Obscure Grace escrita por Ahelin


Capítulo 26
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Hey, pudim!
Como vão as coisas na Terra?

QUE COMECE A TEMPORADA DE TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

Aviso: Talvez o próximo demore um pouco mais de dois dias :V
AVISO IMPORTANTE: Esse capítulo contém pequenos spoilers das temporadas 7, 10 e 11 de Supernatural. Isso é essencial na fic.

Até lá embaixo o/



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— Ok, eu vou ser obrigada a pegar outro pedaço. — Cibele quase se joga em cima da mesa e se serve de mais uma generosa fatia do bolo da minha mãe.

Todo o clima da casa é alegre e convidativo. Aparentemente eles estão determinados a repor todas as datas especiais que eu perdi — natal, ano novo, minha festa de boas-vindas, a comemoração se eu fosse aceita na faculdade e meu aniversário — no mesmo dia, uma vez que meus pais prepararam um quase-banquete cheio de coisas gostosas. Tivemos peru, macarronada, batatas fritas, suco de laranja caseiro e bolo de veludo vermelho recheado com Nutella e morango, tudo num único jantar. Uma coisa é certa: não aguentarei comer mais nada por uma semana.

Minha barriga já está doendo de tanto rir das histórias que eles estão contando. Rafa, de acordo com a minha mãe, se recusou a tomar banho por uma semana pra ficar as 24 horas do dia comigo. Ele só cedeu quando as enfermeiras começaram a reclamar do cheiro. Cibele rodou a baiana no hospital até deixarem ela entrar e depois começou a distribuir chocolate pra todo mundo lá. Queria ter visto tudo isso.

Falando na minha amiga, ela anda um pouco estranha. Está sempre me olhando com um quê admirado, mas não sei o motivo disso. Quase sufocamos uma à outra de tanto abraçar.

— Ainda não acredito que eu fiquei mais de três meses desacordada — comento.

— E eu não acredito que você acordou... — Mamãe seca uma lágrima do canto de seu olho e estende a mão por cima da mesa para pegar a minha. Ela e papai andam chorando pelos cantos o tempo todo agora.

Não contei a nenhum deles o que aconteceu comigo, nem pretendo. Com certeza vão me achar louca. Já faz duas semanas que tive alta e ainda não há notícias de Will. O que será que aconteceu com ele?

— Lis, vai passar Supernatural na Warner — diz Rafa ao se levantar.

— Ué, você assiste? — Levanto junto e começo a recolher os pratos, mas a dona Clara me impede.

— Não, não — ordena. — Vocês jovens vão lá pra sala, seu pai e eu cuidamos disso aqui.

Insisto um pouco, mas ela é implacável. Quando chego na sala, meu irmão está esparramado no sofá e não dá sinal de que vai se mover. Luto com ele por um espaço e logo ele cede o lugar na ponta, mas coloca seus pés no meu colo assim que sento. Ah, Rafa.

Cibele chega logo depois se aconchega na poltrona. Nenhum de nós diz nada até a introdução acabar.

— Ei, você já tá na temporada 11? — Arregalo os olhos. — Quando isso aconteceu?

— Sem ofensa, mas acha que eu fiquei o tempo todo olhando pra sua cara? — ri ele em resposta. Pego o controle e pauso a tevê, afinal tenho muitos assuntos a colocar em dia com meu novo colega de série. — Logo no primeiro dia, liguei a televisão do quarto pra tentar acabar com um pouco do stress e tava passando uma maratona em homenagem ao Bobby com os melhores episódios dele. Lis, você tinha que ver! Aquele cara já saiu sozinho de um coma atravessando várias memórias antigas, já escapou do céu, nossa... Depois me interessei e gravei as primeiras temporadas pra ver.

Meu pai costuma dizer que eu tenho um alarme no cérebro que apita quando tem algo errado. Ele chama isso de intuição apurada. Se for mesmo verdade, o alarme está apitando loucamente agora.

— Eu tô com dor de cabeça — invento. — Acho que vou deitar.

— Ah, já? — reclama Cibele. — Ok, melhoras.

— Tem aspirina na minha cômoda, se precisar — acrescenta Rafa enquanto levanto. — Até amanhã.

— Boa noite — me despeço deles e passo pelo quarto dele antes de chegar ao meu. Sorrateiramente, pego o notebook.

Só quando tranco a porta, sento na cama e ligo a internet as teorias malucas começam a tomar forma. Uma geral na página da Warner me mostra os episódios exatos da maratona que Rafael citou. Clico para saber mais sobre cada um e dois deles me chamam a atenção logo de cara:

"Ficção de corte: Neste episódio, nosso herói levou um tiro e entrou em coma. Um ceifeiro aparece, mas Bobby foge dele e encontra a projeção do amigo Rufus, que lhe explica que ele terá que atravessar suas piores memórias se quiser sair dali."

"O homem de dentro: Castiel e Sam estão desesperados, o que os faz invocar ajuda de Bobby; em uma chamada direta ao céu, o anjo conta que para sair de lá é necessário encontrar o que está errado em seu cárcere. O padrinho dos Winchester rapidamente encontra um fio solto na parede e o puxa, encontrando assim uma porta oculta na..."

