Jurassic Park escrita por Cahxx


Capítulo 10
Capítulo 9 - Revelações




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Muito próximo a eles, cardumes passavam despreocupados e plantas aquáticas ondulavam em silêncio. Adiante, uma redoma de vidro e vigas de metal funcionava como um isolamento da água. Era possível ver o patamar do elevador e de lá, um extenso corredor de vidro até a redoma.

— Meu Deus, não estava esperando nada disso. - Gerry comentou. Há meses trabalhando naquele lugar e se quer imaginava haver bases sob o oceano.

— Isso é tããão legal...!

Assim que pararam de descer e as portas se abriram, Billy tomou a passagem:

— Tenham cuidado. Eu vou na frente.

Do vidro, Jessy pousou os olhos numa cela de metal poucos metros acima deles. Um portão de ferro mantinha as luzes vermelhas indicando seu bloqueio:

Eu quero falar com Hammond— a voz de Sorkin tornou-se audível - Isso não pode esperar. Você pode me passar para o sr. Maquire? Não! Peter Ludlow?

 O grupo parou sob um mezanino onde painéis de controle se localizavam. A frente deles, uma redoma menor do que a onde estavam, os separavam de Sorkin. O cientista estava dentro da cela, falando ao telefone. Caminhava ao redor de um lago que dava passagem para o oceano.

Por favor, rápido! Não, escute. Aqui é Dr. James Sorkin.

— Oh, tenho um péssimo pressentimento sobre isso - Gerry comentou. O veterinário desceu uma rampa circular até alcançar a porta automática que vedava James dentro da redoma.

Sr. Paker, eu não preciso de resgate. Só não quero uma emboscada de bombas aéreas!

— Está trancada por dentro - o veterinário contou aos demais.

O que? Não! Aqui tem vida selvagem preservada! Esses animais não estão doentes! Estão em risco de extinção. Você não está me escutando!

— Existe alguma maneira de falar com ela? - Billy perguntou.

Jessy se aproximou de um dos painéis e chamou pelo homem:

— Ei, pai. Aqui parece que tem um interfone.

— Interfone? Onde? - e se aproximou. Sob o painel, ele pressionou o botão - Ei, James. Sou eu, Gerry.

— Gerry, estou te escutando. Fico feliz que esteja aqui. Agora será bem mais fácil.

— O que você está fazendo?

— Iremos parar o bombardeio, Gerry. Esta ilha precisa ser preservada. - de dentro da redoma, o cientista trancou o elevador mais uma vez. Billy viu a porta se fechar e a raiva que sentia pelo velho voltar à tona. - Estou com o restante dos sobreviventes. - James continuou ao telefone.

— James...

— Há outros quatro: três americanos e uma Costa Riquenha. E talvez haja mais dois cujo paradeiro ainda é desconhecido. Não vou deixa-los ir até que os planos de bombardeio da ilha sejam completamente anulados.

— Você não tem o direito de nos manter assim!

— “Direitos” é só uma ideologia feita.

— Não faça disso um debate psicológico.

— Que direitos os dinossauros têm? Eles não têm direitos de sobrevivência? Os direitos deles são diferentes dos nossos?

— Não são os nossos direitos contra os deles. Nossos dinossauros são fantasmas, majestosos como eles podem ser, vivos como eles podem ser. Nós os trouxemos para um mundo que não está preparado para eles. Nós temos a responsabilidade de isolá-los para a segurança do nosso ecossistema. Não são direitos, são responsabilidades.

— E nós temos a responsabilidade de preservar nossas criações e permitir que eles tenham uma chance de sobrevivência à sua maneira.

— Temos que fazer algo - ele se dirigiu a Billy.

— Como o que? Estamos presos entre duas portas trancadas. Não estaríamos nessa confusão se eu tivesse matado ele quando tive a chance!

— Se você não me oferecer uma garantia de que a ilha será preservada, terei que engrossar a conversa. Isso é loucura! Bom, ponha o militar no telefone. Alô? Alô! - e James desligou o telefone aborrecido. - Você quer ver a contaminação do ecossistema global?!

— O que eles disseram? - Gerry questionou - Eles irão parar com as bombas?

Mas o velho não disse nada e começou a digitar no painel a sua frente:

— James, James! Por favor, escute-os! Você está sendo irracional.

— A natureza é irracional! Raciocínios não trazem resultados! E eu acho que é hora de colocar esses assuntos de volta nas mãos da natureza.

