Jurassic Park escrita por Cahxx


Capítulo 9
Capítulo 8 - Os sobreviventes




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— Jessy! - Gerry gritou pela filha, do outro lado do corredor.

— Gerry, não! Venha rápido! - Nima já subia uma das escadas.

— Minha filha!

— Ela vai ficar bem! Você não pode ir até lá!

O veterinário subiu no último segundo. Ele e Nima passaram por uma segunda porta e saíram de volta ao ar livre: a luz clareando o caminho ao redor.

— Oh, Jess... O que eu fiz?

— Vamos lá, Gerry!

— Eu a deixei lá! Tenho que encontra-la!

— O que? Vai voltar? Com aqueles monstros?! Não, Gerry. Ela precisa de você seguro. Jessy é uma garota forte e inteligente. Ela está fazendo exatamente o mesmo que nós: sobrevivendo.

— Você não tem certeza disso! Não vou deixa-la com aqueles animais!

— Gerry, me escuta. Se voltarmos, não vamos conseguir chegar ao fundo daquela escada! Os outros escaparam pelo túnel certo. Sabemos onde eles estão indo... E Scott e Sarah estão com ela.

— Oh Deus...

— Se queremos nos juntar a eles, temos que seguir pelo caminho mais rápido...

— Está certa. Devemos seguir melhores por terra.

— Você pode nos levar até lá?

— Sorkin mencionou a estação de dessalinização. É perto do oceano.

— A ilha inteira é perto do oceano.

— Sim, mas nós bombeamos água do mar a partir da lagoa. Eles devem ter construído a Exposição Aquática perto das hidráulicas.

— Lagoa? Acho que sei onde é. Deixe eu me orientar e descubro como vamos chegar até lá.

— Sabe onde estamos?

— Mais ou menos. Esta é minha primeira vez de volta a ilha em 12 anos. A InGen mudou muito aqui.

— Nima, esta ilha. Há mais do que isso, quero dizer, pra você.

— Sim, ela é muito querida pra mim.

— Me diga.

— Eu cresci aqui, sabe? Abaixo daquelas árvores. Meu povo era pescador. Vivíamos perto da praia. Eu adorava a água, gostava de nadar no oceano. Por isso meu pai me chamou de Nima. Eu podia ir a qualquer lugar, correr na selva, escalar as árvores. Esses monstros... nunca houve nada igual antes. Era tudo muito calmo antes da InGen comprar a ilha da Costa Rica.

— Entendo agora. Você e sua família viviam na ilha?

— Minha família. Todos. Minha tribo inteira. Essa foi a nossa casa durante milhares de anos. E está tudo tão diferente agora. Eu conheço a ilha como se fosse parte de mim. Mas quando a InGen veio aqui, um homem importante da Costa Rica chamou meu pai para ir com ele. Queriam que passasse uma boa impressão sobre a ilha e então a InGen pagou muito dinheiro para a Costa Rica por ela. Então, pediram que ele cortasse o cabelo e usava terno para parecer agradável aos olhos da InGen. Me senti como estou agora. Meu pai estava diferente, eu o conhecia bem, mas alguma parte dele se perdeu por lá.

— Vocês eram próximos?

— Hum. Meu pai era um Awa: um curandeiro espiritual. Ele cantava para Sibo, criador da terra. Era muito importante para nossa tribo. Mas quando ele foi embora, nunca mais se voltou para nossas tradições. Estava sempre infeliz.

Gerry apenas continuava ouvindo:

— Antes da InGen, quando meu pai e eu íamos pescar, nadávamos no oceano - ela riu - E ele gritava: “Nima, pequeno peixe, não vá pra tão longe... Não posso te alcançar tão longe...” - o sorriso se apagou - Quando a InGen nos mandou para a Costa Rica eu fiquei muito brava com o meu pai. Tudo o que ele me pedia eu relutava. Mas ele nunca ficou bravo comigo. Ele costumava dizer que eu era um peixe que nunca comeria a isca. Ele estava certo: pra mim, tudo está preso a uma corda.

— Ele sempre me lembrava de minha teimosia. Eu acreditava que era como eu deveria sempre ser. Você sabe, sem laços. Sem tentações. Mas em Atlanta... Minha Mariquita... Ela era muito nova quando foi tirada de minha proteção. Meninas novas soltas na minha vizinhança não se dão bem. Estão rodeadas por drogas, violência... Formas de se desaparecer. Agora, não tenho escolha. Tudo que faço, faço por ela. Agora eu sou o pescador e estou tento uma chance de mudar minha vida, de volta a quando eu apenas perseguia iscas.

