Just Another Summer Love escrita por IsaW


Capítulo 14
To climb steep hills, requires a slow pace at first


Notas iniciais do capítulo

Inspiração tomou conta ♥
Não se esqueçam dos lencinhos!
Boa Leitura!



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Connor’s P.O.V

A semana não se passou do jeito que eu imaginara. Quando fui pra aula, na segunda-feira, todos me encararam com uma expressão estranha. Não os julgo, afinal, passei um bom tempo sem ver meus colegas de classe ou professores, e por conta de meus motivos pessoais, eles tinham toda a razão de me encararem desse jeito. Já esperava cochichos por aqui e por ali, gente me evitando, olhando para mim como se eu fosse algum tipo de menino de rua, que precisasse urgentemente de ajuda. A única coisa que eu não esperava eram os boatos de que William Oasley estivera no hospital pelo final de semana.

É claro que isso não me afetou de maneira ruim, eu não dava a mínima pro cara, mas sério, o que ele tinha na cabeça? Vivia enchendo o saco de minha vizinha, pedindo para que ela o perdoasse, e então fazia algo idiota como entrar em coma alcoólico em pleno sábado à tarde? Não vejo como isso ajuda no perdão, mas resolvi deixar quieto, afinal, ele não apareceria no colégio por alguns dias, e isso já era motivo de tranquilidade para mim e para Isabela Heylmann.

Devo dizer que a semana se passou rápido. Com as visitas constantes que meus pais e eu fazíamos ao hospital, tudo parecia estar indo mais que bem. Liam, durante as primeiras 72 horas de quimioterapias, disse que “não era tão ruim como nos filmes,” e acabou reagindo muito bem ao tratamento. Teve que ficar um bom tempo no banheiro do lugar, pois tinha afirmado a si mesmo que não suportaria ver o próprio cabelo cair, e aceitou a oferta das enfermeiras em raspar tudo de uma vez só, sem esperas e sem sofrimentos. É claro que para mim, isso foi quase que um choque; Meu irmãozinho de oito anos de idade, tomando uma decisão como essa em uma situação complicada como a sua, quase me fez perder a razão.

Depois das primeiras 120 horas de tratamento, Liam insistia em sair do hospital. Ele sempre fora teimoso e impaciente quando pequeno, e já era de se esperar que não fosse muito diferente agora, com tanta falta de diversão que o hospital oferecia. Na sexta-feira, chegou a teimar com os médicos e com meus pais, dizendo que se sentia bem como nunca esteve. Depois de uma série de exames, Dr.Vincent, o médico que supervisionava o caso de meu irmão, concordou em mandá-lo pra casa na semana seguinte, se prometesse fazer visitas constantes ao hospital por mais 120 horas depois de sair. E então, aproveitei meu final de semana como nunca tinha aproveitado. Fiz uma surpresa para minha mãe, ajeitando a casa e o quarto de Liam, para quando ele chegasse, também tirando um pouco da poeira dos tapetes, e (tentando) deixar a louça brilhante.

Não pude ir até a casa de Bela em nenhum de meus dias livres. Durante os últimos dias de Liam no hospital, Jason fora me visitar, e passamos o sábado à tarde recuperando minha matéria perdida. Ele não pareceu se importar com minha casa estando vazia e silenciosa, mas quando contei sobre a vinda de Liam, ele tomou um ar de inquietação de uma hora para outra. Parabenizou-me por tudo estar dando certo, deu dois tapinhas leves em meu ombro e depois colocou um sorriso largo no rosto, falando sem parar sobre como os próximos dias seriam mais felizes com a companhia de meu irmão em casa.

