Just Another Summer Love escrita por IsaW


Capítulo 15
For Her


Notas iniciais do capítulo

Tá legal, eu não tenho desculpas.
Passei por um período bem difícil no final do ano passado, e no começo de 2017 não me senti no clima para voltar a "ver" Connor.
Hoje, minha inspiração bateu na porta e pediu para entrar. Espero que ainda estejam comigo ♥
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673832/chapter/15

No dia seguinte, acordo um caco. Não consigo levantar minhas pernas da cama para alcançar o celular e desligar o despertador, e sinto que meu rosto queima como brasa. Sentia-me resfriada. Não sei de onde veio a voz para chamar Natalie, mas consigo convencê-la de aceitar que eu fique em casa ao invés de ir para o colégio. O dia, além de tudo, estava frio, úmido e cheio de nuvens, típico de um semi-outono em Toronto.

Só consigo sair da cama depois das 10, quando percebo que ia acabar ficando por ali o dia todo se não o fizesse. Antes que minha mente se focasse inteiramente nisso, lembro-me da noite anterior, tão vividamente que parecia estar revivendo cada detalhe médico mencionado pelo Dr.Vincent.

~flashback

O médico passava os dedos finos pela barba por-fazer, gesticulando calmamente com a mão livre, às vezes tocando no estetoscópio pendurado em seu pescoço como se quisesse se certificar que ele ainda estava ali.

—É uma fístula no intestino. –Ele dissera. - Fica bem no finalzinho do estômago e começo do intestino delgado. Não tem com o que se preocupar, não é nada muito grave. -Ele deu uma pausa para ouvir os suspiros de alivio da Sra. Jacobs, mas eu permaneci em meu silêncio ignorante, pois a ênfase que o médico deu em muito não me pareceu um sinal bom. – Foi por isso que ele teve um refluxo de comida, justamente com o sangue que a fístula liberou. –Dr. Vincent pairou brevemente seu olhar sobre Connor.- Não tem nada de errado com ele, são apenas... consequências, ou sequelas da cirurgia de remoção parcial do intestino que ele fizera há algumas semanas. Apesar disso, gostaria que ele ficasse sob minha observação por uma semana, se concordarem. –ele juntou suas mãos sobre o abdômen e sorriu para todos que estavam presentes na sala.

Sr e Sra. Jacobs concordaram quase que instantaneamente, depois pedindo alguns detalhes da cirurgia de remoção dessa fístula, recebendo um olhar sensato de Dr. Vincent como resposta. O que eu não estava entendendo em tudo aquilo era: o que diabos Liam Jacobs têm, afinal? Quando voltamos para a sala de espera há alguns minutos, Connor e eu passamos por duas enfermeiras, as quais falavam sobre Liam. Não creio que meu vizinho tenha prestado atenção no que elas diziam, mas eu certamente prestei. Ou pelo menos, acho que prestei.

—Estou achando que tenha sido por causa das quimioterapias. –A moça mais gordinha dizia baixo. - Não sei se ele consegue aguentar tantas doses do líquido... Ele só tem oito anos!

A outra enfermeira balançou a cabeça, franzindo a testa.

— Pobre menino...

E então surge a questão: Liam está passando pelo quê? Como ele pode ter uma fístula no intestino por conta da remoção parcial do mesmo, e simultaneamente estar sofrendo rejeições do corpo por causa do tratamento? Talvez isso tudo não passava de uma segunda má compreensão, dessa vez sobre a conversa das enfermeiras. Minha cabeça começava a pesar com tantas perguntas, dúvidas e preocupação. Os Jacobs’ se tornaram uma parte tão importante de minha vida nos últimos meses, que eu me sentia tão preocupada quanto eles. E bem no meio de todos esses problemas, preocupações e perguntas, lá estava a faísca especial de Connor Jacobs, fazendo seu papel em tomar minha mente para si.

~flashback off

>

Riley havia chego há quase uma hora.

