Whispering escrita por Brubs


Capítulo 4
Death Arrives


Notas iniciais do capítulo

"If you die, would anyone care?"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673197/chapter/4

 

— Rey, o sol já nasceu.

Bellamy a acorda a agitando de leve. Ela abre os olhos como sinal que todo o seu corpo deveria também acordar. Suspira suas palavras matinais e percebe que Bellamy ouviu, apenas sorri e coloca o colete da mãe novamente e a mochila nas costas. Charlotte também estava acordada, e com sua adaga em mãos.

— Charlotte, vem aqui — Ela lentamente vem e Rey sorri tentando ser amigável — Isso não é um brinquedo e eu sei que não preciso dizer isso a você. Vindo para cá já provou que você não é mais uma criança. Isso vem com responsabilidade. — Eu seguro sua mão com a faca — Com uma adaga mão você tem muito poder, mais do que deveria ter, então antes de fazer qualquer coisa, eu peço que pense. Certo?

Charlotte acena com a cabeça e olha para Bellamy, que concorda também com a cabeça.

— Vamos sair daqui.

Bellamy mantem Charlotte a sua frente, e Rey atrás dele. A floresta sempre cheirava a queimado depois da neblina e o tom amarelo da mesma contaminava algumas folhas. Rey sempre pensou como o ácido apenas queimava a pele humana, os animais e plantas sempre saiam intactos disso.

Gritos, Charlotte. Rey corre. Um menino machucado, bolhas de queimadura e quase não respirando. Bellamy se aproxima e se ajoelha perto dele, o chingando e o chamando de Atom.

— Você consegue fazer algo? — Rey apenas não consegue ver nada, seus olhos leitosos e ainda mostrando seu desespero. Como era possível? — REY!

Saia dessa, Rey!

— Não, não...algumas queimaduras passam, mas isso... — Ela se ajoelha do outro lado de Atom em pânico.

A dor, como alguém aguenta? Horas na neblina e mais outras largado sem ajuda.

— Me mate, me mate — Atom não parava de sussurrar e Rey olha para Bellamy, não existia outra solução.

Clarke aparece e se ajoelha ao seu lado, apenas para confirmar o que já disse. Bellamy manda Charlotte embora junto com o grupo que estava com Clarke. Rey pego sua mochila e tira um relaxante dela, iria manter a mente de Atom relaxada e as dores iriam diminuir.

— Isso vai diminuir a dor, é tudo que posso fazer. — Rey coloca um pouco do creme por baixo do nariz, assim que ele respira percebemos que seu peito acalma.

— Vai ficar tudo bem, okay? — Clarke diz e acaricia seu cabelo. Vejo ela pegando uma faca e cantando ao mesmo tempo, logo após ela entrega isso para mim.

Isso iria fazer tudo ficar melhor? Ao redor de pessoas que não conhece muito bem, longe de tudo que conhece após horas agonizando. Algo para passar a dor e uma doce voz iria melhorar. A faca perfura a garganta e o sangue escorre, a vida dele se esvai. A dor ainda era verdadeira, a dor da facada ainda estava lá. E nisso ele se vai, num banquete de drogas e uma voz doce. E ainda morto por alguém que nem conhecia. Para Clarke e Bellamy isso era bom, sem sangue na mão. Eu não me importo, apenas mais uma morte na minha conta. Mas, para ele? PARE DE PENSAR REY!

Bellamy a observava, Rey pode não estar vendo, mas eu vejo. Admiração? Medo? Raiva? Ela estava matando um deles, ou sacrificando um deles? Depende de como vê uma faca entrando na garganta. Para os cristões morte é morte, não importa com que intuição faz isso

— Obrigada... — Clarke suspira limpando uma lágrima.

Rey se levanta e vira de costas para eles, não podia ver mais aquele corpo. Ele a fez pensar muito, não gostava disso. Quanto mais pensava mais ideias surgiam e mais dúvidas vinham junto. Após anos apenas ela e sua mente muitas coisas boas e ruins surgiram. Ela solta seu cabelo apenas para relaxar, bagunçar alguma coisa e depois prendê-lo novamente. Três pequenos coques, o cabelo leve desse jeito apenas um nunca aguentava.

