Lost in Love escrita por hummingbird


Capítulo 15
Especial Matthews/ Anna


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora em postar o capitulo. Eu estava afastada por motivos de saúde.

Para quem gostaria de saber um pouco mais sobre a Anna, que tal se Matt nos contasse?

XOXO :*



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— Oh, Matt. Por favor, não pare, por favor. – Bethany era tão escandalosa.

Eu estava totalmente a vapor no que estava fazendo, afinal transar com alguém merece completa concentração.

Algo como um soco contra a madeira me fez vacilar e então, me afastei rapidamente da minha namorada (que revirava os olhos).

— Será que dá pra vocês fazerem menos barulho? Eu preciso dormir.

Era Amber.

Droga, ela ouviu.

Algo estranho se mexeu dentro de mim causando ânsia de vomito (que, para minha sorte, se foi logo). Peguei minha bermuda e fui ao quarto da minha irmã postiça com o coração disparado imaginando o quanto ela deveria estar com raiva de mim agora.

—Amber? Esta aí? Olha me desculpe... Hmm... Eu...

—Vai embora. Faça menos barulho pelo menos. Coloque uma rolha na boca dela ou sei lá, costure... – ela parecia com raiva.

—Amber, por favor, abra a porta...  – eu insisti.

— Não e eu já mandei você ir embora. Já não basta o que você fez no parque? Francamente... Cresça. Você é um idiota.

Um pequeno acesso de fúria chegou até mim neste momento. Eu não estava com raiva por ela estar brava comigo e sim porque ela sabia que eu atrapalhei o momento dela de propósito.

— E agora você está atrapalhando o meu como vingança?

Droga. Eu não devia ter dito isso.

Houve um grande silêncio.

— Amber?

De volta ao silêncio, desisti de tentar conversar e voltei para o quarto. Bety estava deitada na mesma posição que se encontrava anteriormente: no centro da cama com as pernas finas abertas e as mãos repousadas na cama.

Me deitei ao seu lado virando de costas, pensando em como Amber iria me encarar amanhã. Droga, eu sou um idiota e as vezes nem sei porquê.

— Ué, nós não vamos transar porque sua irmãzinha não consegue dormir? Ora, Mathews... Vamos lá, vai -  Ela virou o meu rosto com a mão e se aproximou para me beijar, porém não o fez – Você quer que sua primeira vez seja comigo não quer? 

            - Quero.

Em instantes, Bethany estava em cima da minha barriga me beijando como se fosse uma artista pornô caloura...

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Cheguei emburrado na escola, as primeiras aulas foram chatas e entediantes então a única coisa que consegui fazer foi ouvir música no ultimo volume pensando no que fiz na noite anterior.

 O primeiro pensamento foi o que mais gostaria de esquecer, relembrei minha primeira transa ontem com Bety e não sei porque um sentimento estranho de arrependimento tomou conta de mim. Eu queria chorar.

Af, fala sério. Amberly eu te odeio.Tudo isso é culpa sua.

Para piorar a minha situação – ou não - Bethany espalhou para metade da escola que havíamos transado e todos os garotos do time de futebol, exceto o vacilão do Adam, me parabenizaram.  Meu agente até me arrumou uma luta que será definida misteriosamente na semana.

Depois meu pensamento foi até Amber. Eu a observei entrar no refeitório e se sentar junto aos outros antissociais: Ashley, Isac- o único que a vida social lhe favorecia – e Adam. Ele colocou os braços ao redor da minha irmã e olhou diretamente pra mim com um sorriso esquisito no rosto. Ela por sua vez sorria.

Amber vestia uma camisa xadrez que eu já conhecia: era a mesma blusa que ela usava no dia em que a vi no show de luta, com os olhos preocupados e uma expressão curiosa no rosto.

Tentei me lembrar das vezes em que a vi sorrir. Foram poucas, mas com toda certeza achei o sorriso mais lindo do mundo.

Ela é um desafio para mim. Intocável.

Não posso namorá-la e será por isso que sinto tanta vontade de estar perto dela o tempo todo? Amber é linda como a minha irmã era. Hoje, Anna não está mais aqui e a dor que sinto jamais vai ser curada se eu continuar me permitindo gostar de Amber.

