InFamous: Sombras do Passado escrita por Stravinsky


Capítulo 10
Você quer a verdade, Delsin Rowe?




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Pensamentos diversos passaram na cabeça de Delsin. Ele iria admitir tudo hoje. Pelo menos pretendia. Finalmente admitir que amava aquela militar chata. Amava, gostava era pouco. Ele queria estar com ela todos os dias, a proteger de quem quisesse a machucar e poder mostrar a Fetch que nem todos os militares são malvados. Tess era agressiva por fora, mas por dentro, parecia um algodão. E por algum motivo, ela teve que se tornar assim e o condutor estava disposto a descobrir, a aceitar do jeito que ela era e a ajudar. Tudo dependia de sua reação agora. Quando ele atravessou a lareira em pedaços, percebeu que não haveria volta, vendo que a sala de estar estava muito quieta. Os vidros novos brilhavam com o toque do sol, dando um bom ar ao local, junto com a cor nova da parede.

         - Hã... Doutor? Tess? - a voz do condutor ecoava na sala. - Alguém em casa?

Ele percebe que havia um papel com seu nome em cima da mesa e vai até o objeto. Era um bilhete do doutor.

         “Delsin, meus colegas me chamaram para o laboratório. Algum experimento passou do ponto e eu vou precisar ficar mais tempo no trabalho. Se precisar de algo para comer, há comida na dispensa e na geladeira. Enquanto eu escrevia isso, Tess estava dormindo e duvido que acorde tão cedo. Por favor, não a deixe dormir até tarde. Vou tentar voltar para casa o mais rápido possível. N.”

O condutor riu da letra que o doutor havia posto, simbolizando seu nome e pega o papel, colocando em um dos bolsos do colete. Delsin resolve ir atrás de Tess, para ver se a garota estava realmente dormindo e talvez a acordar. A porta do quarto estava aberta, com as cortinas impedindo o sol de entrar pela janela e o perfume de Tess vinha ao corredor, fazendo Delsin sentir aquele incrível aroma doce que ele tanto adorava. Até mais do que o perfume de Fetch. A militar dormia em cima do notebook ligado, tendo vários arquivos abertos, mas parecia estar em sono profundo e nem ter notado a chegada de Delsin ao quarto.

         - Olha, quando seu pai disse que você estava dormindo, não pensei nisso. - rindo, o condutor deita a garota em seus braços, a pegando no colo. - Ok, dorminhoca, vou te levar para a cama.

Ao beijar a garota na testa, Tess acaba acordando e tentando se situar, percebendo que estava nos braços de alguém, ela dá um soco na cara de Delsin, que cai no chão de costas.

         - Maldição, Tess! - Delsin apertou o lugar do soco, tentando ver se não sangrava e pelo menos não sentindo muita dor. - Meu Deus, qual é seu problema?

         - Eu te pergunto! Porque você... - a garota tenta levantar, mas uma forte dor nas costas a impede de se mexer e a interrompe. - Ah, maldição...

         - Você está bem? - o condutor vê que seu rosto estava bem, sem sangrar e percebe que a garota havia caído de costas no chão. Ele puxou a garota pelo braço, ouviu seu grito de dor e a colocou em seus braços novamente. - Só tenta não me socar de novo...

Ele a coloca na cama e se senta na cadeira do notebook, esperando que Tess se recuperasse da queda e percebendo que o aparelho ainda estava ligado. Enquanto a garota soltou mais alguns palavrões por causa das dores, Delsin se virou para ver o que ela fazia antes de dormir e viu várias noticias suas sobre a luta dele contra o D.U.P. há três meses atrás.

         - Então você queria saber o que eu fazia com a Augustine? - o condutor leu algumas das reportagens.

         - O que? - enquanto massageava as costas, ela vê Delsin lendo as noticias que havia aberto algumas horas atrás. - Ei, pára de olhar isso! - ela se levanta rápido e fecha o notebook na cara do condutor, quase caindo no chão por causa da dor. - Eu achava que você vinha me fazer companhia, não me sequestrar enquanto eu durmo.

         - Ei! Sequestrar já é demais! - o condutor se levanta rápido da cadeira, encarando Tess e percebendo que não havia mais a possibilidade de fazer seu plano. - Você estava dormindo em cima do seu notebook e eu resolvi te tirar desse lugar, lhe colocando na cama!

         - Bom, você fez errado! - ela se encosta na parede e volta a massagear as costas. - Que maldição...

Delsin se sentiu meio mal por Tess e resolveu dar um tempo a garota, indo em direção a janela para ver o jardim que estava voltando a ser bonito novamente. Foi quando algo aconteceu. Um soldado militar pulou a cerca e entrou ao jardim, observando o lugar. Delsin se escondeu do lado da janela, tentando ver o que aquele soldado iria fazer, analisando o lugar e mexendo na arma. O condutor não havia gostado daquilo. Ele sai do quarto e devagar, desce as escadas, não querendo chamar a atenção do novo convidado.

         - Delsin? - Tess percebeu quando o condutor desceu o estranhou. - Delsin, o que você vai fazer?

Ele olha a porta para o jardim, vendo que o soldado estava de costas, falando com alguém por um rádio. Tess vai descendo as escadas, vendo que o condutor estava parado na porta, observando algo.

         - O que você está fazendo? - Tess observa o condutor olhar a janela.

         - Tem algo acontecendo.

         - O que? Como assim? O que você...

