Não se apaixone por mim escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Voltei! voltei!



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Não importa sua idade, importa sua experiência. Quer dizer, eu posso ter dez anos e ser superexperiente em leitura, eu posso já ter lido de tudo no mundo, ninguém poderá dizer o contrário. É assim com o sofrimento, ninguém pode lhe dizer o quanto está doendo, por que o sofrimento é seu, não há como ser medido pelas pessoas que o veem de fora.

Realmente me sinto um pouco extasiada, principalmente quando alguns flashes fazem meus olhos piscarem, mas tudo passa muito rápido, e quando vejo novamente estou sentada em uma cadeira não muito confortável frente a diversas pessoas com olhares duvidosos.

— Senhorita Hathaway?

Tento sorrir para Ewerton, todavia não consigo. Peço silenciosamente para que meu advogado entenda minha situação, felizmente, ele não parece se incomodar com minha vaga recepção.

—Já faz algum tempo. –Ele diz sentando-se ao meu lado. – Como está?

—Estaria melhor se não estivesse aqui. – Digo.

Ele levemente sorri de lado enquanto coloca sua pasta preta sobre a mesa. A história de Ewerton era simples e direta, um jovem advogado – muito talentoso – que fora contratado por meu pai para verbalizar em meu nome no tribunal.

— Se tudo der certo, hoje será seu último dia no tribunal.

—Espero que sim. –Digo.

Os murmúrios aumentam e não preciso olhar para trás para saber o que está acontecendo, tenho experiência suficiente para poder chutar que o acusado entrava no tribunal naquele instante.

—Relaxa. –Murmurou Ewerton.

—Estou relaxada. –Digo. –Super de boa.

Ewerton dá uma risadinha.

— Seu humor voltou.

A imagem de Cassie entrando afobada em meu quarto entra em minha mente e eu sorrio.

—Vai dar tudo certo. –Digo tentando demostrar uma confiança que não sinto por completa.

Eu encaro a parede a minha frente sem hesitar e enquanto faço isso posso sentir os olhos que me encararam hesitantes de todos os lugares, eu respiro fundo e controlo a vontade de chorar, aquilo tudo acontecendo de novo bagunçava minha cabeça e me apresentava alternativas negativas.

—Senhorita Hathaway.

Levanto-me quando meu nome é chamado. O juiz de cabelos escuros e olhar afiado me olha terno, o mesmo olhar de meses atrás.

—Poderia nos dar seu depoimento novamente?

—Protesto meritíssimo. – Ewerton Intervém. – Alego que minha cliente vem passando por esse pesadelo a meses, todos nós já ouvimos sua versão do ocorrido, creio que não há necessidade desta jovem se expor novamente.

—Eu não concordo meritíssimo. – Interrompe o advogado de Christian, tomando a palavra. - As provas colhidas contra meu cliente são apenas substâncias, nada concreto. O mais sensato seria que a senhorita que se alega vitima contasse-nos a história novamente.

— Não temos provas concretas? – Meu advogado rebate. – E O exame que ela fez no hospital? Claramente haviam sinais de agressão e estupro por seu corpo.

—No entanto, não há como provar que o sêmen era de meu cliente.

E cá estávamos nós novamente, lutando a mesma guerra que parecia não ter fim. O grande filho da puta do Christian tinha usado camisinha, e desta forma, foi minha palavra contra a sua. Mesmo eu alegando que era ele, que ele me causou os machucados, não havia nada que pudesse provar pois ele tinha um ótimo álibi, e a metade da escola ao seu lado.

Meses atrás na primeira audiência, os alunos presentes na festa não contaram a verdade. Claramente, muitas pessoas não sabiam, todavia as que sabiam de algo se manterão no silencio, escondidas atrás de seus olhos tristes enquanto observavam a minha caída do céu para o inferno. Naquele momento eu soube exatamente o que já deveria ter aprendido em anos, o silêncio é algo que pode ser comprado.

A notícia vazou na internet, “Garota rica é estuprada em festa. ” As pessoas – mesmo sem me conhecer – me julgaram. Lembro-me bem da sensação de sentir que seu mundo está despedaçado, enquanto eu lutava nos tribunais, meus pais assinavam os papeis do divórcio e minha melhor amiga era enterrada – ou assim eu pensei-. 

— Todas as provas apontam para o senhor Ozera como principal responsável. – Ewerton diz. – Deveríamos poupar a vítima e investir nas informações que conseguimos.

Uma risada irônica é ouvida do outro lado tribunal e eu viro meu rosto para encarar Christian Ozera. Seus olhos escuros contrastantes com seus cabelos da mesma cor são os mesmo de sempre, seu olhar parece irônico, no entanto, posso identificar algo ali, uma centelha de algo que eu vi apenas uma vez na vida vindo dele, medo.

—A culpa não é minha se Rose não consegue ficar de pernas fechadas. –Ele diz em alto e bom som.

Tento permanecer racional, no entanto, antes que ele acabe a frase levanto-me rapidamente e logo estou pulando sobre a mesa em que ele se encontra e lhe socando a cara. Ouço vozes ao fundo, no entanto, eu não paro. Christian tenta se defender, mas o fogo que arde em minhas veias é muito forte para que seja apagado por uma simples gota de água.

Quando conseguem me arrancar de cima de Christian o estrago já está feito, há muito sangue em seu rosto e em sua blusa social branca, um sorriso escapa por meus lábios.

—Vadia! – Ele grita.

— Não vai tentar me agredir Ozera? Há! Perai, verdade, você só pega as garotas quando elas estão bêbadas demais para se defender.

Christian tenta pular em cima de mim, mas há dois policiais o segurando que o fazem sentar novamente.

—Rose, não deveria ter feito isso. –Diz Ewerton. –Mas já que fez, ótimo trabalho.

—Quero ordem nesse tribunal. – Diz o juiz.

O advogado de Christian volta a se pronunciar.

—Meu cliente gostaria de prestar queixa contra a selvageria da senhorita Hathaway.

—Nenhuma queixa será registrada no momento. – O juiz diz.

—Eu protesto. –Continua o advogado.

—Protesto negado. –Contra-ataca o juiz. – Irei considerar o ataque da senhorita Hathaway como defesa pessoal ao ataque moral de seu cliente. Por favor, tragam a última testemunha.

Tento parecer firme, todavia, minhas mãos tremem. Eu olho para trás esperando ver meu pai presente, mas quando meus olhos se encontram com Dimitri meu coração se acelera. O que ele estava fazendo ali? Por que justo ele tinha que estar ali? Dimitri não deveria ver esse lado meu, ele era o único ao qual não merecia ser sugado pela escuridão de meu passado. Volto-me para frente e meus olhos ficam vidrados na garota sentada próxima a mim.

Os cabelos de Lissa estão curtos, acima dos ombros. Seus olhos vidrados em algo na plateia, sem encarar ninguém, ela parece ainda mais pálida do que a meses atrás, quando ela abre a boca meu coração se aquece com saudade de sua voz e raiva ao mesmo tempo.

—Vou lhes contar uma história. A história da garota que tinha tudo e todos, e que foi enganada por nada.


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Notas finais do capítulo

Gente adorei receber tantos comentários! muito obrigada por todo esse apoio que vocês estão me dando, desculpem por não conseguir responder a todos. Mil beijinhos! hey! não esquece de deixar um comentário lindo, okay?