Howlin' For You escrita por Licê


Capítulo 6
Melhores Amigos


Notas iniciais do capítulo

Nesse capitulo eu fiz uma experiência com conselhos que li sobre escritores. Ou seja: tentei melhorar minha escrita.
Espero que gostem :3



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—Hey! Acho que você esta ficando muito esquecido! Eu que sempre dei força para a gente sair, seu convencido! –ela argumenta enquanto toma seu milk-shake andando pelo meio-fio, que rebelde.

—Aé? Diga-me quando! –digo rindo e a empurrando para a estrada, que obviamente não esta passando nenhum carro.

—Primeiro quando te levei para beber na primeira vez que nos vimos. Segundo quando mandei você me levar para dançar. Terceiro quando mandei me levar para comer! Okay? Tecnicamente eu que dei inicio a essa coisa estranha nossa aqui! –ela diz fazendo biquinho.

—Okay. É verdade. Mas depois daquele almoço foi sempre eu que te chamei para sair. –digo com razão, porque tenho razão mesmo. Eu que passei a convidá-la.

—Ah é? E quem foi que exigiu, nesse mesmo almoço, que você fosse o meu guia turístico mesmo? Ah lembrei, fui eu! –ela diz andando e parando na minha frente com uma pose de supermodelo.

—Detalhes, detalhes... Em todo caso eu que te chamo mais para sair! –digo passando por ela e a empurrando com o ombro.

—Aff... não dá para discutir com você! –ela diz, vindo até mim e me empurrando também.

—Ainda bem que você sabe! –digo a empurrando. Sim, a gente vai ficar nessa brincadeira de “empurra, empurra” até um cair.

—Eu não sei, eu me conformei! É diferente. –ela diz e me empurra com força ao meio de um sorriso super reluzente.

—Claro. –digo em tom monótono. Surge um silêncio entre nós. –Bella, o que a gente é? –pergunto parado a encarando de costas. Seus cabelos ficam mais vivos ao encontro da luz do fim da tarde.

—Como assim? Somos humanos. Eu acho... Isso é o que nos ensinaram na escola. –ela diz se virando para mim, com uma expressão de interesse na face.

—Não quis dizer desse modo... –tento procurar palavras para dizer. Mas está difícil. –Bem, qual é a nossa relação?

—Hm... eu ainda não descobri. –ela diz com uma expressão pensativa. Bella até agora nunca usou a frase “eu não sei”. Talvez ela não goste de usar esse termo.

—Bem, eu não diria amigos, pois a gente já deu uns pega. –digo rindo desafiadoramente. Quero que ela diga se eu devo ou não tentar investir algo.

—Mas foi só uma vez. Pelo puro calor da emoção, do álcool... –ela começa e eu completo.

  -E da vontade.

—E do álcool. –ela repete rindo.

—Você não estava bêbada. –digo sério. Pelo amor de deus Bella, entenda o que quero dizer.

—E você de inicio não estava com vontade. –ela diz provocativa.

—Pode ser. Porém, continuando... Não somos amigos, somos?  –pergunto com um sorriso malicioso.

—Castiel, a quanto tempo nos conhecemos? –ela pergunta repentinamente. E como eu descobri, por conta da experiência de várias conversas aleatórias com ela; nenhuma pergunta repentina é sem objetivo.

—Acho que há 1 semana e uns 4 dias, por quê? –digo, e de repente a imagem da chuva nos cabelos ondulado dela me vem á mente. Exatamente como o daquele dia nublado e chuvoso.

—Bem, não somos amigos, porque já nos “pegamos” –ela diz fazendo aspas com as mãos. –Não somos paqueras um do outro, porque só nos “pegamos” uma vez. –ela diz com um olhar perdido em outro universo e um sorriso de canto rebelde, que com certeza ela não desejou ele ali.

Quase respondi “Porque você não quis”. Mas resolvi ficar quieto e esperar que ela terminasse.