Passei a manhã toda na cama, decidindo não me levantar até a hora do almoço. Assim que Ry saiu da escola, me ligou perguntando o que havia acontecido, por conta de meu costume de não faltar às aulas. Mal precisei me explicar, pois quando comecei a falar, me engasguei com a palavra “doente” e minha tosse não quis mais parar. Ouvi Riley rir do outro lado, dizendo que passaria em casa ás 2 para me ajudar com as matérias perdidas. Mesmo sabendo que no fundo, eu já tinha certeza de que esse não era o motivo para ela vir me ver.

—Como você está? – Ela perguntou, assim que abriu o pacote de salgadinhos que comprara no caminho para cá.

—Acho que depois de alguns dias de remédio, posso voltar a andar –dei uma risadinha baixa.

Riley revirou os olhos em um sorriso e levantou o cobertor que me aquecia para se sentar ao meu lado.

—Bela... –ela insistiu, lançando-me o mesmo olhar preocupado que estampava seu rosto há quase uma semana.

Acho que não queria falar sobre aquilo tão cedo.

—Sinceramente, Ry, eu não sei como me sinto. Não sei mais o que fazer, no que pensar...entende? Eu simplesmente não sei. E não quero falar sobre isso...

Minha voz deve ter saído com aquele tremor de um pré-choro, pois logo depois que soltei a última sílaba, ela já sacudiu a cabeça de um lado para o outro.

—Tá legal, chega disso. Vamos mudar de assunto. Como está o Connor?

Me remexi, secando com os dedos os vestígios de lágrimas que acabaram escapando.

—Não entendi como isso faz parte do “mudar de assunto. ” –Eu franzo minha testa.

—Você sabe do que eu estou falando... –Ela deu seu sorriso torto. AQUELE sorriso torto.

—Ah, Riley, eu já te disse que ...-

—Ahhh, mas eu juro que se você disser que são só amigos, eu vou até o outro lado da rua perguntar qual o lado da história dele. –Ela apontou para a porta com uma risada um pouco escandalosa.

Tentei me manter séria para evitar o assunto, mas acabei cedendo à sua risada.

—Eu não entendo o que eu sinto –eu disse, dando de ombros – É muito esquisito, Ry. Não é nada parecido com o que eu sentia por William, entende? É complicado.

Riley se endireita no sofá e puxa a coberta para as pernas, depois me lançando seu olhar duvidoso.

—Você não tá falando sério, né? –Ela dá seu sorriso torto. –Essa é fácil demais! Você está apaixonada, Isabela! Eu não sei como você não percebeu isso ainda, juro. Ele ama você, amiga... e você ama ele. Só resta você conseguir reconhecer isso.

Riley percebe meu olhar vago, e continua:

—Vocês dois têm que esquecer o passado e investir no futuro. Com a faculdade vindo aí, vocês não têm muito tempo... –Ela solta uma risadinha, mas eu permaneço séria.

—Riley, eu... eu não sei se o que eu sinto é paixão. –Era a primeira vez que eu admitia isso para mim mesma. E fazer isso em frente à Riley, pareceu me dar forças para enfrentar meus sentimentos. – Eu o amo. –Meus ombros se aliviaram, - Eu o amo Ry, eu reconheço isso. Mas sinceramente, não sei a que ponto esse amor chega, sabe? Connor se tornou meu melhor amigo em menos de meses, e acho que faria qualquer coisa por ele. – Eu suspiro.- Mas isso não é nada parecido com o que eu sentia por William... Connor só me faz sentir... esquisita.  Nós duas sabemos que eu já me apaixonei uma vez, por Will. Sofri com nosso término, e foi assim que eu soube que eu realmente o amava. O que sinto por Connor não chega a isso... eu acho que só... estou confusa.

Riley suspira, me puxando para um abraço quente.

—Vocês ainda vão se entender, tudo bem? Eu sei que é confuso, mas o que vocês dois têm... eu nunca vi nada parecido. –Ela murmura em meu ouvido, em seguida dando um beijinho em minha bochecha.- Estou aqui por você.

