Abro a porta devagar e entro em casa. Killian estava sentado no sofá olhando uma maçã em cima da mesa quando entro. Ele se levanta e vem rápido em minha direção para um abraço apertado. Parece que fiquei fora por anos. 

 – Como foi? - Ele pergunta ainda me abraçando. 

 – Calma... - Rio. - Foi bem. Pelo menos até agora. Não foi o confronto final. 

 – Não me deixe preocupado. 

 – Vou tentar. Sei como você fica meio alterado quando está preocupado comigo. 

 – Não é por nada, você apronta cada uma... 

 – Não apronto, não. 

 – Estou brincando, Swan. 

 – Eu já sabia. 

 Ele me olha, ainda me segurando.  

 – O que foi? - Pergunto. 

 – Nada. Fiquei só preocupado com você. 

 – Eu vi a hora daquela maçã explodir de tal forma que ficou olhando para ela. 

— Isso é porque gosto muito de você. - Ele sorri. - Aliás... Eu queria te fazer um pedido. - Ele arqueia as sobrancelhas. Caramba, adoro quando ele faz isso. 

 Espera... Pedido? Como assim um pedido?  

 – Um... Pedido? 

 – Sim. Quer que eu lhe peça formalmente ou de modo informal? 

 Ooooi? Como assim?  

 – Hã... Tanto faz. O que é? 

 – Emma Swan, você aceita ter uma noite divertida e prazerosa com o homem mais diabolicamente lindo do mundo? - Ele faz charme e eu rio. - Nós nunca tivemos um encontro de verdade. 

 – Verdade. E aceito, claro. - Sorrio. - Vou me arrumar, ok? 

 – Claro. - Ele responde e dá uma piscadela pra mim. Me afasto sorrindo e vou subindo pelas escadas. 

                                   *           *         * 

 – Hm... Qual minha banda favorita na adolescência? - Killian pergunta depois de beber um gole do vinho. 

 Já se passaram uma hora que estamos no restaurante que Killian me trouxe. Já comemos, rimos e estamos falando informações sobre nós dois e desafiando um ao outro á acertarmos. 

 – Guns N' Roses? - Respondo com uma pergunta. 

 – Como sabia? - Ele pergunta meio incrédulo. 

 – Vi um monte de músicas deles no seu celular. - Rio e ele também. - Não sabia que gostava de rock. 

 – Agora, nem tanto. Mas eu era louco por rock. - Ele suspira. - Quero adivinhar a sua. 

 – Tente. - Coloco a mão em cima da mesa e encaro Killian á minha frente.  

 – Backstreet Boys. Seu favorito era Nick Carter. 

 – Não sabia que você era bom em adivinhar... 

 – Na verdade, descobri isso no dia em que você e Regina montaram uma barraca do beijo pra juntar dinheiro para um show. O show, lógico, era deles. 

 – Assim não vale! 

 Ele ri. 

 – Qual minha bebida favorita? 

 – Hm... Rum.  

 – Acertou. Como sabia?  

 Me inclino pra frente e tiro a garrafa de rum dentro da jaqueta dele.  

 – Já entendi. - Ele responde rindo. 

 – Tente acertar a minha. 

 – Vinho. 

 – Assim fica sem graça, toda hora você acerta! 

 – Te conheço muito bem... 

 – Não o suficiente para descobrir quais comidas eu amo.  

 – Queijo grelhado, batata frita e anéis de cebola. 

 – Não quero mais brincar disso. - Respondo. 

 – Só porque estou acertando tudo? 

 – Também. 

 – Olha, quero te mostrar minha casa. - Ele se levanta e me ajuda á fazer o mesmo. 

 – Sua casa? 

 – Quando eu vim pra cidade, eu não tinha. Mas depois comprei uma e você ainda não a conheceu. 

 – Será um prazer, Killian Jones. - Ele sorri e vai me guiando até a saída. 

