Renegados escrita por Elentiya


Capítulo 7
Capítulo 6 - Açoites


Notas iniciais do capítulo

Olá meus Robins - Decidi que sou o Batman de vocês -, como vão? Bom, como prometido, aqui está o capítulo novo! Espero que se divirtam lendo! Grande abraço!



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O dia seria longo e extremamente cansativo para Axell. Ele não fazia ideia de como Knight agiria, não sabia como reagir a ela. Assim que chegara na sala de treinamento, deparara-se com negros fios de cabelo o esperando, mas ao mesmo tempo, encarou o metal de uma adaga. O sangue do corte deixado pelo objeto pingava em seu ombro e aguçava o latente de uma dor interrupta e latejante. Sentira cartilagem e pele serem rasgadas e abertas pela lâmina, sentira a dor de imediato e mais que isso, sentira que não podia esboçar a reação que queria, pois Knight o destroçaria caso se atrevesse.

— Limpe essa ferida, não quero contato com seu sangue sujo.

Axell tinha o maior dos respeitos com mulheres, seu histórico o obrigava a querer protege-las, porém não tinha viabilizado esse conceito com Knight. Ele não sentia empatia alguma por ela, não queria sentir. Ela era pior que um brutamonte qualquer, uma sádica astuta e desprezível. Por que Lucien a desejava tanto? Axell não apoiava a ideia de tê-la por perto, e apostava nunca conseguir aceita-la.

Acenando, Axell dirigiu-se para uma bacia de porte médio que estava no salão, e com cuidado, lançou água gelada à ferida. No contato com a água, seus dentes trincaram. Como aquilo doía e latejava, murmurava. As menores feridas são as mais doloridas. Sentindo a dor chegando mais forte a cada instante, papeou sua orelha e notou um pequeno rasgo na parte de cima. Como fecharia aquilo? Entretanto, ignorando o latejar, lavou as mãos uma vez mais na bacia de água e voltou-se para Knight.

Ela o observava quietamente, e algo em sua feição chamava a atenção de Axell. As enormes olheiras e a cor ainda mais pálida de seu rosto. Ela não havia dormido, ela tinha treinado a noite toda? Ou fora apenas um acesso de insônia? Percebendo a feição investigativa dele, Knight desvencilhou-se do olhar.

— Não precisa me olhar tão profundamente assim se me quer na sua cama.

Axell se assustou com a frase, a mulher mudava de personalidade tão rapidamente que acompanhar o ritmo dela era algo complicado para ele. A atenção dele se esvaíra completamente das feições mal dormidas delas.

— Bingo — Ela esboçou um pequeno sorriso — Pare de me encarar e pegue o chicote para mim.

Axell engoliu uma saliva grossa. Era péssimo no uso de chicotes. Certa vez, golpeara a si mesmo em uma tentativa falha de atingir Carline — Ele teve dificuldades de sentar confortavelmente por um longo tempo.

Rogando para que não estivesse demasiadamente enferrujado no combate de chicotes, foi ao acervo de armas e retirou dois instrumentos de açoite. O peso das tiras de couro se revelando. Quando voltara para perto de Knight novamente, viu-a fazer uma expressão de dúvida aparente.

— Algum problema? São os únicos chicotes que temos.

— Com os chicotes? Problema nenhum. A questão é que eu pedi um chicote para mim, não disse que você usaria um também.

Axell pasmou.

— E o que espera que eu use? Meus braços?

A expressão dela dizia tudo. Se ela queria simular um combate ou uma chacina, ele não estava certo.

— Não estou aqui para te treinar. Eu preciso de um oponente para treinos, e você é o sortudo que terá esse cargo.

—E por que eu? Existem diversas outras pessoas dispostas a ajudar em
treinamentos — Desesperou-se.

— Por quê? — Ela se aproximou dele com a feição dura, totalmente diferente da Knight irônica de momentos antes — Porque você mentiu para mim, seu bastardo imundo. Acha mesmo que só porque é o protegido de Lucien vou te perdoar? — Do mesmo modo que fez quando o acordou pela manhã, ela segurou o queixo dele e apertou-o até que ficasse esbranquiçado. Esboçando um sorriso medonho, retomou a fala — Vamos ver o quanto de dor esse seu corpo suporta.

Ela soltou o queixo dele bruscamente, deixando-o paralisado por um segundo. Seus olhos continham a ira dos deuses, e Axell honestamente a temia. Forçou-se a superar as aflições enquanto ela virava de costas e se posicionava a poucos metros de distância de sua frente.

Um estalar.

As fitas de couro caíram em direção ao chão a partir da mão dela. Axell não soltou seu chicote, recusava-se a isso. Knight, que estava no meio do salão, encarou-o; uma ordem para que ele soltasse o objeto. Ele não a atendeu.
Outro estalar.

Axell arrepiou-se com o som do couro batendo contra o chão de pedra. Solte-o.

Ele desenrolou o chicote e o segurou firmemente com uma das mãos, os nós dos dedos perdendo a cor com a pressão. Era a posição de defesa, ele havia aprendido isso com Carline; use a arma a seu favor para bloquear ataques do oponente e nunca, em hipótese alguma, afrouxe a mão.

Knight bufou, aceitando a posição dele.

— Você irá se arrepender disso.

Axell não era o melhor lidando com armas, nunca fora e temia nunca tornar-se o melhor, porém tinha a consciência de que sabia o básico. Ele estava confiante de que poderia rebater os ataques dela, afinal, ela estava debilitada.

Entretanto, a surpresa o atingiu assim que ela desferiu o primeiro golpe.

