Não se apaixone por mim escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Vem capítulo bom!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/674045/chapter/32

Ele estava em sua terceira taça de vinho.

Eu continuava a comer, ignorando o estranho clima que rondava a mesa como um fantasma. Meus irmãos bebericavam seus refrigerantes olhando para os lados como se na espera para encontrar algo que merecesse suas atenções. Tão iguais.

—A audiência é daqui a duas semanas.

Eu levanto meu olhar ciente de que ele me encara, pisco tentando transparecer calma, tentando mostrar que não estou apavorada por voltar ao olho do furacão.

—Eu vou estar lá com você querida, não precisa se preocupar.

—Tudo bem. – Digo.

—Tudo bem? –Ele pergunta meio incerto.

Eu balanço a cabeça. Ele solta um longo suspiro e sorri.

—Eu estava nervoso por hoje. –Confessa. – Mas eu senti tanta saudade de vocês.

Jade rola os olhos enquanto fala:

—Você que não veio nos visitar.

—Vocês se mudaram a pouco tempo. –Ele diz. –A empresa precisava de minha atenção.

—E Rose não? – Indagou Jaspe.

Meu pai se cala quando vê que não pode ganhar a batalha contra seus três filhos furiosos, estar em uma situação dessas é constrangedor, eu amo meu pai, mas é difícil superar o passado, é difícil esquecer.

Um perdão só vale quando sua alma se liberta, e no momento, as correntes que prendiam a minha eram muito fortes.

—Você ainda está jogando futebol? – Papai pergunta a Jaspe.

Jaspe assente com a cabeça.

—Esse é meu garoto. –Ele diz alegre. – Está cuidando das suas irmãs?

Jaspe levanta uma sobrancelha irônica e sorri enquanto responde:

— Estou fazendo meu trabalho.

Ignorando a alfinetada meu pai continua:

—E minhas garotinhas ainda dançam?

Jade dessa vez sorri animada enquanto responde:

—Estou no grupo de dança da escola.

Meu pai bate palmas.

—Que maravilha minha pequena! Não haviam como te recusar.

Jade sorri.

—Você também entrou Rose?

—Não. –Respondo.

—Por que?

—Me aposentei. –Digo.

—Mas você dançava tão bem.

—Pois é né, olha que pena. –Digo.

Jade começa a desenrolar sua longa tagarelice sobre a escola e sobra sua nova fama e popularidade, percebo muitas vezes meu pai fazendo careta, e sei exatamente o que ele pensa “Ela será como Rose?” essa dúvida paira até mesmo sob minha cabeça. Jade sempre foi a melhor de nós duas, eu não queria de jeito nenhum que ela fosse sugada para um buraco negro como eu.

****

O quarto tinha pouca iluminação, somente o abajur estava acesso. Fechei meus olhos e respirei profundamente.

Quando eu poderia deitar e dormir sem temer qualquer pesadelo? Eu continuava a trilhar esse caminho, fadada a sempre recordar as memórias que eu gostaria de esquecer. Nenhum lagrima desceu por meu rosto desta vez, suspirei de olhos fechados, a dor emocional me consumindo como sempre.

Me concentrando de tal forma eu quase podia sentir a agonia de minhas mãos amarradas, as lágrimas escorrendo por meu rosto e a sala girar pelo alto teor alcoolico ingerido. Eu estava prestes a me levantar quando senti algo deslizando por meu rosto, não era uma lágrima, pelo contrário.

Uma mão fazia carinho em meu rosto, primeiramente congelei e todo o meu corpo se tencionou, eu queria gritar, levantar e empurrar a mão para longe de mim, mas  o toque quente e delicado me fez pensar antes de agir. Eu não gostava que as pessoas me tocassem, mas esse toque era diferente.

Um suspiro.

—Você é tão linda.

Era Dimitri.

Meu coração se acelerou. Ele me acariciava como se eu fosse uma porcelana prestes a quebrar, mal sabia ele, que eu já estava em estilhaços.

Impossibilitada de continuar com os olhos fechados eu os abro devagar. Dimitri recua quando me vê acordada.

—Como entrou no meu quarto? – Pergunto.

Sem tirar os olhos de mim ele responde:

—Escalei a janela.

Eu rolo os olhos enquanto me ajeito para sentar.

—Entrar no quarto de uma garota no meio da noite não é nada educado. –Digo.

Ele ri baixinho enquanto se ajeita sentando no chão, por incrível que parecesse eu não me sentia nervosa com meu vizinho invadindo meu quarto, pelo contrário, eu sentia uma mistura louca de emoções.

— Nunca disse que eu fazia o tipo educadinho. – Ele murmura.

Eu rio.

—Vai embora, se minha mãe te pegar aqui vai ser difícil explicar.

—Não se preocupe. –Ele diz. –Se isso acontecer eu digo que você me obrigou.

—Mas esse é o meu quarto. –Lembro a ele.

—Exatamente, digo que você me obrigou a vir até aqui.

Eu rio e logo coloco a mão na boca para abaixar o som.

—Você é meio doido, não é?

—Estou tentando ser romântico.

—Escalando minha janela no meio da noite como um pervertido?

—Não foi o que Romeu fez?

—Mas eu não sou Julieta.

—Tô sabendo. –Ele diz. –Você é muito mais bonita e irritadinha.

—O que quer dizer com “irritadinha”?

—Tá vendo só? Acabei de falar que você é linda e o que te irrita é eu falar que você é irritadinha!

Eu rolo os olhos e ele ri novamente.

—Vai embora, é sério, já ta tarde.

Dimitri se levanta assentindo. Ele se aproxima da cama e eu chego a prender a respiração por sua aproximação.

— Até a escola. – Ele murmura próximo a mim.

Não sei o que houve comigo. Talvez a aproximação tenha me dado uma grande descarga de adrenalina, no entanto, não creio que tenha muitas justificativas. Eu puxei Dimitri pela camisa e selei meus lábios com os deles. Só percebi o quanto queria aquilo quando a involuntariedade de minhas mãos o fizeram por conta própria.

Fazia tempos que eu não beijava, principalmente daquele jeito.

Pela primeira vez em muito tempo, enquanto eu beijava Dimitri, a única coisa que eu conseguia pensar era em onde suas mãos acariciariam em breve. Eu estava quente, suada e querendo muito mais. De repente me senti uma completa tarada, o que estava acontecendo comigo?

— Desculpa. –Disse assim que nossos lábios se separaram.

Aquela foi a pior lamentação que já pedi, porque na verdade eu não me arrependia nenhum segundo de nada do que tinha feito, e pelo sorriso de meu vizinho, ele sabia disso muito bem.

— Tudo bem. –Ele diz. –Se você não tivesse feito, eu teria.

E seus lábios estavam sobre os meus novamente.

Ele sentou-se ao meu lado na cama e suas mãos tocaram delicadamente meu rosto, minhas mãos voaram para seus cabelos sedosos. Nos separamos novamente.

—Eu tenho que ir. –Ele disse.

—Uhum. –Concordei antes de beija-lo de novo.

Era tão estranho, mas no momento em que nossos lábios se conectavam eu não conseguia mais nos separar. Deus, eu estava enlouquecendo!

—Você precisa ir. –Digo me afastando.

Dimitri abre um lindo sorriso e sem falar mais nenhuma palavra sai pela janela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou? então comenta que vem mais capítulo por ai!