Whispering escrita por Brubs


Capítulo 3
The World is a Dangerous Place


Notas iniciais do capítulo

"The world is a dangerous place, Elliott, not because of those who do evil, but because of those who look on and do nothing." Mr. Robot



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O que eu fiz? Eu sou tão tola quanto eles? Tudo está desmoronando, eu preciso continuar procurando. Não vou avançar se eu ficar tentando ajuda-los. Não tenho nada com eles, não preciso protege-los. Alguma hora ou outra eles irão aprender.

Rey não queria acordar, se abrisse os olhos iria confirmar ao seu corpo que era hora de levantar. Tinha que caçar, seu estoque de carne havia acabado e não pode sobreviver de frutas por muito tempo, iria deixa-la fraca e cansada.

— Apenas outro dia no paraíso... — Rey suspira sentando na borda da cama. Suas botas estão ao seu lado e a coragem de coloca-las não aparecia.

Descalça ela vai até o espelho que ficava em cima de uma mesa improvisada que tinha um balde, o mais próximo de uma pia que ela já teve em seis anos. Lava seu rosto e prepara seu cabelo marrom claro em três pequenos coques. Sua franja sempre ficava solta e seus olhos verdes nunca se incomodaram com a mesma.

— Rey, Rey...você anda falando demais, Rey — Ela avisa a si mesmo, por muito tempo tudo que falava no dia era “apenas outro dia no paraíso” e sua boca se calava pelo resto do dia. Sua cota de um mês em palavras foi gasta apenas ontem.

Botas, arco, flechas e mochila. Sempre deixava tudo pronto para caso algo acontecesse, arco para caça e para distancia, adagas para lutas corporais. Na mochila suprimentos para duas semanas e as botas que a acompanham por anos.

Sair para caçar sempre era uma coisa fácil para Rey, desligar de tudo e apenas rastrear sua caça. Mas agora sua cabeça estava uma bagunça, desligar não era possível. Cada passo sua mente voltava ao acampamento, se Jasper estaria bem, se eles precisavam de ajuda. Acho que esteve tanto tempo sozinha que ter alguém com quem conversar mudou-a.

CALE A BOCA, REY! Ou...cale sua mente? Pare de pensar e olhe para o chão. Precisa comer agora.

O chão, a resposta para tudo. Ver o que está errado num ambiente incerto, pegadas ou algo deixado para trás. Pegadas de algum animal machucado, ele estava correndo e deixou sangue para trás. Alguém estava o caçando. Selvagens? Não, muito longe para eles. Os caídos? Pode ser, mas também estão longe do acampamento.

Pare de pensar e ouça. Rey tenta parar de pensar e presta atenção nos sons. Vozes...droga, eles estão por aqui e não sabem nem caçar.

— Idiotas! — Rey corre em direção das vozes, que não demorou nem três minutos para acha-los pelo volume deles. Um grupo de meninos liderados por Bellamy.

Quando ela aparece todos preparam a arma a estavam prontos para atiras em mim, mas não sabiam nem segura-las direito. Um bando de crianças armadas.

— Esperem, ela não é uma terra-firme. — Bellamy avisa e uma criança sai de trás dele, uma menina com menos de trezes anos. — O que você está fazendo aqui?

— Caçando até vocês aparecem — Rey responde se aproximando — Animais não são idiotas, ouvem vozes e decidem o que fazer. Se forem panteras ou outros do tipo eles vem te atacar, se for coelhos ou veados eles fogem. Então, ou vocês estão atraindo a morte ou afastando a comida.

— Não precisamos de você nos ajudando — Algum dos meninos grita.

— Eu concordo, eu poderia deixa-los morrendo de fome, mas o que vocês estão fazendo está também me prejudicando. — Respondo para ele e se volta para Bellamy — Parece que não é o único ingrato.

A trompeta amarela soa, Rey a chamava assim. Os selvagens soavam para avisar a neblina acida para o povo que estava fora do acampamento deles. O que acabava a ajudando também.

— Precisamos ir, agora. — Rey avisa já sentindo o cheiro forte e a vendo ao longe.

— O que é isso? — Todos gritavam desesperados, já podíamos ouvir os gritos de alguns. — QUEIMA!

A garota. Esse foi o primeiro pensando, salvar a menina.

— Hey, querida. Venha comigo. — Rey faz a voz mais doce possível para a menina e segura sua mão. — Bellamy, venha comigo!

Ela corre de modo que os dois a acompanhasse, sabia onde estava e apenas precisava achar uma caverna. O terreno era difícil para correr, com várias colinas. Mas, se estivesse certo, na próxima tinha uma caverna. Rey solta a mão da menina e pula para dentro da caverna.

— Me dê sua mão — Relutantemente a menina faz o que pede e Rey a coloca para dentro. Porém, não via Bellamy. Havia o perdido de vista. — BELLAMY!

— Estou indo! — A neblina não a deixava ver nada, seu rosto já queimava um pouco quando viu uma silhueta surgindo. Ele pula para dentro da caverna e puxa-a para o mais fundo possível. — Onde está a Charlotte?

— Estou aqui! — A menina responde vindo em nossa direção.

— Como você soube que isso ia acontecer? — Bellamy pergunta colocando Charlotte para trás dele.

— Os selvagens avisam a trombeta. — Rey responde sentando no chão — Eu não vou machucar a garota. Na verdade, eu não vou machucar ninguém do seu povo. Não sou o tipo de pessoa que enfia uma lança no peito de um garoto e o arrasta como isca. Ou alguém que machuca crianças.

