Acordo contra minha vontade e sinto o ambiente frio. Levanto e olho pela janela, está nevando. August tinha razão, garoto esperto.

Percebo que ainda estou com a jaqueta de Killian quando saio do quarto. Não vejo ninguém na sala, apenas um bilhete em cima da mesa. Vou até lá e leio.

"Oi, Emma. Ou Killian. Bem, tive que sair cedo hoje por um grande problema na minha empresa. Não tente fugir, Emma. Killian, a segure por mim. Vou tentar voltar o mais rápido possível. Tem comida, filmes e CDs. Qualquer coisa, me ligue.

August"

Coloco o bilhete de volta na mesa e fico andando pela casa atrás de Killian.

— Killian...? - Paro no corredor.

— Já estou indo, Swan. - Ele responde.

Percebo uma porta com uma fresta aberta e ando naquela direção.

— Killian, onde você es... - Me calo ao olhar para dentro do quarto.

Killian está fechando o zíper de sua calça e está sem camisa. Nem sei o que dizer de tal paraíso. Quer dizer, de tal cena.
Realmente, ele tem um corpo muito bonito. Mas não é prudente eu ficar espionando pela porta.

Me viro para sair e quando estou no meio do corredor, ouço-o dizer:

— Então quer dizer que ficou espiando pela porta, Swan? - Killian diz. Bem, ele me pegou no flagra. O que fazer agora? Correr ou mentir?

— O quê? - Me viro me passando por inocente. Ele ainda está sem camisa, mas está com a calça jeans.

— Eu te vi me olhando. - Ele dá um sorriso malicioso.

— Eu não estava vendo ninguém. - Minto.

— Ah, Swan... Tente fazer um curso de mentira.

— Isso nem existe, Killian. - Reviro os olhos.

— Mas deveria existir para você, Swan. - Ele se aproxima de mim.

— Toma. Veste logo. - Tiro e jogo a jaqueta nele.

— Eu tenho que vestir uma camisa e a minha está suja.

— Vamos ver uma de August. - Puxo ele até o quarto enorme de August.

— Uau. - Killian diz olhando cada detalhe.

— Foca na roupa, Killian. - Vou até o closet de August.

Killian me segue e para ao meu lado.

— Não vou usar ternos e paletós. - Ele se vira para mim.

— Deixa de frescura, Killian. - Fico procurando uma roupa compatível á Killian em meio de roupas sociais e mais roupas sociais. - August tinha um estilo bem original antigamente. Agora só usa essas roupas sociais.

— Claro. Ele é um empresário - Killian responde enquanto anda com cara de tédio. Killian permanece em silêncio por alguns momentos. - Ei, olha isso!

Vou até Killian, que está apontando para uma caixa escrito: "Roupas SB". A caixa está em cima de uma prateleira muito alta, com certeza nunca iríamos conseguir pegar.

— Como vamos pegar? - Pergunto.

— Você sobe em meus ombros e eu te subo.

— Não mesmo.

— Não confia em mim?

— Não.

— Que bom então. - Killian me carrega e me coloca em seus ombros, mesmo eu dando gritinhos e o batendo fraco. Mas não adianta.

— Killian, me desce agora! - Peço.

— Só quando você pegar a caixa. - Dou um suspiro impaciente.

Estico o braço e alcanço a caixa. Puxo ela na minha direção, mas ele é bem mais pesada do que eu previa e acabo me desequilibrando.

— Killian, eu vou cair! - É a última coisa que grito antes de cair com a caixa e tudo em cima de Killian.

Permanecemos em silêncio por um tempo nos encarando até Killian dar um pequeno gemido de dor.

— Você poderia ter avisado com um pouco de antecedência. - Ele diz.

— Eu avisei. Em cima da hora, mas avisei. - Killian apoia a cabeça totalmente no chão e dá outro gemido de dor.

E aí percebo que estou em cima, com o corpo totalmente colado, em um homem sem camisa. Minha mãe provavelmente piraria se visse uma cena dessa.

— O que foi, Killian? - Pergunto ao perceber que ele está sentindo dor. Não só seu rosto expressa, mas como seus pequenos gemidos diz que algo não está certo.

— Minhas costas está doendo. - Ele responde.

— Oops, desculpa. - Me levanto de cima dele e o ajudo á fazer o mesmo. - Precisa de ajuda? Ou algo?

— Não, está tudo bem. Não é algo sério. Foi só uma loira estressada que caiu em cima de mim. - Ele sorri.

— Estou vendo que o jeito é nem me preocupar com você. - Cruzo os braços.

