Pulo na minha cama de cansaço. É tão bom sentir o meu colchão outra vez. Rolo pelo colchão de felicidade pela aquela sensação de alívio.

O final da história, bem, o Killian tinha razão. Seria legal se ele apostasse na loteria. Will Scarlet roubou a loja de Gold durante a madrugada. Depois que recuperamos os itens, ele ainda continuou negando. Confessou ter uma paixão platônica por Belle. E, segundo ele,

foi isso que o fez praticar o roubo. Lógico que isso não faz sentido, acho que estava bêbado ou algo do tipo. Belle não quis denunciar, mas disse que iria pensar sobre o que fazer com ele. Enquanto isso, ele fica morando na cela da delegacia. Muito merecido.

Meu celular toca, interrompendo minha retrospectiva do dia. Pego-o e atendo.

— Alô? Emma? - A voz de Graham soa no telefone.

— Graham! Que bom ter me ligado. - Respondo um pouco animada.

— Eu estava pensando... Quer sair comigo hoje? Tem uma semana que estou querendo isso... - Finalmente. Ele sempre combinava de sair mas um compromisso interrompia tudo.

— Claro. Eu adoraria. - Solto um sorriso fraco.

— Passo na sua casa daqui há meia hora, ok?

— Tudo bem.

Ele desliga o celular e eu fico sentada na cama. Seria uma boa levar Henry comigo. Ele dormiu na casa de Regina ontem, não o vi o dia todo.

Eles são bem próximos. Depois da tal "morte" de Neal, que me deixou grávida sozinha, Regina me ajudou á cuidar de Henry. Ela é como uma segunda mãe para ele. É engraçado de ver os dois juntos. No início, até senti ciúmes. Mas depois eu me acostumei com a idéia de dividir meu filho.

Abro as mensagens e escrevo uma pra Graham:

Eu: Posso levar o Henry com a gente?

Em menos de um minuto ele responde:

Graham: Claro.

Dou um suspiro e entro no banheiro. Tomo um banho rápido e visto um vestido amarelo com bolinhas azul-marinho. Decido deixar meu cabelo solto. Pego minha bolsa e saio de casa. Entro no meu Fusca e dirijo até a casa de Regina. Como de costume, só buzino e espero a porta abrir.

— Não sabia que viria tão cedo, Swan. - Exclama Regina ao abrir a porta.

— Se você acha que seis horas e meia da tarde é cedo, não posso fazer nada. - Respondo dando de ombros.

— Mãe! - Henry grita saindo correndo da mansão de Regina. Ele entra no carro e me dá um abraço.

— Como foi na escola? - Pergunto para ele.

— Normal. - Ele olha pra frente. Um gesto muito estranho para ele. Nunca desvia o olhar quando converso sobre como foi o dia.

— Quando irá devolver meu menino? - Regina pergunta se encostando no meu carro.

— Seu? Não foi você que sentiu as dores do parto. - Me defendo.

— Tem razão. Mas eu ajudei criar esse menino e mereço pelo mens ficar um pouco com ele. - Regina cruza os braços com um sorriso no rosto.

— Por favor, parem de brigar por mim. Posso ser das duas! - Henry nos interrompe.

— Regina, vamos sair com Graham. Outro dia você fica com Henry. - Digo.

— Tudo bem. Se divirtam. - Ela sorri e entra em casa.

Confesso que isso foi estranho. Normalmente, ela falaria mal dele e proibiria Henry de ir. Mas, não. Ela simplesmente sorriu e disse para nos divertirmos.

Ligo o motor e dirijo de volta para casa. Henry permaneceu em silêncio o tempo todo. O que também foi estranho.

Quando chegamos, Graham já havia chegado. Estava encostado em seu carro, fitando a janela do meu quarto. Ele se virou quando ouviu um barulho de carro.

Estacionei em frente ao seu carro e sai.

— Como vai? - Ele perguntou me abraçando.

— Vou bem. - Respondo com um sorriso. Henry saiu do carro e deu um abraço em Graham.

— Oi, tudo bem, Henry? - Graham o cumprimenta.

— Estou ótimo. - Henry responde.

— Que bom. Vou levá-los para um lugar bem legal. - Graham diz enquanto abre a porta do carro para Henry entrar.

— Onde? - Pergunta Henry entrando no carro.

— Você vai ver. - Ele mantém a surpresa enquanto abre a porta da frente para eu entrar.