Quando ele chegou, na segunda-feira, juro que não fazia ideia como ele reagiria. Depois de tentarmos evitar olhares curiosos de vizinhos de portão ao tirá-lo do carro, tivemos um probleminha ao subir com a cadeira de rodas pela varanda, mas logo que meu pai abriu a porta de casa, ele deixou escapar o maior sorriso que eu já vira estampado em seu rosto. Puxou o ar pesado quando entrou, como se tivesse sentido falta do cheiro de lavanda que invadia a sala de estar, e o soltou de uma só vez, fechando seus olhos com um ar de gratidão. Antes de subir as escadas, alegando querer ficar em seu quarto, pediu para que eu pegasse seu boné do Hulk que ainda se encontrava sobre o sofá da sala, e devo dizer que ele nunca ficara mais a vontade com o chapéu como estava agora.

Seria um pouco difícil de acostumar com o sobe e desce de escadas, com as tarefas de casa perdidas e com a comida caseira de minha mãe, que ele não experimentava já há um tempo, mas Liam afirmou que conseguiria fazer tudo isso, e tentaria não nos decepcionar. Durante seu primeiro dia em casa, os únicos que vieram visitar meu irmão foram meus avós paternos, vovô Ted e vovó Glinda. Passamos a tarde toda na sala de estar, com o aparelho de quimioterapia de Liam instalado perto do sofá, e um prato de sopa fria sendo revezado pelos meus pais, que deixavam meu irmão bebericar de uma colher uma vez ou outra. Ele dizia ficar um pouco enjoado com a comida e com o tratamento, mas nada que um remédio para náusea não resolvesse.

Passou as primeiras 24 horas como se nunca tivesse saído de casa, se alimentando apropriadamente e voltando a se sentir confortável consigo mesmo. Teve uma pequena complicação pela noite, quando dormia no quarto de meus pais, dizendo que se sentia um pouco enjoado, e passou horas no banheiro colocando tudo o que tinha para fora. Porém, depois de estar se sentindo melhor, mamãe o obrigou a dar mordiscadas em bolachas de água-e-sal que tinha na cozinha, apenas para que ele não se sentisse fraco ou desmaiasse em plena 3 horas da manhã. Apesar das náuseas, sintomas típicos do tratamento e a falta de ferro no sangue, Liam parecia um menino saudável aos meus olhos. A cada momento que se passara desde seu primeiro dia em casa, ele parecia melhor e melhor. Chegou até a me obrigar a doar a ele meus antigos bonés, se mostrando confiante quanto sua aparência e personalidade, e dissera também que não via a hora de rever cada um de seus colegas de classe, ou até mesmo Jason, Peter, e Isabela, assim que meus pais declarassem que ele estava bem o suficiente para isso.

E mais uma vez, acabei me enganando quanto o passar da semana. E dessa vez, de um jeito ruim. Na verdade, do pior jeito possível.

>< 

Bela’s P.O.V

Riley não parecia nada confortável sentada de pernas cruzadas sobre o tapete da sala, mas eu, como uma boa amiga, não insisti que ela se sentasse no sofá. Ela estava praticamente atacando o pote de pipoca doce que tínhamos acabado de tirar do fogão, e só porque Natalie não estava em casa, ela aproveitou para fazer a festa assaltando minha geladeira. Segundo ela, a culpa era toda da TPM pela qual estava passando, e isso era razão suficiente para ter dois copos de suco de maracujá sobre a mesinha de centro, um pacote de chips esperando para ser aberto, e um pote pequeno de sorvete, que já tinha as paredes de papel molhadas e semiderretidas.

—Nunca entenderei a razão da sua magreza. –murmurei, rindo, ao me sentar no chão gelado ao lado dela.

Ry franziu a testa e piscou algumas vezes.

—Você sempre me preocupa quando diz isso - ela diz, enfiando um punhado de pipoca na boca e logo em seguida tomando quase metade do suco de maracujá de uma só vez. –Não tenho culpa quanto aos desejos, você sabe disso. -Ela suspirou, revirando os olhos.- Não quero nem me imaginar grávida...

Solto uma risadinha fraca e puxo para mim o pote de sorvete derretido, abrindo a tampa emperrada e enfiando uma colher de sopa na massa de flocos, enquanto encaro as cortinas dançantes da janela da sala de estar, me perguntando se as estrelas estariam bonitas nessa noite de quarta-feira.

