Depois daquele dia,  a presença de Stiles se tornou quase constante na casa de Derek.

Depois de mais uma semana, Stiles se sentiu livre para aparecer na casa de Derek sem um motivo concreto. No primeiro dia em que ele bateu na porta de Derek e disse que estava ali por simplesmente estar entediado, ele se sentiu inseguro. Não sabia se Derek iria ficar incomodado com a presença constante de Stiles, ele podia até mesmo bater a porta na sua cara e o dizer para aparecer quando tivesse realmente algo para dizer.

Então quando o homem só abriu espaço para ele e disse que tinha sorvete na geladeira, Stiles não pode evitar ficar aliviado.

Normalmente eles sentavam no sofá e conversavam. Sobre a sociedade, sobre livros, sobre árvores. Horas dos seus dias agora eram gastos com diálogos e pouco a pouco Stiles se sentia mais próximo e conhecedor de Derek.

Outros dias eles apenas sentavam próximos do outro, Stiles no sofá maior e Derek na poltrona, e faziam coisas separadas. Derek geralmente com um laptop em mãos digitando algo que Stiles imaginava ser algo do trabalho, que continuava a ser um mistério para ele. Ele já tinha elaborado algumas teorias, mas não tinha coragem de perguntar a Derek.

Stiles estava lendo mais agora também. Depois de mais uma semana ele acabou tendo a oportunidade de entrar no quarto de Derek quando o mesmo pediu para ele apanhar um cobertor. Obviamente a primeira coisa que ele notou no quarto foi a imensa estante de livros.

— Você certamente tem uma bela coleção lá. – Stiles comentou quando desceu com o cobertor em mãos.

— Está falando dos livros? Esses são cerca de 60% deles. Tive que deixar o resto em Nova Iorque com uma amiga. Não deu pra trazer tudo. – Derek comentou pegando o cobertor das mãos de Stiles e enrolando em si mesmo. O laptop em seu colo e seus olhos jamais saindo da tela.

— Oh. – Stiles soltou, voltando a sentar no sofá e pegando também seu laptop. Há alguns dias ele passou a levar também seu computador e agora escrevia sua monografia na casa de Derek também.

— Sinta-se livre para pegar algum pra ler. – Derek disse alguns segundos depois, os olhos antes focados na tela agora fixados em Stiles.

— Posso? – Stiles perguntou incerto. Como outro amante de livro, ele sabia que alguns podiam ser bem ciumentos em relação as suas posses (ele era desses).

— Na verdade tem alguns lá que eu tenho certeza que te interessariam. Vou dá uma olhada amanhã e seleciono uns para você. – Derek finalizou com um sorriso pequeno e voltou sua atenção para o computador. Stiles fez o mesmo.

No outro dia Derek recepcionou Stiles com uma montanha de livros no sofá e um sorriso satisfeito no rosto.

Stiles jogou sua bolsa com seu laptop e seus próprios livros na mesa e sentou para analisar os livros que Derek tinha escolhido -especialmente para mim, Stiles pensou feliz- enquanto Derek o encarava com expectativa. Ele notou uma variedade imensa de assuntos e que realmente todos eram sobre temas que o interessavam imensamente. Tinha até um sobre casos de seriais killers que ele procurava há muito tempo e nunca tinha achado. Ele sorriu especialmente para aquele.

— Você. – Stiles quase gritou para Derek depois de um tempo, e apontou um dedo em direção a Derek que o encarou assustado. Em seguida ele levou as duas mãos para os ombros do homem em sua frente, o fitando com animação, as mãos então sacudindo seus ombros largos. – Você é o cara!

— Fico feliz que tenha gostado. – Derek falou com um sorriso estranho. Se Stiles ousasse, poderia dizer que estava envergonhado.

— Você tá louco? Tem livros aqui que eu procuro há anos! Você precisa me dizer onde compra seus livros. – Ele falou animado. – Eu realmente posso pegar esses emprestados?

— Na verdade eu tenho uma amiga dona de uma livraria e sebo. Então tenho um acesso quase vip a certos livros.

— Seu sortudo filho da mãe. – Stiles disse e Derek riu.

— Leve o tempo que quiser para ler.

— Sim. Sim! Meu deus, obrigado. Caraca, eu te amo. – Stiles soltou animado e se calou quase subitamente quando perceber que a última frase saiu de sua boca. Ele apertou os olhos arrependido. Porra, Stiles!

— Derek, eu – Stiles se pronunciou depois do que pareceu minutos de torturante silêncio.

— Tá tudo bem Stiles. Sabemos que você não quis dizer isso. – Derek falou com um sorriso que Stiles não soube interpretar. Era uma mistura do que parecia ser desconforto e vergonha ou tristeza? Ou poderia ser um sorriso normal. Ele não sabia, porra!

— Ok. – Stiles disse. Segurando o Não, eu na verdade acho que gosto de você. Posso te abraçar? Te beijar? Que amaeçava sair de seus lábios.