                                     *        *        * 

 – Uau. - É o que digo ao ver a casa de Killian. É grande, espaçosa e... Linda. Totalmente perfeita. E é mais organizada que o navio dele, pode apostar. Não que o navio dele seja desorganizado, mas a casa é mais organizada. 

 – Gostou? - Ele pergunta. 

 – Adorei. - Respondo olhando por todos os lugares. Tem um piano á minha direita. Ele me lembrou daquele dia em que tocamos piano juntos. 

 Continuo olhando tudo enquanto sorrio. Tem dois sofás brancos, uma televisão com mais de 50 polegadas e ao lado tem... Um bonequinho de Darth Vader? Olho para Killian e depois para o boneco.  

 – Ah, qual foi? Você não gosta de Star Wars? - Ele pergunta e pega o boneco. - 'Eu sou seu pai'  - Ele imita a voz do Darth balançando o bonequinho em minha direção. Eu rio. 

 – Claro que gosto. - Respondo e continuo meu tour pela casa.  

 Sigo para a cozinha e depois vou subindo a escada. Passo pelos banheiros e quartos. Vejo uma porta no final do corredor e a abro. Posso jurar que esse é o quarto de Killian.  

 O quarto é grande. Tem uma cama de casal grande que posso jurar que é uma king-size. Ao lado, tem um criado-mudo de carvalho. Nesse criado-mudo tem um despertador e um abajur. No outro lado da cama tem a mesma coisa, parece que foi feito para casal. Em outra parte, tem uma mesinha com um notebook e acessórios do mesmo. Em cima, na parede, têm duas prateleiras com alguns livros. Numa lateral tem a porta para o closet. Na outra, a porta para o banheiro.  

 Do outro lado do quarto tem uma porta deslizante de vidro atrás de uma cortina. Vou até lá e a abro. É uma sacada onde se pode ter uma vista da vizinhança. Fico ali observando a Lua. 

 – Swan? - Killian pergunta entrando no quarto. Ele o atravessa e vai até a sacada, onde estou. - Ainda sobrou um lugar para você conhecer. 

 – Onde? - Me viro pra ele. 

 – A piscina. 

                                  *       *       * 

 Estamos sentados na beira da piscina olhando a Lua. Estou com os pés na água enquanto Killian está virado para mim. 

 – Agora que percebi - Balanço meus pés na água da piscina. -, você mora bem perto da praia. Gosta do mar?  

 – Ele me acalma... - Killian responde olhando para a água. 

 – Sabe o que me acalma? A floresta. 

 – Por quê? 

 – Sei lá. Sempre gostei de ir pra floresta e... Pensar. 

 – Pensar em quê? 

 – Ultimamente...? - Olho para ele. - Em você. 

 – Então quer dizer que estou ocupando sua mente? 

 – Não só minha mente, meu coração também.  

 Ele fica alguns segundos em silêncio me olhando e depois tira a jaqueta e o sapato. 

 – O que está fazendo? - Pergunto. Ele bagunça o cabelo e pula na piscina, respingando água em cima de mim. - Você é louco! - Rio e ele nada até mim. 

 – É pra combinar com você. - Ele responde e me puxa pra dentro da piscina. 

 Estou mergulhando quando sinto mãos fortes me levantarem pela cintura. Killian me leva de volta pra superfície da água e me olha rindo enquanto recupero o ar. 

 – Killian, eu estou toda molhada. - Digo. - Por sua causa meu vestido está ensopado. 

 – Desculpa, amor. Tive que fazer isso com você. - Ele continua rindo. 

 – E eu? Fico como? 

 – Te dou uma toalha. Mas, antes... - E ele me beija. 

 Se eu pudesse, nunca ficaria longe de Killian. 

                                  *      *      * 

— Aqui. - Killian entrega a xícara de café. - Fique aqui enquanto pego algumas roupas minhas para você. 

