20 Primaveras escrita por Thayná Soares


Capítulo 24
Amor Próprio


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Animados para mais um capítulo? *-*



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Ok! Até chegar na porta do meu apartamento eu estava me mantendo no juízo perfeito, mas quando eu entrei, ah meu bem, aí sim eu fui extravasar toda a minha raiva. Eu estava com muito ódio, pra falar a verdade nem eu sei de que. Joguei minha bolsa no sofá de qualquer jeito e fui para o banheiro, joguei uma água no rosto e borrei toda a maquiagem, fiquei me olhando no espelho e pensando em tantas coisas, tantas, que eu nem sei qual foi o pensamento que puxou o outro.

— O que houve com você? – olhei pelo espelho minha amiga Letícia, que me olhava espantada.

Eu nem ouvi ela entrando. Também não tinha como ouvir, meu apartamento estava em silêncio mas minha cabeça estava num barulho ensurdecedor. Milhares de perguntas passaram por ela e eu não tinha as respostas. Não sei se o que me deu mais raiva, se foi ver o Guilherme levando a prima, não ter me contado da prima, ou simplesmente o fato de ver outra interessada no Guilherme. Território ameaçado, foi assim que eu me senti!

Desviei meus olhos da Lê e abaixei a cabeça chorando. Letícia num impulso veio me abraçar sem me perguntar mais nada, tenho certeza que na cabecinha dela estava passando um nome:

“Guilherme”

E estava certa. Não é que eu tenho medo do Gui me trair, não, não é isso. Digamos que eu nunca fui uma das mulheres mais seguras, não tenho um corpo como o das revistas, não tenho uma risada baixa. Sei que já tenho idade o suficiente, ou pelo menos deveria ser a idade suficiente para me sentir segura , mas eu me bloqueie por muito tempo, eu vivia entre os livros e esqueci por um bom tempo que a vida aqui fora, não tem direito algum de mudar quem eu sou por dentro.

— Eu acho que... eu estou com medo Lê – disse para ela depois de enxugar minhas lágrimas.

— Medo de que? – perguntou preocupada.

Olhei bem para ela, e ela me encarou da mesma forma. Contei tudo o que houve e quando ela escutava ficava abrindo e fechando a boca, não acreditando que isso aconteceu. Não estou fazendo tempestade em copo d’água, só quem gosta de uma pessoa sabe o quanto dói aqui dentro, a ideia de que pode perdê-la.

— Amiga, eu não acho que você deva ficar com tanto receio – começou Lê – eu sei que ela pode ser uma “ameaça” mas só se você a enxergar assim. As coisas ganham a proporção que você permite que elas ganhem. Guilherme te ama você sabe e ele já provou muitas vezes isso. – foi me conduzindo para fora do banheiro.

— Ela é prima dele, por mais que ela não respeite esse parentesco, ele respeita, é com a fidelidade dele que você tem que se preocupar e você sabe que ele é fiel. Essa coisa estranha caiu na vida de vocês, justamente com a intenção de acabar com o namoro de vocês, é você que tem esse controle nas mãos,não o Gui... você vai deixar que ela consiga e saboreie o prazer de te ver brigando com o Guilherme e em um último caso, terminando com ele? – perguntou séria, séria até demais.

Letícia falou usando uma maturidade que eu nunca pensei que existisse dentro dela. As suas palavras clarearam todas as respostas que estavam dentro de mim, mas que eu ainda não havia enxergado. Aquelas que responderiam as perguntas que eu me fiz no espelho. Eu não vou estragar o meu namoro porque essa Gaby quer.

Eu amo o Guilherme e ele lutou por mim e agora era a hora, de lutar por ele.

— Você vai declarar que perdeu uma guerra, sem nem antes ter guerrilhado? Fica a sua escolha minha amiga, você já amadureceu seu lado amoroso,agora já está mais do que na hora de amadurecer seu lado pessoal, sua auto estima. Eu não sei o porquê desse cabelo preso, não que seja feio, longe de mim pensar isso, mas sinto que faz isso porque não é satisfeita com ele. – disse apontando para a presilha no meu cabelo.