Delsin a puxa para a parede, cobrindo sua boca e podendo se ouvir alguns sons de rádios, em uma grande frequência. Não era apenas um militar. Vendo que Tess já havia entendido que estava com companhia na casa, Delsin se afasta e olha para todos os lados. Alguém bate na porta da frente. Tess dá alguns passos para a frente, até que Delsin a segura pelo pulso e balança a cabeça de leve. Novamente a batida na porta. O condutor puxa a garota para trás, ficando em seu caminho e a protegendo. Mais uma vez alguém bate na porta. Preparando a fumaça e fechando o punho com força, Delsin, com Tess atrás, vai se aproximando da porta e esperando algo. Fica um silêncio no local, nem mesmo os rádios eram ouvidos. Do nada, a porta é chutada com força.

         - Hã... Delsin?

         - Fica atrás de mim!

Sendo chutada mais duas vezes, a porta é aberta em um grande estrondo e um militar armado entra na sala. Imediatamente, Delsin solta um míssil de fumaça que derruba o soldado para fora e dando a visão de vários outros na frente dos apartamentos.

         - É Delsin Rowe! - um dos militares gritou para seus colegas.

         - Os militares? - Delsin estava confuso. - Porque os militares estão invadindo?

         - Eles nos acharam novamente! - Tess parecia desesperada. - Maldição! Eu esqueci de ouvir a frequência de novo!

         - O que? Como assim nos acharam novamente? Que frequência é essa? Eles estão atrás de você?!

         - Mais tarde eu explico! - Tess corre para o armário que havia no corredor, o vasculha e tira uma AK-47 de dentro. - Ainda bem que o pai deixou aqui!

         - Ei! Isso é...

         - Você vai ajudar ou não?

         - Pode apostar que sim! - ele volta para a porta da frente. - Eu cubro a frente da casa, você fica com os fundos!

Imediatamente, os soldados começam a invadir o local, procurando Delsin ou Tess, fazendo o condutor atirar com a fumaça, os jogando no chão, enquanto Tess atirava nos outros que pulavam a cerca e iam para o jardim. Teve momentos que Delsin acabou ajudando Tess a eliminar alguns soldados, o que lhe rendeu caras feias da garota, mas lhe garantiu a proteção que ele tanto queria. Quando estava no fim do estoque da fumaça e Tess tinha os últimos cartuchos da arma, o som de um megafone sendo ligado é ouvido.

         - Eu peço a calma de todos! - um homem parecia nervoso ao falar no megafone. - Delsin Rowe, sabemos que você está ai dentro e que matou vários de nossos soldados! Estamos mandando dois de nossos soldados para recolher os corpos de quem estiver ai dentro! Se tiver algo contra, diga logo!

Delsin olhou para Tess, que balançava a cabeça positivamente. Foi quando os soldados entraram no apartamento, se mostrando desarmados, indo em direção ao corpos dos colegas e o condutor empurra a garota para suas costas, impedindo que os militares se aproximassem dela.

Durou cerca de uma hora e logo depois disso, os militares sumiram da rua, provavelmente teriam voltado ao Obelisco Espacial e Delsin havia os alertado. Seattle estava sob sua proteção e dos condutores, qualquer movimento que ameaçasse alguém, ele iria defender e principalmente fosse seus amigos ou Tess e Nicholas. Tess coloca a arma nas costas, fecha e tranca a porta, enquanto Delsin a observava. Após isso, ela voltou para o corredor e guardou a arma no fundo do guarda-roupa, se sentando na escada e suspirou. Eles haviam sido atacados e Delsin havia entrado no jogo, agora ele podia saber de tudo, mesmo não querendo entrar nesse assunto no momento. O condutor coloca a mão no ombro da militar e espera ela o olhar.

         - Eu posso saber o que acabou de acontecer? - ele perguntou.

         - Batida militar, eles fazem isso quando procuram algo ou alguém na cidade. - Tess afasta o olhar de Delsin, tentando ganhar tempo. - E provavelmente, estavam atrás de mim.

         - E eu já posso saber porque?

         - Isso ainda não é da sua conta, Delsin.

         - Não é da minha conta?! Não é da minha conta?! - o condutor estava irritado, chamando o olhar de Tess. - Coisas estranhas aconteceram desde que nós nos conhecemos e eu praticamente ignorei! Como o fato de você não querer apertar minha mão no dia em que nós nos conhecemos, o arranhado da sua mão ter sumido em menos de cinco minutos, após a nossa dança, você e eu passamos mal e depois eu tinha perdido meus poderes temporariamente e agora com o fato de que fomos atacados por uma tropa militar! Eles atiraram em mim, pelo amor de Deus, garota!

         - Não é muito diferente de três meses atrás, não é?

         - Só que dessa vez eles queriam me matar, não me prender! Porque agora eu estou associado com algum crime que você e seu pai tem com os militares, sendo que vocês dois são um deles!

         - Crime? Não me venha com crime! Quem fez um crime grande foi você, tendo acabado com o D.U.P. aqui em Seattle! Você não sabe de nada!

         - E não sei mesmo! Eu entrei no seu jogo e acho que agora eu tenho direito de saber. Ou será que você prefere que eu vá falar com o Ben ou seu pai, para dizer que fui atacado por um esquadrão de militares e pedir para que falem tudo?

Ambos se encararam por um longo tempo, fazendo Tess pensar bem em suas palavras. Agora, ambos haviam voltado a mesma situação de semanas atrás, onde eram totalmente desconhecidos e odiavam um ao outro. Não pareciam agora o casal apaixonado que eram para ser e que queriam ser. Não havia mais como esconder tudo de Delsin. A garota suspira negativamente, fica de pé e mexe no cabelo.

         - Você quer a verdade, Delsin Rowe? Muito bem, eu vou lhe contar a verdade. Eu sou uma condutora.

Delsin fica em choque, tentando entender.


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