Amores de Verão escrita por Patty M Lee


Capítulo 2
I - Hyuuga Hinata


Notas iniciais do capítulo

OIEE ❤
Cá estou eu com o primeiro cap da fic ❤ Deixo por aqui meu agradecimento especial as meninas que comentaram e favoritaram ❤
Cap voltado à Hinata.
Booa leitura!!



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A luz do sol irradia pela janela e ilumina o quarto, me cegando por alguns instantes.

Deitada sobre a cama hospitalar, perdo-me observando o vai-e-vem dos enfermeiros. Alguns tem a expressão preocupadas, outros não. De vez em quando, sorriem em minha direção e timidamente, retribuo.

Geralmente, os hospitais tem um clima pesado no ar, e infelizmente, esse não é diferente. Mas estou acostumada.

Desde há muitos anos, anualmente, venho com meu otou-san em busca de um resultado positivo. Até hoje, nunca tivemos. Ele, não perde a esperança, não posso dizer o mesmo de mim.

É o resultado por bater com a porta na cara tantas vezes.

Kurenai, a governanta e a figura mais próxima de uma mãe, entra no quarto e vem em minha direção.

Conheço aquela expressão pensativa oscilante. Ela é tão legível quanto uma água transparente. Seu olhar costumeiro me fita dessa maneira após ela também dar com a cara na porta.

Não é fácil. Nem a mim, nem para eles.

Suspiro baixinho e lhe lanço um sorriso. Também devo ser transparente, pois ela vêm até a mim, posiciona ao meu lado, e afaga meus cabelos carinhosamente.

Fecho os olhos e aprecio os movimentos ternos. Sinto a calma diminuir o ruim que instaurara em meu peito.

Mesmo após anos de convivência, ainda me surpreendo com a facilidade que tem em ler-me.

Seus olhos estranhamente vermelhos tem o dom de me passar segurança. Reparando bem, notá-se as olheiras abaixo dos olhos, acompanhado de um simplório sorriso.

Em algum tempo, no passado, sei que fora uma mulher deslumbrante, e ainda é, mas o avanço da idade lhe trouxe rugas e deixou sua expressão dura. Os cabelos negros presos num coque apertado, e as roupas simples, lhe faz parecer ter mais idade do que realmente tem.

Em linguagens de sinais, pergunto-lhe:

— "Então?"

Ao menos assim, ela não pode ouvir minha voz desanimada.

Já faz anos, que eu mesma, não a ouço.

Kurenai nega com a cabeça, e deixa transparecer sua feição triste.

Isso me atinge, como nas outras vezes. É difícil assimilar, de engolir isso.

Saber que causo tristeza nas pessoas que amo, me arde o peito, faz um nó forma-se em minha garganta e um choro urgente surgir de súbito.

Seria mais fácil se eles deixassem de ter esperança, como eu. Não falar, não é algo horrível assim. Por mais que eu sinta à necessidade às vezes, saudade da minha voz, mas é algo irreversível. Eu sinto que é.

Se compreendessem isso, iria aliviar a sensação de culpa que sinto toda vez que os vejo daquela maneira.

— "Tudo bem, não se preocupa."

Ela sorri, me encorajando. E sei que sua esperança não morreu, pois brilha no seu olhar como chamas.

Kurenai não desiste nunca, ela sempre mantém a esperança quando finalmente acho que se dissipou. Enquanto a queda me derruba, à ela, tem efeito contrário, lhe fortalece.

— Logo iremos encontrar o especialista certo, e então poderemos sair cantando por ai. Gritando, fazendo seu pai se aborrecer. — ela diz calmamente.

E é impossível não se contagiar, sendo um dom que só ela tem.

Confirmo com a cabeça e deixo um largo sorriso brincar em meus lábios, verdadeiramente contente por imaginar tais situações.