— Eu preciso ir, preciso ir para casa. — Rey avisa eles com dúvida se isso era realmente o que precisava.

— Rey, você está bem? — Bellamy pergunta ainda perto do corpo.

— Si-sim, sim. Eu apenas preciso ir. _____________________________________________________________________________

Rey volta para sua casa apenas para encontrar tudo do jeito que deixou, sua cama desarrumada e seu estoque de carne vazio. Ela senta na mesa e come as frutas que havia restado.

Eles estão te distraindo, Rey. Pare de ver eles.

Ela se limpa e coloca uma roupa mais larga, a camisa do seu pai e deita na cama. O telhado da casa nesse local era transparente, seus pais fizeram de modo que sempre pudesse ver o céu e as estrelas. Seu pai roubou muito material da comunidade para construir aquela casa, mas acabou sendo isso que os salvaram.

Eles vão me usar, não é? Eles vão me deixar fazer tudo por eles, o trabalho sujo. Matar os selvagens e até eles. Não, não, isso é errado demais até para eles. Eu que escolhi fazer tudo isso para eles, minha responsabilidade. Porém, se não fosse por mim, mais estariam mortos. Certo? Eu estou fazendo algo bom, não é? Não estou os matando...eu estou os matando. Eu deveria me afastar...não, não, NÃO! Eu estou ensinando a eles como sobreviver. Isso. Isso.

—____________________________________________________________________________

No outro dia Rey volta para casa com um javali, após uma manhã inteira caçando ela conseguiu voltar ao normal. Ela tira a pele e coloca para secar, serviria como cobertor. Tira as entranhas e joga fora numa clareira onde costumava vir panteras para comer, o que iria mantê-las perto e seria mais fácil para caçar. E a carne coloca para defumar.

Depois disso e a sensação de trabalho cumprido surge, não tinha mais nada para fazer. Ela olha o mapa da região e se pergunta, iria ou não o procurar hoje?  Todas as regiões já riscadas, menos Mount Weather. Rey sempre soube quem o pegou, sempre. Mas não queria fazer isso verdade, se os homens da montanha realmente o pegou, vê-lo novamente seria impossível.

O que fazer agora? Eu quero vê-los, realmente quero. Talvez podia perambular por aí e esperar algo acontecer. Sinto que algo vai acontecer. Talvez aconteça.

Mochila e arco na mão, correr. Desviar das arvores, passos leves. Sem marcas, sem rastro. O sol estava claro hoje, a mata mais verde que o normal. Dias assim costumavam ser bons, não que dias bons dos dias ruins tinham muita diferença. A sensação no final do dia mudava, de agonia para tranquilidade.

— REY! — Alguém gritava por ela, não posso mentir, ela sorriu nesse momento. Não aquele sorriso que mostra até dentes e que mostra exatamente seu sentimento. Seria mais uma boca torta, mas ela gostou de ouvir alguém gritando por seu nome.

Rey corria com a mesma boca torta e com o mesmo sentimento até ver Bellamy na mesma caverna que passaram a outra noite. Gritando e procurando por ela, a boca torta não era mais torta, mas por apenas alguns segundos se tornou um sorriso discreto completo. Depois ficou sério e gritou por ele.

— Alguém me procura? — Ela grita por cima um pouco acima de onde ela estava.

— Rey, eu preciso de algo.

— Nossa, okay. — Se aproxima e o observa, mesmo pedindo um favor para uma completa estranha ele não perde a posição de líder. — O que seria?

— Preciso que me ensine a rastrear, a caçar, como usar o arco. Para que eu possa ensinar para meu povo. — Bellamy não parecia ser fraco para Rey, ele tem certeza do que faz. — Não podemos sair pela mata perseguindo javalis com facas.

— Nisso eu concordo. — Ela ri lembrando do outro dia. — Por que eu iria fazer isso?

— Porque algo me diz que você não quer nos ver morrendo e sofrendo.

— Algo também me diz que isso vai acabar com eu sendo morta.

— Não se você estiver conosco quando isso acontecer, nos ensine a lutar para que possamos lutar contra os terra-firmes juntos. — Ele sabia como persuadir as pessoas, como atingi aquele ponto da alma. Aquela palavra.

Juntos. Não mais sozinha.

