Jurassic Park escrita por Cahxx


Capítulo 3
Capítulo 2 - Rochas no caminho




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Ainda seguiam pela estrada escura, Jessy dirigia tensa e Gerry mantinha a vítima deitada em seu colo:

— Certo, ela vai ficar sedada por um tempo. Mas essa alteração tóxica não faz sentido...

— Pai... - Jessy o chamou.

— Talvez os dinossauros estejam comendo plantas venenosas...

— Pai...!

Jessy parou o carro e Gerry olhou para frente: um Triceratops comia um grande galho de folhas no meio da estrada.

— Uau... É linda! É “ela”, né?

— Sim. Hunf, ainda bem que é apenas um filhote. Se encontrássemos Lady Margareth... bem, digamos apenas que é difícil lidar com ela. Descobrimos que grupos familiares se formam mesmo sem haver relações genéticas entre eles. Essa filhote irá voltar a família assim que...

— Pai, não quero saber disso!

— Ah sim, certo. Bem, o nome dessa aí é Bakhita. Mas o que estaria fazendo aqui fora? - Gerry desceu do carro - Tenho que coloca-la de volta ao cercado. Fique aí dentro.

— Oh, isso é tão legal!

Gerry se aproximou da filhote que soltou um pequeno rosnado:

— Calma aí, garota... - ele ergueu as mãos - Musa Callimusa, hum? Você realmente ama isso...

Tentou empurrá-la, mas era pesada demais. Tentou puxar o galho para atraí-la, mas a jovem dinossauro não soltava. Jessy desceu do veículo e se aproximou para acariciar a fêmea.

— Jess, eu disse pra ficar lá!

— Ela é quente... Não sabia que era tão quentinha. - e a dinossauro se sacudiu.

— Calma, ela só está te conhecendo. Mas é melhor ficar no carro.

— Tá brincando?!

— Será mais fácil lidar com ela, pode ficar nervosa.

— Poxa...

Gerry tentou empurrar o portão da cela, mas estava emperrado. Foi até o galpão de controles  que estava trancado:

— O que tem aí dentro? - a garota quis saber.

— Fora o controle do portão tem alguns uniformes, arame pras cercas, botas e pás de neve.

— Neve? Pra que?

— Bom, não são para retirar neve...

— Ah... Eca!

Gerry encarou o painel eletrônico da porta:

— Jessy! Procure no porta-luvas um caderno de arame.

— Já achei!

— Certo, agora verifique algo sobre “Código de acesso do galpão dos Triceratops”.

— Hum... Acho que é... 1-5-6-3-3-7

Gerry digitou a senha e a luz da porta ficou verde. Na parede do galpão ele girou a manivela para Mode On e o portão da cela voltou a ativa.

— Cerco, agora mexa as luzes do farol. Isso afastará ela da comida.

Jessy piscou várias vezes as luzes e a dinossauro se incomodou com a claridade, afastando-se do galho. Gerry aproveitou a oportunidade e arrastou as folhas de volta para a cela. Bakhita foi atrás do galho e acabou entrando:

— Isso pai! - Jessy comemorou.

O veterinário então começou a fechar o portão, mas na última fresta a jovem dinossauro bloqueou com a cabeça, começando a fazer exclamar ruídos:

— Não, Bakhita! Pra dentro!

— Vou assustá-la! - Jessy se ofereceu e começou a buzinar no carro. A Dilophus se irritou com o barulho e caminhou para trás, voltando às pressas para perto da mãe.

— Oh, não... A Alpha...! Jessy, pare de buzinar!!!

— Estou tentando! - a garota se desesperou no volante - mas parece que emperrou!

Lady Margareth raspou as patas no chão e apontou os chifres em direção a Gerry. Este correu com o portão, mas era pesado demais. Não conseguiu fechar a tempo da Alpha abrir a grade e jogá-lo para longe. Lady Margareth urrava aborrecida com a buzina e começou a dar empurrões no carro de Jessy.

— Desliga! Desliga! Desliga! - ela gritava. Abriu a tampa da lateral do volante e passou a tentar arrancar os fios. A Alpha ergueu o carro com a cabeça e o jogou para longe. Este caiu de lado. Jessy soltou o cinto e puxou todos os fios que encontrou; a buzina desligou juntamente com as luzes dos faróis.

Lady Margareth pareceu se acalmar um pouco:

— Você está bem? - tentou perguntar à mulher ferida. E então, o som de passos, de algo muito grande se aproximando fizeram Jessy sair pela janela quebrada e erguer a cabeça. Seus olhos dilataram: com toda a sua altura e ameaça iminente, um T-Rex se aproximava da cena.

