Quando Stiles foi deixado (mais pra arremessado) sozinho em seu quarto ele jogou-se em sua cama, respirando cansado.

Ainda eram dez da manhã e tudo que ele mais queria puxar seu edredom e dormir por mais doze horas. Sua cabeça ainda doía e ele agora se sentia enjoado. Infelizmente, ele tinha que se levantar, não queria nem imaginar o que aconteceria se Lydia voltasse e ele ainda estivesse deitado em sua cama. Mas droga, ela parecia tão mais macia agora.

Tirando uma coragem que nem ele sabia de onde, Stiles levantou sobre os dois pés e seguiu até o banheiro, tirando o gosto estranho de álcool misturado com ovos e bacon da boca com a pasta de dente. Tomou um banho quente e demorado, se livrando de qualquer tipo de odor desconhecido da festa de ontem e tentando seu melhor para não pensar no bonitão desconhecido e sobre seus músculos e a barba rala e não.

Desligou o chuveiro e abriu o Box, com sorte encontrando uma toalha seca no gancho. Enxugou-se rapidamente e enrolou a toalha úmida na cintura, tomando cuidado para não cair ao andar, tudo que ele menos precisava era um hematoma hoje. Stiles se dirigiu até o guarda roupa velho de madeira, abrindo a porta e pegando a primeira cueca Box que achou, uma preta com vários logotipos do Batman, combinaria com o terno na opinião de Stiles. Com a cueca já vestida Stiles se virou para o espelho, pendurado nele havia um terno, embrulhando com uma capa de plástico, era perfeitamente igual a qualquer terno, exceto pela gravata borboleta de cor vermelha, uma homenagem clara (pelo menos pra Stiles) ao décimo primeiro Doctor. Stiles sentia falta dele.

Stiles tirou o terno do plástico com o máximo de cuidado pra não amassar e se vestiu rapidamente, abotoando a camisa de frente para o espelho, checando se todos os botões estavam abotoados no local correto. Era a primeira vez que o vestia, Lydia havia escolhido por ele. E sem ser modesto, Stiles se achou até atraente vestido nele. A amiga sempre acertava no que lhe ficaria melhor, parecia uma espécie de poder.

Ele pegou a gravata e a colcou desajeitadamente no pesçoco, dando uma última checada em si mesmo antes de se afastar do espelho. Então se dirigiu pra cama onde calçou os sapatos de couro, finalmente terminando de se arrumar.

Ele passou mais uma vez no banheiro para pegar um remédio para dor de cabeça antes de descer para sala, onde Scott já o esperava, com um sorriso maior que a lua nos lábios. A última vez que ele tinha visto o amigo sorrir daquele jeito foi quando ele lhe contou que Allison aceitou seu pedido de noivado. Quando ele percebeu já estava sorrindo também, andando em direção ao amigo, que lhe deu um abraço apertado ao se encontrarem.

— Cara, já pensou? Vamos ser irmãos! – Scott disse animado, batendo forte no ombro de Stiles.

— Sim! Legalmente! - Stiles acenou, tão animado quanto Scott. Ele sempre pensou em Scott como o irmão, era aquela coisa de “Irmãos por destino, amigos por acaso.” Só que ao contrário. Não faria tanta diferença agora por eles não serem mais adolescentes e viverem em cidades diferentes, mas o pensamento de ter Scott como irmão realmente era algo feliz para Stiles.

Foi estranho no começo, a ideia de seu pai se casar com outra pessoa. Ele sempre teve essa ideia de que seu pai nunca amaria outra pessoa além de sua mãe na vida. Mas ele estava satisfeito.

Quando seu pai começou a namorar Melissa, Stiles o via chegar todas as noite tão feliz quanto Stiles jamais tinha visto em muito tempo, um sorriso de ponta a ponta combinava com o rosto do xerife. Além do fato de Melissa ser uma mulher fantástica, se fosse para Stiles escolher alguém para ter como madrasta com certeza seria ela. Ele também sabia que sua mãe concordaria.

