Passaram-se quatro dias desde a última vez que a vi. E eu sinto a falta dela...

Eu já tentei mandar mensagem a chamando por vários nomes, como: Nicole, Isabelle, Adele, Amy, Ana, Alaís, Beatrice, Caroline, Catherine e tudo quanto é nome. Ela me respondeu uma vez. A mensagem dizia:

“Não sou francesa, seu idiota sentimental bebê chorão falsiano”

Isso me deu uma pista. Eu deveria parar de pensar em nomes franceses. Porém aí vinha outra questão: de onde ela é?

 Eu mandei mensagem dizendo que não consegui adivinhar, pedi para que ela dissesse a primeira letra ou qualquer pista. Mas ela não me respondeu, claro. Por isso resolvi apelar.

“Just might have tapped into mind and soul. You can’t be sure”

É tudo que eu consigo pensar. Afinal: quando perguntei o nome dela; ela cantarolou esse verso. Tenho certeza que é de uma música; eu conheço essa música. Só não sei de onde.

“TIIIIIIIIIIIIIIIIIIINNNNNNNNNNN DOOOOOOOMMMM” Ouço a campainha tocar. Vou correndo abrir. Acho que é Lysandre. Eu o chamei para me ajudar.

—Oi! –ele diz na porta.

—Entra logo. –digo dando espaço para ele passar.

—Então, qual é a emergência? –ele pergunta me olhando com um ponto de interrogação na cara.

—Lembra que eu tinha marcado um encontro com uma garota? –pergunto.

—A fantasma que não é fantasma? Lembro. –ele diz sem expressão. –Você não foi né?

—Na verdade fui. –digo sorrindo desafiadoramente. Ele se senta no sofá com uma expressão de quem está curioso.

—Então, se apaixonou? –ele pergunta com um sorriso provocador.

—Não, claro que não. Ficou doido? –digo um pouco irritado. Onde já se viu? Eu apaixonado por aquela retardada? Só estou curioso.

—Hm... claro. Você conhece uma garota no meio da rua, ela marca um encontro contigo as 11:30 da noite, você vai; volta todo animadinho, se confina novamente em casa por 4 dias, depois me liga dizendo ter uma emergência. E eu fiquei doido? –ele diz sarcástico.

—Ela queria ir dançar. Já viu balada aberta as 6 horas da tarde? –pergunto debochado.

—E desde quando você obedece uma garota? –ele pergunta tão sarcástico quanto antes.

—Aah vai se fuder Lysandre!! Não te chamei aqui para você ficar dizendo que estou apaixonado por aquela garota estranha. Só estou curioso a respeito dela. –digo revirando os olhos e me sentando ao seu lado.

Ele dá um suspiro de “Fazer o que?” e pergunta:

—Já sabe ao menos o nome dela?

—Não. Te chamei aqui pra isso. –digo o encarando.

—Como você não sabe? Era só perguntar idiota. –ele diz revirando os olhos, entediado.

—Eu perguntei. O problema é que ela não me respondeu claramente. –digo.

—Okay. E como eu vou saber o nome de uma pessoa que eu nem vi a cara? –ele pergunta me fitando como se eu fosse idiota.

—Bem... Eu tenho algumas pistas. –digo encarando o celular.

—Tipo? –ele pergunta ainda com o olhar de “Você é idiota”

—Ela não é francesa. –digo rindo da pista. Pensando bem, ela pode ser de qualquer lugar do mundo. Eu devo ta meio louco de achar que vou descobrir.

—Aaah nossa!! Tudo ficou claro agora. –ele diz irônico.

—Já é alguma coisa. –digo bufando. Me entenda Lysandre, ela é diferente, quero saber as coisas sobre ela.

—Okay. Por que você não pergunta mais coisas sobre ela? Já que está tão curioso. –ele diz como se fosse óbvio.