Gerry que estava preso sob as grades do portão, começou a tentar sair debaixo das vigas antes que o gigante animal o esmagasse. Assim que passou pelo último buraco, o T-Rex passou ao seu lado indo chocar-se de frente com a Triceratops Alpha. Uma luta deu início na clareira.

O veterinário desviou de caudas, patas e tentou sair do meio da briga. Finalmente alcançou o carro de Jessy e ajudou a filha a sair do veículo.

— Estaremos seguros naquele galpão... - o homem indicou a filha. Num ato de desespero, a garota saltou do carro e correu em direção ao destino. - Espere, Jessy! Não!

A garota chocou-se com uma das patas do T-Rex que se virou para encará-la. O gigante animal tentou abocanha-la por diversas vezes, mas o corpo pequeno e ágil da menina conseguia desviar e saltar para os lados a centímetros de ser apanhada.

Lady Margareth tornou a rosnar para o inimigo que mudou de alvo. A Alpha correu em direção aos dois como um touro. Jessy ergueu-se do chão e saiu do meio da briga, correndo para o galpão. Gerry veio em seguida, caminhando com dificuldades e carregando a mulher ferida em seus braços.

Alcançaram o pequeno esconderijo e trancaram a porta de metal. Gerry deitou a mulher a um canto e abraçou a filha com força. Esta segurava-se para não chorar.

— Você está bem?

— Sim, eu estou... E você?

— Sim, sim... Estou bem... Fica calma...

— E quanto a ela? - Jessy apontou pra mulher.

— Vamos ver: dois braços, duas pernas... É, acho que também está ok.

A garota sentou-se no chão e abraçou os joelhos:

— Sabe, eu estou louco para ter um café da manhã decente - Gerry tentou distraí-la - Ovos e bacon bem frito. Você ama bacon, não?

— Sim...

Gerry encontrou uma lanterna a um canto e acendeu para clarear o lugar apertado:

— Isso me lembrou aquele seu abajur de urso, lembra? Você não dormia sem ele.

Ele a fitou por um tempo: não sabia ao certo o que dizer.

— Pai... Aqueles dinossauros não podem entrar aqui, não é?

— Sem chance. Ela é feita de aço maciço.

— Pai... Lembra quando eu disse que queria ver dinossauros lutando?

— Hum?

— Aquilo foi incrível.

— Durma um pouco querida.

Jessy encolheu-se a um canto do quartinho e Gerry dormiu sentado após encontrar um rifle tranquilizante e apertá-lo por entre os dedos.

Gerry foi o primeiro a abrir os olhos. Algo batia na porta do galpão: o ruído de batidas no metal              lhe fizeram acordar. Levantou com o rifle e abriu a tampa da porta: o dia estava claro e tudo parecia vazio. Decidiu abrir a porta e logo que seus olhos se acostumaram à claridade ele constou tratar-se apenas de um pássaro bicando a lateral da porta. Tudo aparentemente tranquilo.

O carro estava aos pedaços a um canto. Jessy apareceu logo atrás:

— Então, quem você acha que venceu?

— Pelo jeito que as coisas estão, acredito que fomos nós que vencemos.

— Pai... Olha...!

Um dos chifres de Lady Margareth estava caído ao chão, envolto em sangue:

— Isso não costuma acontecer. Um filhote solto, tudo bem. Mas um Tiranossauro?! Isso é inaceitável! Preciso falar com Muldoon e a equipe de segurança.

— Mas como vamos chegar ao centro de visitantes? - ela encarou a carcaça do carro.

— Andando...

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Cliques aqui e ali e logo a câmera de vigilância reproduzia imagens da dupla de “sortudos” no galpão dos Triceratops.

— Como você fez isso? - ele lhe perguntou.

— É fácil de hackear. O sistema é mantido em conjunto com fios de empacotamento... Como tudo nesse maldito parque!

— Parece que não fomos os únicos a perder o barco.

— Eles não vão durar muito ali. Precisamos busca-los!

— E como faremos isso? Estamos longe e o acesso a estrada está bloqueado.

— Podemos estar presos aqui no mato, mas aqueles dois estão parados exatamente na Guia Principal de Turismo. Veja isso.

Digitou alguns comandos e conseguiu acesso ao painel de controle. A senha foi descriptografada para “Studry” e a digitá-la na box, verificou uma única luz acesa:

— O que significa isso?

— Que temos um carro ainda na ativa.

Clicou em “enviar” e assistiram ao veículo de passeio percorrer os trilhos e se aproximar de Gerry e sua filha.

