Não se apaixone por mim escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

EITA EITA EITA!



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—Quer mais pão?

Eu encarei a mulher de meu pai sem expressão. Minha madrasta era muito bonita e jovem, eu poderia apostar que era uns cinco anos mais velha que eu pois ainda fazia faculdade.  Em geral, ela estava sendo gentil, e meu pai também, mas eu continuava a mercê de sentimentos deprimentes que me afundavam.

—Não obrigada. –Respondo.

Meu pai toma um pouco de seu café sem me encarar, minha madrasta come mais um pedaço de pão e eu continuo lá, parada.  Meu celular já completamente carregado exibi diversas mensagens não lidas e centenas de ligações perdidas.

—Você deveria ligar para sua mãe. – Meu pai diz.

—Mando uma mensagem depois. –Digo.

Meu celular volta a vibrar com o sinal de novas mensagens, e eu as abro apenas para ver com um pouco de satisfação que Dimitri estava no topo, meu coração se apertou imediatamente. Ele havia beijado minha irmã, o que eu deveria fazer? Eu não podia sequer pensar nisso, tudo parecia muito irreal, e lá estava eu novamente sentindo-me usada.

Sai da mesa sem qualquer desculpa, ninguém me impediu, mas pude sentir seus olhares me acompanhando até onde puderam, eles temiam minha reação e sentiam pena de mim mesmo sem saber o que tinham acontecido. Dentro do quarto me joguei na cama e passei a observar o teto, minha casa em São Paulo costumava ser grande e linda, mas nós a tínhamos vendido e papai havia se mudado com sua nova mulher para esta nova casa. A decoração do quarto de hospedes mesclava uma escolha de cores singular, mas que, no entanto, tinham certa beleza.

Meu celular vibrou novamente e neste exato momento eu tive a certeza que deveria parar de correr e enfrentar o que quer que estivesse por vir de cabeça erguida. Li as mensagens de mamãe, em sua maioria ela surtava perguntando se eu estava bem. Jade pelo contrário só perguntou uma única coisa em dez mensagens “Onde você está? ”, não a respondi. Jaspe derramou preocupação em todas as mensagens, ele estava ameaçando até mesmo chamar a polícia se eu não retornasse suas ligações, tinham também diversas chamadas perdidas de Cassie.

Respirei fundo ao abrir as mensagens de Dimitri, mas por fim, decidi que aquilo era o necessário, e que uma hora ou outra eu deveria fazer.

 

De Dimitri

Rose, por favor, você tem que me escutar. Jade fez isso, foi uma loucura da cabeça dela, onde você está? Por favor, não vá embora, eu estou apaixonado por você.

As mensagens que se seguiram me fizeram querer chorar, mas eu me Conti, as mensagens de voz, as mensagens de texto, as chamadas perdidas, tudo foi apagado do celular e de minha mente.

Acabei pegando no sono novamente e sonhando com Lissa. No sonho estávamos de volta à escola e conversávamos algo sobre uma festa a fantasia, ambas riamos com nossas trocas de sugestões idiotas para roupas. Era tão bom, tão simples do jeito que as coisas aconteciam que por alguns instantes tornei aquilo realidade, por algumas pequenas frações de segundo tudo voltava ao normal, Lissa estava ao meu lado, eu tinha minha família louca de volta e nenhuma violação ao meu corpo tinha sido concluída. Um sonho que foi fragmentado a um pesadelo real.

Me escondi pelo resto do dia e seguidamente pulei as refeições. Quando a noite chegou alguém bateu em minha porta, eu não respondi, permaneci calada encarando o teto e então a porta se abriu sozinha e alguns instantes depois braços pequenos e quentes me cercaram.

—Eu estava tão preocupada com você.

Eu me manti petrificada enquanto Jade derramava algumas lagrimas de alivio, eu não me mexi, e minha respiração por um curto período de tempo cessou para logo em seguida voltar com rapidez.

— A audiência é amanhã, como se sente?

Não respondi pois não possuía vontade, deitei-me de costas para ela fazendo a mesma suspirar em alto e bom som.

—Desculpe pelo lance com Dimitri. –Ela murmura. – Me desculpe por ser uma completa vaca.