Permito-me fechar os olhos enquanto espero meu otou-san vir até nós. O colchão ao meu lado afunda, e sei que, Kurenai, sentou-se ao meu lado. Ela me envolve em braços finos, e o calor deles é capaz de aquecer meu coração. Deixo minha cabeça pousar sobre seu peito, e escuto as batidas incessantes do seu coração.

Em momentos como esse desejo ter minha voz novamente. Para dizer-lhe o quão especial ela é para mim, o quanto um abraço daquele me dá forças. Eu nunca disse nada do tipo por linguagens de sinais, nem por cartas.

Não é a mesma coisa. Pois meu desejo é que ela perceba em minha voz o amor que sinto por ela, como não posso, tento passar essa mensagem através do meu olhar. Às vezes, acho que consigo, outras, eu falho miseravelmente.

Alguns minutos depois, Hiashi, meu otou-san, bate na porta. Mesmo sem olhá-lo, sei que é ele. Seu cheiro é inconfundível. Algo que lembra infância, felicidade, misturada com canela.

Sorrio ainda sem encará-lo, sei o que irei encontrar caso fizer: seu olhar repleto de amor, seu pequeno sorriso. Pequeno no tamanho, grande demais para o líder Hyuuga.

— Vamos, pequena? — ele diz, se aproximando da cama.

Concordo, e espero Kurenai levantá-se, com sua ajuda, fico em pé. Papai vêm até à mim, passa o braço sobre meus ombros e me aperta contra ele.

Caminhamos lentamente até a porta, mas antes de atravessar, paramos e eu olho para trás. Kurenai se enrola ao pegar seus pertences sobre a cadeira, após tê-los em mãos, ela vêm ao nosso encontro.

Seguro sua mão e saímos do quarto. Eu, ostentando um pequeno sorriso contente.

Quem nos visse, facilmente nos confundiria com uma família. Mas não teriam se enganado, caso realmente pensasse.

Não éramos uma família completa pelos laços de sangue, mas sim pelos laços do amor.

+++

Tudo ficava para trás: às crianças brincando na rua, as construções humildes eram substituídas por prédios residências, às vendas por lojas de grifes, chiques voltada à classe alta.

Em compensação, tudo se tornava cinza, silencioso e sem graça. Até o céu parecia mudar, o clima pesar.

Algo dentro de Hinata se apertava com isso, com essa maneira distante.

Ela deixou de prestar atenção no trajeto e apreciou o suave carinho de Kurenai na palma da mão. Seu polegar fazia movimentos giratórios, às vezes, lhe provocava cócegas. Um gesto suave, um carinho que a fazia se sentir especial.

+++

Hiashi lhe abraçou enquanto se distanciavam do carro indo para mansão Hyuuga.

Além deles, duas garotas estavam sentadas no degrau da escada na entrada de casa.

Fôra impossível à Hinata conter o sorriso que formou-se em seus lábios, a saudade lhe fez querer ir até elas correndo, porém não o fez.

Hiashi não aprovaria.

Ambas, ao notarem sua aproximação, se levantaram e foram até os Hyuuga's. As poses respeitosas que ostentam, fez uma gargalhada subir na garganta, todavia, reprimiu-a. Hiashi provocava isso nas pessoas com sua expressão séria.

Um aperto no ombro lhe fez olhá-lo, ele assentiu e a largou rumando para casa, dando privacidade a ela com as amigas.

Hinata o encarou até desaparecer porta adentro.

— Ufa, não iria conseguir segurar o ar por mais tempo. — Ino suspirou, relaxando o corpo.

Ao seu lado, Tenten assentiu.

— Seu pai é assustador, Hime. — completou ela, lhe mandando um olhar pesaroso. — Acho que nunca irei me acostumar com esse jeitão dele.

Revirando os olhos, Hinata enlaçou o braço delas, e as guiou para dentro de casa.

— E como foi lá?

Em resposta, Hinata apenas negou com a cabeça e fitou o chão. Tenten e Ino apertaram sua mão, tal gesto a fez levantar o olhar. O semblante distante que surgiu em sua face ao tocarem no assunto rapidamente sumiu ao vê-las.