 –E não somos namorados, porque não nos amamos. –ela diz ainda perdida em seus devaneios. Na ultima semana reparei que ela se perde em sua própria cabeça com muita freqüência. Algumas vezes se esquece de me responder e fica olhando para um ponto sem rumo... –Eu acho... –ela diz e me encara com um sorriso desafiador. Passei a esperar que ela sorrisse assim pra mim a cada frase. Não é o que acontece sempre, contudo quando acontece... Sinto um choque de realidade e adrenalina cair sobre mim.

—Isso nos leva a crer que somos estranhos que saem juntos por aí. –digo revirando os olhos com um sorriso que insiste em sair sem minhas ordens, toda vez que falo a palavra “estranha” perto dela.

   -Eu não creio nisso. –ela diz em um tom de discórdia, voltando para seu olhar para seu universo. –Eu creio que somos amigos. Melhores amigos. –ela diz ainda sem me encarar.

—Ãn? –digo confuso.

—Pense bem. Tecnicamente, desde que cheguei aqui falo com você. Eu sei toda a sua história de vida; praticamente desde que você nasceu até agora. –ela diz me encarando com um sorriso gentil. O que ela falou é verdade. Não me lembro bem como, mas ela conseguiu me fazer falar tudo sobre mim.

—No entanto, eu não sei nada sobre você. –digo encarando o chão como se ele fosse a coisa mais interessante no momento.

—Bem, Castiel entenda: Eu não serei importante para você; já você, você será importante para mim. –ela diz ainda com o sorriso gentil, só que agora segurando meu rosto em direção aos seus olhos. Na outra mão ela segura o milk-shake de chocolate com o canudo na boca. Acho que é para mim, não tentar beijá-la.

—Ainda não entendo. Como pode ter tanta certeza que você não é importante para mim? Há uns dias você era toda convencida de que eu só penso em você. –digo a fuzilando com o olhar. Ás vezes é de perder a paciência o jeito que ela me confunde.

 -Escute bem! Enquanto eu estiver com você, conversar com você, dar atenção a você, confundir você, fazer você pensar e fazer com que você olhe as coisas por outro ângulo. Mais você vai querer que eu continue fazendo essas coisas com você. –ela diz dando uma grande ênfase no “você”. Ao mesmo tempo, que solta meu rosto e vem para o meu lado esquerdo. –Porém, como você não sabe nada sobre mim. Não está apegado. Quando eu for embora você irá me esquecer facilmente. Com o tempo eu serei apenas uma lembrança, que a sua mente reproduzirá quando estiver em um momento parecido com esses que vivemos.—sua ultima frase entra com força em minha cabeça. Eu a esquecerei? 

Repentinamente me lembro da gente tomando sorvete na minha sorveteria favorita da cidade. Lembro-me como ela começou a bater os pés embaixo da mesa como uma criança de cinco anos, quando o gelo subiu ao cérebro dela e fortes dores começaram a rondar sua cabeça. Quando perguntei o que tinha acontecido, Bella me respondeu rindo de si mesma: “Meu cérebro congelou”. Naquele momento tinha sido inevitável para mim, não rir da cara dela.

—Será? E você? Você disse que eu serei importante. –digo parando em um banco de madeira da rua e sugando uma longa parte do meu milk-shake de morango. Ela vem junto, mas, para na minha frente com um sorriso frouxo. Será que ela conseguiria ficar um dia sem dar um sorriso? Eu não quero estar com ela nesse dia.

—E como não poderia ser? Castiel, eu escolhi viajar pelo mundo. –ela diz com um sorriso lindo depois de pronunciar a palavra “mundo”. —As pessoas que conheço, fazem parte dessa aventura que eu quis viver. Se eu puxo assunto com você, faço você sair comigo, falo coisas aleatórias enquanto estou na sua presença, é porque eu quero me lembrar de você. Quero me lembrar que quando estive em Sweet Amoris, um cara ruivo falsificado me mostrou todos os seus lugares preferidos; toda a sua história. –ela diz bagunçando meus cabelos.

—Hm... Desse jeito parece que esta apaixonada por mim. –digo com um sorriso convencido. –Não te culpo deve ser muito difícil não se apaixonar por mim. –digo ainda mais convencido.

