderia acontecer? Não era a mesma coisa do gato.

— Na verdade é. Isso é estranho pra mim também.

— Lunna... Isso... Essa é minha mente?

— Sim. Tome cuidado com o que você pensa. Tudo aqui responde ás suas vontades.

Suspirei. Tomar cuidado com meus pensamentos? Isso era impossível, minha mente estava a mil, eu pensava em chuva... Um dia frio de tempestade com o céu cinza escuro... E Lunna... Deitada ao meu lado só com o a roupa do corpo, relaxando seus pés cansados em baixo dos meus. Eu queria mais. Queria poder ver seu corpo de lingerie, beijar cada centímetro de pele livre e...

— Você se importa?

Olhei para Lunna, que agora estava só de calcinha, ela cobria os seios com as mãos. Virei o rosto, vermelho de vergonha.

— Eeh... Me desculpe.

— Eu disse pra controlar seus pensamentos.

Encarei o nada, pensando nas vezes que vira Lunna vestida. Quando me virei ela usava um short de tamanho escandaloso e uma blusa decotada.

— Acho que isso é melhor do que nada. Vamos descer, quero aproveitar sua mente pra checar algo.

Saímos juntos, tão juntos que seu braço tocava no meu. Eu estava com medo, quer dizer, quantas vezes você fica acordado dentro da própria mente?

Descemos uma escada em caracol, a escada da minha antiga casa era em L, era tão grande que parecia não ter fim, e chegamos ao porão. Não na sala, ou na cozinha. O porão.

— Não era pra existir uma sala?

— Eu sei lá. Não sou bom em criar coisas com a minha mente.

— Não quando o assunto é minhas roupas. - Ela estava nua, tentando cobrir seu corpo com as mãos. - Meus peitos não são grandes assim...

Queria cavar um buraco e me enfiar dentro... Dito e feito. O chão se rompeu em dois, me puxando e se fechando em cima. Lunna caiu comigo, gritando com todas as forças um “idiota“. Caímos em uma sala ampla, mal iluminada e fedida. Mofo e sujeira. Era o lugar do sonho de sempre.

Lunna estava presa pelos tornozelos, ela tentava se soltar a todo custo, um homem velho entrou na cena, trazendo em mãos uma tesoura e começando a cortar suas roupas, ela agora vestia um vestido longo e preto. Eu não conseguia me mexer. Ela gritava desesperada por ajuda, o homem velho começou a tocar seu corpo.

Senti um par de mãos frias cobrindo meus olhos, “Ikki...” A voz sussurrava. A cena trocou, eu era a Lunna amarrada, me via sentado na cadeira acorrentado. Atrás de mim outra Lunna flutuava e cobria meus olhos. Eu sentia, na pele de Lunna uma dor horrível, em cada centímetro do meu corpo, aquelas mãos quentes e desengonçadas, apalpando cada pedacinho do meu corpo - o corpo de Lunna. Eu gritava e me debatia. A cena ficava trocando o tempo todo. Hora eu era a Lunna amarrada, hora eu era eu mesmo, sentado acorrentado.

— Acorde Ikki. Acorde que tudo isso vai acabar. É só desejar...

Eu desejava salvar Lunna, quanto mais eu queria isso mais rápido eu trocava de lugar com ela. “Troque Ikki, troque e se salve.” Isso não fazia sentido. Nada fazia sentido.

Minha mente girava, eu queria me enfiar num buraco. Dito e feito. O chão se partiu em dois, levando toda a cena para o abismo do esquecimento, eu me sentei no colchão do quarto de Lunna, o gato estava na gaiola, e as pilhas de roupa estavam cheias de calcinhas coloridas. Lunna estava deitada no colchão. Ela estava nua.

— Você viu, não viu?

— Sim... Eu também me senti na sua pele... O que foi isso que aconteceu?

— Isso... - Ela disse em um sussurro, cobrindo seu corpo. - Foi uma memória minha, distorcida dentro da sua mente. Acorde Ikki. Por favor...

Abri meus olhos. Estava sozinho no quarto, no mundo real. Chovia lá fora.


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