Não se apaixone por mim escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 11
Capítulo 11




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—Papai ligou hoje.

Meus olhos sairam do prato imediatamente para encarar Jade, não que o fato de meu pai ligar fosse um grande feito, apenas pela pequena surpresa de sua voz ter saido como um pequeno sussurro esganiçado. 

—O que ele disse? -Perguntou Jaspe a encarando um pouco desconfiado.

Mamãe continou a comer normalmente, no silêncio da cozinha escutavamos apenas o som dos seus talheres enquanto ela partia a pizza. 

—Ele disse que virá nos visitar nos próximos dias. -Jade finalmente respondeu.

Pisquei algumas vezes um pouco surpresa, uma pequena felicidade veio a tona, mas eu decidi descarta-la rapidamente.

—O que ele quer aqui? -Pergunto

—Visitar os filhos.

—E quando ele lembrou que tem filhos? -Perguntou Jaspe.

—Não seja tão duro Jaspe. -Repreendeu Jade.

Deus, ela era tão madura! 

Voltei a comer minha pizza normalmente, por mais melancolica que fosse a situação eu ainda estava com apetite. Quando acabei e vi que o assunto "Papai visitando os filhinhos" tinha acabado, decidi que precisava de um pouco de ar.

—Vou lá fora pegar um pouco de ar. -Digo.

—Tudo bem, tome cuidado. -Disse minha mãe.

Enquanto caminhava para fora de casa me permiti ser invadida por algumas lembranças de meu pai, não fazia tanto tempo assim desde que nos vimos pela primeira vez, e ele certamente não era uma má pessoa, com certeza muito dificil de se lidar, mas uma má pessoa de jeito algum.

Não fazia muito tempo que ele havia se casado novamente, no entanto, eu não havia comparecido a sua linda e simples cerimonia, eu estava ocupada demais mofando em meu quarto. Meu querido papai já vinha de berço de ouro, meus falecidos avós eram donos de um grande supermercado na cidade onde moravam, quando morreram, meu pai sendo único filho herdou o supermercado, ampliou a rede e assim as coisas só melhoraram para ele e para nós.

Quando fecho a porta atrás de mim e caminho em direção ao portão já posso sentir a refrescante brisa e isso só melhora assim que coloco o primeiro pé na calçada. Algumas pessoas ainda caminhavam pela rua, não era tão tarde assim na realidade. Suspirei, e decidi sentar um pouco ali na calçada mesmo.

— E então você também gosta de pensar? acho que já deveria ter reparado nisso.

Olhei para meu lado esquerdo vendo meu vizinho irritante sentado no chão, ele não encarava, mas tinha um sorriso no rosto enquanto encarava as pessoas na rua.

—Você está me seguindo? -Pergunto de supetão.

Era incrivel como aquele cara tinha que aparecer em todo o lugar que eu estava. Voltei minha atenção para rua novamente.

—Não estou te seguindo, você não percebeu que eu cheguei primeiro?

—Não importa, essa é a frente da minha casa. -Respondo.

—Uau, você é sempre chata assim, ou guarda isso especialmente pra mim?

Um pequeno sorriso repuxa meus lábios, mas por que diabos eu estava achando graça do que saia da boca desse idiota? eu deveria estar irritada, muito irritada, mas por algum motivo completamente desconhecido eu não estava, e sua presença me deixava mais a vontade, sentia que eu poderia falar qualquer tipo de coisa que ele não ligaria.

—Bem, meu time acabou com o seu hoje na queimada. -Ele comentou. -Me desculpe pela bolada, machucou? 

Minha mão instintivamente foi em direção a minha coxa que havia sido dolorasamente acertada.

—Não machucou.

—Mentirosa. -Ele disse.

—Não estou mentindo. 

—Não queria ter jogado tão forte, sinto muito, você ficou com algum tipo de hematoma?

—Não, eu estou bem, então para de se desculpar. 