— Você não parece aquele tipo de pessoa que vai me deixar te ensinar alguma coisa.

— E você parece ser aquele tipo de pessoa que vai ficar muito irritada comigo, mas não vai parar até ter algum resultado.

— É, você está certo. Porém, — Aquela pausa dramática, como adorou poder fazer isso — Eu quero algo em retorno, algum favor.

— Certo, qual seria ele?

— Eu não sei, na hora irei apenas pedir.

— Temos um acordo? — Bellamy estende sua mão e Rey estende a dela, selando o fim da conversa.

—____________________________________________________________________________

— BELLAMY! VOCÊ POR ACASO É CEGO? — Rey grita após um dia tentando ensinar a ele a rastrear. — Para e respira um pouco. — Ele irritado faz o que ela pede — Imagina um ambiente intacto, ninguém passou por ele. Agora abre os olhos, e veja o que está errado. Algum sinal de vida.

— Tem esse borrão na terra — Bellamy repete pela quinta vez — Mas não em que direção a coisa foi.

— Não se baseia apenas no chão, as pessoas ou animais não tem apenas os pés, o corpo esbarra por aí. Olha para o arbusto.

E então ele vê, como se fosse algo tão simples. Bellamy pega o arbusto quebrado e joga no chão irritado.

— Aff, para de ser assim — Rey senta no chão pegando seu cantil de agua. — Tem certeza que não vão perceber que você vai sumir pelo resto da semana todas as tardes no mesmo horário?

— Sim, eu deixei Murphy no meu lugar e disse que iria investigar os terra-firmes. — Bellamy morde sua maça — Eles acham que estou numa missão heroica.

— Vocês deveriam deixá-los em paz, não é um muro que vai os impedir de te matar.

— Eles que pegaram o Jasper e enfiaram uma lança no peito dele. Eles começaram. Quando vierem estaremos preparados. — A raiva saiam da boca dele como se fosse algo normal.

— Irão lutar contra eles com facas?

— É por isso que estou pedindo isso a você, me ensine a usar o arco. Poderemos mata-los a distância.

— Eles também têm arcos. 

— Pelo menos daremos a eles uma boa luta, não estaremos apenas parados no lugar com faquinhas.

— Vem aqui, apenas cuidado com a lamina — Rey se levanta e pega o seu arco, o oferecendo a ele. Bellamy o pega e também uma flecha, ele prepara a arma do jeito que sabe. — Seu cotovelo na mesma altura que a flecha e respira de uma vez e não solta — Ela se aproxima dele e observa a flecha — Mire e apenas solte sua respiração quando for atirar.

Um, doi... Rey conta no pensamento e a flecha se vai, cravando na madeira. Ele mirou ali? Se a resposta for sim ele fez um ótimo trabalho.

— Você é um merda na categoria rastreamento, mas para isso...

— Eu acho que não preciso mais das suas aulas, Rey.

— Para de ser convencido, a arvore fica parada. Tenta atirar em algo em movimento. — Ela toma seu arco dele e o guarda — Acho que é tudo por hoje, Blake.

— Antes de você ir, preciso de falar algo. — Bellamy a segura pelo braço. —Ontem descobrimos um corpo na mata ao redor do acampamento. Alguém matou Wells, o resto do grupo pensa que foi você. Murphy espalhou boatos que você era uma terra-firme sanguinária e...eles não gostaram disso.

— Por isso você se encontra comigo meia hora longe do seu acampamento? — Rey puxa seu braço para longe com raiva — Você não fez nada a respeito? Clarke?

— Nós tentamos, Rey. Você poderia vir algum dia e os ensinar a usar o arco.

— Eles vão tentar me matar! — Ela aumenta seu tom mas não chega perto de ser u, grito.

— Eu conversarei com eles, amanhã trarei alguma resposta. — Bellamy pega sua lança e cada um segue seu caminho.

E eu me pergunto novamente, que bosta eu ando fazendo? Ensinando a ele como me matar. Bellamy não iria fazer isso, não é? Estou confiando demais. Ou estou fazendo o certo? Já fiquei tempo demais sozinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Cap dedicado as novas leitoras e principalmente a Ally K, que mesmo tendo comentado em apenas um, foi o primeiro coment da fic. Beijos de luz!!