—Teve notícias de Liam? –Ela pergunta, depois de alguns segundos em silêncio, colocando mais um punhado de pipoca na boca e tomando um gole do suco mais uma vez.

Dou um longo suspiro antes de colocar uma colher rasa de sorvete na boca.

—Ele me mandou uma mensagem nesse último final de semana. Disse que Liam estava reagindo bem às quimioterapias e que estaria em casa da segunda-feira...

Ry soltou um barulho estranho pela boca, que não consegui identificar como sendo um suspiro forte ou um resmungo baixo.

—Já faz três dias desde que ele chegou? –Ela se perguntou, com a voz um pouco elevada demais. – Por que ainda não foi visitá-lo?

—Não sei... Nat disse que seria melhor esperar essa segunda semana de quimioterapias para os Jacobs’ se adaptarem. Além disso, não sei se quero visita-lo tão cedo assim...

A massa do sorvete pareceu pesar em minha garganta de uma hora para outra. Franzi minha testa em desgosto. Não consegui visualizar uma imagem nítida de Liam Jacobs em uma cadeira de rodas, com um fio de líquido amarelo sendo injetado em seu pulso e um sorriso fraco estampado em seu rosto. Não consegui ao menos imaginar o sorriso que ele teria em seu rosto, para falar a verdade, e nem me passou pela cabeça como ele estaria sem a maior parte do couro cabeludo. Tive que me forçar a engolir o sorvete, ou ele não terminaria de descer, e logo em seguida coloco o pote sobre a mesa antes que começasse a sentir meu estômago embrulhar.

—Peter disse que quando Connor voltou para a escola, estava um tanto diferente... –Ry muda de assunto, provavelmente percebendo minha expressão de enjoo no rosto. –Não sei se foi por causa da primeira semana dos tratamentos, mas ele parecia bem ocupado consigo mesmo. Ele não pareceu tão diferente com você, não é?

E só então tiro meu olhar fixo da janela para encará-la. Sim, ele parecia diferente comigo quando voltou a ir à escola. Depois da noite em que veio me visitar, com a carta de Liam em mãos, ele pareceu se desligar de mim um pouco. Não sei o que me incomodava tanto nisso, mas o fato de que ele parecia se fechar para mim, durante os dias em que Liam estava no hospital, me machucava. Durante aquela semana, William não apareceu por quase três dias. Isso nos deu um pouco de privacidade na hora do intervalo, ou até mesmo nas saídas, mas nem mesmo por um segundo Connor pareceu querer se abrir para mim como já havia feito algumas vezes. Muito pelo contrário, parecia nervoso, preocupado, como se Liam estivesse correndo grande risco de vida.

É claro que a culpa não era dele. Nunca foi. A única coisa que me deixava um pouco abalada era a tristeza que transparecia de seus olhos de uma vez ou outra. Não gostava de vê-lo assim, e não gostava de não poder fazer nada para amenizar essa dor. Mal continha minhas próprias angústias quanto à morte de meus pais, que dirá as dores dele. Tentava ao máximo animá-lo, tirá-lo de seus pensamentos pessimistas, e até mesmo distraí-lo com tarefas do colégio e papos tranquilizadores. Cheguei até a sentir falta dos dias em que conversávamos sobre poesia, sobre metáfora e sobre Shakespeare enquanto tomávamos Cappuccino açucarado na Gordon’s. Não sei quando voltaria a ver aquela mesma animação em seus olhos aquela mesma viagem que tomávamos rumo quando o assunto pairava no ar, mas esperava que não demorasse muito. Realmente esperava.

—Não sei dizer. –respondi, enfim. –Quem sabe agora que Liam está em casa, ele não se sinta mais animado?

Riley suspirou mais uma vez, correndo os olhos pela mesa de centro e quebrando o curto silêncio ao puxar para si o pote de sorvete que eu tinha deixado sobre a mesa há alguns minutos, dando uma colherada rasa para matar sua vontade.