Eles passaram outros minutos em silêncio após isso. Stiles fingindo se focar no livro em suas mãos enquanto se xingava em pensamento e Derek fitando a parede como se nunca a tivesse visto antes.

— Tem esse aqui que eu acho que você pode usar no seu tcc. – Derek mudou de assunto, segurando em mãos um livro que Stiles não tinha visto ainda.

Depois disso a conversa seguiu e em algumas horas eles tinham esquecido, ou fingido, o que houve mais cedo.

Em outros dias eles até saíam. Quando estavam preguiçosos, iam comer em algum restaurante próximo e quando estavam livres iam ao cinema assistir algum filme aleatório. Em poucos dias, todos da cidade sabiam que o filho do xerife e Derek Hale eram amigos. Incluindo os Hales.

— Eu não sabia que você e meu primo eram amigos. – Malia falou um dia, deitada na cama de Stiles jogando com o ds do amigo enquanto ele lia um livro.

— É, meio que aconteceu. Ambos temos muito tempo e interesses em comum. Ele é um cara incrível. – Stiles comentou, concentrado em seu livro.

— Hm. – Malia falou simples, sua atenção agora voltada à Stiles, o analisando. Stiles incomodado virou-se para a amiga.

— Ok, o que foi? – Ele perguntou irritado. – Você tá fazendo a mesma cara que Scott fez quando eu contei isso pra ele.

— Você não chama ninguém de incrível. – Malia começou e Stiles suspirou.

— Malia. – Stiles falou só para receber um dedo em seus lábios.

— Não. Você não passa tanto tempo assim nem conosco Stiles. E eu vi vocês dois juntos uma vez, aquele sorriso não é um sorriso que você dá olhando pra um amigo. Você tá apaixonado, mano.

— E daí se eu tiver? Não vai acontecer, não vai. – Stiles falou crédulo.

— Stiles. Derek é um Hale. Ele é complicado e extremamente fechado. Eu posso contar nos dedos quantos amigos ele tem. Mas ele tem o maior coração que eu já vi e é extremamente dedicado àqueles que ele ama. Ele é um bom cara e ele jamais se abriria assim se não, no mínimo, gostasse de você.  Se você realmente gosta dele, não tenha medo e diga pra ele. Nem toda tentativa leva ao erro. – Malia disse fixando seus olhos nos de Stiles.

— E quem disse que o problema está nele? – Stiles perguntou baixinho, mais questionando-se do que outra coisa. Uma pena que Malia tinha ouvido.

— Vamos mesmo ter essa conversa novamente? – Malia perguntou, a voz soando irritada mas Stiles sabia que ela estava mais preocupada do que isso.

Aqui estava a coisa: O histórico de relacionamento de Stiles não era o mais espetacular.

Primeiro teve esse Lucas, seu primeiro “namorado” após ter se descoberto bi. Eles se conheceram na escola. Stiles no terceiro e Lucas no segundo. Foram os melhores cinco meses da sua vida colegial até Lucas decidir não ser mais gay e ignorar Stiles juntamente do time de basquete que ele tinha entrado.

Depois houve Andrew, esse carinha veterano da faculdade que surpreendemente tinha como jogos favoritos os mesmo de Stiles. Stiles, claro, se apaixonou na primeira competição de Mortal Kombat. Dois dias depois eles estavam se beijando na cama velha do dormitório de Stiles.

Duas semana depois Stiles anunciou para todos os amigos que estava namorando.

Era uma pena que Andrew não pensasse o mesmo.

Uma pena maior ainda que Anna, sua namorada, também não pensasse o mesmo.

O último dia que eles conversaram foi quando Andrew perguntou se eles podiam esquecer o que houve e eles serem apenas amigos. Stiles sorriu e disse que estava bem. E assim que chegou no dormitório chorou enquanto bebia e ligava para Lydia. Sempre sobrava para Lydia.

E depois disso houve outra série de decepções amorosas e transas rápidas que fizeram Stiles um completo descrente no amor.  

Isso até Derek. Agora Stiles estava só confuso sobre o amor.

— Stiles. – Malia o tirou do seu devaneio e olhou para Stiles com tristeza.

— Eu não sei se você realmente gosta ou o quanto gosta do Derek. Mas ele não é o Lucas, ou o Tim, ou até mesmo aquele idiota do Andrew. – Malia falou, o nome de cada um dos homens furando como uma agulha no peito de Stiles.

— Derek é fechado, antissocial e ele vira um mudo perto de pessoas desconhecidas. Mas ele é a pessoa mais amável e gentil que eu já conheci e ele jamais seria capaz de magoar alguém. Qual é, ele não consegue sequer matar uma barata. – Ela continuou e Stiles sorriu carinhoso porque ele sabia que Derek era exatamente assim.

— Então se você gosta mesmo dele, faça um favor a vocês dois e diga logo. Não deixe essas marcas do passado te impedirem de seguir em frente. Você merece ser feliz, mano.

E foi com as palavras de Malia em sua mente e as memórias de Derek em sua mente que Stiles disse:

— Eu vou tentar. – E então Malia sorriu e o abraçou.