—Mas temos que ir agora, ainda vamos passar na casa de Kira para buscar ela e Malia, e eu meio que ainda não sei onde fica exatamente o local? – Scott tirou Stiles do seu devaneio, já na porta de entrada, apenas esperando Stiles para segui-lo.

—Sim, eu também não sei direito onde é. Aparentemente é no meio da floresta? – Disse Stiles, já seguindo Scott de prontidão. Eles entraram no jeep velho, com Scott assumindo a direção, Stiles ainda estava com dor de cabeça para dirigir. Scott colocou a chave no carro e rapidamente ligou o motor e saiu do estacionamento.

 – Malia provavelmente sabe onde é, já que ela mora por perto.  – Falou Stiles enquanto se aconchegava no banco desgasto, olhando para a paisagem mista urbano-rural de Beacon Hills.

—Foi generoso da parte dos Hales cederem a propriedade deles para fazermos a cerimônia, ainda mais sem cobrar nada. – Scott comentou depois de alguns minutos, parando em um sinal vermelho.

—Sim, tivemos sorte. Meu pai disse que ele é amigo de Talia e Jorge Hale desde muito jovem, ele conhece praticamente a família toda. – Stiles respondeu simples. Não sabia muito sobre os Hales, era uma família grande. Os únicos com que já teve real contato foi com Malia, na qual estudou junto e agora era uma grande amiga, e Laura e Talia Hale, com quem tinha até certa intimidade. Talia sempre parava para visitar o departamento de polícia quando Stiles era adolescente, ele se lembrava da bela senhora com cabelos longos e escuros que sempre trazia rosquinhas para os policiais e batata frita para ele. Quando ela tinha tempo, passavam horas à fio conversando e discutindo sobre tudo e nada.

 Já Laura ele conheceu de modo inusitado, foi na época em que ela trabalhava na única livraria de Beacon Hills. Stiles, sendo apaixonado por livros desde novo, ia para lá todos os fins de semana, seja para comprar um livro novo ou apenas para conversar com Laura, coisa que fazia muito. Apesar de Laura ser o completo contrário de Stiles (bonita, sociável, popular e agradável) os dois tinham muito em comum.

 Quando Laura completou dezoito e teve que se mudar por conta da faculdade, Stiles ficou devastado. Porém, antes de ir Laura convenceu o xerife de comprar um presente para o filho e assim, aos doze anos, Stiles ganhou seu primeiro aparelho celular. Depois disso as conversas semanais entre os dois permaneceram quase sem falta. Até que a vida universitária de Laura exigiu mais dela e eles perderam o contato por um tempo. Mas ainda se viam quando Laura voltava para a cidade e, mesmo que com menos frequência, conversavam bastante por telefone. Na última conversa que tiveram, Stiles fê-la prometer que viria ao casamento, então estava até ansioso para rever a mulher.

Ele também conhecia Peter Hale, mas o homem o assustava demais, então normalmente ele mantia distância.

 -Provavelmente todos eles estarão lá hoje. - Continuou Stiles.

— Sim, será divertido. – Scott falou com seu típico sorriso no rosto, parando finalmente em frente à casa dos Yukimura, no qual Kira e Malia já o esperavam na porta da frente. Ao verem o jeep, ambas correram para dentro, sem antes se esquecerem de beijar o rosto de cada um dos amigos.

— Estamos atrasadas? – Kira perguntou, empurrando a franja escura para detrás da orelha, todo o resto do cabelo amarrado em um coque elegante, destacando ainda mais o vestido vermelho que usava.

— Provavelmente não. Mas de qualquer modo, não creio que eles vão começar a cerimônia sem o padrinho. – Disse Scott simples, Stiles acenou em concordância, sua cabeça erguida com um orgulho inegável, e todos bufaram.

—Então vamos lá! – Malia se pronunciou animada e como se isso fosse um botão de iniciar, Scott deu partida no carro e eles logo seguiram para a propriedade dos Hales. Allison, Jackson. Lydia e seu pai provavelmente já estariam lá.

 O casamento iria começar.