Antes que eu pudesse abrir meu sorriso, ouvimos batidas firmes na porta. E nós duas já sabíamos de quem se tratava.

—Ai... Meu... –

Antes que Ry desse um grito, eu pulo do sofá e jogo o cobertor para ela.

—O que eu faço!?

—Vai atender logo, pelo amor de...

Ouvimos mais uma batida na porta.

Riley pula para trás do sofá e tampa a boca com o cobertor, escondendo suas risadas abafadas.

Eu vou até a porta mordendo o lábio em um sorriso. E sério, mas que droga, por que essas coisas têm que acontecer justo comigo?

Abri a porta em um movimento rápido demais, e Connor levanta seus olhos para encontrar os meus.

Hey... –eu digo, sorrindo.

Ele me analisa com os olhos, e então franze a testa.

—Ah, droga, eu sabia que devia ter vindo mais tarde...

Baixo meus olhos para perceber que ainda usava meu pijama.

—Ah! Não! Quer dizer, eu já estava acordada. Só estava... assistindo TV. –Eu me enrolo toda com as palavras e me contenho para não dar risada dessa situação mais-que-cômica.

Connor dá seu sorriso de lado, obviamente suspeitando de minhas desculpas bobas.

—Espero que não se importe, mas roubei essa rosa do seu jardim. – Ele dá uma risada leve. Connor estava rindo pela primeira vez desde o incidente com Liam. E isso me fez sorrir.

—Você literalmente roubou uma rosa do meu jardim para me dar? – Eu desço os olhos para a flor aveludada que ele tinha em mãos. A coloração de seus dedos denunciava seu crime claramente.

Connor dá de ombros.

—Não tive tempo de pensar em mais nada. Aconselho que pense que eu a comprei, seria de maior cavalheirismo da minha parte. –Ele entrega a flor para mim e bate as mãos nas jeans, expulsando o pó de terra que grudava em seus dedos. –Aliás, suas flores estão lindas.

Eu sorrio, girando o caule da flor que segurava.

—Obrigada.

—Olha, eu vim aqui só para te... –

—Connor, eu juro que se você disser que veio para me agradecer mais uma vez, eu bato a porta na sua cara.

Meu vizinho passa as mãos pelo cabelo. Só percebo agora, mas seus fios parecem estar mais longos. E isso o deixa mais atraente.

—Eu ia dizer que vim para te ver, mas já que mencionou... – Ele dá de ombros, brincalhão.

Era impossível não perceber que ele estava mais feliz que o esperado.

—Tenho notícias. –Ele diz, ao respirar fundo, antes que eu pudesse dizer algo. –Liam já está a caminho da cirurgia para a remoção da fístula e disse que está se sentindo muito bem.

—Jura? Que ótimo, Connor! –Abro meu melhor sorriso para ele. Quero o abraçar, mas cruzo os braços para me conter.

—Ele disse que não vê a hora de voltar para a escola e rever os amigos dele. –Ele dá uma olhada ao redor da varanda, depois voltando os olhos para mim. Sinto a vontade de chamá-lo para entrar subir pela garganta, mas me lembro de Riley agachada atrás do sofá e começo a imaginá-la rindo da minha cara e se divertindo com meu desconforto. –Falando nisso, por que faltou ás aulas hoje? Tá tudo bem?

—Ah, sim, estou bem. Quer dizer, é só... –Não consigo conter um espirro, que escolheu sair na pior hora de todas. –Desculpe.

Connor dá risada.

—Saúde. E acho que já entendi o seu “tudo bem”. –Ele coloca as mãos no bolso das jeans. –Melhoras, ok?

—Obrigada. –Eu agradeço, com a voz rouca. Imediatamente coro.

—Te vejo amanhã. –Ele dá mais uma risadinha baixa, e se vira para descer os degraus.

Fecho a porta com um baque, e começo a dar risada de mim mesma. Riley sai de trás do sofá e se joga no tapete da sala, segurando a barriga de tanto rir.