— Se você nos falasse quem é poderíamos confiar mais. Tudo que sabemos é que surgiu no meio da mata e ajudou Jasper. Enquanto todo mundo aqui quer nos matar você nos ajudou, por que?

— Eu não sei, também me pergunto isso. — Rey suspira e tira sua mochila das costas — É melhor vocês se deitarem, vai ser uma longa noite.

Bellamy acomoda Charlotte no canto da caverna com e tira seu casaco para servir como cobertor. Rey retira o tecido novamente e entrega para ele, que apenas observa:

— Vai ficar muito frio, ela precisa ficar aquecida.

— E você?

— Eu consigo passar a noite com um pouco de frio — Ele pega o tecido e a cobre.

Bellamy senta na sua frente e a observa, como Rey odeia ser observada. Parecia que ele estava lendo sua alma, tudo que aconteceu e fez.

— Pare de fazer isso! — Ela fala num tom baixo depois de um tempo — Se vamos ficar a noite inteira aqui não quero que fique me encarando todo o tempo.

— Se não é uma terra-firme e não é do nosso grupo, o que é?

— Se você acha que os selvagens comandam aqui está errado, muito errado.

— Quem está com você, Rey? Vocês têm medicamento e falam inglês. Algo me diz que são bem mais evoluídos que os terra-firmes. — Ele apenas queria resposta, como eu.

— Nós éramos mais evoluídos, tínhamos computadores, armas. Mas...algo aconteceu e apenas tem eu agora.

— O que aconteceu?

— Bellamy, eu não vou te falar. E não porque eu apenas quero, porque eu não quero te colocar numa batalha que não é sua. O quanto menos você saber melhor.

Isso ela estava certe. Mount Weather lutou por anos e conseguiu destruir seu povo, por enquanto eles não se importavam com os adolescentes e por isso eles estão seguros.

Por que eu me importo com eles?

— Por que você se importa conosco?

Okay, estranho. Ele me perguntando exatamente a mesma coisa que eu me perguntei.

— Vocês me lembram do meu povo, tinha apenas 17 anos quando tudo aconteceu, mais ou menos a sua idade. — Bellamy se contrai um pouco.

Espera, ele é o mais velho.

— Ou a idade deles. Você é mais velho. — Ele acena concordando — Agora me fale, depois de tanto tempo porque vocês estão aqui?

— A arca está morrendo, o ar está acabando e eles queriam ver se a Terra é habitável.

— Por que mandaram um bando de crianças para isso?

— Bom, nós somos quem eles não precisam. Um bando de criminais que não tem a idade para sermos mortos e apenas consumimos o ar deles. 

— Algo me diz que você gostou de ter vindo para cá.

— É claro, aqui não temos regras. Podemos fazer a bosta que quisermos sem responder para ninguém.

— Fazer qualquer bosta não vai ajuda-los a viver aqui.

Então os gritos começaram, Charlotte se debatia e gritava enquanto dormia. Os gritos não cessavam e ela continuava a dormir. Bellamy se aproxima e a acorda, Rey se afasta e apenas observa os dois.

— Do que você tem medo? — Bellamy tenta acalma-la, porém ela vira o rosto não querendo dizer — Quer saber, não precisa falar. O que importa é o que você faz a respeito.

— Mas...eu estou dormindo.

— Medo é medo. Mate seus demônios quando está acordada e eles não estarão lá quando estiver dormindo

— Sim, mas...como?

Charlotte. Você me lembra alguém, alguém que eu procuro todo dia. Alguém que não me deixa dormir por três anos.

— Você não pode ser fraca. Aqui, fraceza é morte. Medo é morte.

Rey pensa sobre o que eles falam. Se ela tivesse o mostrado como lutar ele estaria vivo agora? Ele tinha apenas onze anos, apenas uma criança que sempre viveu no buncker e foi apresentado ao mundo selvagem cedo demais. O que teria feito? Protegido é claro. Porém, esconder dele o que tinha atrás da porta foi errado, ele não estava preparado. Dar uma faca a ele? Como Bellamy fez? Onze anos armado? Temos que escolher quando matar e quanto deixar para lá. Por muito tempo Rey esqueceu isso e pensava que vivia sem medo, mas o que ela tinha era medo e isso a fez de uma pessoa irreconhecível.

— O que você está pensando? — Bellamy pergunta interrompendo sua mente.

— Nada.

— Você está encarando o nada por uns quinze minutos, pare de esconder coisas.

— Eu vi como você olhou para Charlotte, você vê algo a mais nela, vê alguém nela. O mesmo olhar que está nos meus olhos está no seu. — Rey deita na pedra e encara o teto da caverna, úmido e brilhante.

— Eu vejo minha irmã, Octavia.

— Eu vejo meu irmão. — Ela se vira para a parede, não gostava de falar sobre ele. Todo momento ele estava na mente dele, mas dizer isso, confirmava o que realmente aconteceu. — Vamos dormir — depois sussurra — eu apenas preciso voltar para casa...

Vocês devem estar perguntando porque ela precisa voltar tanto assim para casa. E como já disse, eu não posso dizer. Ela apenas precisa, alguém disse para esperar e ela espera. Há anos ela espera. E ela irá esperar até eles voltarem.

Eu devia ter protegido eles...isso era tudo que eu tinha que fazer e eu falhei. Rey pensa antes de adormecer.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, e peço que comentem amores, apenas deem algum sinal de vidas!!