— Eu fui para Atlanta para ser livre. Eu quero que ela tenha oportunidades que eu nunca tive. Quero estar ao lado dela como meu pai esteve por mim. Ela pode ser teimosa como a mãe dela e relutar contra as iscas de peixes. Agora sei que é um bom caminho pra se seguir. E acredito que meu pai pensava da mesma forma.

— Nima, eu...

— O que?

— Sinto muito sobre a ilha e o que a InGen fez com ela. Não era pras coisas terem acontecido assim. Se eu soubesse...

— Eu não o culpo, Gerry. Você é uma boa pessoa. Eu vejo isso.

— Mas eu sou pago pela InGen. Eu devo a você! Mas se você me ajudar, posso te ajudar também.

— Certo, Gerry. Não temos mais tempo para conversas.

— Já sabe onde estamos?

— Tenho uma boa ideia. É um caminho difícil. Sente-se bem?

— Sinto muita fome. Com um pouco de sede. Mas só quero encontrar Jessy.

— Ótimo!

Um estranho ruído colocou os dois em alerta. Correram para atrás da parede e aguardaram.

— Querem conhecer Dilophossauros?

— Olá?

— Esse na verdade é um chamado de Whopping Swan. Dinossauros seguem características dos pássaros dos dias de hoje.

E um veículo de turismo do parque seguia pelo trilho diante deles. Assim que parou diante da dupla fumaça exalou do veículo, uma das portas caiu, mas eles tinham um carro.

— Próxima parada: Exposição Aquática!

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— Ufa!

Scott fechou a porta assim que Sarah passou. O piloto escorou-se na porta para recuperar o fôlego e a bióloga deixou-se cair no chão.

— Você está bem?

— Sim, mas e a Jessy?

— Ela está bem. Vi Sorkin a puxar para dentro da sala ao lado. Eles estão paralelo a nós. Que dia maluco, hum?

— Ah, nem me fale...

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— Você está bem? - Sorkin perguntou à Jessy.

— Sim, mas e o meu pai?

— Ele também está bem. Eles fugiram por cima. Logo ele estará de volta. Com certeza deve estar procurando um jeito de vir te buscar.

— Merda! Não podíamos nos separar - Billy resmungou. - E eu ainda fiquei com a pior pessoa.

— Posso dizer o mesmo - o cientista ironizou e seguiu por um corredor de onde emanava uma estranha luz esverdeada. O trio adentrou uma gigante sala onde quatro aberturas no chão davam para o mar.

— O que é isso? - a menina quis saber.

— São tanques de alimentação. Isso pode ser um criadouro. Estão alimentando esses peixes pra servirem de alimento pra outro animal.

— Tipo uma baleia assassina? - Billy chutou.

— Precisamente.

— Tem muitos peixes. - Jessy comentou debruçando-se sobre o mezanino - Quantas baleias estão alimentando?

— Eu não sei. Parece que cada um desses tanques alimentaria três ou quatro orcas por dia.

— Você é um especialista em peixes agora? - Billy resmungou.

— Estou apenas fazendo uma suposição educativa.

— Tem uma anotação naquele quadro - a menina apontou. - É uma agenda?

— Isso é uma incubadora. Esse é o cronograma de armazenamento dos tanques.

— Alguma coisa me diz que esses peixes não estão alimentando baleias, hein doutor?

Sorkin apenas revirou os olhos e prosseguiu com Jessy em seu encalço. Assim que atravessaram a última porta, o trio deu de cara com Gerry e Nima:

— Pai!

— Jessy! - e abraçaram-se.

— Você está ferida?

— Não, eu estou bem. Mas podemos ir pra casa, agora?

— Estou tão contente que estejam bem, Gerry - Sorkin comentou - Como conseguiram chegar até aqui?

— Nós saímos nos tuneis através de uma central de serviços perto de uma das rotas turísticas. Por sorte alguém deixou a programação turnê rodando. Obrigado.

— E quanto a Scott e Sarah?

— Também se perderam da gente. Mas algo me diz que não estão longe.

— Dr. Sorkin - Nima o chamou - Os telefones não estão funcionando.

— Que estranho. Meu terminal mostrou que as linhas centrais estavam ativas. Ao menos que... é claro, tudo está funcionando por computador, até as linhas de telefone. Se o limite de reserva da bateria sobreviveu a queda de energia, então o sistema só está esperando ser reiniciado.

— Cadê os telefones, doutor? - Billy se aproximou - Não temos tempo a perder.

— Sr. Yoder, eu me recuso a ser seu escravo mais uma vez.