 

Bem-vindos a bordo!— disse a voz no carro. Gerry verificou os assentos e parecia tudo normal.

— Pra onde essa coisa vai nos levar? - Jessy quis saber após o pai prender o cinto de segurança na mulher ferida.

— Esses carros de passeio só levam a alguns lugares. Se estiver nos ouvindo, preciso que nos leve para o Centro de Visitantes.

 

— Parece que um deles está ferido...

— Estou surpreso por ser apenas um. Anda, vamos leva-los ao centro.

 

— Esse carro não consegue ir mais rápido?! - Jessy reclamou - Vamos levar uma eternidade desse jeito.

— Oh! - a mulher ferida despertou, seus olhos com uma estranha coloração, extremamente dilatados e sua boca balbuciando palavras sem sentido - O que está fazendo aqui? É perigoso!

— Você se envolveu num acidente, mas vai ficar bem agora. Estamos levando você para...

No entanto a imagem do dinossauro no uniforme de Gerry pareceu causar desgosto à estranha:

— Ah! - ela apontou - !Bastardo! Morirás por tus pecados!

— O que tá acontecendo? - Jessy se apavorou.

— Deve estar tendo alucinações...

— Mariquita - a mulher acariciou a garotinha - angelito mio...

— Ela disse que sou seu anjo... - a garota traduziu para o pai. - Hola... ?cómo estás?

— No sabes cuánto he esperado...

— Jess, continue falando com ela. Diz pra ela se acalmar, ela precisa descansar...

— Meu espanhol não é muito bom...

— Você pode ajuda-la querida, apenas diga que ela precisa descansar.

— ?Mariquita? ?Qué pasa, mi amor?

— Uh... Usted... necesita... el descanso...

— Oh, descanso... sí, sí... - e a mulher deitou a cabeça para o lado e voltou a dormir.

— Nossa, a professora Ana nunca vai acreditar que fiz isso.

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O céu já tornava a ganhar um tom rosado quando avistaram o prédio do Centro de Visitantes num formato um tanto piramidal.

Aqui termina o nosso passeio. Não se esqueça de visitar a loja de presentes na saída do parque. Agradecemos sua visita!

Saíram do carro e entraram no lugar, se quer percebendo a passagem de um helicóptero pouco tempo depois.

— Olá?! - Gerry gritou dentro do prédio, a moça em seu colo totalmente desacordada - Ei! Alguém pode nos ajudar, por favor?! - mas nada. Parecia totalmente deserto e...

— O que aconteceu aqui?! - Jessy ficou surpresa ao reparar no local destruído, com pedaços de ossos pelo chão, cabos pendurados do teto. - Onde estão todos?

— Eu realmente não tenho ideia. Mas onde quer que estejam, sei que estão bem. - Gerry colocou a mulher sentada a um canto e observou a sua volta - Jessy, acho melhor você ficar com a nossa paciente, eu vou dar uma olhada por aqui.

O ruído de aparelhos eletrônicos soou no ar e ambos, pai e filha, dirigiram sua atenção para o topo da escada:

— Alguém tá tentando se comunicar com a gente, não é? - a filha chutou.

— Está vindo do sistema de PA. Eles devem estar usando o canal de emergência. Espere aqui, eu vou tentar rastrear o sinal. - e subiu as escadas até o painel de controle. Levantou todas as chaves de segurança e então o rádio apitou.

— Está aqui embaixo! - Jessy gritou olhando para dentro de um crânio de Velociraptor. O homem tirou o aparelho e mexeu nos pinos até sintonizar a chamada - Olá? Sou Gerry Harding, Eu sou o Veterinário Chefe do parque...

Não sei quem são vocês. Eu sou James Sorkin, e espero que tenham gostado do passeio.

— Doutor Sorkin! O senhor ainda está na ilha?!

Estamos presos no laboratório de campo. A entrada está alagada e as nossas linhas telefônicas estão fora do ar. Sabe algo sobre isso?

— Não... O centro de visitantes está vazio, parece que um tornado passou por aqui. Temos um T-Rex a solta por aí e estamos todos presos na ilha.

A segurança caiu na noite passada. Obviamente o parque ficou um inferno depois disso. Parece que Hammond já evacuou.

Não acredito que ele nos deixou pra trás! - uma voz feminina exclamou no fundo da comunicação.

— Não se preocupe, vou tentar ligar para o continente daqui. Eles vão mandar um helicóptero, mas primeiro Doutor, eu tenho uma mulher ferida aqui. Ela parece ter sido mordida, e eu não sei o que a mordeu. Seja o que for, é incrivelmente tóxico e...