Uma risada seca escapou pelos lábios de Dimitri.

—Você é tão estranha, o oposto de Cassie.

Me sinto repentinamente irritada por ser comparada a jovem ruiva, mas não digo nada, volto a me calar e admirar agora o céu azul escuro cheio de estrelas.

Eu fecho meus olhos por alguns segundos novamente, era tão bom sentir esse tipo de calmaria. E então um pingo de água pousou em meu nariz, e em seguida outro e outro. Pelo canto dos olhos vi Dimitri se levantar, e eu apenas fiquei lá, sentada e de olhos fechados enquanto os pingos vinham cada vez mais rápido.

—Levanta garota, você vai acabar ficando resfriada. -Disse Dimitri.

Eu já podia sentir as gotas descendo por minha face e molhando minha roupa, eu de repente me senti leve como nunca antes, o que era estranho, porque era apenas chuva. Eu abri meus olhos.

—Vai pra casa! -Disse Dimitri mais alto por causa da chuva.

Ele não foi embora. Meu vizinho estava parado a alguns centimetros perto de mim observando com cuidado, seu cabelo já estava encharcado assim como sua roupa. Eu me preparei para levantar e dispensa-lo mas meu pé escorregou. 

Eu não caí, Dimitri estava lá me segurando.

Seus braços me envolveram como no dia em que nos conhecemos, ambos molhados, seus olhos estavam sérios, mas como sempre ele continha um sorriso.

—Adoro quando você caí desse jeito. -Murmurou ele.

—Você é um idiota. 

—Você já disse isso, que tal inovar nos apelidos Roza?

—O que é isso?

—O que?

—Do que você me chamou?

O sorriso de Dimitri se ampliou e ele me colocou de pé novamente, eu nem mesmo havia reparado que ainda estava em seus braços. Recuei.

—É o nosso segredo. -Ele disse e piscou.

Eu me virei para entrar em casa confusa demais para responder, ignorando as batidas descompesadas de meu coração. Eu o deixei para trás.

 

POV DIMITRI

Eu nunca tinha visto uma garota sorrir como ela sorriu.

Eu nunca tinha esperado uma garota entrar dentro de casa para ir embora.

Eu nunca tinha me preocupado tanto.

Isso tudo começou quando eu esbarrei nela pela primeira vez. Rose Hathaway tinha algo que eu não sabia o que era, mas que me puxava em sua direção como um imã. Era estranho pensar dessa forma, porque nem mesmo com Cassie eu me sentia assim.

—Querido, você está todo molhado! 

Eu tirei o tênis e o deixei na porta antes de entrar e dar de cara com minha mãe. Nós havimos discutido a não muito tempo atrás quando eu havia descoberto que minha tia Andréia viria passar uns dias conosco.

Eu estava realmente irritado quando descobri que ela viria, segundo minha mãe, minha tia queria uns dias de folga de sua monotona vida, como se minha tia realmente fizesse alguma coisa. Andréia era a irmã mais nova de minha irmã, que tivera a sorte de casar com um homem rico - ou melhor - dar o golpe do baú, já que a mesma havia ficado grávida de minha prima Val.

Minha prima.

Val tinha a mesma idade que eu, nós nos viamos muito pouco desde que eramos crianças, mas eu sempre a amei como uma irmã. Isso até que a mesma virou uma completa estranha e mimada. Val agora estudava em uma escola nos Estados Unidos, e pouco me visitava, mesmo assim, eu me divertia com os cartões postais que ela me mandava vez ou outra. 

—Estou cansado, vou deitar.

—Dimitri, não pode ficar chateado por sua tia vir aqui.

—Mãe, não quero discutir sobre isso, vou dormir.

—Dimitri!

—Eu te amo, até amanhã! -Disse enquanto subia as escadas apressado sabendo que ela não me impediria.

 


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Notas finais do capítulo

Eita Eita Eita! quantos mais comentários tiver, mais capítulos!



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