—Hum! –ela diz me dando um peteleco na testa. Já me acostumei com ela fazendo isso toda vez que digo algo relacionado a amor ou paixão. Minha testa já estar meio amassada de tanto levar peteleco dela, junto com as enormes unhas dela. –É por isso que não falo sobre mim. Você começa a achar que me conhece. –ela diz rindo para si mesma, dando de ombros como se aquilo não importasse; e se sentando ao meu lado. Bella continua bebendo seu milk-shake como se tivesse acabado de entrar em seu quarto sozinha, sem ninguém em casa.

Há algum tempo percebi que tudo que ela fala de importante, ela diz como se não fosse nada. E tudo que é nada ela diz de maneira que o torna importante.

Por isso passei a acreditar: Que temos conceitos muito diferentes de prioridades. Enquanto eu gosto e priorizo que ela fale mais de si mesma e suas perspectivas sobre as coisas. Bella gosta e prioriza que eu preste atenção em coisas pequenas que ela diz e que digo; parece se importar muito mais quando eu chego 15 minutos mais cedo, do que quando eu digo que “Não estou nem aí para hora que você chega” logo em seguida que vejo-a no horário marcado de nossos encontros.

—Então, você realmente vai embora? –pergunto quebrando o silêncio entre nós.

—Vou. –ela diz rápida.

—Quando? –pergunto.

—Hoje. –ela diz tão rápida quanto antes. Como assim hoje? Por quê? O que aconteceu? Para onde ela vai?

—Por que não me contou mais cedo?  -pergunto calmo. Não quero e nem vou aparentar desespero.

—Para que? Aqui era o ultimo lugar da nossa lista. Não queria estragar o momento mágico de conhecer um lugar novo, com o peso da despedida. –ela diz revirando os olhos, entediada.

—Pretendia ir embora do nada? –pergunto um pouco furioso com a idéia.

—Eu te conheci do nada. –ela responde rindo de mim.

Naquele almoço as 14:30 da tarde. No nosso terceiro encontro. Enquanto conversávamos, ou melhor, enquanto ela me zoava; Bella me pediu para que eu listasse meus lugares favoritos na cidade. Listei 37 lugares. E nos últimos dias, ela me fez levar ela nesses 37 lugares.

“Lanchonete do Bóris. A melhor comida da sua vida esta aqui” isso é o que diz no letreiro do lado de fora da lanchonete. Aqui é o ultimo lugar da lista.

Essa é uma lanchonete no extremo norte da cidade, se a rua que eu encontrei Bella é deserta, essa região é 6 vezes mais. Essa lanchonete tem uma péssima localidade, mas seu letreiro faz jus a sua comida. Aqui é onde esta uma das minhas lanchonetes preferidas; e claro: os melhores milk-shakes são daqui. Só não tomo direto porque a lanchonete fica muito longe e eu parei de usar minha moto depois do acidente com Iris. Por fim, não achei que esse fosse ser o ultimo lugar em que veria Arabella.

—Se não queria se despedir, é só não ir. –digo depois de um silêncio terrível entre nós.

—Não posso, minha reserva no hotel termina hoje. –ela diz terminando seu milk-shake.

—E daí? Fica comigo. –digo rápido.

—Aonde? –ela pergunta me encarando com aquele sorriso desafiador.

—Na minha casa. –digo com um sorriso malicioso só de pensar na idéia.

—Não posso. Você vai abusar de mim! –ela diz imitando uma menininha indefesa. Não me convence. Já senti que talvez ela seja mais maliciosa que eu, só não demonstra para mim.

—Até parece. Você sabe que te acho tábua. –digo revirando os olhos. Ela é tábua, porém isso não significa que não seja gostosa. Digo isso apenas para ela não achar que todos os meus interesses é naquilo...

—Hum! –ela diz se virando para mim e me dando um peteleco na testa. –Okay, eu fico contigo. Porém, só um tempinho até eu ver a rota do caminho para a próxima cidade  e o hotel que estarei! E não ouse abusar da minha inocência só porque estaremos sozinhos, okay? –ela diz como um general aceitando uma missão.

—Hm... –devo concordar com o que ela diz? Será o mesmo que mentir?

—Okaaaaaay??? –ela diz me forçando a dizer também:

—Okay.  –digo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.