—Eu já tentei. Ela não me responde. –digo sério. –Lysandre, eu só posso chamá-la ou conversar com ela, quando descobrir esse bendito nome. Entendeu? –digo meio desesperado. Não entendi meu desespero.

—Entendi. Mas quem disse isso? –ele pergunta com uma mão no queixo pensativo.

—Ela. –digo com uma expressão dizendo que isso é óbvio.

—Claro. Foi mal. –ele diz desfazendo a expressão pensativa. –Mas você tem alguma outra pista?

—Não, eu acho. –digo parando pra pensar. Bem, talvez eu devesse pensar e olhar por outro ângulo. –Ela adora a música Uma Thurman. Porém seria muito fácil se esse fosse o nome dela. –digo analisando tudo que ela já falou pra mim.

—Até porque seria idiotice demais pensar assim. Você adora a música Demons e nem por isso seu nome é Demon. –ele brinca. –Você disse que ela não te respondeu claramente quando você perguntou sobre o nome. O que ela exatamente te disse? –ele pergunta, voltando a colocar a mão no queixo e parece estar pensativo novamente.

—Na verdade ela cantou. –respondo.

—Cantou o que? –ele pergunta sorrindo como se já tivesse descoberto.

—Ela cantou só um verso: “Just might have tapped into mind and soul. You can’t be sure”—digo e depois canto.

—Hm! –ele diz com um sorriso. –Você é muito burro.

—Se você tem alguma idéia, fala logo. –digo cortando o barato dele.

—Castiel, ela falou alguma coisa sobre Arctic Monkeys com você? –ele pergunta com uma expressão de que tudo esta claro.

—Sim. Uma vez, depois da segunda vez que perguntei o nome dela. Ela me perguntou se eu conhecia essa banda. Logicamente disse que sim. –explico para ele.

—Castiel, essa letra que ela cantou para você é a letra de Arabella. –ele diz com uma expressão de que é indiscutível esse assunto.

—Sugere que o nome dela seja Arabella? –pergunto com um sorriso convencido. Faz todo sentindo. Eu gosto dessa musica, como não pensei nisso antes.

—Tem duvidas? –ele pergunta com o mesmo sorriso convencido.

—Acho bom que esteja certo. –digo.

Pego o celular e mando uma mensagem:

“The horizon tries, but it’s just not as kind on the eyes as Arabella” ( tradução: O horizonte tenta, mas não é tão gentil aos olhos como Arabella)

Ela não responde, nem visualiza, nem recebe a mensagem. Talvez não esteja com o celular no momento.

—E aí? –Lysandre pergunta depois que me vê encarando o celular.

—Mandei uma mensagem. Mas ela ainda nem recebeu. –digo me jogando na poltrona.

—Bem, se não der certo me chame. Agora tenho que ir. Eu sabia que ia ser coisa rápida por isso marquei com Rosalya e Leigh na loja. Já vou indo. –ele diz abrindo a porta.

—Ah claro. Pode ir. –digo fazendo sinal com a mão para fechar a porta quando sair.

—Se cuide. E vê se volta para escola, se continuar faltando desse jeito irá repetir! –ele diz indo embora e fechando a porta.

Quanto tempo ela demorará para me responder? O que ela deve esta fazendo agora? Será que esta com alguém? Talvez ela tenha namorado, deve ser por isso que ela se afastou de mim depois do beijo... Não! Quando estava beijando-a ela parecia querer tanto quanto eu, não parecia ter nenhum remorso; e quando terminou não parecia arrependida.

“Só não demora muito, porque não estarei te esperando” lembro-me repentinamente dessa frase que ela disse. Será que ela foi embora da cidade? É uma idéia aceitável, afinal ela disse que estava viajando por aqui.

De repente aparece “Online” , “visualizado” e “escrevendo” . Meu sangue começa a ferver, começo a ficar ansioso também.

Recebo a mensagem:

“Oh, As Arabella! XD” (tradução: Oh, como Arabella!)

Respondo:

“Então... acertei?”

