— Venha, Louisa! Vamos arrumar a nossa nova casa! – dizia o Sr. John, animado, subindo as escadas carregando uma grande caixa de papelão.

      A Sr. Miriam, ao contrário do esposo, não revelava o mesmo espírito de alegria.

      - Agradeço muito se você ajudar seu pai, Louisa – disse a mesma, com o semblante exausto, passando o espanador em um porta retrato – trabalhei muito ontem `a noite e  pretendo descansar um pouco agora.

      - Tudo bem, mãe... – respondeu a menina, que trajava uma camiseta infantil amarela com detalhes brancos e um short jeans.

      Louisa estava se mudando pela primeira vez. Saíra no dia anterior, `a noite, de sua antiga cidade. Apesar de nunca ter experimentado o árduo trabalho de organizar o novo lar, a garota se sentiu animada em saber que podia compor seu quarto da forma que quisesse, uma vez que sua mãe não estaria disposta naquele momento para opinar acerca da organização.

      Procurou, entre várias caixas depostas na sala, seus pertences. Quando finalmente os encontrou, subiu contente as escadas e avistou a estreita porta branca que lhe pertencia. Como haviam chegado na noite anterior, o imóvel ainda não estava completo. Louisa, por exemplo, dormira apenas em um modesto colchão, pois havia deixado a arrumação para a manhã seguinte.

      Ao depositar a caixa com seus pertences no colchão -  sua cama ainda viria no caminhão de mudanças – Louisa caminhou até a janela empoeirada de seu quarto a tentou abri-la.

      Depois de algumas tentativas, a janela finalmente se abriu, criando uma pequena nuvem de pó que fez a nova moradora daquela casa ter um acesso de tosse.

      Quando a poeira baixou, Louisa avistou, através da janela, diversas casinhas miúdas tão próximas umas das outras que pareciam ser um imóvel só. Esticando o pescoço, pôde ver também um grande prédio com letras claras escritas em seu topo. Elas, porém, não conseguiram ser lidas pela menina, pois se encontravam em um estado deprimente de pobreza. Uma possível chuva, talvez há muito tempo, com certeza teria apagado aquelas letras, e ninguém se preocupou em grafa’-las novamente.

      As horas seguintes foram seguidas de limpeza e ordem nos pertences da nova família que ali se instalaram. Tudo pareceu ser tão demorado, que a casa ficou pronta somente no fim da tarde. A Sra. Miriam apreciava  cada detalhe. O Sr. John, por outro lado, ansiava por conhecer o bairro, apesar de seu pobre e deprimente aspecto. O céu revelava um intenso tom acinzentado, porém sem nenhum indício de chuva.