 – Ta bom. - Direciono a xícara até a minha boca para beber mas, acabo derramando o líquido quente no meu vestido molhado. - Droga! - Coloco a xícara em cima da bancada da cozinha de Killian e esfrego a mancha na intenção de tentar reduzi-la. 

 – Não vai adiantar. - Ele se aproxima de mim. 

 – Eu sei. - Desisto a me enrolo na toalha. 

 – Tive uma ideia. 

                                *        *        * 

 Até o banheiro de Killian é maravilhoso. Acabei de tomar banho e estou de toalha no quarto dele. Depois que derramei o café, Killian disse que eu poderia tomar um banho quente e que deixaria algumas peças de roupas em cima da cama. E ele fez isso. Mas eu não sabia que uma das camisas de Killian ficaria tão folgada em mim. 

 Depois de me vestir, me sento na cama dele e fico olhando alguns objetos do quarto. Olho para a prateleira de livros e fico lendo os nomes. Tem um maior, que não têm o título. Me levanto, pego ele e sento na cama de novo.  

 Abro o livro - que não é um livro, é um álbum de fotos - e fico observando cada foto que contém. Tem uma com um garotinho parecido com Killian, todo melado de chocolate. Tem outra que aparece ele ao lado de um homem e ambos com uma truta na mão. 

 – Swan? - Killian pergunta do outro lado da porta. - Já acabou de se vestir? 

 – Já. - Respondo sem tirar os olhos do álbum. Ele entra no quarto e se senta ao meu lado. - Não sabia que você pescava. 

 – Na verdade, eu nem sabia pescar. Meu pai sempre colocava um peixe pescado por ele preso na isca para eu pensar que eu tinha conseguido pescar algo. Mas eu sempre soube a verdade. - Ele responde. 

 – Desculpa. 

 – Pelo o quê? 

 – Deve ser difícil lembrar do seu pai e não ficar triste. 

 – De qualquer modo - Ele pega o álbum, se levanta e o guarda. -, isso é passado. - Ele completa. 

 – Não quero te trazer lembranças ruins. 

 – Não são ruins. São maravilhosas. Mas eu sinto saudades. 

— Eu sei, eu sei. Desculpa. - Me levanto e fico de frente para ele. 

 – Quer assistir um filme? 

 – Pode ser. - Suspiro. 

                                      *        *       * 

Estou deitada no sofá e Killian também. Ele está basicamente atrás de mim já que estamos dividindo o mesmo sofá e virados para a televisão. Os braços dele estão ao meu redor e me aquecendo. Killian disse que nunca havia assistido "Tron: O legado" então estamos assistindo esse filme. Eu já devo ter assistido esse filme umas mil vezes, pra falar a verdade. Mas não me enjôo. 

 Dá pra sentir o olhar de Killian em cima de mim. De vez em quando me viro para ele, que disfarça bem. Parece que está esperando uma oportunidade para fazer algo.  

 – Então... Por que ele não sai daí? - Killian pergunta. 

 – Porque ele está preso. - Eu respondo. 

 – Por quê? 

 – Porque ele achou o computador do pai dele que o levou para dentro do... 

 – Por quê? - Ele me interrompe. 

 – Isso é sério? - Me viro para ele. Nossa, ele disfarça muito bem... 

 – O quê? Eu não entendi, ué. 

 – Sabe qual filme combina com o momento?  

 – 'P.S: Eu te amo'? 

 Ownt... Que fofo... 

 – Eu ia falar 'O Grande Mentiroso'. - Digo com um sorriso fofo por ouvir a resposta dele. 

 – Ah, tanto faz. Eu queria mesmo era fazer isso... - Killian pega o controle, desliga a televisão e me beija. 

 Não é um beijo lento e calmo. É mais um beijo... Feroz. E acho que estou descobrindo a intenção dele. 