Afastando-se um pouco mais de Axell, ela fez o chicote dançar no ar e atingir a bochecha esquerda de Axell com a ponta. Os chicotes eram especiais, a ponta continha uma pequena tira laminada e afiada. A bochecha dele havia sido marcada com um corte potencialmente profundo.

Ela não o mataria, por isso calculava a distância entre os dois e a gravidade dos ferimentos. Ela estava enferrujada, mas era astuta o suficiente para ganhar de Axell. Ele levou uma mão para a bochecha e antes que pudesse perceber o sangue em seus dedos, ela atacou novamente. Um meio rodopio para a esquerda deu o impulso que ela precisava para lançar o chicote na direção dele com uma força enorme. Axell não pôde fazer nada a não ser se esquivar do golpe jogando-se no chão. Ele levantou a cabeça, a fim de mira-la, mas outra chibatada vinha em sua direção, e ao tentar escapar dela com um pulo, colidiu com a ponta novamente. Seu braço havia sido cortado.

Indignado, esperou que ela desferisse o próximo golpe. E ao desviar dele, colocou toda a força que pôde no braço do chicote e mirou no tronco dela. Axell não conseguiu acreditar nas cenas que se seguiram.

Ela se jogou no chão no momento em que as tiras de couro se aproximaram das costelas dela e antes que Axell pudesse puxar o açoite novamente, segurou com uma das mãos o meio da arma, impossibilitando-o de tirar o chicote de perto dela. Ao notar o esforço que ela fazia para segurar, ele fez o que Carline havia dito para que ele nunca fizesse; afrouxar a mão.

Com Axell estupefato, Knight usou a mão que continha o chicote para lançar a arma na direção dele, mais especificadamente na direção da mão dele. A extremidade do açoite bateu diretamente na mão que segurava a arma dele, e o impacto inesperado fez com que Axell largasse imediatamente o chicote e gritasse com a dor repentina.

Ele caiu de joelhos no chão.

Assim que largou o chicote, usou a mão contrária para segurar e apertar o ferimento que agora existia em sua mão. Um corte aberto horrendo que percorria desde o início de seu polegar até a extremidade contrária, revelando o interior de sua pele.

Gritos e passos.

O grito do homem passara a um sibilo seguido de uma feição de completa dor enquanto passos leves se aproximavam dele. Axell não estava acostumado com a dor, nunca esteve. Aguentava-a, pois precisava, mas ferimentos profundos ainda eram difíceis de suportar. Ele tentou lutar e enganar a si mesmo, obrigando-se a esquecer da mão ferida e do osso que nela aparecia. Porém, no momento em que encostara a mão oposta no chão em uma tentativa de erguer-se, viu os sapatos velhos de Knight.

Ele subiu o olhar para mirar o rosto dela. Impassível, frio e cínico. O olhar de puro desgosto e nojo emanando de seus glóbulos, nojo do homem a sua frente, do homem que caíra por tão pouco.

Sem cuidado algum, ela segurou a gola da camisa dele e a puxou. Mirou no fundo dos olhos dele e depois para a ferida em sua mão. Um pequeno sorriso sarcástico saiu de seus lábios e ela cuspiu na ferida que havia dado a ele.

— Você é desprezível — Sibilou a mulher.

Com tal sentença, ela começou a vingança pela mentira que ele a havia dito.

Primeiro, um soco forte no meio dos olhos. E não cessou os golpes mais fortes no rosto até sentir que seu nariz havia sido quebrado. Axell gritava, e a cada grito, ela descontava no corpo dele. No sexto soco, ele desmaiou. Uma raiva súbita se apossou de Knight, ela se indignava com o fato de ele cair por algo tão pequeno. A raiva fora tão grande que mesmo desacordado, ela continuou a golpeá-lo e a descontar todo o ódio que ela sentira por Lucien no dia anterior nele.

O rosto de Axell estava vermelho, pingando o líquido da morte por toda a circunferência, e Knight sabia que era injusto com ele. Porém, não se importava, a raiva dela precisava ser liberada em alguém.

— Mas o que... ? Axell!

Knight ergueu a cabeça na direção da porta de entrada do salão apenas para ver Carline assustada observando os dois. Axell, desacordado e jogado no chão, e Knight sentada no tronco dele e socando o rosto do homem repetidas vezes.

Carline apressou-se em direção aos dois e ao mesmo tempo, Knight desvencilhou-se do parceiro e ameaçou sair do salão.

— Toque nele outra vez e eu acabo com você — Carline segurou no braço dela antes da mulher sair em disparada do cômodo.

— Que medo — Irônica e petulante, Knight puxou seu braço de volta e saiu da sala.

Carline não entendia o porquê de Lucien a desejar tanto, aquela mulher era um monstro que não se importava com ninguém. Ela olhou na direção da porta de saída do lugar e então, para Axell. O corpo jogado e inerte e repleto de feridas do amigo estendia-se logo à sua frente.

Carline respirou fundo e forçou-se a expelir toda a raiva que emanava de suas entranhas.


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Notas finais do capítulo

Bom, o que acharam desse combate? Debatam comigo! É a primeira de muitas cenas de ação da história e saber aonde estou pecando e aonde estou acertando é muito importante! Não sei se já cheguei a comentar, mas essa história tem uma versão antiga, e nessa antiga as cenas de lutas eram mais frequentes no comecinho da história, mas acabei optando por começar apenas agora com elas. Por que? Porque queria dar um desenvolvimento maior para os personagens e para o enrendo antes, por isso os primeiros capítulos foram mais monótonos. Espero que entendam, um grande abraço!