—Ainda acho que você deveria ir visitá-lo um dia desses - Ela limpou os cantos da boca com as costas da mão. – Talvez, com isso, ele fique mais animado. Ele sempre parece animado quando está com você.

Fecho meus olhos e encosto minha cabeça no assento do sofá ao ouví-la dizer isso. Queria poder enxergar isso, enxergar que eu tinha essa capacidade de fazê-lo se sentir bem. Queria poder dizer que ela estava certa, e que eu deveria ser o maior apoio de Connor durante as primeiras semanas. Mas eu não conseguia. Liam era, querendo ou não, uma parte importante da minha história. Começou a fazer parte dela a partir do momento em que eu o conheci, no jantar na casa dos Jacobs’. Não me sentia a vontade para dizer com confiança: Eu sou uma pessoa forte e estarei ao lado de Connor para o que ele precisar. Sentia-me disposta, é claro. Se em algum momento de socorro eu estivesse perto para ajudá-lo, ajudaria sem pensar duas vezes. Mas não com um olhar de confiança. Não quando o assunto tratado era de Liam, um irmão mais novo que eu adotara como sendo meu.

O que quer que o destino queira me mostrar com tais pensamentos, o fez do pior jeito possível.

Assim que estico minha mão para alcançar o controle remoto e ligar a TV, ouço o telefone fixo de casa tocar. Não me preocupo em pedir licença para Riley, e corro para a cozinha assim que o segundo toque é dado.

—Alô?

E então eu o ouço. Da mesma maneira que o ouvi na noite em que Liam passara mal, e na mesma noite em que eu o ouvi chorar através das paredes finas de meu quarto. Eu ouço o desespero em sua voz. Sinto que minha pressão cairia a qualquer momento, antes mesmo de ele dizer algo do outro lado da linha, mas firmo meus pés no chão e franzo o cenho para tentar ouvir o que se passava.

—Bela, é o Liam. –Connor diz, quase engasgando. Parecia estar lutando contra o telefone enquanto falava, pois um barulho alto demais vinha de trás dele com muita intensidade. –Estou em casa, preciso de você.

No mesmo instante, largo o telefone da maneira em que o encontrei, e sinto a mão de Riley tocar meu ombro.

—Casa? –Ela pergunta, e eu afirmo com a cabeça.

Largamos a porta do hall aberta ao atravessar a rua, encontrando a porta da casa dos Jacobs encostada. Pergunto-me por um segundo onde estariam os pais dele, mas quando me viro para a direita, encontro na sala de estar a pior cena que já pude ver na vida, e me esqueço da pergunta imediatamente. Encostado no sofá, Liam se debatia de forma frenética, chorando e dizendo algo como “dói muito” em voz alta. Seu corpo frágil tem duas sondas de quimioterapia injetadas nos braços, e sangue quase seco mancha seu suéter verde escuro. Deparo-me com Connor segurando o aparelho pesado de metal em suas mãos, tentando de alguma maneira retirar dos fios o reservatório de líquido amarelo, que insistia em descer pelas sondas que se ligavam a Liam. Quando ele nos ouve entrar, pede para que Riley ligue para a ambulância e me grita por ajuda.

Nunca imaginei que veria uma cena tão perturbadora como essa, presenciando o olhar fundo de Connor me encarar com cautela, as lágrimas escorrerem e pararem de escorrer de uma hora para a outra, por conta da raiva. Não pensei que veria Liam no estado que se encontrava tão cedo, o corpo pequeno, os olhos fechados e o rosto contorcido de dor, com as falhas de sobrancelha querendo deformar seu rostinho de príncipe, ou a cadeira de rodas o fazer parecer mais novo e mais dependente que o normal.