—Puta merda, Bela, você é a menina mais azarada que eu conheço no mundo! –Ela solta o palavrão e logo em seguida cobre a boca para conter as risadas.

—Eu não acredito que eu espirrei bem nessa hora. –Eu solto, fungando, e soltando mais uma risada. –Eu me odeio.

Continuamos rindo até nossas barrigas não aguentarem mais. Terminamos nossa “tarde de estudos” abrindo o pacote de salgadinhos que Ry havia trazido, e lambuzando os dedos de queijo cheddar.

Não sei se deveríamos, mas falamos o tempo todo sobre Connor. Depois de ter confessado a ela (e a mim mesma) que havia um sentimento forte entre minha alma e a de Connor, eu me sentia mais... livre quando falava sobre o assunto. Contei a ela sobre minhas espiadas nada discretas que eu fazia todas as noites, pela janela, esperando que sua sombra bem definida passasse por trás das cortinas e me fizesse suspirar. Contei que ás vezes, ficava mais de 15 minutos arrumando meu cabelo em frente ao espelho, porque eu sabia que ele estaria me espiando. E acabo também a contando que tive um sonho com ele. Um sonho no qual eu era dele, e ele era meu. Obviamente, Riley riu da situação e eu joguei uma almofada nela. Mas dentro de mim, algo me dizia que aqueles sonhos eram um sinal. Algum tipo de instinto ficava me cutucando, implorando para que eu o ouvisse. E eu escolhi seguir esse instinto, para onde quer que ele me levasse.

Até o final.

>< 

Connor`s P.O.V

Eu acho que não deveria, mas eu me sentia feliz.

Ao voltar para casa depois de visitar Isabela, eu me sentia realizado. Não existem palavras melhores para descrever isso. Feliz e realizado, ponto. Hoje, eu senti uma faísca. Uma faísca que se acendeu para mim assim que saí do hospital, hoje cedo. Eu senti vontade de vê-la. E, de uma hora para outra, percebi que isso não era normal para Connor Jacobs. Isso nunca foi normal para mim. E ao mesmo tempo que eu me sentia ansioso para desvendar esse sentimento, eu me sentia inseguro.

Minhas razões não se baseiam apenas em Amanda. Muito pelo contrário, acho que de uma vez por todas, eu a superei. O que realmente me segurava para trás era o futuro. Esquisito, não é? Eu não conseguia parar de pensar no que nosso relacionamento, seja como amigos ou como... bem, qualquer outra coisa, iria me afetar futuramente. Sou um cara preocupado, admito. Mas antes de me preocupar comigo mesmo, preocupo-me com os outros. Mais especificamente, com as pessoas que amo.

E eu amo Isabela Heylmann.

Hoje, consegui admitir isso para mim mesmo. Hoje, paro para pensar no quanto ela é especial para mim, no quanto eu a amo. Não consigo definir se é um simples amor, ou uma paixão. Não sei se a vejo como a garota dos meus sonhos, ou uma simples garota que resolveu roubar meu coração de uma hora para outra. Sinto-me intrigado quando penso nela, quando penso em nós. Mas hoje, tudo foi diferente. Ao reconhecer meus sentimentos, eu me senti feliz como nunca. Talvez, esse seja o motivo de minha realização. Talvez eu realmente esteja apaixonado. Ou, talvez, isso seja apenas uma paixonite de verão. De qualquer maneira, não consigo me conter em abrir a gaveta da escrivaninha e pegar meu caderno de capa marrom. Deito-me na cama, e escrevo sobre ela.

Escrevo, ali, as mais lindas poesias de amor nas quais consigo pensar.

Todas, por ela. Todas, para ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hoje mesmo, aproveitando minha inspiração, vou começar a escrever o próximo capítulo. Não tenho previsões para postar, mas sinto que vai ser em breve...
Deixem reviews para eu saber que ainda estão vivos!
Beijos enormes, com muiiita saudade! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Just Another Summer Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.