— Estou louco pra saber onde é! - Henry diz animado.

Graham fecha a porta e caminha até o outro lado do carro. Ele entra e liga o motor.

— Onde é? - Sussurro para Graham.

— Ah, vocês verão... - Ele responde.

* * *

— Cinema! - Henry gritou quando Graham estacionou.

— Bem, não estava nos meus planos vir pra cá. Mas como eu soube que você viria, pensei em te levar para assistir aquele filme que você queria. - Graham diz saindo do carro.

— Uau! - Henry exclama saindo do carro sem esperar Graham abrir a porta.

— Pode vir, madame. - Diz Graham abrindo a porta para eu sair. Graham segura minha mão e eu levanto.

Henry já estava na bilheteria conversando com a atendente sobre o filme. Graham faz questão de pagar. Depois de bastante insistência, cedi. Henry correu eufórico para a sala de cinema enquanto eu e Graham tentávamos acalmar o garoto.

Foi bem difícil, mas conseguimos colocar Henry quietinho assistindo o filme.

* * *

Depois de, pelo o que pareceu, uma eternidade, o filme acabou e voltamos para a casa. Lógico que eu e Graham trocamos alguns beijos na sala, mas ninguém percebeu ou se incomodou. Principalmente Henry, estava completamente vidrado no filme.

Acabei de sair do quarto de Henry. Ele estava realmente cansado. Tive que obrigá-lo á entrar no banheiro para tomar banho. E, automaticamente, o sono bateu e ele dormiu.

Caminho até a sala e vejo Graham sentado no sofá assistindo televisão. Sento ao seu lado e fico assistindo o jornal com ele. Depois de um minuto silencioso, Graham pergunta:

— Henry dormiu?

— Sim... - Respondo sem desviar o olhar da televisão.

— O que foi? - Ele se aproxima mais de mim.

— Só estou cansada. - Respondo. - Vou tomar banho, daqui á pouco volto. - Me levanto e vou para o banheiro.

Fico na banheira por dez minutos relaxantes. Visto uma regata preta e um short preto para combinar. Eu havia recebido esse conjunto de Mary Margaret, dois anos atrás.

Saio do banheiro e vou para a sala. Sento grudada em Graham enquanto assistimos um filme. Não sei qual é, mas era bem engraçado.

* * *

O filme acabou e estamos vendo um documentário sobre leões.

Nunca pensei que eu ficaria tão entediada para assistir documentário sobre a cadeia alimentar do leão.

Tiro a atenção da televisão e me viro para Graham. Ele percebe o meu foco e se vira para mim.

— O que foi? - Ele pergunta.

— Ainda está bravo por causa de Neal? - Sussurro.

— Ah... - Ele resmunga, pega o controle e desliga a televisão. - Ele morreu, Emma.

— Eu sei. Mas..

— Mas? Ainda tem esse 'mas'? - Ele se vira totalmente para mim, se ajeitando de frente para mim no sofá.

— Ele pode estar vivo. Perceba...

— Sabe o que eu acho? - Ele perguntou depois de dar um suspiro impaciente.

— O quê? - Me aproximo mais dele.

— Que você está tentando fugir da realidade para arrumar um motivo pra pensar no seu marido. - Ele se afasta de mim.

Aquelas palavras vieram como uma bomba. Não sei como ele pensou naquilo.

Nem o porquê. Eu realmente não consigo acreditar.

— O quê? Como assim? Não sou mais casada com ele! - Me lembro do dia em que Neal enviou os papéis do divórcio para mim.

— Não. Mas ainda o ama, não é mesmo? - Graham se levanta.

— Eu não o amo mais. Ele me magoou, partiu meu coração, Graham!

— Ele não teve culpa de ter morrido.

— Graham, temos que ver pelos dois lados!

— Dois lado? Sempre tem os dois lados, não é? Desde que ele morreu, você sempre ficou em cima do muro. Por quê? Porque não decide qual lado fica?

— Graham. Para com isso. Eu nunca mais gostaria de ver o rosto de Neal.

— Por quê? - Me levanto e fico de frente para ele.

Graham não sabia que Neal havia se mudado e me largou sozinha com Henry. Só sabia da parte que ele morria.

— O que Neal fez para partir seu coração? - Ele se aproxima mais de mim.

Seus olhos estão brilhantes. E eu não consigo mentir quando seus olhos estão brilhantes.

O que devo responder? Contar a verdade ou mentir?