—O que aconteceu? –Pergunto, indo até os dois com as mãos já agindo, puxando o cabelo para o lado direito do ombro e segurando o rostinho magro de Liam com as duas mãos. Inalo o cheiro de sangue fresco no momento em que me aproximo, e tento me esquecer da colher de sorvete de flocos que agora parecia estar entalada em meu esôfago.

—Meus pais saíram para levar meus avós para casa, e eu... DROGA! –Connor fungou ao dar um berro, tentando mais uma vez descobrir como desconectar a quimioterapia dos braços fracos de Liam. –Quando eu liguei, não atenderam, e então tive que te chamar.

Sua voz parecia desesperada. Deixou com que as palavras se explicassem sozinhas, as derramando para fora como se não quisesse que fossem ditas. De qualquer maneira, não consegui me focar muito nelas. A única coisa na qual pensava era em tirar Liam dali o mais rápido possível. Assim que Riley voltou para dentro com o celular em mãos, nos ajudou a levar o menino para fora de casa com a máquina e tudo, afirmando que a ambulância estaria no bairro em alguns minutos, e que tentaria contatar os pais de Connor mais uma vez enquanto esperávamos.

Não demorou muito para que ouvíssemos as sirenes do automóvel contornarem a esquina, ao mesmo tempo em que Riley dizia ao Sr e Sra. Jessup para nos encontrar no hospital. Os paramédicos desceram do fundo do carro em uma rapidez impressionante, já montando a maca e colocando um Liam desacordado sobre o travesseiro, onde ele pareceu se relaxar por completo. Tudo foi muito rápido para mim, e quando me dei por si, estava sendo levada para dentro da ambulância pelas mãos de Connor, ouvindo ao fundo a voz de Ry dizendo que nos encontraria no hospital em menos de cinco minutos. E com um baque impressionante, as portas do automóvel se fecharam me trazendo de volta para a realidade, ao mesmo tempo em que me deixava com uma náusea terrível.

Connor então tomou o tempo que tivemos na ambulância para explicar a enfermeira o que tinha acontecido. Tomava pausas para segurar a mão de Liam e passar os dedos pelo próprio cabelo. Disse à moça de cabelos ruivos que seu irmão estava se sentindo muito mal com o estômago, e que tinha dores parecidas com as cólicas do dia em que passara mal. A enfermeira anotava tudo com rapidez em uma caderneta, enquanto assentia com a cabeça. O outro homem que nos acompanhava na traseira da van não parecia estar se importando com o que Connor dizia. Usou o estetoscópio pendurado no pescoço para sentir os batimentos de Liam, e colocou em volta de sua cabeça um daquele aparelho respiratório tamanho PP.

Tomei meu tempo para digitar uma mensagem relâmpago para que Natalie também me encontrasse no hospital, e mesmo com toda a correria, não consegui de deixar de pensar na mão de Connor que segurava a minha. Quando guardei o celular no bolso, passei a mão livre por cima da dele, tentando acalmá-lo. As gotas de sangue que também manchavam sua camiseta não me fizeram torcer o nariz, e na verdade, tudo o que eu queria fazer naquele momento era encostar-me a seu ombro e chorar. Chorar como eu sempre fizera em momentos como esse. Antes de sentir uma brusca virada para a direita, indicando que tínhamos chego, olho pelas minúsculas janelas que davam ar de imensidão nas portas da ambulância. Olho, mais especificamente, para o céu, onde as nuvens de fato escondiam as constelações daquela noite de quarta-feira. Onde até mesmo Connor pareceu esconder suas próprias estrelas, que uma vez enfeitaram seu rosto.

>< 

O pronto socorro já estava lotado quando chegamos. Sr e Sra. Jacobs já nos esperavam cheio de desespero na sala de emergências, juntamente com Natalie e Riley, que tinham expressões de susto e preocupação no rosto. Liam passou por eles seguido pelos paramédicos, e Connor, ainda com sua mão grudada à minha, tentou os seguir, mas fomos barrados nas portas da sala de cirurgia pelo mesmo homem que nos acompanhara no carro. Meu vizinho então largou minha mão e as levou aos cabelos, os bagunçando com uma expressão que nem eu mesma consegui diferenciar de tristeza ou muita raiva. Ele deu um resmungo alto e se virou de costas para mim, voltando à sala de emergências ao encontro dos pais, os abraçando em conjunto enquanto derramava algumas lágrimas.