— James, há outras opções aqui. Nos mantendo contra a nossa vontade pra salvar os dinossauros é só uma solução mal pensada. Você é mais inteligente que isso!

— Hunf, eu sei Gerry. Eu sei o que estou fazendo. Eu expressei claramente as consequências de ameaça a esta ilha. Marquei uma linha na área que tem sido ignorada e pisada pela InGen, pelo governo, e agora eu tomo as decisões.

— Dr. Sorkin! - a voz de Sarah ecoou no instante em que ela e Scott entravam na redoma.

— Como chegaram aqui? - Gerry quis saber.

— Descemos antes que Sorkin bloqueasse o elevador.

— Professor! - Sarah deu a volta no mezanino e se aproximou da janela - Professor, o senhor precisa nos tirar daqui! Estão se aproximando com bombas e nada do que fizermos irá impedi-los! O senhor precisa nos escutar! Precisamos do senhor na superfície, como testemunha disso tudo!

— Sarah, eu sempre a admirei. Foi uma benção ter encontrado uma aluna tão excelente entre tantas outras da academia. Eu agradeço sua preocupação, mas peço que não perca mais seu tempo. É tarde demais pra tudo isso. Irei libertar o Mosassauro.

— Você está maluca?! Um dinossauro terrestre remando para o continente é uma coisa, mas você está falando sobre liberar um predador aquático em mais de 70% do ecossistema global!

— É somente um. Pode ser recapturado.

— Antes de comer a última das baleias jubarte?!!!

— Oh, não seja tão dramático...

— James, não!

Todos correram para as paredes de vidro a tempo de ver a gigante cela de metal ser aberta.

— O que é esse dinossauro? - Scott questionou a garota.

— U T-Rex nadador - Sarah lhe explicou da forma mais simples possível.

— Plano B - o rapaz disse por fim, encarando um machado trancado numa cabine. O piloto chutou a cabine e retirou a arma de dentro. - Todos para trás! - Avançou para a porta de metal e com alguns golpes conseguiu arrebentar a tranca. Scott , Gerry e Sarah adentraram a segunda redoma.

— Lamento Sarah... Gerry... Mas para o bem desta ilha e o tesouro científico que detém, eu fui forçado a tomar uma decisão.

— Não é tão tarde - a loira pediu - Nós podemos reverter isso!

— Não. Eu derrubei o sistema. Não há nada que você possa fazer. Eu abri os portões e o Mosassauro está livre para viver.

Acima da redoma, a sombra do predador percorria os cantos sem demonstrar todo o seu tamanho.

— James, você tem que...

— Não, Gerry! Isso não está mais em debate! Nós temos que mostrar para a InGen...

— Olhem! - Nima gritou do mezanino. Todos encararam para o lado a tempo de ver a cabeça do Mosassauro bater contra a redoma. James perdeu o equilíbrio com o impacto e rolou por cima da grade contenção, indo cair dentro do lago marinho.

— Saia da água! - gritou Gerry.

O velho se debateu até alcançar a beirada. Scott esticou a mão para ajuda-lo, mas tarde demais. O corpo de Sorkin foi puxado para dentro da água e desapareceu.

— Dr. Sorkin! - Sarah gritou correndo até o lago. Scott esticou a cabeça tentando ver algo e o a cabeça gigante do animal surgiu no lago voltando a descer em seguida. - Ah!!! - O piloto abraçou a garota e a puxou para longe da água. Logo o silêncio se instalou. Todos permaneceram encarando a abertura no chão em total assombro.

— Droga... O que estava pensando?! - Gerry tremia, esfregando os cabelos. Nima abraçou Jessy, ambas ainda no alto do mezanino. Billy saltou para o patamar mais baixo, indo se juntar aos demais.

— Tudo bem, todos estamos bem. E fiquem longe do buraco.

— “Bem”? - Gerry se ofendeu.

— O que foi? - o mercenário se aproximou dele - Você quer ouvir um “Eu te disse”?

Gerry apenas o fuzilou com o olhar e torceu o nariz:

— Eu não sei quanto a vocês, mas eu vim aqui fazer um telefonema. - e seguiu para o telefone. O veterinário subiu as escadas para se aproximar de Nima e Jessy.

— Você está bem? - Scott questionou à Sarah que ainda não largara sua cintura.

— Ah... Eh... Sim. - ambos se encararam.

— Alô, aqui é Willian Yoder, ID 41222. Me transfira para Haskell.

