Não se apaixone por mim escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 42
Capítulo 42




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É meio estranho caminhar por essas ruas depois de algum tempo, é tudo tão familiar e ao mesmo tempo tão estranho que me deixa um pouco sufocada. Eu sabia exatamente o caminho para casa, já havia feito aquele trajeto a pé diversas vezes. Pessoas andavam para lá e para cá, muitos carros passavam, altas buzinas eram soadas no meio do barulhento trânsito e não pude deixar de pensar em como aquela cidade agitada já fora minha vida.

Agora que estava tudo acabado o que eu podia fazer? Irei retornar para aquela cidade pequena com o queixo erguido certa de que ninguém conhece o meu passado e de que irão sorrir para mim.

Mas isso não é ser covarde? Seria tão bom voltar para lá e respirar aliviada por que ninguém sabe sobre isso, ninguém sabe sobre nada. É como dizem, se não podem ver suas cicatrizes, nunca irão lhe conhecer.

—Rose.

Eu congelo.

Um arrepio involuntário sobe por minha espinha, eu respiro fundo antes de me virar.

—O que você está fazendo aqui?

Em passos rápidos ele se aproxima de mim e me abraça, sou pega desprevenida enquanto seus braços me rodeiam e me apertam trazendo o calor e o conforto que eu precisava. Eu respiro fundo.

— Eu nunca vi alguém ser tão durona, não precisa se segurar Rose, por que você não chora?

—Por que eu não tenho coração.

Dimitri me aperta mais forte.

—Não acredito nisso.

—Eu não vou voltar Dimitri. – Digo. – Você já deve saber sobre Lissa.

Ele respira fundo sem nunca me soltar, eu fecho os olhos sentindo seu doce aroma.  

—Por que você não me contou? – Ele pergunta.

—Por que eu não te conheço.

—Uau, isso doeu.

— Não se preocupe, não verá meu rosto por um longo tempo.

Eu me solto de seus braços contra minha própria vontade e me afasto.

—Do que você está falando? – Ele pergunta. –Se for sobre Jade, eu lhe disse, eu não quero nada com ela, eu gosto de você.

—Não é sobre você, ou Jade, é sobre mim. Tenho assuntos inacabados por aqui.

Pessoas andam ao nosso redor, a cidade está tão movimentada que me sinto até mesmo aconchegada entre essas centenas de estranhos. O olhar de Dimitri permanece em cima de mim, ele me avalia e por fim solta um longo suspiro.

—Você sabe que eu gosto de você. –Ele diz.

Na verdade, eu ficava em dúvida. Dimitri era aquele típico garoto de colégio que gosta de ter sempre a garota mais bonita ao seu lado, carismático, carinhoso e bonzinho ele poderia até ser, mas eu realmente podia confiar em suas palavras? A dor me fez acreditar que confiança é algo que não deve ser compartilhada, e por mais que meu coração doesse em ficar longe dele, eu me recusava a acreditar que gostasse tanto dele assim, meu cérebro continuava enviando-me alertas vermelhos de “DISTÂNCIA” e naquele momento era tudo o que eu faria.

—Eu vou esperar por você. – Ele diz.

Meu coração palpita mais rápida e eu fico sem folego, ele realmente mostrava agora que sentia algo por mim e aquilo me deixava tão feliz capaz de soltar fogos de artificio e iluminar todo o mundo.

—Não espere por mim. –Digo. –Eu não vou esperar por você.

O semblante de Dimitri muda drasticamente, ele parece preocupado e até mesmo um pouco magoado.

—Você está dizendo isso da boca para fora.

—Estou? –Pergunto. –Você não me conhece Dimitri.

Longos segundos se arrastam até que eu prossiga:

— Foi bom conhecer você. Adeus Dimitri.

Mesmo eu lhe dizendo adeus algo no fundo de meu coração me dizia que aquele não seria nosso final. Sem esperar qualquer resposta eu fui embora, reprimi a vontade de olhar para trás por diversas vezes, Dimitri não me seguia, em parte me sentia feliz por isso, todavia não podia conter a decepção, o que estava havendo comigo? Eu já o amava a ponto de sentir sua falta?  Eu não queria esse tipo de sentimento para mim por que eu sabia o quanto o amor podia machucar, e sua falta só iria abrir um espaço em branco em meu coração.

Percebi que estava na rua da casa de meu pai quando já me aproximava de seu portão, haviam dois carros em frente de casa o que me levava a supor que meu pai já estivesse por ali.

Assim que abri a porta fui cercada por diversos pares de braços prontos para me abraçar, meu pai, meus irmãos, minha mãe e até mesmo minha madrasta, não os recusei apenas continuei ali parada como uma pedra recebendo os abraços carinhosos.

—Pai.

Meu pai imediatamente está ao meu lado com uma face preocupada.

—O que foi querida, quer algo?

—Você se importa deu morar aqui com vocês algum tempo?

Meu pai é pego de surpreso pela pergunta, todavia, não enxergo qualquer surpresa no rosto jovem de minha madrasta.

—O que está falando Rosemarie? –Mamãe intervém.

—Quero voltar a morar aqui. –Digo.

—De jeito nenhum. –Diz minha mãe. –Não vou permitir.

— Querida, não acho que isso seja o melhor para você. - Meu pai diz.

—E vocês sabem o que é melhor para mim? –Pergunto. – O melhor para mim é enfrentar a situação e não fugir dela e agir como se nunca tivesse acontecido, até dois dias atrás minha melhor amiga estava morta e enterrada.

A sala é tomada pelo silencio absoluto após minhas palavras, não me arrependo, é minha vida, portanto manipulações não mais serão toleradas, a partir de agora um pouco da velha Rose estava voltando e com ela algum resquício de vingança também.

— Eu não me importaria. –Diz minha madrasta. –Ter mais alguma mulher por aqui vai ser bom.

—É claro que não se importa. –Intervém minha mãe rolando seus olhos.

Eu me aproximo de mamãe e a abraço forte.

—Você ficará bem sem mim? –Pergunto.

Ela nega com a cabeça e eu sorrio.

—Jaspe. –Chamo meu irmão. –Cuide bem da mamãe e da Jade.

Ele sorri de lado enquanto vem me abraçar.

—Pode deixar.

Aquilo não parecia uma despedida, pelo contrário, estava mais próximo das cenas que antigamente eu era obrigada a conviver.

Tudo aquilo rapidamente virava uma página ultrapassada de meu livro de lembranças, e quando me vi já estava deitada na cama novamente lendo a mensagem de despedida de Cassie, tudo voltava a seu lugar, inclusive eu mesma.


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Notas finais do capítulo

Bitch is Back! Gostou? comenta que vai mais treta por ai....