Minha irmãzinha inocente jamais vai ter um namorado ou ter sua festa de debutante, jamais iria ao baile da escola ou em uma balada. Eu teria feito qualquer coisa para salvá-la daquele acidente. Não posso amar a garota que me lembra um ente tão querido e que não estar aqui significa que eu a deixei morrer. Me odeio por sequer pensar em amar minha irmã postiça.

Mas o que eu posso fazer?

Em algum momento, Amber olhou para trás e me viu encará-la. Vi seu sorriso desaparecer por completo, porém ela me observava com a mesma expressão curiosa que vi no show de luta. Não sei decifrar as emoções que se passavam na sua cabeça através de seu olhar. Amber se virou pouco tempo depois para falar com Ashley. Adam acariciava suas costas com o polegar.

Não preciso ver isso.

Me levantei saindo do refeitório rumo a esmo.

No final da aula ouvi alguém chamar meu nome. Amber estava correndo em minha direção com os cabelos loiros cacheados se movimentando conforme os passos.

— Espera. Respirar primeiro... Falar... Depois – Ela arfava.

Segundos depois respirou profundamente antes de prosseguir:

 - Vim avisar que estou indo à casa de Ashley com Adam e Isac e volto mais tarde para casa. Tem como você avisar sua mãe?

— Claro – foi tudo o que consegui dizer. Agora era minha chance de me explicar  - Amber, sobre ontem a noite...

— Nem começa, Mathews. Já passou. Sem ressentimentos.

— Sério? Você nem liga?

— Porque deveria?

Ela recuperou o fôlego e deu um sorriso torto antes de voltar a correr pelo caminho de onde veio, sem se despedir.

Fui embora sozinho e quando cheguei em casa notei que precisava socar alguém. Poderia ser Adam ou quem sabe procuro o tal de Jackson. Melhor não. Me livrar da minha raiva com os dois babacas só iria me prejudicar.

Fui até a cozinha e peguei um saco vazio, o enchi com pedras e amarrei uma corda para pendurar em uma arvore no quintal. Soquei aquele maldito saco até meus punhos estarem repletos de sangue. AH, céus! Como isso é relaxante!

Quando entrei em casa, vi Robert andando pra lá  e pra cá com o telefone. Ele parecia desesperado. Dei de ombros e subi as escadas. Ao passar pelo corredor, vi a porta do quarto da minha mãe aberta e enfiei a cabeça dentro do aposento. Lá estava minha mãe, agachada sobre um pequeno baú antigo que eu já sabia o que guardava: as fotos e recordações de Anna.

— Achei que esse baú estivesse sido enterrado a muito tempo, mãe.

—São lembranças, Mathews. Não podem ser enterradas. Precisamos delas...

— Você precisa. - eu rebati.

—Preciso claro que preciso. Como você consegue olhar tanto para uma garota que lembra tanto sua irmã?

— O que?

— Eu vi o jeito que você olha para Amber. Escuta, você não pode magoá-la, Mathews. Ela não é uma das garotas da escola. Ela é sua irmã. Se Robert desistir de casar comigo, eu juro que...

— Então você está preocupada com o seu casamento? Deixa eu te contar uma coisa, mãe, ele não fez o pedido. Você não está casada com ele, nem noivos estão...

— Não ainda. Ele ainda vai me pedir, eu sei que vai- ela bufou.

Ficamos em silêncio. Peguei uma fotografia antiga da minha irmã. Ela estava com as roupas de balé após a aula daquele dia. Eu mesmo havia tirado a foto. As lembranças chegaram junto com a brisa que passava pela janela aberta.

— Anna, o que está fazendo deitada aí?

—Treinando.

—Deitada? – eu a provoquei.

— Ué, o que tem de errado em ficar deitada? Eu já vi o nosso gato banzé ficar de barriga pra cima com uma graaaaaande bola de pelos brincando. Mat, ele estava deitado.

— Ele é um gato. – eu dissera.

— E eu sou uma tigresa. RAWWWR!

Ela pulara em cima dos meus ombros e gargalhava.

—Ok, pantera.