Nima chacoalhou de leve o braço de Jessy e lhe sorriu para quebrar a tensão da menina.

— Senhor? Sim, senhor. A embaixada dos EUA. Relate do seguinte modo: a ilha está completamente invadida. Equipe Alpha, mortos em ação. Apenas um se salvou, eu. Equipe Bravo, mortos em ação. O piloto da InGen vivo. Dois helicópteros danificados. Duas vítimas civis. Eu tenho acesso ao mar por um barco e irei evacuar com o restante dos sobreviventes.

Scott prendeu uma das mechas de Sarah atrás da orelha. Ninguém mais conversava. Apenas aguardavam o resgate.

— Sim, senhor. Os militares podem avançar. Noventa minutos. Entendido, senhor. - e desligou o telefone. Billy ativou o elevador e avistou a porta abrindo. Subiu as escadas de volta a primeira redoma e Sally e Scott subiram atrás.

— O que está acontecendo? - Gerry quis saber - Pra quem você ligou?

— Isso já foi longe o suficiente.

— O que?

— Vocês não virão comigo - ele encarou Gerry. - Isso se tornará um trágico acidente. Nima, nós temos tudo que precisamos. Iremos acabar com isso sem eles.

— O que?! - Jessy encarou a mulher. Gerry se virou para ela. A garota tinha os olhos marejados. Parecia que o choque da traição da mulher era pior do que a cena da morte de Sorkin. A latina ergueu o peito e fitou Yoder.

— Não.

— O que quer dizer com “não”? Fizemos um acordo, lembra?

— Nosso “acordo” não envolve matar o Gerry e a Jessy. E agora, nem mesmo Scott e Sarah.

— O que está acontecendo? - o piloto se aproximou.

— Lamento pessoal. Fui enviada aqui pra recuperar embriões de dinossauros da InGen.

— Não... entendi - disse Gerry.

— Você é uma... espiã corporativa? - Scott lhe questionou.

— Sim - a mulher baixou os olhos.

— Droga, Nima! - exclamou o veterinário - Eu confiei em você!

— Não é nada disso. Yoder pegou o recipiente. Ele quer só para ele. Estou tentando ajudar vocês!

— Qual recipiente? - Scott perguntou.

— A lata de creme de barbear. Tem um compartimento para contrabandear os embriões pra fora da ilha.

— Nima, você está estragando tudo - Billy ergueu as mãos impaciente.

— Não, você está! Oscar confiou em você! Ele pode ter sido um demônio, mas levava seus pecados no braço para todo mundo ver. Você... você é apenas um disfarce sem nada por trás disso.

Jessy correu até o mercenário e começou a soca-lo:

— Você! Não liga pro Oscar ou pro D-Caf?!

— Já chega! - e empurrou a menina, retirando uma granada do bolso - Todos para trás! Vou dar uma chance esportiva a todos - e começou a caminhar para trás - Depois que eu passar pela porta, não há volta.

— Não faça isso... - Gerry pediu. Billy soltou o explosivo no chão.

— Não!!! - Jessy se apavorou.

— Corram! - Gerry gritou. Todos correram para trás, exceto Scott que disparou em direção ao mercenário. Conseguiu alcança-lo na porta do elevador e saltou pra cima dele. Ambos entraram no instante em que a porta se fechava atrás.

— Não! - o piloto gritou tentando impedir a porta de se fechar. Ele socou a parede e assistiu o momento em que a explosão surgiu dentro da redoma. - Seu imbecil! Filho da puta!

Scott socou o mercenário e ambos se enfrentaram no corpo a corpo enquanto o elevador subia para a superfície da base.

— Você está bem? - Gerry perguntou a filha. Ergueram do canto e viram Nima sair de seu esconderijo, acenando que também estava bem. - Sarah? - o veterinário chamou pela garota. Foram encontra-la num canto mais abaixo, a perna parecia ferida.

— Acho que cortei a perna...

— Deve ter alguma coisa pra estancar o sangue por aqui.

Nima se abaixou ao lado dela e tirou o lenço que prendia no cabelo, amarrando o pano ao redor da perna da garota.

— Obrigada... É muita gentileza sua.

— Aceite como uma lembrança.

— Droga... droga... - Gerry exclamou nervoso. Encarava o vidro acima do túnel que começava a trincar por causa da explosão. Água começou a entrar e foi a deixa para o grupo correr e se trancar na segunda redoma.

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