Demonstrar fraqueza não era uma opção. Em vez disso, sorriu gentilmente para as duas amigas, camuflante sob o riso o gosto amargo do fracasso.

— Oh, Hina. Sinto muito! — sussurrou Ino, desviando o olhar.

Deixou o silêncio imperar entre elas enquanto entrava no all da mansão, ao passar frente à parede coberto por espelho do chão ao teto, pode vislumbrar de esgueira seu reflexo pequeno e aparentemente, vulnerável.

Desceram alguns poucos degraus indo para a sala. Ao meio, um tapete circular de camurça enfeitava o ambiente sob a mesa de centro de vidro, com o sofa de couro da mesma cor, que fôra posicionado estrategicamente de frente a televisão de última geração e uma estante repleta com vários vulumes de livros dos mais diferentes gostos e escritores. Próximo ao lance de escadas que levava ao andar dos quartos, havia um piano de cor negra e um banco.

Ao sentar no sofá com Tenten e Ino, imediatamente, seu olhar se voltou ao lustre luxuoso pendurado no teto: uma luminária de cristais rosa, que ao movimento, soava um som calmo, quase melódico.

Encarou as amigas quando a dor no peito ameaçou quebrar à barreira do esquecimento.

Em movimentos lentos de linguagem de sinais, declarou com um mínimo sorriso:

— "Eu senti falta de vocês"

— A gente também, Hime.

— Sim — concordou Tenten balançando a cabeça enfaticamente. — Não víamos à hora de você chegar. Foi uma pena ter pedido o último dia no colégio...

Hinata cruzou os braços, ficou em posição de índio, e encostou-se no estofamento macio do sofá querendo mais detalhes.

Gostaria muito de ter participado da despedida, mas Hiashi não permitirá. Entendia seu otou-san. Ele, mais que todos, almejava sua recuperação.

Enquanto Ino e Tenten contava os detalhes do último dia escolar, não deixou de reparar o brilho intenso que pairavam nas orbes castanhas e azuis, nas falas animadas. Quando se deu conta, o papo já tinha ido para o que menos tinha entrosamento: meninos.

Automaticamente, ficou rubra e fitou as mãos.

— O Sai é um tremendo idiota, galinha e um cafajeste...

— Que você adora, Ino — brincou Tenten mandando a loira um sorriso malicioso, fazendo a mesma corar e as palavras cessar.

O sorriso de Hinata alargou e Mitashi gargalhou alto. Ambas saltaram do sofá quando o vermelho no rosto de Ino ficou mais intenso, e as mãos agarradas na almofada, mais agressiva.

Com mestria, Hinata desviou da almofada que a Yamanaka arremessou em sua direção. Apanhou a mesma e mirou na direção dela, que jogava outra em direção à Tenten. Usando força o suficiente para atingi-la, mas não machucá-la, arremessou a atingido bem no rosto.

Tenten gargalhou alto, e o riso contagiou as amigas. As morenas levantaram as mãos em sinal de rendimento e se aproximaram cautelosamente de Ino, que sentava novamente no sofá, agarrando contra o peito a almofada.

— Eu não gosto do Sai. — tornou ao assunto, fazendo Hinata e Tenten trocar olhares. Ino pergou-as no flaga. — É sério. Não como você, Tenten, gosta do Sobrancelhudo...

Hinata arqueou as sobrancelhas, surpresa.

— Eu não gosto daquele, daquele... — seu nervosismo atrapalhava na busca de um xingamento, Hinata notou, sentindo-se boba por não ter notado a paixonite da amiga. — estranho. É, estranho.

Fôra a vez de Ino tirar sarro da amiga, seu divertimento logo cessou diante o olhar raivoso da mesma. No mesmo instante, a atenção de ambas caiu sobre Hinata, que engoliu em seco se encolhendo, ficando ainda menor do que já era.

