Depois que paramos de dançar fiquei sentada com o Mateus e Téo em uma das mesas, estávamos conversando sobre o casamento e a festa e eu estava de mãos dadas com o Téo. A Manu estava dançando com o Joaquim, o Felipe com a Dóris e a Rebeca com o Otávio.

Nossa conversa foi interrompida pelo Omar:

— Isabela, posso conversar com você? – Ele disse chegando na mesa, eu olhei para o Téo. Tinha que conversar pelo menos um pouco com o Omar, eu dizia para ele que queria ser amiga dele, mas como ele não gostava muito do pessoal acabou que nós nem andávamos mais juntos e eu não conversei com ele a festa inteira, me senti um pouco culpada.

— Eu já volto Téo. – Eu pensei em perguntar se estava tudo bem por ele, mas eu nunca fui de pedir permissão para o que eu ia fazer. Ele sorriu, não parecia que se importava. Dei um beijinho no rosto dele e saí.

Eu fui andando seguindo o Omar até um lugar mais reservado.

— Gostei muito do seu discurso. – Ele me disse.

—Obrigada. – Eu respondi e ele ficou calado olhando para mim.

— Você está muito linda hoje. – Ele continuou me olhando e eu já estava ficando sem graça.

— Obrigada de novo, mas eu acho que já vou né. – Eu disse me virando para sair e ele segurou meu braço.

— Calma, eu.. – Ele parou um pouco de falar, e continuou. - Só queria dizer que você está linda mesmo, esse vestido e seu cabelo. – E ele enrolou o dedo em um dos cachos do meu cabelo.

— Você sabe que eu estou com o Téo, Omar. – Eu disse para ele tirando a mão dele do meu cabelo e me afastando, já estava ficando irritada.

— Eu sei, mas é difícil, ele nunca vai poder apreciar sua beleza.

— Eu não importo com isso. E ele ainda tem chance de poder ver algum dia. – Pensei em falar sobre os exames que fizemos essa semana, mas achei melhor não.

— Como você pode ter certeza? Eu sei como você é vaidosa, imagina ficar com alguém que talvez nunca possa apreciar isso. Eu posso. – Ele estendeu a mão de novo e eu afastei antes que ele encostasse no meu rosto.

— Eu já disse que eu não importo com isso. – Eu disse cruzando meus braços.

— Se você não se importasse com isso teria chamado o Téo para te ajudar a escolher esse vestido maravilhoso, não eu.

Eu sabia que ele tinha um pouco de razão, mas eu gostava era do Téo e quando chamei o Omar para escolher o vestido só queria a opinião dele. Eu gostava realmente do Téo e não importa se ele nunca conseguir ver. E provavelmente ele ia poder ver de novo, não é?

— Você não vai falar nada Isabela? – O Téo disse atrás de mim. Eu virei para ele assustada. Ele ouviu tudo? Porque eu fiquei tanto tempo pensando e não disse nada para defender ele? Droga!

— Eu não importo com isso, você sabe Téo.  – Eu disse tentando me defender.

— Eu não sei, você chamou ele para ir escolher um vestido com você não eu, porque você sabe que eu não poderia opinar. E você está insistindo tanto com a cirurgia que eu acho que finalmente entendo.

— Vou deixar vocês dois à sós. – O Omar disse rindo e eu percebi.

— Você fez isso de propósito não foi Omar? Você viu o Téo chegando! – Eu disse brava e ele só piscou para mim e saiu.

O Téo também começou a sair e eu fui atrás dele.

— Vamos conversar Téo, deixa eu explicar! – Eu disse para ele com urgência.

— Você não tem nada para explicar, eu entendi tudo, você não conseguiria ficar com alguém como eu então você deu um jeito de resolver com a cirurgia!

— Claro que não Téo. Eu só quero o melhor para você!

— Você quer o melhor para você! Você sempre agiu assim, sempre foi egoísta, como eu não percebi antes?! – Era a primeira vez que ele falava assim comigo e eu estava ficando muito assustada e com lágrimas enchendo meus olhos de novo, não posso perder o Téo.

— Você está exagerando Téo, claro que eu penso em mim as vezes, mas não sou egoísta. – Tentei me defender de novo.

— Não vou mais ficar aqui discutindo. – Ele disse se virando para sair.

— Espera Téo, essa conversa está indo para um caminho que eu não estou gostando, por favor, você pode me ouvir? – Eu disse desesperada segurando o braço dele enquanto ele andava.

Ele parou de andar e acho que estava pensando se devia me ouvir ou não, então ele se virou e ficou parado.

Eu me aproximei dele e coloquei minha mão no rosto dele, passando os dedos pelos seus olhos, fiquei melhor quando ele não tentou me afastar.

— Téo, eu sempre te admirei muito por tudo que você consegue fazer mesmo sem poder ver, mas o fato de eu querer que você veja não é por mim, é por você! O mundo tem coisas tão lindas, e eu gostaria que nós pudéssemos vê-las juntos. Se eu tenho a chance de fazer isso por você, eu quero fazer, porque eu te amo!

A expressão dele suavizou.

— Você me ama? – Ele disse sorrindo e eu fiquei envergonhada, já tem um tempo que me sinto assim em relação a ele, mas nunca tive coragem de falar, e agora saiu sem querer.

— De tudo que eu disse é essa parte que você vai perguntar? – Eu disse rindo e ele riu também.

— Claro que é. – Ele esperou eu falar.

— Sim, eu te amo. – Eu disse respondendo à pergunta dele. - Você é diferente, você faz eu me sentir calma e segura. Desde que te conheci já me sentia assim perto de você, você foi a primeira pessoa que conseguiu eu quebrar as barreiras que me fazem sempre afastar das pessoas.

Ele se aproximou de mim entrelaçou seus dedos nos meus e nossos lábios se tocaram e nos beijamos, foi um beijo demorado e apaixonado, entre beijos ele disse:

— Também te amo, muito!

Fomos interrompidos quando alguém me pegou por trás e me puxou.

— Ei! - Eu disse me virando e arregalei os olhos quando vi que era o Geraldo.

— O que está acontecendo Isabela? – O Téo me disse desesperado ainda segurando a minha mão.

— O que você está fazendo aqui Geraldo? – O Téo ficou tenso quando ouviu o nome do Geraldo e segurou a minha mão mais forte.

— Lindo esse momento romântico seus, mas agora você vem comigo Isabela. – Dois homens saíram de trás dele e me seguraram.

— Me solta! - Eu gritei e o Téo ficou tentando me segurar mas acabou que nos soltamos e os homens me carregaram, eu fiquei me debatendo e tentando me soltar.

— Téo!!- Eu tentei gritar e debater ainda mais, então um dos homens colocou um pano molhado no meu nariz.

Enquanto eles me levavam para longe meus olhos estavam se fechando, acho que tinha algum líquido no pano que me deu sono. Antes de apagar totalmente eu vi o Téo tentando correr até mim, mas ele caiu no meio do caminho. Será que ele se machucou? Espero que ele esteja bem. E então eu apaguei.