— Bom, você pode... - Ele nem termina a frase, só o vejo cair no chão desacordado. Me ajoelho rapidamente diante de tanta preocupação.

— Killian! - O sacudo. Mas nada acontece. - Killian, fale comigo! - E nada acontece, de novo. - Killian, o que está acontecendo? - Apoio minha cabeça em seu peito.

Tudo bem. Ás vezes pego pesado com Killian. Mas, no fundo, até que gosto um pouco dele. Eu pensei que ele seria insuportável de se lidar, mas até que não é tão ruim assim. Eu só quero que ele acorde de novo e volte á fazer as suas famosas gracinhas.

— Me diz! - Imploro praticamente chorando. O abraço forte enquanto espero uma resposta que não seria muito provável que eu receba. - Por favor... - Sussurro.

Em menos de um minuto, ouço uma pequena risadinha. Tiro minha cabeça do peito de Killian e o vejo com os olhos ainda fechados, mas com um pequeno sorriso de lado no rosto. Como se quisesse segurar a risada.

— Killian Jones!! Eu não acredito que fez isso!! - Grito, e dessa vez, nem me preocupei se foi alto demais.

Ele abre os olhos e cai na gargalhada.

— Você se preocupa bastante comigo, não é?

— Killian, você passou dos limites! - Dou um tapa nele.

Eu não estou nem aí se doeu ou não. Meu sangue está parecendo um tsunami aqui dentro de tanta raiva que estou de Killian. Ele me deu um baita susto!

— Já ouviu aquele ditado: 'Tapa de amor não dói'? - Ele arqueia as sobrancelhas, mesmo com a bochecha meio vermelha.

Não se é coisa de momento ou algo do tipo. Mas, vendo Killian assim, com esse sorriso, me deu uma grande vontade de beijá-lo. Mas eu não vou fazer isso. Minha raiva está maior que qualquer desejo que me vier á mente.

Levanto com toda raiva e saio de lá antes de voar em cima de Killian. Claro que ele iria arquear a sobrancelha e dizer: "Em cima de mim, Swan?". E eu ficaria totalmente vermelha porque esse não era o sentido que eu estaria falando.

Vou para meu quarto provisório e deito de volta na cama. Se Killian me irritasse menos...

* * *

— Emma! Abre a porta! - Killian grita de fora do quarto.

Não sei se estou irritada pelo fato dele ter me assustado ou por eu ter assumido me preocupar com ele. Só sei que estou muito irritada.

— Não vou abrir! - Grito.

— Desculpa pela brincadeira sem graça...

— Ainda bem que você sabe que foi sem graça.

— Se você abrir a porta eu paro de te irritar.

— Sério?

Não posso acreditar nisso. Mas estou quase.

— Claro. Mas, se você abrir a porta.

Me levanto e abro a porta.

— Pode dizer. - Me encosto na porta.

— Eu só queria saber se você se importava comigo. E acabei fazendo uma brincadeira muito sem graça. Você me perdoa?

Como não perdoar com ele me olhando assim? Com esses olhos azuis que praticamente babo olhando.

— Tudo bem. Só nunca mais faça isso, ok?

— Ok, estressadinha. - Ele sorri.

— Começou... - Reviro os olhos. Percebo agora que Killian vestiu uma das camisas antigas de August. - Até que ficou boa em você.

— O quê?

— A camisa, quero dizer.

— Não é bem meus estilo, mas até que ficou boa. Continuo diabolicamente lindo.

— Quer assistir um filme? - Ignoro seu comentário anterior.

— Com você? É claro. - Killian responde.

* * *

Confesso que não estou prestando atenção no filme. Estou vidrada em Killian enquanto faço cafuné em seu cabelo. Ele está deitado no sofá e com a cabeça em meu colo.

Acho que ele ama Velozes e Furiosos, porque não tira o olho da TV.

— Está gostando do filme? - Killian pergunta sem tirar a atenção da televisão.

— Muito. - Minto. Ele vira a cabeça para mim e arqueia as sobrancelhas com um sorriso de lado como se quisesse dizer: "Sério?" - O que foi?

— Você não está assistindo o filme.

— Estou sim, é muito empolgante. - Minto, outra vez.

— Tem certeza...?

— Ta. Eu nem estou prestando atenção. - Digo depois de um suspiro derrotado.

— Quer mudar de filme?

— Não. Acho que vou descansar um pouco...

Killian balança a cabeça positivamente e volta a sua atenção para o filme

Pensando bem... Até que gosto de Killian.