Ino e Tenten se aproximaram, perto o bastante para tocar a pele de Hinata com o ombro. De esgueira, olhava de uma para outra, nervosa.

— Hime... — o tom masculinizado de Tenten, e as sobrancelhas junto do sorriso de lado lembrou-lhe de alguém.

Ino entrou na brincadeira grudando bochecha contra bochecha em Hinata.

— Minha pequena Hime... — Ela imitou Tenten.

Alguns segundos depois se deu conta de quem elas imitavam: Kiba. Rubra, afastou-se de Ino e levantou do sofá ficando de frente para elas, que gargalhavam, ignorando sua feição séria.

— A gente está brincando... — redimiu-se Ino. — Hime.

— É. — Tenten pulou do sofá, ficando ao lado de Hinata.

Uma movimento na entrada para o outro cômodo atraiu o olhar das três: Kurenai acompanhada de uma serviçal, traziam uma jarra de suco e uma bandeija com sanduíches.

Ver o lanche, lembrou Hinata o quão faminta estava. Ao olhar Ino e Tenten, percebeu que não era a única.

Sorriu de leve.

+++

O relógio marcava 11hr da noite.

No quarto, deitada sobre a cama, Hinata encarava fixamente o teto, mais especificamente, a luminária de cristal. Os pés chacoalhava de lá pra cá, em constante movimento.

À luz fraca dos postes no jardim, adentrava pela janela aberta. Da cama, conseguia visualizar o céu negro repleto de estrelas brilhantes e a lua esbranquiçada. O vento soprou no lado de fora, entrou pela janela e passeou pelo quarto fazendo os cristais do lustre se mover levemente, e um tilintar soar brevemente.

Hinata fechou os olhos, aproveitando o som nostálgico, as lembranças que ameaçava surgir acompanhada do som.

Seu estômago revirou, e um pontada cruel no peito tirou-lhe o ar. Os perolados lacrimejaram. Uma única lágrima escorreu do olho, rapidamente, Hinata secou com à costa da mão. Ela virou-se de lado e encolheu-se em posição fetal.

No corredor de frente do quarto, Hinata ouviu o som de passos. Por um instante, pensou ter sido uma vaga lembrança do passado, mas teve certeza que não ao ver a maçaneta da porta girar e devagar se abrir, dando-lhe a chance de fingir que estava dormindo.

Pelo fresto dos olhos, visualizou Hiashi ir até a janela e fechar. Ele virou-se em sua direção, por minutos, ficou observando-a. Quase sorriu ao vê-lo estendender o edredom sobre seu corpo, e o calor acolhedor abraçar seu corpo, aquecer a dor dilacerante do peito, deixando-a menos machucada.

O colchão afundou-se sob peso dele ao sentar na cama. Hiashi não a encarava mais, e sim a frente, isso lhe permitiu a abrir um pouco mais os olhos.

Desfrutou brevemente do rosto dele centrado, o tronco curvado para frente e a cabeça baixa com os cotovelos apoiados no joelho. Tão informal, diferente da postura firme que sempre mantinha.

Naquele segundo, somente naquele segundo, vendo-o sem o semblante de pai preocupado, homem de negocio, viu o que realmente não notará à tempos. À tristeza que junto dela, ele também sentia.

O tilintar da luminária de crital soou novamente, e num piscar de olhos, Hiashi encarou-o.

Ouvir àquele som também lhe trazia lembranças. Também lhe partia o peito.

Hiashi encarou Hinata e percebeu que a mesma encontrava-se acordada.

Talvez ele já houvesse percebido, pensou Hinata, ao não ver nenhuma surpresa da parte dele.

Encararam-se por longos minutos.

Doeu em Hinata ver as lágrimas se formarem nos olhos de seu otou-san. Doeu perceber o quão ingrata vinha sendo e não perceber e entender que ele também era um ser humano, e não um super pai. Ele sofria, chorava e sentia. Carregava nas costas dele tanto o seu sofrimento quanto o dele.

