Não se apaixone por mim escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 25
Capítulo 25




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—Não precisava ter me seguido igual a uma babá, já sou bem grandinha. –Disse Jade do banco da frente.

A rua parecia correr rápido do outro lado da janela do carro, encostei minha mão no vidro frio e sem encarar Jade a respondi.

— Brigue com a mamãe, não comigo. –Digo. – Por que é tão importante ir a festas como essa?

— Você deveria me entender melhor do que ninguém.

—Deveria?

O silêncio se estabelece no carro, parece frágil e escorregadio e ninguém parece querer quebra-lo até o carro ter que obrigatoriamente parar. Dimitri pigarreia e em seguida sinto seus olhos me encarando pelo espelho retrovisor.

—Não aceite bebidas de estranhos Rose.

Eu tiro meus olhos da rua agora lotada de pessoas para encarar as duas e brilhantes bolas cor de mel que me fitam com um misto de preocupação?

— Tudo bem. –Respondo.

Jade dá uma risada forçada.

—Não se preocupe Dimitri, a última coisa com que tem que se preocupar é com Rose, ela costuma se divertir muito em festa assim. –Diz Jade ao final se virando para mim e lançando uma piscadela.

Apesar de seu comportamento e comentário rude eu não respondi, abri a porta do carro e sai andando sem encara-los.

Meus pés doeram pela falta de familiaridade com saltos, nunca pensei que ficar longe daqueles palitos tortuosos me deixariam triste, mas deixaram. Depois de tudo transcorrer como um pesadelo foi se desfazendo das pequenas coisas, foi retirando as pequenas amarras que eu voltei a respirar normalmente.

Haviam muitas pessoas, e para todos os lados rostos bonitos segurando e oferecendo copos cheios até a boca de bebida, um convite mudo para uma noite sem lembranças. Os olhares foram de meu rosto e pararam em meu corpo, as pessoas olharam uma, duas ou até três vezes para terem certeza de que era eu, eu não sorri, caminhei até um sofá próximo vazio e me sentei. A música estava em seu ápice e eu só queria minha cama e um bom livro.

Alguém se sentou ao meu lado no sofá, sem dar qualquer importância para o feito continuei a observar as pessoas amontoadas na sala de estar da casa dançando ao som ritmado de músicas eletrônicas. O estranho estendeu a mão na minha frente, pisquei algumas vezes encarando o pequeno pacote branco que ele me oferecia até constatar lerda mente o que era aquilo.

Minha mão voou até o pacotinho e o estranho soltou uma risadinha.

— Achei que você ia precisar mais disso do que eu. –Diz Dimitri quando eu coloco o absorvente dentro de minha pequena bolsa.

Não há como evitar a vergonha que se apodera de mim, evito encara-lo momentaneamente e o ignoro, no entanto, meu vizinho irritante parece determinado a me encher.

—Onde está Jade? –Pergunto.

—Conversando com umas amigas. –Ele diz.

Eu rio sem humor.

—Chegamos a menos de um mês, Jade não tem amigas, ela tem colegas.

—Interessante seu modo de pensar. –Ele diz por cima da música alta. – Mas qual o propósito da mudança de estilo?

—Não te interessa.

—Se eu estou perguntando, é porque interessa.

Rolo os olhos.

—Não quero conversar com você. –Digo.

—Eu te deixo entediada?

—Sim.

Dimitri ri e aponta com sua cabeça para frente.

—Aquelas duas garotas que estão ali na frente não parecem compartilhar de sua opinião.

Dou de ombros.

— Então vai lá conversar com elas e para de me encher.

Minha voz saí ríspida.

Dimitri sorri de lado e em seus olhos enxergo uma centelha de desafio, ele se levanta me deixando ali sozinha e caminha até as garotas de peitos turbinados em um enorme decote. Encarei meu vizinho e suas risadas sem qualquer motivo de graça até que ele caminhou com uma das garotas para a pista de dança. Seu sorriso torto da vitória me fez querer quebrar seus lindos dentes sem qualquer motivo iminente, era um grande mistério o porquê deu estar tão chateada e irritada com ele.

Segundos se passaram até que Jade apareceu. Atraindo olhares desejosos ela puxou Dimitri pelo colarinho da camisa, a garota que antes dançava com meu vizinho ficou sem entender quando o mesmo a deixou dançando sozinha e se virou para minha irmã.

Alguém bateu em meu braço.

—Você quer dançar?

O garoto era alto, não tão alto quanto Dimitri, mas o suficiente para fazer eu me sentir baixa. Seus ombros eram largos e apresentavam indícios de alguns músculos, seus cabelos eram mesclas de várias cores o que me fez pensar imediatamente se um unicórnio havia vomitado por ali. Ele sorriu caloroso.

— Sou Elias.

—Sou Rose.

Ele sorri e coloca suas mãos no bolso de uma forma fofa, eu sorrio.

— E então, você quer dançar?

Minha vontade era responder não, não por causa dele, ele parecia ser um projeto de fada bem legal, no entanto, eu não me sentia empolgada o suficiente para dançar. Mas quando retornei a olhar para pista de dança e vi Jade agarrada a Dimitri uma irritação profunda se tornou forte. E sem pensar muito respondi:

—Vamos lá.

O garoto arco íris puxou-me pela mão animado, e ele estava tão empolgado que quase me senti animada.

A batida era enlouquecedora, meu corpo se jogou na música de forma conhecida e familiar. Parecia uma coletânea de minhas músicas favoritas, e aos poucos a animação transbordou. O garoto a minha frente me acompanhava animadamente, ele se aproximou e sussurrou em meu ouvido:

—Divertido, não é?

Meu cérebro viajou e começou a rodar como em uma roda gigante acelerada, no mesmo instante meu corpo congelou. Há algum tempo atrás alguém havia me dito algo semelhante, não fui capaz de refrear as imagens que transcorreram minha mente.

Meus olhos já estavam cheios de lágrimas quando eu abandonei a pista de dança em busca de ar fresco, o garoto arco íris não entendeu nada, mas fiz um sinal para ele ficar onde estava, a última coisa que precisava agora era de plateia.

Sentei na ponta da calçada e sozinha naquela parte olhei para o céu. Uma lágrima escapou e rolou livre pela minha bochecha, eu sentia saudades de algumas coisas na minha vida antiga, mas a maioria delas tinha a capacidade de me despedaçar quando lembradas, sendo assim, eu era obrigada a viver com esse dilema, para viver eu tinha que me machucar.

—O que está fazendo aqui sozinha?

—Pensando.

Dimitri se senta ao meu lado e olha para cima como eu.

—Ele te fez alguma coisa?

—O que?

—O garoto que você estava dançando.

Quase sorrio por sua preocupação, mas me controlo.

— É só isso com o que está preocupado? Você é mesmo um idiota.


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Notas finais do capítulo

Surpresinha pro próximo capítulo! comenta?