Meus olhos arderam quando os abri,a claridade já iluminava todo o quarto me dando uma completa visão do espaço. Piscando, me assustei quando encontrei Jade sentada ao pé de minha cama, ela mechia no celular parecendo distraída e sorriu quando percebeu que eu olhava pra ela.

—Você estava dormindo tão bem, que não quis te acordar. –Ela diz.

—Tudo bem. O que você está fazendo aqui? –Pergunto.

Jade desvia seus olhos do celular e o guarda no bolso de sua jaqueta preta de couro. Ela parece ter algumas olheiras debaixo dos olhos, e seu nervosismo é evidente. Seu cabelo está perfeitamente arrumado em uma trança lateral, dando-lhe um ar juvenil sem igual, ela sorri, mas sua felicidade não parece ser tanta.

— Você está bem? –Pergunto.

Ela balança a cabeça confirmando e eu inclino meu minha cabeça para o lado direito a avaliando quando a mesma começa a falar:

—Temos que conversar.

—Sobre?

Suas sobrancelhas se enrugam.

—Sobre você estar ajudando Cassie, Rose, por favor não faça isso.

Eu fecho os olhos e volto a me deitar na cama me cobrindo.

—Não finja que não escutou. – Jade diz.

—Jade, eu sei sobre o beijo. Sei também que você nunca faria nada contra sua vontade. –Digo. – Não precisa mentir pra mim, eu te conheço.

Segundos de silêncio se passam e eu estico meu pescoço para encara-la. Ela pisca em minha direção.

—Eu queria que as pessoas gostassem de mim.-Ela murmura.

—Mas elas gostam Jade, você é maravilhosa.

Ela nega com a cabeça.

—Não gostam de mim, eu não sou como você. –Ela diz. –Pra você era tão fácil, um sorriso, uma piada sem graça, e todo mundo era seu amigo. Mas eu? Eu tenho que me esforçar para que os outros gostem de mim.

—Você não precisa fazer isso.  –Digo.

—Essa é a pior mentira que você poderia me contar. –Ela diminui a voz. – Ninguém gosta de ninguém por nada, as pessoas são más, e elas só gostam de você enquanto teem motivo pra gostar.

—Não é bem assim Jade.

Ela se levanta.

—Não quero te atingir Rose, mas se ficar no meu caminho vai ser atropelada.

—Do que você está falando? Você está se ouvindo?

Jade me encara e eu continuo.

—Não vá por esse caminho Jade, eu já o percorri e sei o que tem no final dele.

Ela balança a cabeça.

—Não como você.

Minha irmã sai do quarto e eu respiro profundamente diversas vezes na esperança  de que suas palavras sejam apenas da boca pra fora. Meu corpo pede para que eu permaneça na cama, no entanto, já é hora de levantar para o maravilhoso e preguiçoso domingo que se desenrola acerca de mim. Sento-me na cama com as palavras de Jade bombardeando minha mente, eu podia ver em seus olhos como ela se sentia, mas ela não entendia que quanto mais lutava para fechar suas feridas ela as abria no corpo de outra pessoa?

Levanto-me e ando até o guarda roupa, minha ideia inicial seria dar uma volta no quarteirão para clarear as ideias, ou até mesmo ir visitar meu pai para conversar. Algo atinge minha janela fazendo um estalo e dando-me um susto. Eu caminho até a mesma e rapidamente ela é atingida novamente, é bem rápido, mas posso identificar o que me assusta. Alguém está atirando pedrinhas em minha janela.  Eu abro a janela e as pedrinhas param de chegar, não preciso procurar muito para encontrar o acusado por esta patifaria.

Dimitri acena do outro lado de sua janela e eu rolo os olhos. Ele mostra o celular em sua mão e não entendo muito bem até que meu celular vibra em cima da cabeceira. Eu balanço minha cabeça negativamente  e ele levanta suas mãos como em uma pergunta muda de “Por que?”

Eu dou as costas para janela e pego meu celular abrindo em sua mensagem

“Bom dia!”