Fôra difícil segurar às lagrimas, desistiu de tal ideia ao não conter a primeira, seguida de muitas que molharam sua face.

O pelegar de Hiashi enxugou algumas. Hinata fez o mesmo com às dele.

— "Eu sinto saudade dela. Delas." — declarou Hinata, por sinais feitos com as mãos.

Hiashi não precisava de seu tom de voz para perceber a tristeza e a dor que sentia, tudo isso pairava no seu olhar, nas suas lágrimas, no gosto salgado da lembrança da saudade.

— Eu também, filha. Eu também.

+++

Subitamente, o sol da manhã invadiu o quarto e incomodou Hinata, que escondeu-se da claridade debaixo do edredom.

— Hinata? — Hiashi chamou-a.

Estranhando o pai alí, Hinata permitiu-se encarar o excesso de luz para vê-lo. Os flashes da noite anterior passou em sua mente. Ficou com medo de vê-lo daquela forma novamente.

Era fraca, sabia disso. E tinha vergonha por isso.

Mas não fôra isso que virá. Hiashi estava como sempre: firme, forte, e pronto pra tudo. Sentiu-se mais segura.

Sonolenta, sentou-se na cama esfregando os olhos. Olhou o relógio eletrônico na bancada ao lado da cama, e surpreendeu ao ver que era quase a hora do almoço.

Hiashi pigarreou se aproximando da cama.

— Desculpe incomodar. Mas é que... — Ele hesitou por um instante. Hinata arqueou as sobrancelhas, bem mais acordada. — Surgiu um negócio de última hora. — Hiashi sentou-se próximo de Hinata e segurou às mãos dela. — É algo inadiável e muito importante aos negócios.

Hinata sabia que era. Hiashi nunca falava consigo sobre isso. Mas ainda estava confusa, queria dizer para ele prosseguir, queria questionar o porquê daquilo, mas estava impossibilitada.

Sua mudez era um empecilho.

Esperou pacientemente ele prosseguir.

— Eu sei que você queria passar o verão ao lado de suas amigas, mas isso não será possível.

Hinata piscou os olhos uma, duas, e só na terceira vez as palavras do pai fizera sentido. Ela mordeu o lábio inferior com força, evitando olhar nos olhos de Hiashi.

Após alguns segundos cedidos para Hinata assimilar as palavras de Hiashi, ele tornou a falar num tom culpado:

— Amanhã vamos partir. — Ele retirou do bolso interno do paleto e mostrou dois bilhetes que segurava.

Duas passagens de trem para Nova Caillen: uma ilha tropical no pais vizinho.

Ao vê-las, os perolados adquiriram um brilho mais intenso. Àquele local era especial, ao ponto de acelerar as batidas no coração dela.

Hinata deixou de lado a decepção pela notícia, e permitiu-se se empolgar um pouco.

+++

As enomes malas de viagem iam sendo colocadas no carro pelo motorista.

Hiashi a esperava no banco traseiro, mas sua atenção estava focado no notebook sobre seu colo. Hinata tentou não se incomodar com a falta de consideração dele.

O coração parecia que iria estourar de tão apertado que estava, até parecia que iria embora. Ver Kurenai ali, saber que ficaria longe dela, lhe causava um mal estar.

Fôra impossível não lagrimar ao se despedir dela. O abraço acolhedor podia ser sentido mesmo após se separarem.

Gravou-a em sua mente após olhá-la pela última vez, sentia que era importante fazer isso. Hinata esboçou um leve sorriso entrando no carro, sentando ao lado de Hiashi, que colocou o notebook de lado e a encarou.

Ela sentiu-se envergonhada pelas lágrimas e anotou mentalmente, que isso deveria ser evitado.

Mesmo sendo fraca, deveria mostrar o contrário, parecia errado demais se mostrar assim diante dele. Colocar mais peso sobre ele. A última coisa que queria, era ser um fardo.