 Com o tempo a camisa de Killian vai subindo aos poucos. Eu não teria acreditado se eu mesma não estivesse tirando. Ele me ajuda nessa função e nossos lábios se desgrudam apenas uma vez para ele tirar a camisa. O beijo intensificado vai ficando excitante. Vem uma chama de calor pelo meu corpo. Killian se afasta um pouquinho e começa á desabotoar a camisa dele que estou vestindo. Ele olha diretamente para mim enquanto isso. Seus olhos estão coberto de tesão e seus lábios estão mais vermelhos do que nunca. Ele termina de desabotoar a camisa que estou usando e a tira. Em seguida, me beija.  

 Entrelaço minha perna em seu quadril, ele me carrega e vai levantando, ainda me beijando, e logo sobe as escadas. Não percebo que estamos no quarto até Killian me colocar deitada na cama e ficar em cima de mim.  

 Ele volta á me beijar e não sei o que fazer a não ser acariciar seu cabelo. 

 Nunca desejei tanto alguém como desejo ele. E acho que ele sente o mesmo. Não só a parte do desejo, e sim do amor. O amor que nos uniu essa noite. Noite essa que pensei que nunca iria acabar... 

                                                 *        *        * 

 Abro os olhos devagar tentando me acostumar com a claridade. O Sol vem diretamente em meu rosto - não estou acostumada em acordar assim. Depois de piscar várias vezes, noto que estou deitada grudada em Killian, com a cabeça em seu peito e a perna direita em cima das suas. Estou vestindo uma outra camisa de Killian, uma diferente que eu estava ontem. E vem um flashback incrível da nossa noite. 

 Killian foi tão carinhoso ontem. Como se fosse uma explosão de sentimentos num só. Pena que aquela noite não foi para sempre... Mas, com certeza, nós dois seremos. 

 – Bom dia... - Killian diz acariciando meu cabelo. 

 – Bom dia. - Respondo e levanto a cabeça, olhando em seus olhos. 

 – Dormiu bem?  

 – Claro que sim. - Sorrio. 

 E tudo que aconteceu, cada sorriso, beijo, olhar, abraço, conversas, verdades ditas... Tudo isso passou pela minha mente quando olhei em seus olhos. Eu não poderia estar mais feliz.E eu tenho toda certeza do mundo: Eu o amo. 

 Claro que no início tive dúvidas, como qualquer um. Mas depois... Tudo ficou tão claro em minha mente.E a nossa incrível noite só veio para deixar mais claro do que já estava. 

 – O que foi? - Killian nota que fiquei um bom tempo olhando para ele. 

 – Eu te amo. - Digo. - E não é um simples 'eu te amo, eu te amo mesmo. De bilhões de pessoas que eu poderia amar, eu escolhi amar você. E não é porque estou com você agora e pode pensar que sou obrigada á dizer que o amo. Mas já tem um tempo que quero te dizer isso e eu nunca tive uma oportunidade para dizer. Na verdade, eu tive, mas sempre deixava para outra hora e... - Percebo que estou falando demais. Isso acontece quando estou nervosa. E acho que estou com medo dele corresponder verdadeiramente. - Eu te amo. 

— Não se preocupe, eu também te amo. E amo muito a minha estressadinha. - Ele responde e beija minha testa. 

 – Não me chama disso. - Dou um sorriso aliviado. 

 – De quê? De estressadinha. 

 – Sim.  

 – É a mesma coisa de dizer que o leão não se chama leão, comida não se chama comida, o cé não se chama céu. 

 – Por que esses exemplos? 

 – Não sei, foram os primeiros que vieram em minha cabeça. - Ambos rimos. 

 – Você é impossível... - Deito minha cabeça de novo em seu peito. 

 – Também te amo, Swan... - Ele continua acariciando meu cabelo. - Sempre te amei. 

 Então eu adormeço de novo, só que ouvindo Killian dizer que me ama. E sim, eu também o amo. 

 Eu quero que esse momento nunca acabe ,espero que não. Porque ficar sem Killian é a pior tortura que o mundo poderia fazer comigo.