Não se apaixone por mim escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Agora as coisas vão ficar quentes!



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Sempre há aquele momento em que a consciência pesa em sua decisão. Ela te arrasta, pisa em você e insiste em martelar na sua cabeça o que você deve fazer para concertar um erro.

Eu continuava extremamente confusa. 

Dois dias depois de conversar com Cassie aqui estava eu, sentada em uma mesa sozinha naquele enorme refeitório lotado. As pessoas passavam por mim sem sequer olhar, era como se eu não existisse, era como eu sempre quis, ficar finalmente invisível e longe dos holofotes, no entanto, porque algo parecia errado? Por que me sentia inquieta e triste?

Jade me encarou do outro lado do refeitório e sorriu acenando em um pedido mudo para que me juntasse a ela, mas ela tinha plena consciência de que eu não faria isso. 

—Temos agora uma Rose 2.0. 

Levanto meu olhar para dar de cara com meu irmão Jaspe, que arrasta uma cadeira e se senta ao meu lado. 

—Não é isso, Jade é melhor do que eu. -Digo enquanto coloco uma batata na boca. 

Jaspe toma seu suco, seus olhos sempre mirando Jade do outro lado do refeitório.

—Então por que quando a olho, só consigo ver sua eu do passado? 

Nego com a cabeça, no entanto, não estou tão certa de que ele esteja errado. Observo as pessoas se amontoarem em seus grupinhos rindo e alto e cochichando coisas bestas, tive inveja. Não foi a muito tempo que eu tinha tudo isso, eu tinha minha liberdade incondicional, minha melhor amiga, uma escola que me idolatrava, mas como eu acabei aqui? Bem, dizem que pessoas só são capazes de fazer ferozmente uma coisa, amar ou odiar, então quando o amor delas por mim murchou, o ódio prevaleceu.  

A porta do refeitório foi aberta mais uma vez, e dessa vez toda se silenciaram. Pude ouvir somente minha respiração e os saltos barulhentos que Cassie usava. A ruiva extremamente corajosa caminhou com os olhares a fulminando até minha mesa com uma maçã na mão. 

—Posso me sentar aqui? - Ela perguntou. 

Não demorou nem um segundo para vir a resposta, no entanto, ela não saiu de minha boca ou da de Jaspe, e sim de Tasha, uma das garotas que costumavam correr atrás de Cassie. 

—Daí daqui vadia, ninguém te quer aqui.

O comentário abriu porta para mais vozes se pronunciarem. O que veio a seguir não foi nada bom. 

Eu pisquei rapidamente quando a cena a minha frente mudou, a garota a minha frente não era mais Cassie, era eu, minha antiga eu. 

Vi minha antiga escola, meus antigos colegas, minha antiga eu.

—Não foi minha culpa. -Minha eu gritou.

Seus cabelos longos estavam perfeitamente arrumando junto a impecável maquiagem que eu lembro de ter passado para encobrir as olheiras por não conseguir dormir.

—Vadia!

—É culpa sua.

—Você deveria morrer.

Lágrimas se acumularam nos meus olhos enquanto eu me olhava, frente a frente. Pisquei novamente e vi Cassie correndo pelo refeitório, sendo acompanhada somente pelas risadas. 

Um garoto colocou o pé na sua frente e a mesma tropeçou, mais risadas. Fechei minhas mãos em punhos. 

Encarei Dimitri do outro lado do refeitório e lhe fuzilei, ele não iria fazer nada? Afinal, Cassie era sua melhor amiga, o que estava acontecendo com todas essas pessoas? 

Levantei da cadeira deixando minhas deliciosas batatas fritas para trás e caminhei até Cassie.

A ruiva estava jogada no chão, sua maquiagem borrada. As pessoas se calaram quando perceberam o que eu faria. Lhe estendi a mão.

—Vamos Cassie. 

Cassie parecia uma pequena criança no meio de diversos tubarões, ela parecia apavorada, e não pude deixar de notar como as semelhanças dela agora para mim alguns meses atrás. 

—Deixa ela no chão garota, não ficou sabendo dos boatos? - Disse o garoto que colocou o pé para ela cair. 

Eu me virei em sua direção, uma necessidade assassinada tomando conta de mim.

— Boatos são só boatos. -Digo. -Por acaso sua mãe não te ensinou a tratar uma dama? 

O garoto acha graça, sua risada irrompe junto as outras pessoas próximas a sua mesa. 

—Dama? Onde? - Ele caçoou.

Ajudei Cassie se levantar e caminhei até ele um instante. Parando bem a sua frente pude ver como era alto, eu não era tão baixinha, mas me senti em desvantagem. Apontei na direção de Cassie sem olhar para trás.

— Cassie é uma dama. -Digo. -Quer saber de outra coisa? 

O garoto ri. 

—Eu não sou. -Digo antes de lhe acertar um soco no meio do nariz. 

O sangue imediatamente respinga em minha blusa bege, o garoto assustado coloca as mãos sobre o nariz e as pessoas parecem em estado catatônico. Minha mãe lateja fortemente, e torço para não ter quebrado. Puxo Cassie pelo braço e saímos do refeitório cheio de burburinho.

Um sentimento nostálgico toma conta de mim, e aí percebo que já é tarde demais para voltar atrás. 

—Voltei Vadias. - Digo. 


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Notas finais do capítulo

Oii amores! como foi a páscoa? bem, bem, comentem! Beijinhos ;0