Chegamos em Berk. Uma população de vikings que vivem para lutar, brigar e matar dragões. Os cidadãos de Berk são conhecidos por serem os mais brutais nessa briga. E consequentemente, mais visados pelos dragões para roubar suas ovelhas. Esse é o tipo de lugar em que eu jamais viveria.

Não é que eu não saiba lutar e matar dragões. Também não é porque meu povoado é menos bravio que eu não goste de Berk. É só que, não vejo necessidade de matar para conseguir o que eu quero.

E...

— DRAGÃO.

Velga tem razão, e está vindo na nossa direção. É claro! Como se fosse fácil navegar tranquilamente para o território de nosso vizinho sem ser atacado. Olhei para o alto e vi a cabeça de um Escalderível*. Obvio que era um escalderível imenso com aquela boca cheia de dente prestes a nos atacar.

—--------------------------------------------------------

— Eu disse para você Bocão. Precisamos de um arpão que acerte as asas deles e possamos mata-los no chão.

— Eu sou o aprendiz de ferreiro, apenas isso e nada mais. O que acha que meu pai vai fazer quando descobrir que peguei uma de suas ferramentas?

Um grito de corneta. Os dois ficaram eriçados, pois esse era o anuncio de ataque de dragão. Stoico pegou seu machado e saiu correndo em direção ao som de aviso. Geralmente a corneta era acompanhada de gritaria, gente correndo e muito fogo para todo lado. Mas não estava na metade do caminho, com um Bocão correndo ao seu lado, quando ele estancou no lugar. Um barco, pequeno o suficiente para duas ou três pessoas levarem, mas grande para chamar atenção de um Escalderível. E os mares estavam repletos dele.

Stoico sabia que não era comum que visitantes parassem em Berk para pegar suprimentos, mas as vezes, em raros tempos, isso acontecia. E hoje era uma dessas vezes. Ele viu quando uma sombra escura vinha um pouco adiante do Escalderível.

“Outro... Esse barco não tem chance alguma”

Bocão assoviou depois de observar a cena a partir de uma luneta de mão.

— E lá se vão duas bonecas.

— Não na minha casa. — Stoico esbravejou e saiu correndo brandindo seu machado.

— Tecnicamente, é do seu pai — Bocão corria atrás de Stoico. — Mas, sim... hora de salvar donzelas.

Eles saltaram no barco que já estava em movimento para o resgate. Os vikings de Berk gritavam as melodias da guerra, mas nada parecia afugentar os Escalderiveis que circulavam o barco das mulheres. Jelga e Valka não estavam desarmadas. Elas brandiam suas armas e batiam contra a cabeça e saltavam para os cantos do barco quando a água quente era jorrada contra o barco.

Ao chegarem perto do dragão, Stoico saltou e arremessou-se contra o Escalderível. Ele ouviu um grito e um barulho, mas ignorou, acreditando que Bocão estava as suas costas. Eles sempre lutaram juntos e sabia que nada atingiria suas costas enquanto ele atacava. Não demorou muito para que eles dominassem e destruíssem o dragão.

Quando virou-se para o seu próprio barco, Stoico viu que uma mulher loira usando peles brancas amparava uma outra mulher, completamente molhada e que estava virada de costas para ele. Bocão segurava uma risada enquanto apontava para as duas.

— Você tinha que derrubá-la?

— Fui eu? — Ele apontou para a menina, e quando confirmado aproximou-se de ambas — Ei, você pode me agradecer por salvá-las ago...

Stoico não conseguiu concluir sua frase quando uma marreta fez o percurso direto na sua cabeça. Ele estava meio zonzo, mas ainda ouvia as risadas de seus companheiros da vila.

— Como se eu fosse agradecer a um bronco como você. Eu estava lidando muito bem sozinha e SECA.

O filho do chefe coçava o ponto dolorido e quando abriu os olhos, foi para sentir uma fisgada puxar seu coração para fora do seu corpo, pela boca. Ele abriu os lábios e ficou ouvindo as reprimendas da mulher mais linda que ele já tinha visto.