— É tigresa. – ela revirava os olhos. Me perguntara como as crianças daquela idade já sabiam fazer isso.

— Tanto faz. Deixa eu tirar uma foto sua para enviar ao papai? Fica na posição do banzé e faz cara de uma menina comportada.

— Ta bem.

Tirei a foto.

 A lembrança parecia tão recente e me fez sorrir. Porém, logo após minha mente foi preenchida com uma memória que eu lutava para esquecer: o dia de sua morte.

Anna ficara o dia inteiro me pedindo para brincar com ela de esconde- esconde, enquanto eu estava tentando descobrir o número pelo facebook de uma garota da escola que eu estava afim.

Resolvi dar um pequeno “rodo” na minha irmã mais nova e entrar na brincadeira:

— Ok, Anna, vamos brincar. Eu conto e você se esconde em qualquer lugar, mas atenção, você não pode ir na mata que há atrás da nossa casa. É apenas para pessoas corajosas.

— Pensei que era um bosque – ela dissera- e eu sou corajosa.

— Bem, ordens da mamãe. Não é, mãe? – eu a gritei – A Anna não pode ir à mata.

— Ué, eu pensava que era um bosque – minha mãe apareceu encostadano batente da porta.

Eu revirei os olhos e fiz uma cara de “entra na brincadeira, mãe”. Ela entendeu e sorriu.

— Matthews tem razão - ela voltara para cozinha ainda sorrindo.

Anna já havia ido se esconder e eu fingi que estava contando com o rosto de frente para a parede enquanto ela corria pelo corredor saindo de casa.

Sentei novamente no sofá e continuei a procura, mal sabia que aquele dia eu perderia minha irmã caçula.

O relógio batia 17h15 quando Anna fora se esconder e já havia passado mais de 2 horas. Minha mãe e eu ficamos preocupados e fomos à procura dela. Procuramos nos quartos, na varanda, no quintal, na  garagem imensa, no sótão e inclusive no minúsculo porão que aquela casa velha possuía. Nada da Anna.

—Já procuramos em toda parte. Meu Deus, onde está minha filha? - era impossível não notar o desespero na voz da minha mãe.

Me peguei pensando em algum lugar onde uma criança gostaria de se esconder.

“Mas eu sou corajosa” sua voz ecoara em minha mente.

— Na mata – falei por impulso.

Minha mãe arregalou os olhos e em seguida ligou para a policia, que chegou em poucos minutos naquele dia. Depois de meia hora de perguntas, eles iriam procurar Anna na mata.

Após várias instruções, seguimos os guardas que adentraram mata adentro com varias lanternas e um cão farejador. Demos uma blusa da Anna para que facilitasse para o cão. Minha mãe ficara listando possibilidades do desaparecimento de Anna como: estupro, sequestro, perda de consciência, distração, entre muitas outras.

Não dei atenção, pois a única coisa que me importava era encontrar minha irmã. E de fato encontramos.

— Oh, não! - sussurrei.

Na nascente do riacho havia uma garotinha com o rosto colado na terra. Ela vestia rosa, porém toda a sua veste estava coberta por gravetos úmidos e plantas molhadas. Seu rosto estava pálido como um papel e ela parecia estar dormindo por anos. Por um instante acreditei mesmo que ela estava dormindo, mas Anna estava morta.

Em seu rosto não foi encontrado marcas de estrangulamento ou agressão. Em seu corpo não foi encontrado rastros nem evidências de que algo acontecera involuntariamente. Apenas um corte em sua testa.

O único laudo da morte foi afogamento. Sem suspeitas.

Uma mistura de cenas cruzava minha mente como: o sofrimento da minha mãe, a volta do meu pai para a cidade, o olhar de pena dos vizinhos, a manchete do jornal local, os dias seguintes ao enterro, o quarto vazio, os brinquedos jogados no chão. Algo me tirou  de meus pensamentos e foi os gritos de Amber no andar debaixo.

—QUAL É O SEU PROBLEMA? ELE É SEU FILHO...VOCÊ TEM QUE SALVÁ-LO.


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Notas finais do capítulo

Créditos da Imagem: deto4ka



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