Paro de ler nesse ponto. É informação demais pra digerir de uma vez. Passo para a página seguinte, correndo os olhos pela programação dos próximos dias. Conheço a maioria dos filmes que passaram, mas um deles parece sobressair: A Origem. Uma das coisas que me marcaram nesse filme foi DiCaprio dizendo para sua nova colega de trabalho que "cinco minutos no mundo real equivalem a uma hora no mundo dos sonhos". Não foi quase isso que Will me disse, só que ao contrário?

Ligando os pontos, isso fica cada vez mais assustador. Na série, Deus disse a Dean e Sam praticamente a mesma coisa que me disse naquele jardim. A enfermeira que foi ao meu quarto no hospital se chamava Flávia. Raziel, ao que parece, também é um personagem de Supernatural. Além disso, o que não falta nessa série são anjos lutando. Senti o cheiro do perfume de Rafa durante todo o tempo e cheguei a ouvir risadas.

Mas não pode ter sido tudo um sonho... Ou pode? Ainda há muitas incógnitas nessa história, como Will, Miguel, Leo, o acidente que aconteceu quando eu era criança. Não sei se eu teria capacidade de inventar tudo isso sozinha. O melhor a fazer em relação a isso é esperar até amanhã e pesquisar o quanto eu conseguir.

A noite parece se arrastar inteira depois que deito, mas o sono não chega. Rolo de um lado pro outro, conto carneirinhos e tento limpar a mente. Não adianta! Pego o celular para ver as horas e só se passaram dez minutos. Que droga, eu desisto.

Levanto e vou na ponta dos pés até o quarto de mamãe. Ela ainda não dormiu, o que é uma boa notícia, porque caso contrário demoraria uma vida para acordá-la.

— Mãe, mãe, mãe, mãe, mãe! — Pulo em cima dela. Papai deve estar na cozinha terminando de lavar a louça e ela se deitou pra ler. — Tenho uma coisa pra te perguntar. Vai parecer estranho, mas aconteceu alguma coisa com a gente quando eu era criança?

— Como assim, Mel? — Ela pisca os olhos, mas não os desvia de seu livro.

Mel. Ela só me chama assim quando está nervosa por algum motivo.

— Não sei, eu tive um sonho esquisito... — desvio. — Deve ser bobagem.

Espero que ela diga com aquele jeito meigo que estou ficando louca, mas não. Ela guarda seu livro no criado-mudo e endireita o corpo na cama.

— Lis, querida — começa, segurando minhas mãos. — Quando você tinha quatro anos, um motorista bêbado bateu no nosso carro e você ficou fora do ar por quase uma hora. Um tempo depois, começou a ver coisas e eu fiquei com tanto medo... — Seus olhos ficam marejados outra vez.

— Mãe, não chora! — Deito no ombro dela e brinco com seus cachos. — Já passou.

— O médico te receitou remédios fortes pra esquizofrenia e eu não soube o que fazer — continua, com lágrimas escorrendo pelas bochechas. — No fim, não era nada daquilo. Me perdoa, meu anjo.

Ainda fico um tempo acariciando seus cabelos e tentando não chorar também. Então é verdade, mas o que isso prova? Que eu tenho um histórico estranho de ver coisas que não estão lá. Até onde sei, esse acidente pode ter sido o gatilho para todo o sonho bizarro que tive com anjos e ceifeiros.

Nem percebo que estou com sono até que escuto meu próprio ronco. Opa. Levanto e rumo pro meu quarto. Tenho muitas coisas a resolver amanhã.

A impressão que tenho é de fechar meus olhos e logo em seguida abri-los de novo. Cibele está literalmente pulando em cima de mim, que ótima maneira de acordar.

— Acorda! — comanda ela.

— Sim, capitã — resmungo de volta. — Nem mais cinco minutos?

— Nope! — nega, parando de pular. — Eu tô indo embora. Meu namorado veio me buscar.

— O quê? — Quase a derrubo por levantar tão rápido. — Como assim você vai embora? Achei que fosse passar as férias aqui!

— É, eu também achei... Mas recebi um convite pra fazer o teste pra Orquestra Sinfônica Brasileira! — Dá pra ver que ela está prestes a explodir.

— Ah, a OSB? — Rio junto com ela.

— Eles não chamam desse jeito. — Cibele me abraça com força.

— Sem querer interromper as madames, mas já interrompendo... — Um rosto conhecido surge na porta. — Bombom, temos um avião pra pegar pro Rio de Janeiro! — Miguel exibe orgulhosamente um par de passagens de avião enquanto eu tento segurar meu queixo caído. Isso é impossível.

— O que eu disse sobre me chamar de coisas de comer? — Minha amiga caminha até ele. — Vamos ver se você pega a indireta, doçura. Eu não sou comestível, ao menos não pra você, e por um bom tempo.

— Ok, eu entendi! — O rapaz ergue as mãos em rendição e Cibele sopra a franja loira que insiste em cair nos olhos dele. — Sem mais piadinhas.

— Lis! — Ela se vira de volta pra mim. — Acho que você ainda não conhece meu namorado Miguel, conhece?

Faço que não com a cabeça.

— Oi, Lis. — Miguel acena e exibe um de seus sorrisos fofos. Acho que ainda não consigo falar.

Tenho certeza que eu seria capaz de imaginar Leo de volta à vida e inventar Will por mim mesma. Nome comum, rosto comum. Agora a teoria da conspiração está completa.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que que tu achou?
Me conta :3

Até loguinho. OG está quaaaaaaaaase no fim.
Beijinhos ♡