O deixei sozinho por alguns minutos, depois indo até Riley e Natalie com uma expressão que não parecia tão boa no rosto, pois os olhares que Ry me lançou pareciam deixá-la com pena. Tentei explicar a Nat o que tinha acontecido, mas as palavras se embaralharam em minha cabeça com facilidade, e não consegui deixar os pensamentos fluírem. Apenas assenti algumas vezes com a cabeça quando ela me perguntou se eu me sentia bem, e me sentei ao seu lado nas poltronas da sala para esperar as notícias, ou ao menos algum sinal de que tudo ficaria bem.

Ry fora embora depois de mais ou menos 15 minutos, antes se despedindo de Connor, que a abraçou com uma ternura indescritível. O rapaz pareceu se tocar do que acontecia ao seu redor a partir dali, e então se levantou do outro lado da sala e veio até mim, pedindo para que eu o seguisse até o lado de fora do hospital. Já passava das 10 da noite, mas o frio que percorreu meu corpo parecia mais ser da madrugada. Sentamo-nos no banco de madeira que tinha na entrada do pronto-socorro, encarando a rua movimentada com um olhar distante dali. E então senti sua mão na minha mais uma vez naquela noite.

—Não consegui te agradecer antes –ele murmurou, com tristeza –Obrigado.

Franzi minha testa para ele. Já tinha ouvido tantos “obrigados” vindos de sua boca, que acho que já me acostumara com a sensação de proteção que tinha quando com ele.

—Sabe que não precisa me agradecer. –Eu digo, em um sussurro. Meu olhar corre pela sua camisa manchada, que agora não exalava odor algum, mas ainda chamava a atenção.

—Eu sei, –Ele tenta sorrir ao olhar para o próprio peito. –estou um lixo.

Faço de conta que não o ouço, e encosto-me a seu ombro sem pedir permissão, recebendo um suspiro cansado como resposta. O silêncio parece tomar conta do lugar, e apenas os barulhos distantes das sirenes de ambulância interrompiam a paz que nos circundava.

Começo, inconscientemente, a cantarolar uma música. A música que minha mãe costumava cantar para mim quando eu era pequena. A letra corre pela minha mente como uma receita de bolo que eu tenha aprendido há muito tempo. Sinto Connor se remexer ao meu lado, e sinto sua respiração quente tocar minha testa.

Dion? –Ele pergunta, com a testa franzida, e faço que sim com a cabeça.

—É só uma lembrança de quando eu era menor. Mamãe cantava para mim nas noites em que eu tinha pesadelos. –eu digo, sem encará-lo.

Connor fica em silêncio, esperando algo mais a ser dito. E então eu começo a murmurar as letras que tatuavam meus pensamentos. De uma forma completamente distraída, deixo a melodia de minha fraca voz quebrar o pouco silêncio que havia entre nós. Não ouço nada além de um desabafo de suspiro longo que o menino ao meu lado dera. Sinto algumas lágrimas dele tocarem minha testa, e percebo que ele esperava que eu não percebesse nada daquilo. Esperava que eu não entendesse seu sofrimento, ou o seu cansaço. Mas eu o entendia, e isso só fez com que as palavras saíssem de minha boca em um murmúrio ainda mais confiante.

Then you look at me

(Então você olha para mim)

And I Always see

(E eu sempre vejo)

What I have been searching for

(O que eu tenho procurado)

I’m lost as can be

(Estou totalmente perdida)

Then you look at me

(Então você olha para mim)

And I am not lost anymore

(E eu não estou mais perdida)


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Notas finais do capítulo

Comprido demais? Cansativo demais? Me deixem saber o que acharam!
Kisses!



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