Pode ser que ela simplesmente goste dessa música do mesmo jeito que gosta daquela outra.

Ela responde:

“O que?”

Só pode estar se fazendo de sonsa. Se pudesse vê-la agora, provavelmente veria aquele sorriso debochado.

Respondo:

“O nome”

Ela escreve:

“Que nome você sugere?”

Ela responde tão rápido... tenho certeza que esta brincando comigo.

Escrevo sorrindo:

“Arabella para de graça!”

Acho que me acostumei a não saber o nome dela. Porque escrever o nome dela é muito estranho. Parece que estou chamando outra pessoa, não ela.

Ela me responde imediatamente, gosto assim.

“Hm... não estou de graça XD”

Tecnicamente ela confirmou o nome. Ótimo. Poderia continuar mandando mensagem, mas resolvo ligar para ela.

Arabella atende na hora.

Ligação on:

—Fala aí I.S.B.C.F !! –ela diz com a voz fraca.

—I.S.B.C.F ? –pergunto confuso.

—Idiota sentimental bebe chorão falsiano, versão resumida.  –ouço um riso no final.

—Você nunca mais vai me chamar de Castiel, né? –pergunto meio conformado.

—Vai chorar se eu disser que não? –ela diz de deboche.

—Não. –digo sério.

—Então ta, volto a te chamar de Castiel. Okay Castiel? –ela diz de uma maneira repetitiva.

—Okay, Arabella. –digo sorrindo. Ainda bem que ela não consegue me ver.

—Por que demorou tanto? –ela pergunta.

—Você acha que foi fácil descobrir sozinho? –pergunto debochado.

—Mas você conseguiu.

—Com ajuda.

—De quem? –ela diz preocupada.

—Lysandre.

—Quem é esse? –ainda esta preocupada.

—Meu amigo. –respondo e ela suspira relaxada. –Algum problema?

—Não. Nenhum. Só queria saber pra quem você anda falando sobre mim.

—Não vá se achando importante.

—Já me acho.

—Não sei por que.

—Francamente; você fica me enchendo de mensagens por quatro dias. Realmente acha que eu não sei que você se importa.

—Foi apenas curiosidade, Arabella. –acho que vou ficar repetindo o nome até me acostumar.

—Para de me chamar assim. –ela diz tentando parecer brava. Mas sua voz ainda esta fraca.

—Por que? Não é teu nome? –pergunto. Legal se eu errei.

—É. Mas ninguém me chama assim. Isso pra não dizer que é estranho ouvi-lo sair da sua boca. –também acho estranho dizer, relaxa.

—Então como te chamo?

—Diga: Bella. –ela ordena.

—Bella.

—Soa melhor. Me chame de Bella, I.S.B.C.F. –ela diz rindo. Porém ainda parece fraca.

—Bella, você está bem? –pergunto sério. Sua voz parece que está indo embora. “Bella” é menos estranho, agora parece que estou realmente chamando ela.

—Estou. Por que não estaria? –ela pergunta séria.

—Sua voz esta fraca. –digo.

—Acabei de acordar idiota. –ela diz rindo.

—São 13:30. –digo abismado.

—Eu pareço alguém que acorda as 6 horas da manhã?

—De nenhum ângulo. –digo rindo.

—Então pronto. –ela diz rindo também.

—Okay, mas quando te vejo? –pergunto chegando no ponto da questão.

—É insuportável viver sem mim, né? –ela diz e parece que rolou na cama.

—Convencida.

—Obrigada. –ela diz então fica um silêncio. –Você acordou que horas?

—10:30.

—Já almoçou?

—Não.

—Me leve para almoçar então. Eu pago. Te vejo daqui uma hora naquela rua estranha e deserta. Tchau! –ela diz tudo pausadamente e desliga. Pelo visto nem tenho a opção de recusar.

Continua...

Link da musica que inspirou a personagem: https://www.letras.mus.br/arctic-monkeys/arabella/traducao.html