20 Primaveras escrita por Thayná Soares


Capítulo 25
Ela também vai?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo certinho?
Essa Gabriela, sei não viu. Acho que ela só chegou para estragar. E vocês, o que pensam sobre?



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Ontem foi absolutamente divertido, me senti como na época do colégio onde minha responsabilidade era só me esforçar nos estudos, sem ter que pagar contas e abrir a geladeira e ver que não tenho nada para comer porque esqueci de comprar comida. Isso sempre acontece!

Guilherme foi embora quase meia noite e eu mandei Letícia ir dormir em seu apartamento. Gostava muito da presença da minha amiga mas se fosse para ela passar todas as noites aqui, era melhor então desde o começo termos decidido morarmos juntas. Coisa que pelo bem da nossa amizade e do mundo não fizemos.

Eu estava colocando algumas coisas da Faculdade em ordem, quando meu telefone tocou, era papai. Me assustei porque ele nunca me ligava, sempre sabia tudo de mim mas era mamãe que intermediava o assunto, não era porque não nos dávamos bem, ao contrário ele sempre foi meu amigo, mas sim porque ele não gostava nem um pouco de falar ao telefone. Segundo ele conversa sincera é conversa cara a cara, coisa que ultimamente devido a distância não podíamos ter.

— Papai? – disse animada ao telefone.

— Oi minha filha, como está tudo com você? – perguntou também animado e sorrindo.

Contei para ele como as coisas estavam, como estava a Faculdade e que minhas notas estavam boas e que eu não merecia ficar de castigo então... disse em tom de brincadeira e ele soltou aquela gargalhada pra mim. Falar com o meu pai era como ser acolhida pelas palavras de alguém que independente da minha idade sempre vai me olhar com carinho e ter a certeza que eu sempre necessitarei de um abraço.

— Seu tom de voz – ele comentou.

— O que tem? – perguntei.

— Seu tom de voz está meio triste, o que houve? – perguntou preocupado.

Que coisa! Eu não conseguia “mentir” para meus pais. Meu pai então parecia que tinha a capacidade de ler os meus pensamentos e sempre acertar o motivo do meu desconforto.

Contei a ele a história da prima do Guilherme e ele escutou tudo bem quieto e no fim soltou um suspiro.

— Quer um conselho de um pai, de alguém que te ama e que daria a própria vida por você sem pensar nem duas vezes? – perguntou.

— Sim- disse meio chorosa.

— Por mais que eu queira me enganar você já não é mais nenhuma menininha. Você já tem suas vontades e eu não posso fazer nada além de pedir a Deus para guiar seus passos e te dar os meus conselhos. – começou.

— Eu sempre te entendi e você sempre me escutou. Então dessa vez eu peço para que seja mais atenta. Você sabe bem a força e o valor que tem, juro que não sei por que ainda insiste em ficar agindo como uma pessoa indefesa em relação a você mesma. Sabe que é linda, sabe que é você, sabe que padrão não faz ninguém feliz, e que cada um tem que ser quem é e não ter vergonha disso. Lembra quando era pequenina? Lembra quando caia a ralava o joelho? O que eu sempre te dizia, hein? – perguntou e me deixou responder

— Sempre dizia para eu levantar, porque aquele pequeno machucado não tinha o direito de me fazer sofrer tanto e que meu rosto tinha que estar acompanhado de um sorriso e não de uma lágrima. – disse e funguei.

— E você sempre acreditava em mim. Você no fim sempre via que eu tinha razão e que você era especial demais para chorar por coisas pequenas como aquelas. Eu sei que doía quando se machucava, mas também sabia que tinha capacidade de lidar com aquela dor sem se render a ela. E agora eu te pergunto, aonde está a minha menina forte? – questionou.

Papai definitivamente queria me fazer pensar sobre mim mesma.

— Acho que ela está aqui – disse insegura.

— Acha? – questionou em tom bravo.

— Tenho certeza – disse dessa vez com mais firmeza, e ele sorriu.

— Então não acha injusto deixá-la guardada aí dentro enquanto o mundo aqui fora pede tanto a presença dela? – perguntou.

— Sim – afirmei.

— Então a deixe livre, você precisa de força não de fraqueza. Você precisa se amar, não se desmerecer. Ela é a prima do Guilherme e por mais que ela seja atirada ela continua sendo prima dele e ele seu namorado. Então por favor não haja como uma criança, haja como a mulher que você já é e me faça sentir orgulhoso da filha que eu preparei para enfrentar o mundo. – respirou fundo.

— Lembre-se que seu pai já está velho e não tem mais pique para te ensinar desde o comecinho a como viver, pensa um pouquinho em mim vai! – disse em tom de brincadeira a última frase e eu gargalhei – É esse sorriso que eu quero ver sempre em você, essa gargalhada, essa felicidade. – finalizou.

