A primeira semana passou rápido.

Eu andava com meus velhos amigos de novo, eu voltei a me vestir um pouco como antes, e tudo voltava ao normal. Aos poucos, era como se eu nunca tivesse realmente saído de lá, como se esse tempo de minha ausência nunca tivesse existido.

Dimitri continuava a dar em cima de mim, e eu não podia negar, eu adorava flertar com ele, principalmente beijar ele. Ninguém parecia notar que estávamos nos pegando escondido, mas também se soubessem não faria alguma diferença.

Ando com minha mochila pelo corredor quase vazio da escola, é quase o último horário, e vários professores haviam faltado naquele dia, portanto, eu estava me retirando da escola mais cedo, privilegio de aluno de escola particular. Meu celular começa a tocar no bolso traseiro de meu jeans e eu paro para atende-lo, todavia, sou puxada pelo braço e momentaneamente ignoro a chamada. Dou um pequeno grito surpreso e a pessoa me solta.

—Calma, sou eu.

Eu respiro profundamente.

—Está querendo me matar do coração?

Dimitri abre um grande sorriso enquanto se aproxima. O celular a muito já parou de tocar, e naquele instante meu corpo se retorce em expectativa.

—Dimitri estamos na escola. –Digo.

—Eu sei. –Ele diz.

—Você não pode quebrar as regras. –Digo.

Ele dá uma risadinha.

—Não vou quebra-las. –Ele diz. –Você vai.

Eu o encaro sugestivamente.

—Eu não vou te beijar. –Digo.

—Tem certeza?

Eu mordo meu lábio inferir. Droga. Como ele havia ficado tão bom em identificar meus sentimentos? Eu deveria temer pessoas como ele, deveria ter medo de pessoas que pudessem me conhecer muito bem, mas uma onda de felicidade tomava conta de mim ao perceber como ele me conhecia bem.

Ele dá dois passos em minha direção.

—Dane-as regras. – Murmuro antes de agarra-lo pelo colarinho do uniforme.

Dimitri ri em meio ao beijo e eu não posso deixar de acompanha-lo, o beijo não dura muito, pois eu me afasto rapidamente e abro a porta para ir embora.

—Nos vemos depois. –Digo.

Saio tão rápido que nem mesmo há tempo de esperar alguma reação de sua parte, voltando a caminhar pelo corredor, os pouco alunos por ali nem parecem ter notado que eu havia sumido por alguns instantes, menos mal, fofocas agora me deixariam irritada. Sorrio comigo mesma enquanto caminho e então meu celular até então na minha mão vibra, recordando-me que antes ele tocava, desbloqueio a tela e posso identificar uma chamada perdida de minha mãe.

—Aí mãe. –Murmuro.

Em seguida uma mensagem no celular aparece, sem qualquer nome de remetente ou qualquer número conhecido, me sinto meio intrigada ao abrir a mensagem tendo um pressentimento que não era qualquer promoção de operadora.

Mensagem para Rose:

Boas garotas não se pegam com garotos escondido.

Estou de olho em você.

Pisco algumas vezes e releio a mensagem diversas vezes, em seguida olho para trás no corredor reparando nas mesmas pessoas que estavam antes, alguém estava brincando comigo? Só faltava essa, daqui a pouco alguém iria me mandar alguma mensagem fingindo que era –A de PLL.

***

—Como foi a aula querida?

Eu continuei a mastigar meu macarrão enquanto passava com o dedo as atualizações do facebook.

—Foi legal. –Respondo sem desviar minha atenção.

Alguns instantes de silêncio depois, resolvi levantar a cabeça e peguei papai me encarando, seu semblante sério e sem qualquer abertura para uma piada típica da situação. Minha madrasta estava na faculdade, ela fazia curso de alguma coisa que não me interessava durante o período noturno, então, eu e meu pai jantávamos juntos as vezes, mas naquele momento as coisas estavam ficando meramente estranhas.

—O que foi? –Pergunto.

Papai balança a cabeça como se para afastar pensamentos ruins e abre um sorriso vacilante.

—Estou contente de ter você morando aqui, você parece a mesma de antes.

Não sei por que aquelas palavras me incomodaram tanto, mas deixaram-me chateada. Eu havia ansiado tanto por essa volta e agora que tudo se encontrava nos eixos novamente eu me sentia temerosa, e ser comparada com a eu de antes chegava a ser deprimente.

Eu sorrio.

Parte de mim feliz, outra parte completamente pra baixo.

—Vou dormir. –Digo me levantando. –Você lava a louça hoje?

Papai assente enquanto continua a comer e eu parto diretamente para meu quarto. No caminho até lá meu celular vibra novamente, eu o pego esperando alguma mensagem de Dimitri, mas vejo apenas um remetente sem número.

Tenha cuidado Rose, se não vai acabar perdendo a coroa e o príncipe.  

A mensagem veio acompanhada de uma foto de Dimitri segurando o braço da garota mesquinha que ocupava minha antiga carteira atualmente, na foto, ambos pareciam próximos um do outro. “Não” – Penso – “É apenas uma brincadeira”, respiro profundamente, a garota poderia ter tropeçado e Dimitri estava por perto e havia ajudado, nada demais, não tinha porque ficar com ciúmes por culpa de uma foto e de uma mensagem anônima, se alguém queria me atormentar teria que fazer muito pior.

Eu excluí a foto e a mensagem, todavia, antes de fechar meus olhos para finalmente embarcar no mundo dos sonhos meu celular tornou a apitar com uma nova mensagem, desta vez meu coração acelerou, quem estava tentando brincar comigo? Não podia deixar de pensar que talvez a culpa fosse minha, se eu não tivesse chamado tanta atenção no meu primeiro dia, se eu tivesse ficado na minha, isolada, talvez alguém não quisesse jogar comigo.

Tenha bons sonhos, vadia.

Estreitei meus olhos ao reler a mensagem pela décima vez e então decidi responder:

Tenha bons pesadelos, idiota.

Não houve resposta.

POV ANÔNIMO

—Muito bom. –Disse. –A primeira fase foi concluída com sucesso.

—E o que acontece agora? E se ela descobrir sobre nós?

—Será muito pior para ela. Christian sofreu por causa dela.

—Talvez jogar na seja a solução.

—E o que propõe? Que sejamos bonzinhos depois de tudo o que passamos?

—Talvez que a perdoe, já faz muito tempo desde que as coisas aconteceram.

—Eu nunca vou a perdoar, todas as pessoas que ficam perto dela se machucam, e eu vou parar isso, vou fazer com que ela se arrependa de todas as vezes que fez as outras pessoas chorarem.