Impulsiva, Hinata quebrou a distância entre eles, e o abraçou, pousando a cabeça sobre o peito dele. Aproveitou o carinho no topo da cabeça ao longo do trajeto até o aeroporto.

+++

No último vagão da locomotiva, cada minimo detalhe esculpida à mãos: formas negras gravada no prata do metal lembravam tribais, disforme e com vários pontos soltos ocupavam todo o complexo do chão ao teto. Os móveis preservados de séculos passado dava um charme à mais.

Ao fundo, possuía um mini bar com diversas garrafas de bebidas caras e dos mais diferentes gostos e sabores. No centro do vagão, uma mesa redonda para duas pessoas com um vaso de tulipa de enfeites. Sobre a planície, doces e salgados para a comodidade dos ocupantes.

Hinata não prestava atenção nisso, mas no cenário à fora.

Com as mãos espalmadas no vidro, a boca semiaberta, os perolas deslumbrava cada detalhe deixado para trás.

À velocidade razoável da locomotiva lhe permitia registrar às belezas da natureza. O sol da tarde perdia a intensidade, às diversas montanhas ao fundo se tornava ainda menor, mas às árvores de ambos lados do trilho tornava mais denso. Em algumas falhas nelas, podia se ver o riacho descendo a serra, cachoeiras perdida no amplo campo selvagem.

Tudo era tão lindo, tão vivo... Tão irreal para ser verdade.

Hinata arregalou os olhos ao ver entre a mata uma raposa peluda, que encarava a locomotiva sumir à frente. Encarou Hiashi, pensando em chamá-lo para lhe fazer companhia, mas o mesmo se mostrava centrado numa pilha de papeis sobre o colo.

Suspirando pesadamente, Hinata tornou a encarar o lado de fora. De repente, não era mais tão encantador. Não sentiu nada nem quando a locomotiva deixou o rochedos para trás e a locomotiva adentro o mar pelo trilho.

Talvez não estivesse prestando atenção, talvez não fizesse mais questão.

+++

Um som alto soou pelo vagão seguido de um tranco e o trem começou a perder a velocidade.

Nesse instante, Hiashi tirou os olhos do papel que lia e encarou Hinata, encolhida na poltrona com o olhar baixo.

Ela sentiu o olhar dele sobre si, mas nada fez. Ouviu os passos dele vindo em sua direção e ergueu o rosto, mas não olhou-o, mas sim a estação final da Ilha Nova Caillen, que estava repleta de gente, que saía dos vagões à frente.

As vozes, sons de passos lhe distraía.

Hinata ergueu-se ficando de pé sobre a poltrona e pôs a cabeça pra fora da janela. O vento leve bagunça seu cabelo, lhe arrancando um pequeno sorriso.

No vagão da frente, as vozes se tornaram mais fortes. A gritaria lhe fez encarar o grupo de pessoas com mais interesse, assim como Hinata, as pessoas envolta dos autores da gritaria pararam o que faziam e os olharam.

Dois homens grande uniformizados seguravam dois garotos pelo colarinho. Hinata arregalou os olhos ao vê-los serem jogados no chão com brutalidade. O som de vozes no local lhe impossibilitava de ouvir, mas pelas faces de ambos: um loiro de cabelos arrepiados e roupas comuns, e um garoto de pele pálida e cabelos negros igualmente comum, a queda fôra dolorida.

— Arruaceiros. — Hiashi exclamou com desprezo olhando-os friamente.

Hinata olhou ele por um instante e tornou a olhar os garotos, que abriam espaço entre as pessoas na estação desaparendo da sua vista.

— Vamos, Hinata. — chamou Hiashi.

Ela apenas assentiu, mas sequer mexeu-se do lugar.


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Notas finais do capítulo

Então ficamos por aqui. Espero que tenham gostado ❤
Quem quiser comentar, fique à vontade. Ficarei muito feliz em recebê-los. Até a próxima ❤
B E I J O S :V



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