Tóxico? É uma ferida diferente? Padrão mordida de Heterodontes? Cerca de 20 centímetros de largura a mandíbula?

— Sim, a descrição bate.

Certo. Vou passar para minha assistente que é Médica.

Olá, sr. Harding, aqui é Sarah Jordan. Sabe me dizer como estão os olhos dela? Há algo como escleróticas descoloridas? Opsoclonia?

— Sim! É exatamente isso que estou vendo! - Gerry animou-se ao saber que tinha pessoas capazes de ajuda-lo por ali.

— Bom, você não tem muito tempo. Ela vai entrar em uma série de convulsões e depois disso ela não irá voltar. Você tem algum Carfentanyl?

— Carfentanyl? Um relaxante? Não, eu não sou médico, quero dizer, acho que serviria...

Então apenas escute. Um quarto de dose apenas será suficiente pelo tamanho dela!

— Doutora Jordan, com todo respeito, mas essa dosagem poderia mata-la!

Doutor Harding, você precisa confiar em mim! Você precisa de um tranquilizante poderoso para combater as toxinas. Você precisa ser rápido se quiser vê-la viva...!

— Tudo bem, certo... Talvez no laboratório... Não, espera! Os dardos tranquilizantes do rifle! Tem uma mistura de etorfina.

Isso pode funcionar. Tire ela daqui o mais rápido possível. Enquanto isso, não saia de perto dela. Quando o efeito começar você precisa segurá-la firme.

— Mas... não é perigoso? Normalmente...

Por favor, siga minhas instruções! A vida dela depende disso! Me chame nesse canal quando aplicar o tranquilizante.

A chamada desligou e Jessy encarou o pai com preocupação:

— Preciso leva-la para um lugar seguro, onde eu possa trata-la. Vou precisar de...

— Dardos tranquilizantes! Sim, eu ouvi. Estão no carro. Eu vou busca-los.

— Ok, mas escute: se você ouvir ou ver alguma coisa, não corra riscos! Volte correndo direto pra cá, ok?

— Não se preocupe... Eu me viro.

Jessy abriu a porta com cuidado e olhou ao redor, parecendo não haver nada. Caminhou na ponta do pé até o carro. Ao longe, as folhas dos coqueiros começaram a balançar fortemente acompanhadas de urros e gritos do gigante predador. Jessy não perdeu tempo: abriu a porta e retirou a maleta preta ao pé do banco. Voltou correndo para dentro do prédio e fechou a porta num baque.

Ela parou um pouco para respirar, mas assim que viu o pai no mezanino do topo, já entendeu o que acontecia:

— Jessy, fique parada! - ele gritou. Ao seu lado, o T-Rex acabara de arrombar a outra entrada e invadia o salão. - Corra para fora!

O T-Rex mordeu a grade do mezanino ao mesmo tempo em que uma de suas patas arremessava Jessy para um lado e a caixa para o outro. A menina sentiu-se tonta e começou a levantar com dificuldade. Conseguido erguer-se, ela correu para detrás de uma das colunas e escorou-se na estrutura, permanecendo imóvel e respirando aceleradamente.

— Não se mova! - o pai ainda gritava. - Ele só poderá nos ver se nos movermos. - e como dito, o dinossauro desistiu da garota e voltou para o centro do salão - Você está bem, querida?

— Sim, estou!

— Apenas fique fora da visão dele - e o veterinário voltou para perto da mulher que começava com as convulsões. - Oh, não... Os dardos... - e a segurava com força para que não se debatesse tanto.

Jessy trocou de coluna para aproximar-se dos dardos e isso chamou a atenção do T-Rex. Gerry entendeu que a filha pretendia recuperá-los e pensou em ajudar de uma vez. Ao lado, avistou uma pilha de caixas e as derrubou do topo. O predador foi em direção ao barulho ao tempo em que a pequena garota correu em direção à maleta.

O T-Rex voltou-se para Jessy que alcançou as escadas e começou a subi-las às pressas. Desequilibrava-se com os passos do animal e tentava desviar de suas tentativas de abocanhá-la. Finalmente alcançou e topo e jogou a maleta para o pai. Gerry retirou uma das seringas, esvaziou-a com cuidado e com a dosagem de um quarto, ele aplicou na moça.

Foi instantâneo que suas pupilas voltaram ao normal e a cor dos olhos se recuperou:

— Onde eu estou? - sua consciência também voltou ao normal.

— Eu serei condenado... - Gerry lamentou.

À frente, o T-Rex tentava alcança-los com a boca gigantesca. Gerry olhou ao redor e viu a única saída pela janela.