— Obrigada papai, eu te amo muito. Mande mil beijos para a mamãe – disse .

— E você fique com Deus e força para enfrentar quem te quer mal – disse para mim, eu agradeci, prometi que seria assim e desliguei o telefone.

Conversar com meus pais sempre me trouxeram uma paz muito grande e consequentemente o esclarecimento de todas as minhas inseguranças e receios. Depois da “terapia” da Lê e das palavras de papai, me sinto muita mais confiante dentro da minha própria pele. Porque sei que as pessoas do mundo dão a cada um de nós o que elas tem em maior quantidade, e eu não posso fazer nada se o que prevalece nelas é o ódio, em mim transborda amor e compaixão e é através disso que eu tenho que levar minha vida.

“ Está em casa ou na faculdade?”

Mandei essa mensagem para Lê

“ Na faculdade, mas precisamente conhecendo um novo amigo”

Ri ao receber a mensagem, já vem a Letícia com outro.

“ Amigo é?”

Mandei essa mensagem debochando da cara dela.

“ Sim, amigo. Até porque ele é gay, então...”

Ah claro, agora sim entendi. Porque se fosse um hétero em hipótese alguma seria “só um amigo”.

“ Estou mais confiante, conversei com papai e ele acalmou meus ânimos e me passou uma segurança incrível.”

“ Mas é claro, Tio Carlos sempre passa paz até pra mim que sou desesperada. Rsrsrs”

Ao ler a mensagem da Letícia tive que concordar. Carlos era o nome do papai, e ele era considerado como um tio para Lê, até porque nossas famílias são amigas e nós duas nos conhecemos desde crianças.

“Volta pra casa que horas?”

Enviei. Caso ela voltasse mais cedo queria ir com ela ao cinema.

“ Não sei amiga, vou para a casa de uns amigos fazer trabalho e depois veremos se vamos a uma festinha, quer ir com a gente?”

Eu li a mensagem, mas não estava para festas. Queria no máximo se aparecesse alguma coisa uma reuniãozinha com os amigos.

“Não obrigada, vai se divertir vai, só que não volte com gente bêbada, por favor!”

Enviei a mensagem e recebi um “Obrigada, pode deixar que sei me cuidar” da Letícia. Espero que saiba mesmo.

— Oi meu amor – atendi a ligação e fui recebida com essas lindas palavras de Guilherme.

— Oi amor, como está? – perguntei apoiando o celular no ombro enquanto separava algumas roupas para lavar.

— Estou ótimo, melhor agora que estou falando com essa linda moça – disse brincando.

— Obrigada pelo elogio – disse agradecendo e sorrindo.

— Hum, amor – chamou – tenho um convite para uma festa bem particular de um amigo bem antigo, hoje a noite, e queria saber se quer me fazer companhia – disse me convidando.

Como eu acabei de dizer não estou para festas hoje. Não me importo do Gui ir sozinho até porque não somos do tipo de casal que não podemos ir até a esquina um sem o outro. Eu não queria festas, mas ele queria então que fosse e se divertisse.

— Ah, amor, sabe o que é.... – fui interrompida.

— Claro Gaby, eu passo lá e te pego. Tchau Tio! – Guilherme gritou com outra pessoa e eu escutei pelo celular.

Opa, espera aí! Gabriela? Foi isso mesmo que eu escutei? Essa coisa vai a festa?

— Gui? – o chamei – Sua prima também vai a festa? – perguntei amassando uma roupa.

— Oi Becca, desculpa, estava me despedindo do meu tio pai da Gaby. Ele veio pegar uns documentos com meus pais, mas já está voltando mas já está voltando para o interior. Sim, ela vai sim, até porque o meu amigo também é amigo dela. – disse calmamente – Mas e aí, não escutei o que disse você quer ir comigo? – perguntou todo fofo.

— Sim! Claro que sim, meu amor. Festa, era isso mesmo que eu estava pensando para essa noite. Estou numa animação que só vendo. Você passa para me pegar que horas? – perguntei.

Eu sei que eu disse que não queria festas e realmente não quero. Mas em hipótese alguma vou deixar aquela esquisita ir a festa sozinha com o Gui, mas não vou mesmo. Não é porque estou insegura, ao contrário estou mais segura que nunca. Mas nunca é demais deixar isso estampado para as “amiguinhas” do meu namorado.

— Às 21:00, passo aí. Beijos! – disse Gui.

Eu concordei. Desliguei o telefone e fui correndo escolher uma roupa. Essa noite ia ficar pra história.


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Notas finais do capítulo

Prevejo que não será só uma festa... Becca acalme os ânimos, please! hahahaha
Deixem seus comentários.
Beijos!



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