Absorvendo meu silêncio ela toma como incentivo para continuar seu desabafo:

—Eu estava tão frustrada comigo mesma, quero dizer, você sempre teve tudo, a popularidade e os amigos sem qualquer preocupação, sempre tudo foi seu, e então nos mudamos de novo e eu achei que era minha hora de ser alguém como você. –Ela suspira. – Eu fui uma pessoa ruim Rose, eu não liguei para o que você disse e eu machuquei o sentimento de várias pessoas. Dimitri foi uma delas, eu tive que chantageá-lo com uma coisa boba sobre sua mãe para que ficasse ao meu lado, mesmo assim, ele sempre estava contigo.

Eu me viro e sento-me na cama.

— Isso não importa agora. –Digo. –Acabou, se havia algo, não existe mais.

—Rose, ele está péssimo.

—Eu não me importo.

—Eu sei que gosta dele, eu sei que se importa.

—Não me importo Jade, cansei de me importar. Porque sempre tenho que me preocupar com os outros quando ninguém se preocupa em não me magoar?

Jade suspira.

—É tudo culpa minha, se eu tivesse deixado as coisas como estavam...

—Não adianta agora. –Replico. –Já foi.

—É culpa é minha Rose. –Ela funga. – Quando você saiu de carro daquele jeito, quando eu te vi ir embora eu senti uma mínima fração do que você deve ter sentido quando perdeu Lissa. Eu pensei que tivesse te perdido tempos atrás, eu sempre achei que não fosse digna o suficiente de ser sua irmã, eu só queria provar que posso ser boa também.

—Você sempre foi a melhor de nós duas Jade.

—Não. –Ela diz. – Eu sou a maçã podre, e estou contaminando você também.

Eu nego com a cabeça e ela prossegue.

—Eu estou tão envergonhada. Eu lembro de nossos últimos dias aqui, eu lembro quando jogaram tomates em você, quando te chamaram de nomes horríveis e quando te culparam por Lissa morrer, eu lembro que em nenhum momento você chorou ou xingou os outros, você apenas ficou lá deriva.

—Isso já passou Jade.

—Não acabou, eu te vi sofrer, cair e se reerguer, mas o primeiro sorriso verdadeiro que você deu depois daquilo não foi para mim, foi para ele.

—Não importa agora.

—Eu preciso te contar algo. – Ela prende a respiração e à solta devagar. – Você vai me odiar depois disso.

Permaneço calada para que prossiga.

—Lissa é prima de Dimitri.

Eu suspiro e assinto afim amente.

—Eu já sabia. –Digo. –Vi uma foto deles juntos.

Os olhos de Jade se enchem de lágrimas quando ela retorna a falar.

— Não é isso Rose, é Lissa, ela está viva.

Permaneço congelada, meu coração batendo a milhão, me sinto gelada por dentro. A sensação é degradante, e pisco diversas vezes tentando entender se aquilo é um sonho, eu engulo em seco, mas não consigo retomar a palavra. Quando minha consciência parece querer voltar a funcionar, pergunto:

—Como?

Lágrimas já escorrem pelo rosto de Jade enquanto ela tenta se explicar.

—Sinto muito não ter lhe contado, sei disso a algum tempo, desde que saímos daqui não lhe contei porque o estado dela era crítico, você já estava tão arrasada, não quis te dar falsas esperanças.

Meus olhos ardem com lágrimas. A situação era fora do normal, como algo assim poderia estar acontecendo? Eu fui em seu enterro, sua mãe chorou ao meu lado, como Lissa, minha Lissa poderia estar viva? E então a questão da mentira me deixava com raiva, Jade naquele momento me enojava, olhando em seus olhos fazia eu me sentir mais culpada ainda, pois quando eu a encarava estava diante de um espelho que me auto refletia.

—Vai embora Jade. –Digo.

—Mas Rose...

—ME DEIXA EM PAZ! – Grito.

Chorando e talvez um pouco assustada por minha reação, minha irmã abandona o quarto.


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Notas finais do capítulo

15 comentários e eu continuo! vamos lá pessoal :3



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