— O porquê dessa maquiagem toda? Se o seu natural é tão lindo que não precisaria de retoque nenhum. Becca, a sua beleza parte de você para o mundo, assim como o amor. Se você se acha bonita, essa segurança é formada dentro de você e inconscientemente lançada no mundo. Se você tem uma forma de olhar bonita, digo, se observa as coisas vendo beleza sempre, elas se tornam lindas. Não só para você, mas também para aqueles que te cercam, porque se você tem uma forma de encarar o mundo diferente dos outros, os outros terão vontade de saber o porquê você pensa assim, e com toda a pureza e a leveza que você tem, convence o outro a querer ter vontade de enxergar tudo assim – finalizou Letícia, me deixando abismada.

— Obrigada pelas palavras e pelo chá de realidade que acabou de me dar – disse e sorri um pouco.

— Você precisa confiar em você, ninguém pode te dar a confiança que você tem que ter dentro da sua própria pele. Isso é exclusivamente decisão e escolha sua! – disse soltando meus cabelos e me levando em frente ao espelho.

Eu não queria me olhar e ela me obrigou a fazer tudo isso. Letícia amava esses livros de Psicologia e já havia comentando comigo que eu precisava fazer essa terapia do espelho. Consiste em você se olhar e apontar todos os seus defeitos, não baseado no que as pessoas falam, mas baseado no que você pensa de você mesma. Fazendo isso, logo após você procura entender o porquê eles te incomodam tanto, e o que eles tem de errado.

Não só no lado físico mas também na sua opinião sobre a sua personalidade. O reflexo do espelho tem que ser o seu auxílio na hora de auto julgar, e compreender que nada do que você “detesta” em você, realmente merece esse sentimento tão triste.

Ela me fez falar cada coisa em mim que eu não gostava e eu fui vendo que conforme eu falava e analisava a minha imagem... nada era negativo como eu pensava. Eu sou linda, eu tenho meus defeitos como qualquer um , mas não tenho que repudiar meus traços e nem minha personalidade.

Depois disso, de toda essa cena eu chorei.

— Amiga, não chora, eu fiz isso pra te ajudar não te deixar mal – disse Lê preocupada e eu dei uma risada.

— Não é choro de tristeza, é de emoção. Lê, amiga como você é como ganhar um presente. Você não imagina o quanto eu estou me sentindo bem, o quanto eu vejo que nunca é tarde para se amar... e que eu não preciso me sentir inferior só porque não sou como as revistas pedem. Eu sou como eu queria que eu fosse... eu sou minha, completamente minha. E isso ninguém pode tirar de mim. – disse com a voz embargada.

Ela jogou os cabelos se sentindo a terapeuta.

Palhaça como ela tava para nascer!

Depois de todo esse momento lindo, me senti tão segura como eu nunca pensei que pudesse me sentir. Sei que esse exercício tem que ser feito diariamente, e é isso que eu vou fazer a partir de hoje.

— E como foi com o Diego, hein? – perguntei para Lê que me olhou com cara de nada.

— Ah amiga, ele é bonito... mas não pensa. – ela disse e eu comecei a rir – É sério, não teve nem graça, tudo o que ela sabia falar ela sobre quanto peso ele levantava na academia. Eu nem gosto de academia, eu gosto de inteligência – disse e eu concordei com ela.

Mais um que não dava certo. É, o cara que prender a Letícia com os seus encantos vai ser o bam bam bam. Porque a garota é exigente.

Ficamos as duas deitadas nos sofás e vendo série a tarde toda. Eu não tinha nada pendente na faculdade nem ela, então ficamos de bobeira o tempo todo.

“ Vem jantar aqui em casa, Lê está aqui, vamos ter uma noite de risadas.”

Enviei essa mensagem para Gui, que logo respondeu.

“ Claro meu amor, já já estou chegando aí.”

“Vai trazer sua prima? “

Tive que mandar essa pergunta, não que eu iria me importar porque como Lê disse, eu não tinha que me preocupar.

“ Não! A noite é nossa, juntamente com as besteiras da Letícia hahaha, vamos lembrar a época da escola quando reuníamos nos 3 e nos divertíamos muito. Já estou indo!”

Assim que recebi a mensagem tive que sorrir. Era isso, a noite era nossa, sem Gabriela, sem brigas nem indiretas. Amei a ideia!


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Notas finais do capítulo

Opa, encontrinho com o Gui? Até eu quero hahahhaa
Deixem seus comentários.
Beijos!



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