— Olha, esse não é um dia para cometer erros. Se não fizermos contato com a InGen para enviar um novo helicóptero, o próximo voo será na asa de um B-52 em chamas!

— O-o que? - Nima tremeu.

— Isso mesmo, doutor. Eles vão matar todos os seus animais de estimação e afunda essa ilha no pacífico.

— Dios mío, é isso que significa “estaca zero”?

— Sim, é isso aí.

— Por que não me disse isso antes? - e o empurrou - Esta é minha casa!

— O que quer dizer com “casa”? Eu não contei antes porque pensei que já fossemos estar longe daqui!

— Essa ilha é a casa do povo ancestral dela - explicou Gerry.

— Espere! O que o Dr. Sorkin está fazendo? - a latina avistou o cientista mexendo num dos painéis.

— James... - Gerry chamou por ele, mas o velho apenas fez que não e uma cabine de metal se fechou ao seu redor.

— Espere!

— Que merda ele tá fazendo?!

— Essa rotunda. É onde a sala de controle está. Ele está indo para os telefones sem nós!

— Droga! Traga o elevador de volta pra cá!

Gerry seguiu para a sala de operações nos fundos da Exposição e encontrou um caderno sobre a mesa:

— Ótimo, instruções. “Insira a chave do operador na fechadura. Ok, blá, blá, blá. O código expira em 24 horas. Operações na manhã resetam o procedimento. Vire a chave em sentido anti-horário para ‘introduzir’ e segure por três segundos. O visor irá resetar e emitir um som três vezes. Vire no sentido horário para “resetar”. Coloque o código anterior e então coloque o novo código”. Certo, é bem simples.

Na parede ao lado, o veterinário observou um calendário semanal com datas de eras geológicas:

— Ah, muito interessante. Estão usando datas da era paleozoica como códigos diários. Deve ser um desses. Hoje é sábado: Carboniferous, 359.2-299. Preciso do código de sexta-feira... - e justamente a plaqueta estava vazia.

— Vai demorar muito, Harding?! - Billy gritou do salão.

— Não! Só preciso encontrar o código do elevador! Bem, vejamos... ordoviciano, cambriano... Talvez proterozoico? Arr, Deus! Eu desisto! Sou um cara mesozoico. Ah, claro! A pedra da Exposição.

Gerry voltou as pressas para o pequeno lago no centro do salão onde uma pedra de sua altura continha a linha do tempo geológica.

— É isso!

— Encontrou?

— Estou quase! Cambriano, ordoviciano, siluriano, devoniano, carbonífero e permiano. Certo, é a ordem.

— O que está fazendo? - Jessy tentou entender.

— A ordem dessas eras indicam a senha do elevador. Deveria decorá-las, filha. Poderá tirar um 10 em geografia.

A menina revirou os olhos enquanto o pai corria de volta para a sala de controle. No calendário, ele pegou a plaqueta contendo “siluriano” e anotou o código.

— Isso!

— E então? Temos algum progresso?

— Aqui está a senha. Só precisamos resetar a anterior e inserir essa nova.

— Então faça logo!

Billy abriu a lata de spray e fitou os embriões.

— Ei, não abra isso! - Nima se aproximou - Está maluco? Alguém pode ver!

— Relaxa.

— Ver o que? - Jessy questionou - O que era aquela coisa? Algum tipo de equipamento de espionagem?

— Isso aí. Ultrassecreto. Se contar a alguém, terei que mata-la.

— Você não vai encostar um dedo nela! - Nima entrou na frente.

— Calma ae, só estava brincando.

Ainda um pouco nervoso, tentando não esquecer a ordem correta, Gerry seguiu os procedimentos decorados e inseriu os códigos. Sentiu alívio assim que a porta do elevador circular se abriu.

— Finalmente! Entrem todos!

Nima ainda lhe lançou um olhar de desprezo e obedeceu as ordens do mercenário. O transportador parecia demorar anos durante a descida. Jessy chacoalhou a cabeça e torceu o nariz:

— O que foi filha?

— Pai... meus ouvidos...

— É a pressão. Devemos estar abaixo do mar.

Logo todos puderam ver para onde seguiam assim que alcançaram uma tubulação transparente:

— Uau! - Jessy exclamou - É para onde estamos indo?!

— Parece que sim.

Muito próximo a eles, cardumes passavam despreocupados e plantas aquáticas ondulavam em silêncio. Adiante, uma redoma de vidro e vigas de metal funcionava como um isolamento da água. Era possível ver o patamar do elevador e de lá, um extenso corredor de vidro até a redoma.

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