— Vamos por lá... - ele apontou. Subiram numa sequencia de plataformas móveis até alcançar a abertura de vidro. Saíram pelo telhado do prédio que ainda tremia com os baques do dinossauro. - Jess, fique abaixada!

Mas tarde demais: a garota perdeu o equilíbrio e foi cair dependurada na borda do telhado. Gerry largou a mulher e correu até a filha. Esticou a mão para segura-la, mas a mão suada da garota escorregou e ela caiu mais um andar, indo parar pendurada no portão.

Gerry deu a volta e desceu do telhado, parando embaixo da garota:

— Jessy! Solte! Eu vou te segurar!

— Não consigo! Estou com medo!

— Apenas relaxe querida...! Não está muito alto! Você vai cair em cima de mim!

— E-eu... não consigo!

— Ok, querida! Eu vou contar até três e você se volta! Um... dois...

A cabeça do T-Rex arrombou a porta e o corpo de Gerry foi bater contra o carro. Jessy ainda segurava-se muito em cima da cabeça do animal. Gerry levantou-se e correu até o predador. Desviou de suas abocanhadas e tentou atraí-lo para longe, mas este estava interessado na pequena.

Correu até o carro e retirou o rifle. Apertou o gatilho, mas estava descarregado.

— Merda...!

— Aqui! - a mulher gritou do telhado, arremessando a caixa com os dardos. Jessy acabou soltando-se e caindo em cima da cabeça do T-Rex. Este se chacoalhou, mas ela manteve-se firme em sua pele. Gerry engatilhou a arma e disparou duas vezes. Jessy caiu no chão e ou apagou ou fingiu-se de morta. Gerry deu o último disparo e o animal urrou, encolhendo-se para dentro do prédio.

— Jess! - o homem correu até a filha e a ajudou a se erguer - Vamos! Estou aqui!

Levantaram-se do chão e correram para o carro. Novamente o T-Rex surgiu arrombando a outra entrada com a cabeça e tentando pegá-los. Alcançaram o veículo e esconderam-se do outro lado. O predador tentava desvirar o veículo com cabeçadas e Gerry pensava em como iriam fugir mais uma vez.

Retirou o comunicador do bolso e sintonizou a chamada mais uma vez:

— Dr. Sorkin?!

Estou aqui. O que está acontecendo?

— Preciso que você ligue o carro de turismo.

Como? Eu não estou entendendo—-

— Me escute! Por favor, ligue o carro!

Certo. Só um momento.

Após alguns segundos, as luzes e as vozes do veículo se acenderam. Este começou a caminhar pelo trilho. O T-Rex olhou para o carro e começou a segui-lo. Por longos segundos ninguém conseguiu emitir nenhum som, até Jessy quebrar o silencio:

— Pai...

— O que foi, querida?

— Eu já vi... dinossauros o suficiente.

— Bom, nesse caso... vamos para casa.

Ela concordou com a cabeça.

— Vamos lá, eu só preciso dar um telefonema.

De volta ao interior do prédio do Centro de Visitantes, a mulher estava sentada numa das caixas e todos pareciam bem.

— Há quanto tempo foi isso? - ela quis saber.

— Encontramos você na noite passada. - Jessy conversava com ela - Na verdade... bem... batemos em você.

— Merda de lugar...

— E então? Quem é “Mariquita”?

— Mariquita? Eh, ninguém... É apenas uma palavra.

— A ajuda está a caminho! - Gerry apareceu - A sala de controle está uma bagunça, mas o telefones voltaram a funcionar. Ei, você está bem melhor agora.

— A ajuda está a caminho?

— A InGen enviou uma equipe de resgate. Um helicóptero estará aqui em breve para nos levar ao continente. Você irá se encontrar com um médico para pessoas, ao invés de um veterinário - ele brincou.

— Uma equipe de resgate...? InGen... Minhas coisas... Eu tinha uma bolsa!

— Ah, está bem aqui! - Jessy mostrou.

— Essa mordida no seu braço - Gerry tornou a perguntar - O que aconteceu?

— Alguma coisa na floresta...

— Tudo bem, pode nos contar. Sem pressa...

O rosto da mulher se contorceu numa expressão de medo, angústia talvez...

— E-eu faço reparos... Eles me chamaram porque... eu sou a melhor... nas cercas...

Gerry e Jessey se entreolharam confusos:

— Ah, querem saber! Não tenho tempo pra isso!

— Ei, ei! Vá com calma! Não se estresse.

— Não haverá nenhum resgate - a mulher disse por fim e ergueu uma arma em direção ao veterinário. - Não para você.

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